Carcinoma de Células Escamosas: Relato de caso

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1982 Carcinoma de Células Escamosas: Relato de caso Squamous cell carcinoma: Case report Carcinoma de Células Escamosas: Relato de caso Wérica Suzana de Almeida Silva 1, Tamires Oliveira de Aguiar 1, Stéphany Ketllin Mendes de Oliveira 1, Ângelo Fonseca Silva 1 RESUMO Objetivo: Esse estudo tem como objetivo descrever caso clínico de paciente com câncer bucal a qual corresponde a uma neoplasia maligna oriunda da modificação e proliferação desordenada de células. Metodologia: Através de um estudo analítico, descritivo, do tipo relato de caso. Obtido através de dados contidos em prontuário do paciente enquanto foi atendido pela Instituição de ensino superior. Descrição do relato de caso: Paciente do sexo masculino, 48 anos, melanoderma, compareceu à Clínica de Diagnóstico Bucal de uma Faculdade Privada de Montes Claros - MG com queixa principal: Não estou conseguindo comer, sentindo dor e não consigo mastigar desde o início de setembro, Ao exame físico, durante a palpação ganglionar foi notado um linfonodo palpável localizado na região submandibular do lado direito com sentido fixo e sem mobilidade, ao exame clínico foi notado uma lesão esbranquiçada no lado direito do soalho da língua. Foi realizado biópsia incisional e o diagnóstico final foi Carcinoma de Células Escamosas. O paciente foi encaminhado aos serviços de oncologia. Considerações Finais: Diante da análise do caso clínico apresentado, pode-se verificar que os fatores etiológicos prevalentes foram o fumo e o etilismo, este caso clínico levanta o questionamento do diagnóstico precoce e da importância da prevenção e da promoção de saúde. Palavras-chave: Carcinoma de Células Escamosas; epidemiologia; casos clínicos. ABSTRACT Objective: This study aims to describe the clinical case of a patient with oral cancer, which corresponds to a malignant neoplasm resulting from disordered cell proliferation and proliferation. Methodology: Through an analytical, descriptive study, of the case report type. Obtained through data contained in the patient's chart while being attended by the institution of higher education. Description of the case report: A 48-year-old male patient, melanoderma, attended the Oral Diagnosis Clinic of a Private School in Montes Claros, MG, with a principal complaint: "I can not eat, I can not chew from the beginning During physical examination, a palpable lymph node located in the submandibular region of the right side with fixed direction and without mobility was noticed during the clinical examination, a whitish lesion was noticed on the right side of the floor of the tongue. An incisional biopsy was performed and the final diagnosis was squamous cell carcinoma. The patient was referred to the oncology services. Final Considerations: Before analyzing the clinical case presented, it can be verified that the prevalent etiological factors were smoking and alcoholism, this clinical case raises the questioning of the early diagnosis and the importance of prevention and health promotion. Keywords: Squamous Cell Carcinone; epidemiology; clinical cases. 1 Faculdades Unidas do Norte de Minas FUNORTE, Montes Claros-MG. * E-mail: wericasuzana20@gmail.com DOI: 10.25248/REAS398_2018 Recebido em: 7/2018 Aceito em: 8/2018 Publicado em: 10/2018

1983 RESUMEN Objetivo: Este estudio tiene como objetivo describir caso clínico de paciente con cáncer bucal que corresponde a una neoplasia maligna oriunda de la modificación y proliferación desordenada de células. Metodología: A través de un estudio analítico, descriptivo, del tipo relato de caso. Obtenido a través de datos contenidos en prontuario del paciente mientras fue atendido por la institución de enseñanza superior. Descripción del relato de caso: El paciente de sexo masculino, 48 años, melanoderma, asistió a la Clínica de Diagnóstico Bucal de una Facultad Privada de Montes Claros - MG con queja principal: "No estoy consiguiendo comer, sintiendo dolor y no puedo masticar desde principios de septiembre", Al examen durante la palpación ganglionar fue notado un linfonodo palpable localizado en la región submandibular del lado derecho con sentido fijo y sin movilidad, al examen clínico se notó una lesión blanquecina en el lado derecho del suelo de la lengua. Se realizó biopsia incisional y el diagnóstico final fue carcinoma de células escamosas, el paciente fue encaminado a los servicios de oncología. Consideaciones Finales: Ante el análisis del caso clínico presentado, se puede verificar que los factores etiológicos prevalentes fueron el humo y el etilismo, este caso clínico plantea el cuestionamiento del diagnóstico precoz y la importancia de la prevención y la promoción de la salud. Palabras clave: Carcinoma de células escamosas; epidemiología; casos clínicos. INTRODUÇÃO O Câncer é uma das doenças com maiores taxas de mortalidade e incidência de novos casos, cuja doença altera o estado emocional, provoca reações físicas e impede o bem-estar do paciente diagnosticado. Estimase para 2030, 27 milhões de casos novos e 17 milhões de óbitos devido ao Câncer, sendo este um problema de saúde pública. (MARTINS e FERREIRA FILHO, 2017). O Câncer bucal corresponde a uma neoplasia maligna oriunda da modificação e proliferação desordenada de células. O Carcinoma de Células Escamosas se enquadra nessa definição, tendo sua origem no epitélio de revestimento. Corresponde aproximadamente 94% de todas as malignidades orais. Mundialmente, é o décimo primeiro câncer mais comum em mulheres e o décimo primeiro câncer mais comum, com uma incidência relatada especialmente alta no subcontinente indiano, Austrália, França, Brasil e África do Sul. (NEVILLE et al., 2009; MONTEIRO, 2017). Nos Estados Unidos, aproximadamente 22.000 novos casos de Carcinoma de Células Escamosas diagnosticados a cada ano e pouco mais de 5.300 indivíduos morrem dessa doença anualmente. As taxas anuais médias de incidência e mortalidade, contudo, variam consideravelmente entre diferentes raças, gêneros e grupos etários. (NEVILLE et al., 2009). O Brasil é o terceiro país do mundo com maior prevalência de Carcinoma de Células Escamosas, mas por ser uma das neoplasias malignas menos conhecidas em relação a outras, seu diagnóstico é tardio. (FREITAS et al., 2016) Para o correto diagnóstico, lesões bucais, definidas como pré-cancerizáveis, são observadas e podem dar origem ao Carcinoma de Células Escamosas, correspondendo às seguintes características clínicas: Lesões que não cicatrizam em duas semanas, lesões ulceradas e de bordas endurecidas e assintomáticas no início da evolução. (MARTINS e FERREIRA FILHO, 2017). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o câncer de boca e orofaringe são os mais prevalentes entre as neoplasias da região de cabeça e pescoço. No Brasil as regiões Sul e Sudeste possuem os maiores índices de mortalidade por essa causa. Em análise feita por Fonseca et al. (2014) 60.132 óbitos foram verificados de 2002 a 2011 no Brasil, sendo a prevalência em homens brancos com mais de 50 anos de idade. A localização das lesões mais predominantes nesses casos foi base da língua, palato e assolho de boca. Diante disso, é notável a incidência do câncer em pessoas com idades mais avançadas.

1984 O objetivo desse estudo é relatar um caso clínico de uma lesão esbranquiçada no lado direito do assoalho da língua com a presença de linfonodo palpável na região submandibular, que por intermédio de biópsia incisional e analise histopatológica, revelou-se um Carcinoma Oral de Células Escamosas. DETALHAMENTO DO CASO Paciente A.E.S., 48 anos, melanoderma, gênero masculino, compareceu à Clínica de Diagnóstico Bucal de uma Faculdade Privada de Montes Claros - MG com queixa principal: Não estou conseguindo comer, sentindo dor e não consigo mastigar desde o início de setembro. Durante a anamnese foi relatado a percepção do caroço com tempo de evolução de dois meses. Foi relatado também ser fumante e ter uma higienização bucal boa (três vezes ao dia e não faz o uso do fio dental). Na história médica, o paciente considerou ter um estado de saúde ruim e que já teve doenças como a Angina ou dor no tórax, depressão, ansiedade e Epilepsia. Relatou, ainda, fazer uso de alguns medicamentos como: Amoxicilina e Metronidazol e não frequenta o dentista periodicamente. O mesmo encontra-se em tratamento psicológico (pelo CAPS da cidade de Itacarambi) e tratamento pelo uso abusivo de bebidas alcoólicas e outras drogas. Ao exame físico, foi notado na região extraoral, um inchaço no lado direito, na região de mandíbula, sem ponto de flutuação. Durante a palpação ganglionar foi notado um linfonodo palpável localizado na região submandibular do lado direito com sentido fixo e sem mobilidade, apresentando assim uma assimetria facial. Ao exame clínico, foi notada uma lesão esbranquiçada no lado direito do soalho da língua (Figura 1). Foi notado também uma alteração da normalidade como: melanose racial. Figura 1. A) Linfonodo submandibular palpável no lado direito; B) lesão esbranquiçada no lado direito do soalho da língua. A B Fonte: Arquivo FUNORTE, 2017. Após todas as informações colhidas foram levantadas então as hipóteses diagnósticas: Carcinoma de Células Escamosas, Úlcera traumática e Leucoplasia. Para diagnóstico preciso foi realizado uma biópsia incisional do tecido alterado e enviado ao laboratório para análise histopatológica. O exame histopatológico evidenciou fragmentos de neoplasia maligna caracterizada pela proliferação de células de fenótipo epitelial, com intenso pleomorfismo, núcleos por vezes bizarros, frequente hipercromatismo e presença de figuras mitóticas, mostrando padrão invasivo para lâmina própria e

1985 Figura 2 - Lâmina histopatológica de Carcinoma de Células Escamosas submucosa. Em região focal as células se agrupam e formam ilhotas com pérolas de queratina. A conclusão do exame histopatológico foi Carcinoma de Células Escamosas. Nota-se que, nos cortes observados há predomínio de um padrão pobremente diferenciado, e as margens são comprometidas por se tratar de biópsia incisional (Figura 2). Após confirmação do diagnóstico, o paciente foi encaminhado para o hospital do câncer para avaliação e tratamento. DISCUSSÃO O Carcinoma Espinocelular ou Carcinoma de Células Escamosas (CCE) é o tumor maligno oral mais agressivo e prevalente, tendo mais de 40% das lesões situadas em bordo e ventre da língua. (MONTEIRO, 2017) A localização e o tamanho do tumor são importantes para a análise da progressão da doença e escolha do tratamento. Os tumores localizados no assoalho de boca e língua Fonte: Arquivo FUNORTE, 2017. possuem maiores chances de se disseminarem pela via linfática, e provocarem metástases regionais. Dessa forma, lesões localizadas nessas áreas requerem tratamento mais radical e apresentam um pior prognóstico. (SANTOS, et al., 2013). Pacientes com esse tipo de câncer são tratados através da ressecção cirúrgica, radioterapia ou a combinação das duas, na qual a localização e tamanho do tumor pode influenciar o plano de tratamento. O tratamento é extremamente agressivo e seus efeitos afetam as funções da deglutição, mastigação. respiração e fonação. (MONTEIRO, 2017). O prognóstico para a sobrevida no câncer oral depende do estadiamento do tumor. A taxa de sobrevida relativa de 5 anos para o carcinoma intraoral varia de 53% a 68% se o tumor for relativamente pequeno (3 cm e 6 cm ou um linfonodo > 6 cm (estágio IV). (NEVILLE, et al., 2009) De acordo com Deusdedit et al. (2016), a maioria dos pacientes diagnosticados com CCE apresentam lesões medindo 30 a 60 mm, sendo estes diagnosticados na fase avançada da doença, devido a falta de importância dada a essas lesões e por falta de conhecimento. O câncer bucal aumenta o risco com a idade. Pesquisa realizada por Moreira e Morais (2017) constatou que dos 121 idosos entrevistados 65,28% não souberam responder questões relacionadas ao câncer bucal e apenas 11% disseram conhecer sobre a doença. Dessa forma, é possível analisar que parte significativa da população não tem acesso às informações sobre essa patologia maligna. A falta de conhecimento sobre esse tipo de câncer e sua gravidade, a dificuldade ao acesso aos serviços de saúde, a má higiene bucal, a demora na procura do cirurgião-dentista são fatores que contribuem para a progressão da doença, tratamento mais agressivo e pior prognóstico. (MOREIRA, 2017). Diante da análise do caso clínico apresentado, pode-se verificar que os fatores etiológicos prevalentes foram o fumo e o etilismo, sendo estes hábitos comuns em um longo período de tempo. O paciente desconhecia a gravidade da lesão apresentada, além de procurar um profissional em estágio progressivo da doença.

1986 CONSIDERAÇÕES FINAIS O cirurgião-dentista exerce uma grande função ao diagnosticar precocemente lesões pré-cancerizáveis na cavidade oral, principalmente por estar em contato com esses pacientes em sua rotina diariamente, oferecendo assim melhor qualidade de vida e maiores chances de cura dessa neoplasia maligna por ser percebida nos estágios iniciais. O mesmo deve realizar ações de promoção e prevenção de saúde para conscientizar seus pacientes sobre a importância do conhecimento de lesões em boca, da cessação de hábitos, como fumo em associação com o etilismo, que são os principais fatores etiológicos e da visita periódica ao consultório odontológico para uma avaliação profissional da cavidade bucal. REFERÊNCIAS 1. DEUSDEDIT MB, TELLES PJ, CRUZ AF et al. Análise da prevalência do Carcinoma de células escamosas na cavidade bucal no Serviço de Estomatologia do Hospital Metropolitano Odilon Behrens em Belo Horizonte, Minas Gerais. Arq Odontol, 2016; 52(4): 182-187. 2. FONSECA EP, FONSECA SGO, MILAGRES CS et al. Mortalidade por Câncer bucal e orofaringe no Brasil entre 2002 e 2011. Revista da Faculdade de Ciências Gerenciais de Manhuaçu, 2014; 11(2): 8-17. 3. FREITAS RM, RODRIGUES AMX, MATOS JÚNIOR AF et al. Fatores de risco e principais alterações citopatológicas do câncer bucal: Uma revisão de literatura. RBAC, 2016; 46(1): 8-13. 4. MARQUES LARV, LOTIF MAL, RODRIGUES NETO et al. Abuso de drogas e suas consequências na saúde oral: Uma revisão de literatura. Arquivo Brasileiro de Odontologia, 2015; 11(1): 26-31. 5. MARTINS HMA, FERREIRA FILHO JL. Estudo clínico e microscópico de lesões orais potencialmente malignas. Mostra Científica do Curso de Odontologia. Centro Universitário Católico de Quixadá, 2017. 6. MONTEIRO JYM. Oncologia oral: Prevenção e Tratamento da Mucosite. Dissertação (Mestrado em Medicina Dentária) Faculdade Ciências da Saúde. Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2017; 89 p. 7. MOREIRA MECC. Autopercepção da saúde bucal e ciência dos fatores de risco para câncer oral em idosos. Arq. Cienc. Saúde, 2017; 24(3): 14-18. 8. Neville BW, Damm DD. Patologia oral & maxilofacial. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. 9. Organização Mundial de Saúde (OMS). Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10.Artmed; Porto Alegre,1993. 10. TORRES SVS, SBEGUE A, COSTA SCB. A importância do diagnóstico precoce de câncer bucal em idosos. Rev Soc Bras Clin Med, 2016;14(1): 57-62.