Prevenção de acidentes domésticos na infância



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REVISÃO Prevenção de acidentes domésticos na infância Suzana Figueiredo Alves Pereira Aluna do Curso de Graduação em Enfermagem. Caroline Alves Garcia Docente do Curso de Graduação em Enfermagem. Orientadora. RESUMO O objetivo deste trabalho foi identificar as principais causas e fatores de risco dos acidentes envolvendo crianças no ambiente domiciliar a fim de desenvolver medidas preventivas de acordo com o grau de desenvolvimento da criança. Estudo de revisão bibliográfica, com busca em banco de dados informatizados, livros e artigos de revistas científicas. A realidade domiciliar pode ser transformada, se os pais ou cuidadores entenderem que a casa pode não ser um local seguro, necessitando adotar medidas de segurança. Conclui-se que ao antecipar com os pais ou responsáveis etapas do desenvolvimento fazendo a correlação direta com possíveis situações de risco, inerentes a cada faixa etária, podemos criar um ambiente seguro no qual a criança possa explorar e desenvolver suas habilidades. Descritores: Criança; Acidentes domésticos; Prevenção de acidentes. Pereira SFA, Carcia CA. Prevenção de acidentes domésticos na infância. Rev Enferm UNISA 2009; 10(2): 172-7. INTRODUÇÃO Ao nascer, o bebê inicia uma jornada de constante crescimento no desenvolvimento neuropsicomotor, e é muito importante que os pais ou cuidadores tenham conhecimento desse desenvolvimento. Alguns riscos de acidentes, porém, acompanham o bebê em todas as idades. O ambiente doméstico pode ser especialmente hostil às crianças, pois contem: instrumentos cortantes, móveis, janelas, panelas contendo alimentos fumegantes, fósforos, garrafas de detergentes e produtos tóxicos deixados embaixo da pia da cozinha se constituem atrativos especiais para crianças, contribuindo de modo efetivo para aumentar o número de crianças lesionadas. Devido à complexidade desse problema, o Ministério de Saúde adotou em 2001 a Política Nacional de Redução de Mortalidade por Acidentes e Violência baseada nas seguintes diretrizes: promoção da adoção de comportamentos e de ambientes seguros e saudáveis, monitorização da ocorrência de acidentes e de violências, sistematização, ampliação e consolidação do atendimento pré-hospitalar, assistência interdisciplinar e intersetorial às vítimas de acidentes e de violências, estruturação e consolidação do atendimento voltado à recuperação e à reabilitação, capacitação de recursos humanos e apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas (1). As causas externas (acidentes e violências) relacionadas ao trauma incluem: Lesões Não Intencionais (atropelamentos, ocupantes de veículos automotores, afogamentos, queimaduras, quedas, envenenamentos, obstruções de vias aéreas e lesões intencionais (homicídios, suicídios, abuso). Na faixa etária até um ano a principal causa de morte é a obstrução de vias aéreas, seguida de acidentes envolvendo veículos automotores, afogamentos e quedas. No grupo entre 1 a 4 anos, os acidentes envolvendo veículos automotores lideram as causas de morte, seguidos de afogamentos, queimaduras, obstruções das vias aéreas e quedas. Na faixa etária de 5 a 14 anos, as mortes conseqüentes a acidentes envolvendo veículos automotores continuam na liderança, seguidas de afogamentos e quedas (2). A falta de vigilância, proteção e segurança da população infantil ajuda a acentuar as causas dos acidentes. Tais situações levam a criança a vivenciar um atraso significativo em seu desenvolvimento e carregar seqüelas dos mais diferentes tipos de acidentes. As categorias específicas de acidentes e a prevenção apropriada são mais bem compreendidas ao as- 172 Rev Enferm UNISA 2009; 10(2): 172-7.

sociá-las as realizações de desenvolvimento das crianças e jovens. Se os pais ou cuidadores entenderem que a casa pode não ser um local seguro, tornando-se necessário adotar medidas de segurança domiciliar, evitando descuidos e negligências no cuidado à criança. Sabe-se que a insegurança domiciliar pode ser intensificada pela curiosidade da criança, especialmente quando ela for atraída por cores, aromas e formatos. Evidenciou-se que a criança se torna mais vulnerável ao acidente doméstico quando não recebe atenção necessária ou quando os familiares desconhecem ou negligenciam a segurança no domicílio, de acordo com as características de cada fase de crescimento e desenvolvimento (3). O objetivo deste trabalho foi identificar as principais causas e fatores de risco dos acidentes envolvendo crianças no ambiente domiciliar a fim de desenvolver medidas preventivas de acordo com o grau de desenvolvimento da criança. METODOLOGIA Para o desenvolvimento deste estudo foi realizada uma pesquisa de revisão bibliográfica, com recorte temporal a partir de 1999 até 2009, através de consultas na biblioteca Milton Soldani Afonso, da Universidade de Santo Amaro (UNISA), e consultas as bases de dados online, SciELO, BDENF e LILACS, onde foram pesquisados 16 artigos, selecionados e utilizados 12, um livro e o site do Ministério da Saúde com o critério de inclusão em: Criança, acidentes domésticos, prevenção de acidentes. RESULTADOS O acidente no contexto atual pode ser definido como uma cadeia de eventos que ocorre em um período relativamente curto de tempo (geralmente segundos ou minutos), não tenha sido desejada conscientemente, começa com a perda de controle do equilíbrio entre um indivíduo (vítima) e seu sistema (ambiente) e termina com a transferência de energia (cinética, química, térmica, elétrica ou radiação ionizante) do sistema do indivíduo, ou bloqueio dos seus mecanismos de utilização de tal energia (2). Dados Estatísticos Nove em cada dez casos de traumas pediátricos que chegam aos hospitais poderiam ser evitados. É o que diz um estudo apresentado pela organização Safe Kids Worldwide, rede que congrega 16 países em cinco continentes e é representada, no Brasil, pela ONG Criança Segura. A estimativa, segundo a organização, é aplicada ao mundo todo (4). No Brasil, entretanto, a situação é ainda mais preocupante, já que os acidentes matam quase 6 mil crianças por ano. Por dia, 16 crianças brasileiras morrem vítimas de acidentes e 380 são hospitalizadas. Uma pesquisa feita pela ONG Criança Segura com base em dados do Ministério da Saúde mostra que, no Brasil, os acidentes representam 79% das mortes por causa externa entre crianças de 0 a 14 anos. A segunda causa é a violência, com 13%. Os dados referemse a 2005. Nos Estados Unidos, os acidentes são a principal causa de morte de crianças, evidentemente que no Brasil é a subnutrição. Acidentes com crianças no lar produziram 10.4 milhões de atendimentos em emergência. Anualmente 8.000 crianças sofrem fatalidades, e 50.000 invalidez permanente por acidentes possíveis de serem evitados. Nove dentre 10 acidentes no lar são evitáveis. O trauma pediátrico não é prerrogativa dos países pobres ou em desenvolvimento. Nos Estados Unidos, somente no ano de 2002, aproximadamente 2.100 crianças menores de 14 anos faleceram em decorrência de acidentes domiciliares. Um fato importante é que mais de 70% destas mortes ocorreram em crianças com idade até 4 anos (5). Quais os acidentes mais comuns no ambiente domésticos? Os tipos de acidentes na infância estão relacionados diretamente com a faixa etária de idade e fases do desenvolvimento (6). Nossas casas podem virar verdadeiras armadilhas quando não damos a devida atenção a determinados detalhes de sua construção ou de sua mobília. Escadas são projetadas não considerando a presença de crianças e nem que os habitantes da casa irão envelhecer. Uma infinidade de substâncias químicas são usadas e manipuladas, e sobre as quais quase nada sabemos, e por esta razão na maioria das vezes são tratadas e utilizadas como substancias inofensivas. Um simples armário pode apresentar uma concentração de material químico por metro quadrado, às vezes maior que o encontrado em muitas indústrias. Crianças aprendem por imitação e podem aprender coisas perigosas da mesma maneira que coisas úteis, nos primeiros anos de vida não fazem distinção entre uma coisa e outra. Este fato seria uma boa razão para que adultos evitassem fazer na presença de crianças coisas que não gostariam que elas imitassem (tomar remédios, fumar, colocar objetos estranhos na boca, etc). Intoxicações As intoxicações exógenas se apresentam como os principais acidentes envolvendo crianças, respondem por aproximadamente 7% de todos os acidentes menores de cinco anos e estão implicadas em cerca de 2% de todas as mortes na infância no mundo (7). Aexploração do espaço é uma atividade importante para o desenvolvimento infantil. Colocar objetos na boca, tentar pegar frascos com líquidos coloridos são comportamentos característicos das crianças, mas isso também pode colocála em grande risco de envenenamento e intoxicação não intencional. Segundo Ministério da Saúde, em 2005, 5.299 crianças de até 14 anos foram hospitalizadas vítimas de intoxicação. Crianças com até dois anos de idade correm maior risco de um envenenamento não intencional. Produtos de limpeza e medicamentos são riscos significantes. Bebês podem se envenenar respirando a fumaça de fumos. - Dar preferência a produtos químicos cujas embalagens disponham de tampa de segurança. - Medicamentos apenas com orientação médica, sem- Rev Enferm UNISA 2009; 10(2): 172-7. 173

pre fora do alcance, reler a receita antes de administrar a criança. Devem ser guardados fora do alcance da criança, em lugares altos e, de preferência e armários ou caixas fechadas com chave. - Não tomar medicamentos na frente das crianças. - Nunca mudar medicamentos da embalagem original. - Nunca dizer a criança que o remédio é bom e docinho. - Derivados de petróleo não armazenar em casa - Plantas ornamentais verificar as tóxicas e evitá-las como: saia branca, comigo ninguém pode, oficial de sala, pinhão paraguaio. - Alimentos que podem deteriorar devem ser conservados em geladeira ou freezer, verificando a validade e experimentando antes de consumi-lós. - Não armazenar produtos de limpeza em garrafas de refrigerante. Asfixia Pode ocorrer enquanto o bebê está dormindo, quando seu rosto fica encoberto no lençol, travesseiro ou outra roupa de cama macia. As grades do berço também podem ser uma ameaça causando mortes por estrangulamento e sufocação. Quando estão na fase de descobrir o mundo com a boca, os bebês ainda podem se engasgar com partes e/ou brinquedos pequenos, comidas e outros pequenos objetos. - Talco não usar e não deixar o recipiente ao alcance da criança - Cordão ou presilha de chupeta não devem ser utilizados. - Sacos plásticos manter fora do alcance da criança. - Caroços de frutas, balas, pequenos objetos sempre fora do alcance da criança. - Lençóis, mantas, cobertores sempre presos ao colchão. - Travesseiros evitar o seu uso, em especial nos lactentes. - Não colocar cordões a volto do pescoço da criança para segurar chupetas. - Grãos de cereais, chiclete, balas duras, botões, colchetes, tachinhas, pregos, parafusos, agulhas, alfinetes, moedas, medalhinhas, manter em armários fechados. - Partir alimentos em pedaços pequenos. Queimaduras As queimaduras infantis constituem importante causa de atendimento hospitalar e internação, além de causar seqüelas físicas e emocionais relevantes. Conforme dados dos DATASUS, morreram 226 crianças e adolescentes, vítimas de exposição à fumaça, ao fogo e às chamas no ano de 2002 (8). Quanto aos tipos de queimaduras, a escaldadura é o mais freqüente, tendo como principais causas bebidas, alimentos, óleos e outros líquidos quentes que entornados sobre a criança, atingem principalmente tronco, ombro, braço e antebraço, quadril, coxa, perna e também cabeça e pescoço (9). O contato com aparelhos domésticos quentes também explica a queimadura de membros superiores, especialmente mãos, colocadas por curiosidade sobre o objeto. A severidade das lesões decorrentes da exposição a substâncias quente ou a fonte de calor, aliada aos tratamentos prolongados e a presença de seqüelas, tanto físicas como emocionais justificam especial atenção (10). - Líquidos ou alimentos quentes - não manusear com a criança no colo. Velas, isqueiros, fósforos não devem ser manuseados por crianças. - Ferro de passar e aparelhos eletrodomésticos dificultar o acesso da criança. - Frasco de álcool e produtos químicos inflamáveis nunca manter próximos a chamas e sempre fora do alcance das crianças. - Banhos de sol antes das 10 e depois das 16 horas. - Instalar protetores adequados em todas as tomadas da casa. - Verificar a temperatura da água com o termômetro ou com o dorso do antebraço. - Usar tapetes antiderrapantes na banheira. - Fios descascados substituí-los imediatamente. - Os cabos de panelas e as asas dos tachos devem estar fora do alcance da criança e devem estar direcionados para parte interna do fogão. - Cuidados com aparelhos vaporizantes. - Atenção com as mamadeiras esquentadas no microondas, pois o conteúdo tende a aquecer mais do que o recipiente. Quedas e Traumas No Brasil, segundo o DATASUS, no ano de 2002, morreram 443 crianças e adolescentes, na faixa etária de 0 a 19 anos, vítimas de quedas (8). Quanto aos tipos de quedas 34,2% ocorreram do mesmo nível; seguido de quedas de edifícios ou outras estruturas (13,8%); de escadas (11,7%); outras de um nível a outro(9,1%); da cama (8,6%); de árvore (6,5%); de outro tipo de mobília (5,6%); além de quedas do colo, de cadeiras e de outros tipos (10,5%). A faixa etária dos pacientes que caíram da cama variou de 0 a 5 anos, sendo que 65% tinham menos de 1 ano (12). A queda foi o tipo mais comum de acidente encontrado na faixa etária de menores de 1 ano e entre 1 a 3 anos, que se justifica pela fase de maturação motora, cognitiva e psicossocial onde encontram-se estas crianças, aprendendo a conhecer os seus limites e adaptando-se ao meio. Ainda em relação a quedas, estas permanecem em níveis elevados também em crianças acima de 4 anos, evento este relacionado provavelmente as atividades de lazer e esportes, próprios desta faixa etária, destacando-se jogos, bicicleta, patins e outros. - No colo do adulto - manter a criança bem segura. - Na cama ou berço - ter grades protetoras e observar altura - Bebê conforto utilizar sempre no nível do piso, com o cinto de segurança afivelado. - Pisos lisos, tapetes, escadas ter corrimão bilateral, 174

portões de segurança, piso antiderrapante. - Janelas tipo guilhotina ou basculante colocar trava de segurança. - Traumas no mobiliário - evitar móveis de bordas pontiagudas ou cortantes. - Escadas devem ter corrimão de apoio. - Colocar portões e barreiras nos acessos as escadas e não se esquecer de fechá-las. - Colocar redes de proteção em todas as janelas e varandas. - Nunca deixar o bebê ou a criança sozinha em cima de uma cama, bancada ou móvel onde muda as fraldas e a roupa, tenha as fraldas, as toalhinhas de limpeza e os cremes necessários sempre à mão. - Prepare as roupas que lhe vai vestir com antecedência e tenha-as mãos na altura em que vai vestir a criança. - Crianças menores de 6 anos não devem dormir na parte de cima de beliche. Brinquedos - Não devem ser pequenos, não podem destacar pequenas partes, não ter arestas cortantes, nem pontiagudas e não podem ser facilmente quebráveis. Triciclos e ou bicicleta apenas na época correta com aprendizado seguro e uso de capacete. - Verificar a classificação indicada por idade, e se o existe o selo do INMETRO. - Não deixe brinquedos dentro do berço ou na cama da criança. - O ambiente da brincadeira também deve ser seguro, distante de escadas, grandes alturas, lajes, rua, piscinas ou rios, principalmente se o brinquedo for conduzido/dirigido pela própria criança. As quedas e engasgamento são os principais responsáveis pelos acidentes e mortes relacionados com brinquedos. - Se você comprar uma boneca ou bichinho de pelúcia, comprove que os olhos, as orelhas, etc. estão bem seguros. - Cuidado com os brinquedos que se parecem com comida de verdade. As crianças podem tentar comê-los. - Jogue fora todos os embrulhos plásticos que podem se converter em artigos perigosos para brincar. Cuidados com crianças na cozinha - Não deixe crianças sozinhas na cozinha. - Guarde facas e objetos cortantes em locais de difícil acesso para criança. - Não deixe tachos e panelas ao lume sem ninguém na cozinha. - Vire os cabos das frigideiras para o interior do fogão. - Pode remover os botões do fogão quando este não tiver em uso. - Guarde bem os fósforos. - Torradeiras, bules, garrafas térmicas e outros equipamentos devem ser mantidos fora do alcance das crianças. Andadores Os especialistas em segurança infantil justamente insistem que um dos maiores fatores de risco para injúrias físicas é dar independência demais numa fase em que a criança ainda não tem a mínima noção de perigo. É consenso que a capacidade de autoproteção só é adquirida a partir dos cinco anos de idade. Colocar um bebê de menos de um ano num verdadeiro veículo que pode atingir a velocidade de até 1 m/s equivale a entregar a chave do carro a uma criança de dez anos.vários estudos já mostraram que cerca de 70% das crianças que sofreram traumatismos com andadores estavam sob a supervisão de um adulto (11). Em geral, a primeira parte do corpo do bebê a ser atingida em um acidente com andador é a cabeça, podendo haver traumatismos cranianos de diversas proporções desde leves, sem consequências, até bem mais graves e, em casos extremos, fatais. O melhor é cercá-la de um ambiente protetor, com dispositivos de segurança, como grades ou redes nas janelas; estas são medidas de proteção passiva, muito mais efetiva. A família e o Acidente Independente de como o acidente acontece e de quem está envolvido com o fato, os sentimentos de culpa, medo, desespero são os mais percebidos e expressados pela família. Ninguém está preparado para enfrentar tal situação e não imaginam que esses casos possam ocorrer consigo. Interpretamos que o contexto socioeconômico-cultural é determinante no processo saúde doença, no qual se inserem ás ocorrências de acidentes domésticos em crianças, com suas graves repercussões, e que a mulher é muito apenada e responsabilizada por tais infortúnios (12). Perpetua-se a culpa caso ocorram seqüelas irreversíveis ou êxito letal. E, não é raro, essas ocorrências ocasionam um desajuste na estrutura familiar quando o homem transfere à mulher a total responsabilidade dos cuidados na educação dos filhos (13). DISCUSSÃO Segundo o Protocolo de Enfermagem de Atenção á Saúde Criança, no Conteúdo Programático Para Grupos Educativos de Puericultura no 3º Grupo (10-24meses) destaca Prevenção de acidentes-quedas, queimaduras, irmãozinhos menores, intoxicações/envenenamento, riscos que o bebê corre ao engatinhar, evitar andador, com quem deixar a criança, riscos de transporte (cadeirinha do carro, carrinhos de passeio), riscos de exposição excessiva ao sol (14). 0 aos 6 meses: Adquire o hábito de se virar, engatinhar, pegar e puxar objetos, explora colocando objetos na boca (15). Evitar queimaduras no banho,não beber líquidos quentes, com o filho no colo. No berço é necessário que se verifique se os espaços entre as barras são adequados para que o bebê não passe entre eles ou prenda sua cabeça. Nunca deixar o bebe sozinho na banheira. Neste sentido, os cercadinhos de malha são considerados os mais seguros. Nunca se deve deixar uma criança desta faixa etária sem assistência sobre uma mesa de troca de roupas, por exemplo. Para evitar afastar-se, a recomendação é deixar sempre as fraldas à mão antes de largar a criança, no carrinho colo- 175

car cinto de segurança, grades do berço sempre elevadas. Os brinquedos devem ser grandes o bastante para não serem engolidos, além de serem resistentes para não quebrarem. Também é importante que não tenham pontas nem arestas agudas, sendo arredondados e de madeira lisa ou de plástico. Eles também não devem conter tintas tóxicas. Na hora de comprar, recomenda-se que se verifique as recomendações de idade do fabricante.é importante também que se mantenham objetos pequenos e agudos, fora do alcance das crianças. O mesmo com os sacos plásticos, fios de telefone longos e travesseiros fofos, que podem ser sufocantes, asfixiando a criança. Importante que a criança não durma na mesma cama que os pais, que, ao virarem-se à noite, podem asfixiá-la. 7 aos 12 meses: Rasteja,fica em pé segurando na mobília, fica em pé sozinho, trepa puxa objetos, atira objetos, explora ao colocar objetos na boca, compreensão crescente de comandos simples. A criança intensifica sua ação sobre o mundo. Começam a estabelecer relações entre fatos e ações de outras pessoas (15). Cuidado, em especial, com os riscos de afogamento e de queimaduras, evitando-se a cozinha, considerada o local mais perigoso da casa, como um bloqueio que impeça a passagem da criança para a cozinha, pois líquidos e alimentos quentes, fios elétricos, torradeiras, bules, garrafas e o próprio fogão são perigosos, assim como a tábua de passar roupa. Proteger todas as tomadas de corrente elétrica. Retirar objetos pesados de cima de móveis tudo o que o bebê alcance e se sinta tentado a puxar. Nesta etapa, deve-se manter fora do alcance das crianças todos os remédios e venenos, assim como os produtos perigosos, que devem ser mantidos em suas embalagens originais. Para evitar quedas, compensa usar portas ou portões nas escadarias e baixar o estrado das camas a partir do momento que a criança começa a sentar ou ficar de pé. Os cuidados que vinham sendo tomados até os seis meses podem ser todos mantidos. 1 a 3 anos:necessidade de investigar, descoberta dos espaços. Surge a antecipação pelo pensamento e não apenas pela ação. Exploram o mundo pelo rastejamento utilizando uma atividade motora (15). É o período das intoxicações por produtos de uso domiciliar e inseticidas geralmente conservados em armários rentes ao chão; iniciam a exploração de espaços e objetos extradomiciliares. Da fase rastejadora evolui para a de alpinista. Sobem em cadeiras, mesas, tenta explorar um mundo que se coloca acima de sua linha de visão. São ainda fascinadas pelo fogo e capazes de abrir a maioria dos recipientes, além de explorarem armários de louças, gavetas, medicamentos, mesas de cabeceira, interior de guarda-roupa, geladeiras, fornos, entre outros locais que reservam perigos. Observar de perto as crianças desta idade é essencial para evitar acidentes. Atenção às janelas e varandas, mudar sítio de móveis que facilitem por escalada o acesso as janelas. Elas estão muito interessadas no que estão fazendo e tem pouca consciência dos perigos que podem estar correndo. São comuns as quedas e os cortes, por isso é preciso manter as portas ou caminhos para escadas, trancadas ou bloqueadas. Vale a pena usar pratos e copos de plástico e verificar os móveis com bordas cortantes. Atenção aos alimentos em pedaços grandes. Elas podem arremessar e chutar bola, correr, pular e pedalar um velocípede. Elas começam a entender mas ainda não sabem o que é perigoso. Elas necessitam de proteção, supervisão e disciplina firme. Na banheira, devem-se usar tapetes não derrapantes e instalar grades em todas as janelas acima do primeiro andar. 3 a 5 anos: Todas as precauções anteriores são mantidas. Com esta idade, a criança explora a vizinhança, corre, escala, anda com velocípede, aprende a andar de bicicleta, brinca com outras crianças, atravessa a rua e esses movimentos precisam ser feitos sob atenta vigilância. Nesta fase, as crianças podem aceitar e responder aos ensinamentos, porém, elas ainda necessitam de proteção. Se andar de bicicleta utilizar um tamanho adequado à altura da criança, além de capacete de proteção. 6 a 12anos: Explode em energia e constante movimento (15). Aos seis anos, a criança com um tempo de concentração breve, elas iniciam novas tarefas que não conseguem concluir, são autoritárias e sensíveis. Aos sete anos, elas ficam mais quietas que aos seis, mas são mais criativas e gostam de aventuras. Dos oito aos dez, são curiosas em relação ao funcionamento das coisas, tem maior autonomia para realizar tarefas. Dos dez aos doze, são intensas, observadoras, acham que sabem tudo, são energéticas, indiscretas e argumentadoras. A escola e grupos comunitários partilham de responsabilidade por sua segurança. Podem idolatrar e querer imitar heróis infantis ou uma pessoa mais velha que viva perigosamente. Crianças nessa idade devem assumir alguma responsabilidade por sua própria segurança. CONCLUSÃO Com este trabalho pode-se chegar a conclusão que a prevenção necessita ser direcionada para cada etapa do desenvolvimento da criança e as orientações individuais nas atividades de puericultura, ou coletivas nas escolas e comunidades. Através de planejamento de ações de prevenção e de intervenção a partir do conhecimento especifico das causas, com isto direcionando com medidas especificas. Não basta proibir, deve-se procurar ensiná-las e alertálas para os riscos de suas ações, para que elas possam desenvolver a noção do que é perigoso e o que aquela atitude pode provocar. Com crianças ainda pequenas, deve se trabalhar com muita paciência e atenção, pois elas tendem a imitar os adultos. Ao considerar os possíveis perigos ambientais aos quais as crianças estão expostas, a tarefa de prevenir esses acidentes apenas começa a ser consideradas. As enfermeiras precisam conhecer as possíveis causas de lesão, em cada faixa etária, a fim de fornecer orientação preventiva antecipada. Portanto, a educação preventiva aos pais deve iniciar nas consultas de pré- natal, durante todo processo de puericultura, em qualquer situação de saúde, desde o atendimento básico até uma possível hospitalização. Prevenir os acidentes infantis é uma questão de infor- 176

mação e de atenção de pais, educadores e de todos aqueles que zelam pela infância. O fato dos acidentes acontecerem, no ambiente doméstico sugere a modificação do mesmo, como forma efetiva de prevenção, além de supervisão direta. REFERÊNCIAS 1. Ministério da Saúde (BR). Política Nacional de Redução da mortalidade por Acidentes e Violências. Portaria GM/ MS nº737 de 16/05/01 publicada no DOU nº96 Seção1ed18/05/01. [citado em 2009 Jul 05]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ portaria737.pdf 2. Blank D, Waksman R, Gikas RM. Prevenção de acidentes na infância e adolescência. Belo Horizonte: Sociedade Brasileira de Pediatria; 2003. 3. Acker J, Acartana M. Construção da participação comunitária para a prevenção de acidentes domésticos infantis. Rev Bras Enferm 2009; 62(1): 64-70. 4. Criança Segura Brasil. Dados sobre acidentes. [citado em 2009 Ago 10]. Disponível em: http:// www.criancasegura.org.br/numeros.asp 5. Guimarães B, Correia A, Ribeiro J, Walnisckson A, Lima D. Acidentes domésticos em crianças: uma análise epidemiológica. Rev Pediatr Ceará 2003; 4(2): 27-31. 6. Campos J. Adoção de comportamentos e ambientes seguros e saudáveis. Metodologias de prevenção de acidentes. Belo Horizonte: Sociedade Brasileira de Pediatria; 2003. 7. Lourenço J, Furtado BMA, Bonfim C. Intoxicações exógenas em crianças atendidas em uma unidade de emergência pediátrica. Acta Paul Enferm 2008; 21(2): 282-6. 8. Ministério da Saúde (BR). Mortalidade. Óbitos por residência por faixa etária determinada segundo Capítulo CID-10-Causas externas de morbidade e mortalidade-brasil; 2002. [citado em 2009 Jul 07]. Disponível em http://w3.datasus.gov.br/datasus/ index.php 9. Gaspar V, Joel L, Cunha F, Gaspar J. Fatores relacionados a hospitalizações por injúrias em crianças e adolescentes. J Pediatr 2004; 447-52. 10. Martins C, Andrade S. Queimaduras em crianças e adolescentes: análise da morbidade hospitalar e mortalidade. Acta Paul Enfermagem 2007; 464-9. 11. Blank D. Andador: perigoso e desnecessário. Departamento de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria; 2001. [citado em 2009 Ago 10]. Disponível em:http://www.sbp.com.br/pdfs/ HOMEPAGE_SBP_ANDADOR.pdf 12. Souza L, Rodrigues A, Barroso M.A família vivenciando o acidente doméstico-relato de uma experiência. Rev Latino-am Enfermagem 2004; 8(1): 83-9. 13. Souza L, Barroso M. Revisão bibliográfica sobre acidentes com crianças. Rev Esc Enferm USP 1999; 33(2): 102-7. 14. Azavedo J. Protocolo de enfermagem - atenção a saúde da criança. São Paulo: Prefeitura Municipal de São Paulo/ Secretaria Municipal de Saúde; 2004. 15. Waley LF, Wong DL. Enfermagem pediátrica: elementos essenciais à intervenção. 5 a. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Kogan; 1999. 177