Método Clínico-Qualitativo: Pesquisa Qualitativa em Settings de Saúde

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Transcrição:

Método Clínico-Qualitativo: Pesquisa Qualitativa em Settings de Saúde Egberto Ribeiro Turato 1, Claudinei José Gomes Campos 2, Aldair Weber 3, Rodrigo Almeirda Bastos 4 1,3,4 Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM - UNICAMP), Brasil. erturato@uol.com.br, aldairweberr@gmail.com, almeidabastos.rodrigo@gmail.com, 2 Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas (FENF - UNICAMP), Brasil. ccampos@unicamp.br Resumo. Percebe-se nas últimas décadas, um número cada vez mais expressivo de produções científicas que utilizam metodologia qualitativa no universo do campo da saúde, antes um campo epistemológico quase que majoritariamente aplicado as ciências do homem (nas disciplinas de sociologia e antropologia). A necessidade em compreender e comprovar a existência de fenômenos que cercam o processo entre a saúde e o adoecer, vivenciados pelos pacientes/clientes em seu completo significado, torna tal método muito eficaz, pois consegue trazer o que antes era subjetivo à realidade contextual e interpretativa da ciência. Dentro do campo das ciências da saúde se destaca o método clínico que essencialmente empregado neste âmbito, visualiza o indivíduo na sua totalidade, num ambiente não controlado, onde o pesquisador entra em contato com as condutas patológicas, que servem como reveladoras, permitindo-lhes emergirem de um conjunto complexo, onde se encontram perdidas, no caso de uma evolução normal. O Método Clínico-Qualitativo (MCQ) reúne e refina métodos qualitativos genéricos do campo das ciências humanas, aplicando sua episteme aos fenômenos humanos no campo da saúde, utilizando de um quadro eclético de referenciais teóricos para discussão num campo interdisciplinar e pode ser definido como o estudo teórico e o correspondente emprego em investigação de um conjunto de métodos científicos, técnicas e procedimentos, adequados para descrever e interpretar os sentidos e significados dados aos fenômenos e relacionados à vida do indivíduo, sejam de um paciente ou de qualquer outra pessoa participante do setting dos cuidados com a saúde (equipe de profissionais, familiares, comunidade) (TURATO, 2000). O pesquisador, utilizando este método, é movido a uma atitude de acolhida das angústias e ansiedades da pessoa em estudo; com a pesquisa acontecendo em ambiente natural ( settings de saúde), e mostrando-se particularmente útil nos casos em que tais fenômenos tenham estruturação complexa, por serem de foro pessoal íntimo ou de verbalização emocionalmente difícil. A pesquisa clínico-qualitativa, enquanto uma particularização das pesquisas qualitativas genéricas, considera, para fins metodológicos, o espaço físico-estrutural da prestação de serviços clínicos como o ambiente natural. Significa dizer que o pesquisador clínico-qualitativo terá como setting, qualquer espaço onde se esteja trabalhando com questões subjetivas do processo de saúde. O grupo de pesquisa que desenvolve este método realiza trabalhos em ambiente ambulatorial de alta complexidade nas áreas de oncologia, obstetrícia, saúde mental e saúde ocupacional, podemos exemplificar citando uma pesquisa realizada junto a equipe de saúde de uma unidade de internação psiquiátrica, buscando compreender os significados atribuídos a espiritualidade do cuidado prestado aos doentes mentais, por aqueles profissionais (Lavorato Neto et al., 2018). O pesquisador procura um enquadramento da relação face a face, valorizando as trocas afetivas mobilizadas na interação pessoal e escutando a fala do sujeito, com foco sobre tópicos ligados à saúde /doença, aos processos terapêuticos, aos serviços de saúde e/ou sobre como lidam com suas vidas (Turato, 2013). Esse método apresenta algumas características peculiares, além daquelas já consagradas na pesquisa qualitativa tradicional, a saber, a valorização das angústias e ansiedades existenciais como fundamentais, ou seja, quem acolhe em uma atitude clínica deve valorizar a existência de angústias e

ansiedade como próprias do ser humano, tornando esses elementos como de interesse para o pesquisador ; valorização de elementos psicanalíticos como ferramentas básicas - a partir da utilização de concepções vindas da dinâmica do inconsciente individual na utilização de seus conceitos (consciente, inconsciente) e aplicação de instrumentos auxiliares (transferência...) na coleta de dados ou ainda na utilização de seus referenciais teóricos na discussão dos mesmos; o pesquisador como bricoleur no trato com a pessoa - o pesquisador compõe seu quadro de dados, como um bricoleur recolhe fragmentos e pedaços encontrados no campo e compõe seu próprio quadro interpretativo. O pesquisador dentro da pesquisa nessa cosmovisão é um indivíduo que recolhe diversos fragmentos e monta um quadro geral, mas o termo bricolagem, neste contexto, também denota a maneira multimetodológica, ao qual o pesquisador embasa e analisa seus dados; saberes teóricos e práticos como pontos simultâneos de partida - sabe-se que é necessário uma base teórica inicial como ponto de partida para compreender os dados, mas acreditamos que a vivência prática, por meio de observações assistemáticas iniciais trazem maiores subsídios ao pesquisador para melhor compreensão do fenômeno estudados, assim sendo são necessários estes dois pontos de partida, apresentação dos resultados e interpretação como fases concomitantes. Priorizando a interpretação dos significados simbólicos, esse método requer do pesquisador, principal instrumento de coleta e análise dos dados, que valorize atitudes: existencialista - enquanto valorização das angústias e ansiedades que acometem o homem em sua existência, aqui entendendo esses conceitos dentro do enquadre no binômio saúde/doença como potencial para o estudo, clínica - relativo aos olhos e ouvidos qualificados que se aproximam do participante de pesquisa, no sentido de compreender existencialmente seu sofrimento e psicanalítica, como já explicado anteriormente, em campo, na análise, e na produção dos resultados. Pretende-se com este painel discorrer sobre as especificações do MCQ, considerado como um refinamento específico dos métodos qualitativos emanados das Ciências Humanas e particularmente aplicado ao campo da saúde; discutir algumas condições prévias necessárias para orientar a elaboração de instrumentos que possibilitem acesso e captação de participantes de uma amostra pertinentes as investigações qualitativas no campo (clínico) da saúde; apresentar neste contexto, sobre como ocorre a coleta de dados nos diferentes ambientes dos entrevistados e como lidar com as diferentes nuances no local onde os pacientes são abordados e onde o pesquisador desenvolve a aculturação; demonstrar sobre a técnica sistematizada e concisa de procedimentos passo a passo para análise de conteúdo qualitativa no campo da saúde: Análise de Conteúdo Clínico-Qualitativa. Esta técnica de análise visa interpretar, através de sete etapas, significados expressos por indivíduos. Numa perspectiva interdisciplinar, o desenvolvimento da atividade, prevê a apresentação concisa dos elementos teórico-epistemológicos propostos, desta forma instrumentalizando teoricamente o público alvo sobre as bases epistemológicas do método, fornecendo assim subsídios para reflexões e questionamentos relativos ao potencial emprego desta metodologia, na lógica da transferibilidade, para seus campos de atuação e nas investigações científicas. É previsto também um espaço de debates e perguntas, num ambiente de trocas de experiências entre os profissionais participantes da mesa e o público alvo, agregando riqueza neste momento de encontro. Palavras-Chave: Metodologia, Pesquisa Qualitativa, Técnicas de Pesquisa, Ciência, Saúde Recursos Necessários: Sala com vídeo projetor, internet e impressão de duas folhas para cada participante. Referências : Turato, E.R. (2013). Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa. Petrópolis: Vozes. Lavorato-Neto, G., Rodrigues, L., Turato, E.R., & Campos, C.J.G. (2018). Espírito solto: significados de espiritualidade por equipe de enfermagem em psiquiatria. Rev. Bras. Enferm.,71(2),280-8.

Turato, E.R. (2000). Introdução à metodologia da pesquisa clínico-qualitativa: definição e principais características. Revista Portuguesa de Psicossomática, 2(1), 93-108. Campos, C.J.G., & Turato, E.R. (2009). Análise de conteúdo em pesquisas que utilizam metodologia clínico-qualitativa: aplicação e perspectivas. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 17(2), 259-264. 1- Breve contextualização do tema Proposta de organização do painel de discussão A necessidade em compreender e comprovar a existência de fenômenos que cercam o processo entre a saúde e o adoecer, vivenciados pelos pacientes/clientes em seu completo significado, torna tal método clínico-qualitativo muito eficaz, pois consegue trazer o que antes era subjetivo à realidade contextual e interpretativa da ciência. Este método é definido como o estudo da construção dos limites etimológicos de certo método qualitativo particularizado em settings da Saúde, bem como abarca a discussão sobre um conjunto de técnicas e procedimentos adequados para descrever e compreender as relações de sentidos e significados dos fenômenos humanos referidos a este campo. A metodologia clínico-qualitativa utiliza-se das inquietações do pesquisador, como força motriz da origem do questionamento frente aos fenômenos, sendo esta uma luta interior para busca da compreensão das questões humanas. A força maior do método qualitativo está na validade, na construção de instrumentos coerentes e pertinentes de obtenção dos dados, desta forma, consideramos que quanto maior a transparência dos passos utilizados na confecção do trabalho, maior será o grau de confiabilidade conferida aos seus resultados, visto que os critérios de replicabilidade dificilmente se aplicam à pesquisas que utilizam métodos qualitativos, pelo caráter polissêmico dos sujeitos. Há também uma versatilidade no método, no que diz respeito a sua utilização em questões científico-investigativas sobre saúde que podem ocorrer em diversas áreas como: educação, tecnologia em equipamentos médico-hospitalares, história, antropologia e sociologia médicas, entre outras. 2- Objetivos: - Discorrer sobre as especificações do MCQ, considerado como um refinamento específico dos métodos qualitativos emanados das Ciências Humanas e particularmente aplicado ao campo da saúde; - Discutir algumas condições prévias necessárias para orientar a elaboração de instrumentos que possibilitem acesso e captação de participantes de uma amostra pertinentes as investigações qualitativas no campo (clínico) da saúde; - Apresentar neste contexto, sobre como ocorre a coleta de dados nos diferentes ambientes dos entrevistados e como lidar com as diferentes nuances no local onde os pacientes são abordados e onde o pesquisador desenvolve a aculturação; - Demonstrar sobre a técnica sistematizada e concisa de procedimentos passo a passo para análise de conteúdo qualitativa no campo da saúde: Análise de Conteúdo Clínico-Qualitativa. 3- Dinâmica/estratégia:

a. Apresentação (Dinâmica de Grupo) A dinâmica de apresentação se dará com uma roda de conversa onde os membros do painel irão se apresentar e apresentar sua ligação com o tema do Painel. Ao término das exposições, os participantes serão convidados a se apresentarem e debaterem com os apresentadores, explanando sobre projetos em andamento ou dúvidas sobre como começar a pesquisar. b. Exposição Teórica do tema Exposição 1 Especificações do Método Clínico-Qualitativo (MCQ): A pesquisa sai da clínica e volta à clínica. (15 minutos) Egberto Ribeiro Turato Exposição 2 Estratégias de captação de participantes no campo clínico: orientação sobre aculturação. (15 minutos) Claudinei Campos Exposição 3 Aplicação de coleta de dados em settings clínicos assistenciais: especificações do campo e técnicas de abordagem. (15 minutos) Aldair Weber Exposição 4 Análise de conteúdo Clínico-Qualitativa: Os Sete Passos. (15 minutos) Rodrigo Almeida Bastos c. Aplicação em outros contextos Educação Saúde mental no trabalho de professores com alunos com demanda psicossociais e clínicas; Corporativos Barreiras e facilitadores para o cuidado de si de profissionais workaholics. d. Discussão Discussão e Trocas de experiências (30 minutos) Ao longo do período de perguntas do público, os expositores irão explorar como os ambientes não clínico-assistenciais podem ser fonte de problemáticas de saúde. os participantes serão convidados a se apresentarem e debaterem com os apresentadores, explanando sobre projetos em andamento ou dúvidas sobre como começar a pesquisar 4- Aplicação da proposta na realidade/exemplos práticos Os expositores irão abordar os temas de pesquisa publicados e executados pelo Laboratório de Pesquisa Clínico-Qualitativa para exemplificar a atitude prática do método, a saber: Barreiras e Facilitadores no manejo de pacientes em ambulatório psiquiátrico, Saúde mental dos profissionais

em trabalho no pré-natal de adolescentes, manejo de demandas emocionais de pacientes e profissionais em ambulatório de oncologia. 5- Resultados esperados Espera-se com este evento que os participantes assimilem noções básicas sobre conceitos e técnicas de aplicação da metodologia clínico-qualitativa e incentive, por meio da transferibilidade, aquilo que possam utilizar deste método em seu campos de atuação e investigação científica. Notas biográficas Egberto Ribeiro Turato. Médico Psiquiatra. Doutor em Ciências Médicas/ Área Saúde Mental. Professor Titular e Livre-Docente na área de Prática de Ciências pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Pós-doutorado em Interconsulta Psiquiátrica e Pesquisa Qualitativa, Università degli Studi di Padova, Itália (bolsa Fapesp, 1998-1999). Editor associado da Revista Saúde Pública; Avaliador do SciELO; Avaliador da FAPESP em sucessivos projetos; avaliador do Conselho Estadual de Educação (SP) para reconhecimento de IESs; Avaliador de periódicos internacionais (BMJ, Medical Education, Patient Education and Counseling, Aids Care). Claudinei José Gomes Campos. Enfermeiro. Doutor em Ciências Médicas/ Área Saúde Mental pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor Doutor na área de Enfermagem Psiquiátrica e Metodologia de Pesquisa da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (FENF-UNICAMP). Avaliador da FAPESP em projetos de fomento. Membro do Comitê de Assessoramento do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC EM-UNICAMP). Membro do Conselho Editorial do Journal Health NPEPS. Revisor de periódicos científicos nacionais e internacionais (entre eles: Revista da Escola de Enfermagem USP (REE-USP), Revista Brasileira de Enfermagem (REBEn), Revista Aquichan Bogotá). Aldair Weber. Bacharel em Enfermagem pela Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS, Campus Chapecó (2017), Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNCAMP) na área de concentração em Saúde Mental e linha de pesquisa dos Estudos Qualitativos no Campo da Saúde (Bolsa FAPESP). Membro do Laboratório de Pesquisa Clínico-Qualitativo (LPCQ - Unicamp). Representante discente suplente junto a Congregação e Comissão de Pós-graduação da Faculdade de Ciências Médicas (FCM/Unicamp) e titular junto a Câmara Central de Pós Graduação da UNICAMP. Rodrigo Almeida Bastos. Enfermeiro. Especialista em Acupuntura. Mestre em Psicologia. Doutorando em Tocoginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Pesquisador do Laboratório de Pesquisa Clínico-Qualitativa (LPCQ) desta mesma instituição, onde trabalha com Metodologia da Pesquisa, Cuidado de Si do Profissional e Saúde Psíquica do Profissional da Saúde. Experiência profissional inclui: Docência em ensino superior; Pesquisa com: Método clínico-qualitativo, subjetividade em saúde, psicologia da saúde, tanatologia e psicodinâmica do trabalho; Extensão em: terapias integrativas e atenção psicológica; Gestão em saúde ocupacional; Assistência em saúde mental e ocupacional, bem como assistência em Medicina Chinesa.