TÍTULO: ATIVIDADE MOTORA PARA CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS: INICIAÇÃO ESPORTIVA AUTORES: DUARTE,A.C.G.O.; MARQUES,A.E.; EMMEL,M.G.; FOGANHOLI,C.; ARTUSSA,D.A.; DAGOSTINO JR,S.; CEREDA,F,L,; SUPERTI,I.G. e-mail: anaclau@power.ufscar.br INSTITUIÇÃO: Universidade Federal de São Carlos ÁREA TEMÁTICA: Educação INTRODUÇÃO: Estimativas da Organização Mundial de Saúde indicam que 10 a 15% da população são pessoas portadoras de algum tipo de deficiência em países de terceiro mundo. Se por um lado a demanda populacional é bastante significativa, em nossa comunidade são escassos os espaços esportivos acessíveis às pessoas portadoras de deficiência, assim como poucos os profissionais na área de Educação Física que se dedicam a atividade prática, orientação e pesquisa com essa clientela. Nas situações em que as pessoas portadoras de deficiência conseguem ter acesso aos espaços esportivos, sua prática apresenta-se comprometida pela carência de um trabalho de base, no âmbito da Educação Física e dos esportes. A atenção às necessidades básicas e apoio às pessoas portadoras de deficiência no que diz respeito às atividades físicas e aos esportes, jogos e recreação, deve ser abordada em seus aspectos bio-psico-sociais através de atividades práticas. Trabalhar as capacidades sensório-motoras e cognitivas remanescentes nestes indivíduos através da prática proposta, ativa suas condições orgânicas assim como propicia uma melhor qualidade de vida O surgimento do esporte e desenvolvimento do Desporto entre pessoas portadoras de deficiência deu-se de forma muito lenta. Registros apontam a Alemanha como o primeiro local de prática esportiva organizada - em 1918, um grupo de deficientes, lesionados da primeira Guerra mundial, reúne-se para praticar esportes. Quase 25 anos mais tarde, em 1944, GUTTMAN, neurologista e neurocirurgião alemão, passa a usar técnicas revolucionárias e científicas, adaptando o esporte aos conceitos de reabilitação física e emocional. O neurologista acreditava já que o esporte ajuda o deficiente a sair da depressão e a eleger novo objetivo de vida. Dizia: "A causa
mais nobre do desporto para portadores de deficiência é a de ajudar-lhes a restaurar a conexão com o mundo que os rodeia." Baseado nestas considerações o DEFMH desenvolve um Projeto de Extensão com crianças portadoras de necessidades especiais desde agosto de 1997. Além de atender a esta parcela da população tão carente de recursos e oportunidades para demonstrar suas potencialidades, este projeto vem complementando o conteúdo ministrado em algumas disciplinas que compõem o currículo do curso de graduação de Educação Física, contribuindo para a formação de recursos humanos e profissionais especializados, e ampliando o ainda recente campo de pesquisa nessa área, servindo de base para a realização de trabalhos acadêmicos, tais como estágios, monografias e publicações científicas dos graduandos envolvidos, com a finalidade de usar todos os recursos positivos e pedagógicos que o esporte pode proporcionar, visando também uma maior possibilidade de integração da pessoa portadora de necessidades especiais no convívio com a sociedade. RELEVÂNCIA ACADÊMICA Além de atender a esta parcela da população tão carente de recursos e oportunidades para demonstrar suas potencialidades, este projeto pretende complementar o conteúdo ministrado em algumas disciplinas que compõem o currículo do curso de graduação de Educação Física, contribuindo para a formação de recursos humanos e profissionais especializados, e ampliar o ainda recente campo de pesquisa nessa área, servindo de base para a realização de trabalhos acadêmicos, tais como estágios, monografias e publicações científicas dos graduandos envolvidos. Acredita-se, portanto, que esta proposta contempla os três principais objetivos de uma Universidade: ensino, pesquisa e extensão Através da possível atuação de outros departamentos da Universidade no Projeto podemos ainda proporcionar aos acadêmicos participantes a experiência de atuar em uma equipe multiprofissional. RELEVÂNCIA SOCIAL O trabalho que pretende ser desenvolvido visa o entendimento e a reflexão a respeito de uma nova área dentro da Educação Física: a Educação Física Adaptada. É
importante salientar que o atendimento a ser oferecido não constitui simplesmente uma atividade assistencialista, mas uma oportunidade para que a própria sociedade se conscientize de seus direitos e participe junto com a Universidade na elaboração do saber. Para tanto, o projeto visualiza a possibilidade de integração de diferentes áreas dos setores sociais, no decorrer do trabalho, assim como a parceria de entidades interessadas. Os deveres do estado e os deveres do homem não só deverão estar integrados como também relacionados aos momentos e desejos de uma sociedade e de uma cultura. Somente com base nesse entendimento podemos ousar atuar na elaboração de programas destinados a deficentes. (Almeida, 1995, p.11) OBJETIVOS GERAIS - Atender crianças portadoras de deficiências e de dificuldades de aprendizagem residentes em São Carlos; - Proporcionar oportunidade efetiva para que as pessoas portadoras de deficiência encontrem uma atividade física e/ou esportiva que contribua para sua realização pessoal; - Possibilitar a relação com outros Departamentos Acadêmicos, interessados em estar atuando junto às pessoas portadoras de necessidades especiais. - Despertar na sociedade o interesse pela integração e/ou inclusão da pessoa portadora de deficiência nos sistemas sociais gerais, no que diz respeito a solidariedade humana, consciência de cidadania, cumprimento da legislação e melhoria da qualidade de vida. OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Favorecer a manutenção ou evolução das condições orgânicas através da iniciação esportiva. - Possibilitar aos alunos do curso de Educação Física e Motricidade Humana da Universidade Federal de São Carlos, uma vivência na área de Educação Física Adaptada; - Propiciar um campo de pesquisa e desenvolvimento tecnológico em Educação Física e Desporto Adaptado; - Divulgar as experiências vividas no projeto em publicações científicas.
METODOLOGIA Todo início de ano se procede a execução das seguintes etapas: - formação e ampliação de uma equipe de alunos, estagiários e professores da Universidade Federal de São Carlos interessados em trabalhar com a clientela em questão; - diagnóstico inicial da clientela (através de exames clínicos, antropométricos e funcionais); cada aluno deverá possuir um prontuário que possibilitará a avaliação de sua evolução no decorrer do trabalho; - definição dos grupos e do proposta de atividades físicas de iniciação esportiva a ser oferecido, de acordo com os interesses e necessidades do grupo ao qual se destinam; - registro das aulas através de anotações, fotografias e filmagens, para constantes avaliações e divulgação do trabalho em eventos científicos. - são desenvolvidas atividades de psicomotricidade, visando o desenvolvimento de capacidades perceptivo-motoras básicas, estimulando movimentos corporais com atividades lúdicas - daremos mais ênfase este ano as atividades de iniciação esportiva. Trabalharemos principalmente algumas provas individuais de atletismo, adaptação a mobilidade em cadeiras de rodas e ao jogo com bola. - possibilidade de participação dos alunos do projeto em Campeonatos e Eventos Esportivos Adaptados. AÇÕES E RESULTADOS Com a intenção de divulgar as experiências vividas no programa em publicações cientificas, ao longo destes anos temos publicações: em 1998, no VII Simpósio Paulista de Educação Física Adaptada, realizado na USP - São Paulo; em 1999, no II Encontro de Extensão da UFSCar, realizado na UFSCar; e, em 2000, no Simpósio SESC de Atividade Física Alternativas e Adaptadas, realizado no SESC - São Carlos. Neste ano de 2002 foi firmado uma parceria efetiva com a Prefeitura Municipal de São Carlos, através das Secretarias Municipais de Educação, e de Esporte e Lazer, SESC e SESI. A entrada da criança no Projeto agora é feita via escola, com direcionamento das mesmas para as atividades propostas. Com isso tivemos uma ampliação no atendimento (de 15 para aproximadamente 80 crianças), deficientes visuais ou auditivas ou físicas. O projeto é desenvolvido de segunda a sexta, nos períodos matutino e vespertino, utilizando as dependências do SESC, SESI e
Escolas Municipais, e são realizadas reuniões mensais entre todos os profissionais da equipe para planejamento, estudos e discussões de caso. A equipe é composta por quatro profissionais de Educação Física da Secretaria Municipal de Educação, um da Secretaria Municipal de Esportes, a coordenadora do Projeto que é docente na UFSCar e um estagiário por período, alunos do curso de graduação em Educação Física/UFSCar. O caráter do programa este ano está mais voltado para a iniciação esportiva, nas seguintes modalidades: atletismo, basquete e natação. A observação sistemática nos tem permitido acompanhar os avanço no desenvolvimento motor, social, psicológico, afetivo e cognitivo destas crianças. A participação e o envolvimento crescente de pessoas com necessidades especiais neste programa, vêm demostrar sua relevância não apenas enquanto um serviço de extensão, como também reforçar sua importância como um meio de complementação do ensino ministrado nas disciplinas relacionadas à área, e um potencial campo de investigação científica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAMS, R. C. et. al. Jogos, esportes e exercícios para o deficiente físico. São Paulo, Manole, 1985. ALMEIDA, José Júlio Gavião de. Estratégias para a Aprendizagem esportiva: uma abordagem pedagógica da atividade motora para cegos e deficientes visuais. Campinas, 1995. ARAÚJO, Paulo Ferreira de. A Educação Física para pessoas portadoras de deficiências das Instituições Especializadas de Campinas. Campinas, 1991. CARMO, Apolônio Abadio do. Estigma, corpo e deficiência. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, V.9, no 3, 1988. CARMO, Apolônio Abadio do. Deficiência Física: a sociedade brasileira cria, recupera e discrimina. Campinas: UNICAMP, 1989. CORREIA, Marcia M. et. al. Da ginástica médica a Educação Física Adaptada: evolução conceitual. In: Simpósio Paulista de Educação Física Adaptada, 1990, São Paulo, USP,1990. ESCOBAR, Micheli Ortega e outros. Natação para portadores de deficiência. Ed. ao livro técnico s/s, Rio de Janeiro, 1985. PROJETO DE ATIVIDADE MOTORA ADAPTADA. Faculdade de Educação Física da Universidade de Campinas. Campinas, 1995. RIBAS, João B. C. O que são pessoas deficientes. São Paulo, Brasiliense, 1983.
MUNSTER, Mey de Abreu van.; DUARTE,Ana Claudia Garcia de Oliveira.; GRIMBERG, Samirían Viviane Grimberg.; ALMEIDA,Carla Cássia de.; ANRAKI, Lilian Tiemi.e NORI, Ana Mácia Campos. Atividades Físicas, Esportivas e Recreativas para Pessoas Portadoras de Deficiência.VII Simpósio de Educação Física Adaptada. Anais. São Paulo, CEPEUSP,1998. ROSADAS, Sidney. Atividades Físicas Adaptadas e jogos esportivos para o deficiente. Eu posso: vocês duvidam? Rio de Janeiro e São Paulo: Atheneu, 1989. ROSADAS, Sidney. Educação Física Especial para deficientes. Rio dejaneiro e São Paulo: Atheneu, 1986. MUNSTER, Mey de Abreu van.; DUARTE, Ana Claudia Garcia de Oliveira.; GRIMBERG, Samíriam Viviane.; ALMEIDA, Carla de Cássia.; NORI, Ana Márcia Campos.; VENTURINI, Paula João e ALVES, Claudia Foganholi..Anais do II Encontro de Extensão de USFCAR. São Carlos. Edusfcar.1999. FREITAS, Patrícia Silvestre. Iniciação ao Basquetebol Sobre Rodas. Uberlândia. Gráfica Breda.1997. FREITAS, Patrícia Silvestre( Organizadora) Educação Física e Esporte para Deficientes. Uberlândia..INDESP/NEDEP/NIFEP/UFU.2000. SILVA, Otto Marques da. A Epopéia Ignorada. São Paulo.CEDAS.1987.