O que é preciso para desenvolver uma experiência global sobre florestas e mudanças climáticas?

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Transcrição:

O que é preciso para desenvolver uma experiência global sobre florestas e mudançasclimáticas? Entrevista com o Dr. Stuart Davies, Diretor do CentrodeCiênciasFlorestaisdoTrópico Em2007,oBancoHSBCdoou100milhõesde dólares para quatro organizações ambientais, em uma campanha sem precedentes na luta contra as mudanças climáticas. Esta doação pioneiraéabasedeumprojetorevolucionário: a HSBCClimatePartnership. A doação total de US$100 milhões foi destinada a quatro organizações: a The Climate Group, para transformar grandes cidades em cidades verdes; a WWF, para proteger as bacias de grandes rios, dos quais dependemmilhõesdepessoas;a Earthwatch, para transformar o elemento humano através deexperiênciasdevoluntariadocientífico;eao SmithsonianTropicalResearchInstitute para desenvolver um experimento científico global sobreflorestasemudançasclimáticas. O que seria necessário para realizar um experimentoglobalsobreflorestasemudanças climáticas?qualéarelaçãoentreasflorestas, o carbono e as mudanças climáticas? Para responderaestaseoutrasperguntasdecunho ecológico, entrevistamos o Dr. Stuart Davies, Diretor do Centro de Ciências Florestais do Trópico(CTFS),duranteumrecenteseminário de capacitação, em Gamboa, um lugarejo próximo ao Canal do Panamá. O Dr. Davies e outros 20 cientistas da África e América estavamalireunidosparaaprenderautilizar o novo sistema de bases de dados da rede do CTFS, que permite que os cientistas da rede compartilhem, administrem e operem imensas bases de dados sobre florestas e mudanças climáticas. O Dr. Stuart Davies tem estudado os bosques tropicais durante os últimos 20 anos. É especialista naecologiadasflorestasúmidastropicaisdosudeste asiático.foto:nickwelles,harvardnewsoffice. Pergunta:PoderianosdizeroqueéoCentro deciênciasflorestaisdotrópico(ctfs)? StuartDavies:OCTFSéumaparceriaglobal entre o Smithsonian Tropical Research Institute, Harvard University e dezenas de outras instituições de pesquisa e departamentosflorestaisaoredordomundo. O nosso objetivo é monitorar as florestas tropicais e temperadas para compreender como se formam estas florestas, como funcionam e como, no futuro, vão se modificar. A rede do CTFS iniciou há quase três décadas mediante a criação da primeira parcela de monitoramento de matas na ilha de Barro Colorado, no Panamá. Atualmente existemmaisde30parcelasnarededoctfs. Monitoramosmaisdetrêsmilhõesdeárvores de 7.500 espécies, em 20 países da Ásia, ÁfricaeAmérica. Pergunta: O que os cientistas sabem sobre as florestas, o dióxido de carbono (CO 2) e as mudançasclimáticasequalarelaçãoquetêm entresiesteselementos? SD:Emprimeirolugar,sabemosqueosgases deefeitoestufaestãoelevandoatemperatura daterra.esabemosqueomaiorculpadoéo dióxido de carbono, cuja concentração aumentou 15% nos últimos 50 anos. Ele é medido diretamente na atmosfera; sabemos 1

que isso efetivamente ocorreu. Também temos formas indiretas de calcular a concentração do dióxido de carbono na atmosfera durante os últimos 100.000 anos. Estas estimativas demonstram que a taxa de incremento do CO 2 atmosférico durante os últimos50anostemsidomaisrápidaquenos últimos100.000anos. Também sabemos que as florestas absorvem o dióxido de carbono. Esse é o substrato, o alimento que elas consomem. Assimilam o dióxido de carbono através de suas folhas e produzemcarbohidratos.eissoproduzcoisas como madeira e folhas e estruturas reprodutivas, como flores e frutos. Se as árvoresabsorvemco 2evocêlhesdámais,é possível que incorporem esse CO 2 adicional. Esta é a grande pergunta que nós, os cientistas, estamos tentando responder: as árvores consumirão mais CO 2 à medida que as concentrações atmosféricas aumentarem? Dessa forma ajudarão a mitigar o aquecimentoglobal? fatores.algumaspoderãoabsorvermaisco 2, ao passo que outras poderão reduzir sua absorção em função do aumento de temperatura. Como sabemos que a temperaturaeasconcentraçõesdedióxidode carbono estão aumentando, é muito importante que os cientistas e os profissionais da área florestal compreendam a relação entre estes fatores opostos e o seu impactosobreosbosques.felizmente,graças a parcerias como a HSBC Climate Partnership a qual conjuga a expertise e os recursos de prestigiosas organizações ambientais estamos em uma posição satisfatória para compreender como as florestas estão respondendo às mudanças climáticas hoje e de que modo responderão naspróximasdécadas. Pergunta: Farão isso? As florestas vão absorvermaisco 2 quandoestiveremexpostas a maiores concentrações desse gás de efeito estufa? SD:Paraserhonesto,aevidênciapreliminar que possuimos não deixa isso claro. Temos alguma evidência de que as florestas aumentarão sua absorção de CO 2, e essa evidênciaprovémprincipalmentedabaciado Amazonas. Porém, temos outra evidência na Ásia que mostra que talvez as árvores não aumentarãoaabsorçãodeco 2.Arazãoainda não é clara, mas pode ter relação com a temperatura. Asárvoreseasplantastropicaistambémsão muitosensíveisàtemperatura,nãoapenasao dióxido de carbono. Quando a atmosfera retém mais CO 2, a temperatura atmosférica aumentaumpoucoeissopodedesaceleraro metabolismo das plantas. Dito de outra maneira, o aumento de temperatura pode desacelerarataxadeabsorçãododióxidode carbono. Mas não temos certeza sobre o modocomoasflorestasvãoresponderaestes CiclodoCarbono Pergunta: Exatamente de que modo detectarão a resposta das florestas às mudançasclimáticas? SD: Através do estudo, medição e monitoramento direto do solo, nos bosques, emmuitas,muitas,muitasárvores acimade três milhões em muitos lugares diferentes ao redor do mundo, que sejam representativos das condições climáticas e ambientais das maiores regiões do planeta. Desta forma, poderemos entender como as 2

OCentrodeCiênciasFlorestaisdoTrópico(CTFS)éumaredeglobaldeparcelasparaapesquisasobrebosques,quesededica aoestudodasflorestastropicaisetemperadas.octfslevaacabopesquisasem20diferentespaísesdaásia,áfricaeamérica. Atualmente,aredemonitoramaisde3milhõesdeárvoresquerepresentam7.500espécies. florestas estão respondendo às mudanças no clima. O monitoramento intensivo das florestas globais, a grande escala e no longo prazo, é fundamental para obter os dados necessários que nos permitam construir modelos que nos ajudem a predizer como funcionarão e responderão os bosques às mudançasclimáticasnofuturo. Há muito tempo o CTFS vem fazendo isso. Durante os últimos 25 anos, estabelecemos mais de 30 parcelas de monitoramento a grande escala, através dos trópicos e em partesdazonatemperada,paramonitoraros bosquesatravésdotempo,paracompreender o que estão fazendo e como estão se modificando em resposta às mudanças climáticas. Fomos afortunados ao receber o apoio do HSBC para estudar com muito detalhe onde o carbono é armazenado nos bosques tanto embaixo como acima da terra e como isso está mudando entre estações e anos. Essa informação é crítica paracompreendercomoestãorespondendoe como responderão os bosques às mudanças climáticas em todas as escalas local, regionaleglobal.porissoéquetrabalhamos na Ásia, África e América; por isso é que trabalhamosnotrópicoenazonatemperada para realizar ciência crítica com parceiros dedicados e compreender algumas das grandes questões sobre bosques e mudanças climáticas. Pergunta: Alguns descrevem o CTFS e sua pesquisa dentro da HSBC Climate Partnership (HCP) como o maior experimento de campo realizado até agora. Fale nos sobre a amplitudedesteexperimento. SD: Como já mencionei, é global. Está sendo realizadoaoredordomundonaásia,áfricae Dosseldobosquedentrodaparcelatemperada,em Gutianshan,China 3

América,emmaisde30lugares.Estamosnos referindoacercade1.200hectares maisde 2.000 campos de futebol de bosques tropicais e temperados que estão sendo monitorados. A escala não tem precedentes na ciência florestal não só pela escala geográfica global, mas também pelo grau de detalhe que chega a nível de árvores individuais. A metodologia do CTFS tem revolucionado a pesquisa de bosques tropicais desde que foi criada a primeira parcela, a princípios dos anos 80. Reitero, estamosmonitorandomaisdetrêsmilhõesde árvores que representam mais de 7.500 espécies,em20paísesaoredordomundo. Além de árvores, agora estamos estudando solos, insetos e outros organismos que são mais sensíveis às variações climáticas, para desse modo melhorar nossa habilidade de detectar e estudar modificações sutis, mas significativas, no clima. A pesquisa que realizamos em parceria com o HSBC Climate Partnership está dividida em três áreas. Os seus eixos principais são:(1) compreender a função dos bosques no ciclo de carbono global,(2)compararosbosquestropicaiseos temperados, e (3) quantificar os serviços ambientaisprestadosaosbosquestropicais. Pergunta: Poderia descrever essas três áreas de sua pesquisa em parceria com o HSBC ClimatePartnership? SD: Iniciemos com a pesquisa sobre carbono.estamosestudandoomovimento,o fluxodecarbononosecossistemasdobosque através do tempo. Resumindo, queremos saber se os bosques são fontes líquidas ou reservatórios líquidos de carbono. Ou seja, estamos procurando determinar se estão armazenando carbono ou se o estão liberando. As árvores contêm aproximadamente a metadedototaldecarbonoqueexisteemum ecossistema florestal. A outra metade está debaixodosolo armazenadacomomaterial orgânico, nas raízes das árvores, como madeira em decomposição. Portanto, se quisermos compreender o ciclo de carbono dos bosques, então devemos estudar o carbono tanto sobre o solo como debaixo dele. E isso é o que estamos fazendo: retirando amostras de reservatórios de carbono nos bosques depósitos, bancos de carbono e fazendo seu monitoramento através do tempo. Uma grande pergunta que queremosresponderéesta:essereservatório é imóvel, esse banco de carbono de um bosque determinado é inativo? O carbono entra, é armazenado na madeira, é liberado nos rios, e os produtos orgânicos saem para asbaciasfluviais,eassimsucessivamente.ou estebancooureservatóriodecarbonocresce gradualmente através do tempo? Nossa pesquisa sobre carbono dentro da HSBC Climate Partnership nos ajudará a responder estasperguntas. Nossa segunda área de pesquisa abrange a comparação de florestas temperadas e tropicais e suas respostas às mudanças climáticas. Alguns modelos climáticos florestais predizem que os bosques temperados responderão com maior rapidez a um clima mutante do que os bosques tropicais. Para verificar se isso é verdade, estamos estabelecendo grandes sítios de monitoramentodebosques,alongoprazo,na zona temperada e os estamos comparando com o que está ocorrendo no trópico. Desta maneira, podemos avaliar diretamente as diferentesrespostasqueoferecemosbosques temperadosetropicaisàsmudançasnoclima. EstamoscriandonovasparcelasemMaryland evirginia,naaméricadonorte.acabamosde estabelecer uma parcela perto de Oxford, ReinoUnido.Tambémestamosestabelecendo parcelas em florestas temperadas no sudeste dobrasilenachina. Aterceiraáreadepesquisabuscaquantificar os serviços ambientais que prestam os bosques tropicais. Nosso experimento na bacia do Canal do Panamá é o maior experimento de campo realizado até o presente.emvistadequeocanaldopanamá é tão importante para o comércio mundial e depende da disponibilidade de água a nível local no Panamá, a localização é ideal para o 4

experimento e para atrair a atenção do mundo sobre a relevância que têm as florestas tropicais na regulação do fluxo de água. A grande interrogação que estamos tentando responder é a seguinte: qual a importância dasflorestasdasflorestaspararegularovital abastecimento de água nas nossas cidades? Para responder essa pergunta, plantamos 140.000árvoresnativaseexóticas,eestamos monitorando a quantidade e a qualidade da água que elas ajudam a regular na bacia hidrográfica. Também estamos monitorando a água em áreas degradadas, que são pastagens, assim como em bosques naturais antigos e jovens, a fim de poder comparar o valordestesdiferentestiposdebosquespara os fluxos de água. Além de estudar a regulação da água, estamos pesquisando como os diferentes usos do solo degradados, bosques antigos, plantações exóticas regulam a absorção, ou captação, decarbonoeaconservaçãodabiodiversidade GostariadefazeralgumaperguntaaoDr.DaviesesuaequipedoCTFS? atravésdotempo.esteprojetoéúnico.éum exemplo, um exemplo global, para compreenderosserviçosambientaisquenos proporcionam as florestas e os usos comuns daterra. SevocêtemmaisperguntassobreoCTFSousobreaHSBCClimatePartnership,podeescreveraoe mailctfs@si.edu.o Dr.StuartDaviesesuaequiperesponderãosuapergunta. SítiodoExperimentonaBaciadoCanaldoPanamá 5