Projeto SerrAção: Sensibilização e Conscientização da População de Piraquara, PR para a Importância do Turismo no Município



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Transcrição:

Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária Belo Horizonte 12 a 15 de setembro de 2004 Projeto SerrAção: Sensibilização e Conscientização da População de Piraquara, PR para a Importância do Turismo no Município Área Temática de Trabalho Resumo Projeto de Extensão desenvolvido junto aos habitantes de Piraquara-PR, cujo objetivo principal é despertar o público alvo para a importância do turismo para o município e também a relevância da participação dessa comunidade no planejamento e decisões relativas ao desenvolvimento do Turismo em Piraquara. A principal metodologia adotada foi o processo de Oficinas com Enfoque Participativo com o uso das técnicas Metaplan e Zopp. O projeto SerrAção pretende evidenciar a atividade turística como uma importante ferramenta de mudanças sociais no município, utilizando a metodologia participativa como forma de integrar a população em todo esse processo. Após um ano de trabalho, foi estabelecida uma ampla rede de contatos na cidade formada por habitantes com os quais o grupo do projeto teve maior enfoque visando a multiplicação das informações. Foram realizadas três oficinas, duas de primeira fase e uma de segunda fase. Muitos dos conceitos abordados nas oficinas foram utilizados nas reivindicações dos moradores da cidade junto ao poder público. Com o encerramento do primeiro ano do projeto, constatou-se que o processo de conscientização demanda mais tempo do que o inicialmente previsto, sendo necessário a continuidade desse projeto. Autores Maria Henriqueta S. G. Gimenes Msc. em Sociologia das Organizações/UFPR, orientadora Laura Alice Rinaldi Camargo Mestranda em Cultura e Turismo/ UESC Alcileni Kazequer de Souza - Graduanda em Turismo/ UFPR Rafael Zaccaron Graduando em Turismo/ UFPR Instituição Universidade Federal do Paraná - UFPR Palavras-chave: turismo; sustentabilidade; conscientização Introdução e objetivo Responsabilidade e compromisso social são aspectos de discussão pertinentes à atividade turística, que vêm ganhando espaço nos cursos superiores de Turismo das universidades brasileiras. Não só na forma de conteúdo didático, mas também na discussão do papel do acadêmico do Curso na sociedade. É também necessário, que o acadêmico tenha conhecimento da dimensão da extensão universitária. A extensão, definida como sendo uma prestação de serviços da universidade à sociedade, cuja meta final é a melhoria das condições de vida dos indivíduos e sua integração social FAGUNDES (1986:18), abre uma série de possibilidades de desenvolvimento de projetos, inclusive na área do turismo, caso do projeto SerrAção. Ciente da importância desse papel, um grupo de alunos do Curso de Turismo da Universidade Federal do Paraná - UFPR, desenvolveu um projeto de extensão universitária cujo objetivo é a sensibilização e a conscientização da população de um município da região metropolitana de Curitiba sobre o Turismo. O projeto visa a colocar em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula, o que complementa a bagagem teórica e prática

dos alunos através do contato dos mesmos com a comunidade. A concepção do projeto está ligada ao Programa Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT), programa que foi desenvolvido nacionalmente, entre os anos de 1994 e 2003, pela EMBRATUR (Instituto Brasileiro de Turismo), o qual previa a conscientização da população local como pré-requisito do desenvolvimento da atividade turística sustentável. A relevância desse projeto é explicada pela situação atual dos municípios da região metropolitana de Curitiba. Em geral, eles têm sofrido com a falta de oportunidades econômicas para sua população, tendo visto no turismo uma forma de crescimento e resgate de valores socioculturais. A escolha do município para a realização do projeto obedeceu a critérios como: proximidade com a cidade de Curitiba, potencial turístico ainda não desenvolvido, além do fato do mesmo ter sido inserido no PNMT. Dentre os municípios analisados, Piraquara destacou-se. Esta cidade conta com uma série de aspectos em comum com outros municípios da Região Metropolitana de Curitiba, tais como: a forte influência dos imigrantes italianos na formação dos costumes e vocação para o turismo rural. Piraquara não passou da primeira fase do PNMT, pois até o momento não conseguiu formar o Conselho Municipal de Turismo. Piraquara tem na questão ambiental seu grande diferencial. O município está localizado na Serra do Mar, e tem uma extensa área de proteção ambiental, onde está localizada grande parte dos mananciais que abastecem com água potável a região de Curitiba. Essa área de mananciais é protegida por legislação ambiental, que prevê a restrição do uso do solo no entorno da mesma, limitando o desenvolvimento de determinadas atividades econômicas no município. Visto isso, o turismo é uma alternativa que pode ser desenvolvida nesses locais de proteção ambiental e isso pode ser verificado na tendência do aumento da demanda por áreas naturais preservadas. O turismo brando, ecológico, naturalista, personalizado e realizados em grupos pequenos tende a caracterizar os fluxos turísticos do futuro, segundo RUSCHMANN(2001: 17). Em relação à universidade, esse projeto é importante principalmente por apresentar o turismo como uma atividade social possível, e não apenas com a conotação simplista e mercantilista que a sociedade têm dessa atividade. Busca-se trabalhar com a população do município de Piraquara pretendendo retornar à sociedade os recursos que esta investe na formação acadêmica gratuita. Desta forma, o principal objetivo desse projeto é o alcance da conscientização da população de Piraquara sobre a importância do turismo, bem como despertar a relevância da participação dessas pessoas no planejamento e decisões relacionados ao turismo na cidade. O objetivo geral do projeto SerrAção é buscar o alcance do turismo sustentável na sua primeira etapa: a de conscientização da população autóctone, mesmo que pareça utopia, o alcance do turismo sustentável na sua primeira etapa, na sua gênese. É preciso acreditar na possibilidade de mudanças, ainda que em longo prazo, como assinala MAGALHÂES (2002:57). Existem ainda os objetivos específicos do projeto como a elaboração de um diagnóstico sobre a realidade do município e a cooperação dos integrantes do projeto com as organizações envolvidas com o turismo em Piraquara. Metodologia O grupo de extensão SerrAção foi formado em seu primeiro ano de existência por seis alunos e uma professora orientadora, que se reuniam semanalmente para a discussão e realização das ações. Seus integrantes não ocupavam funções hierárquicas, norteando-se pela participação integral em todas as atividades que o grupo desempenhava. Nas primeiras reuniões do grupo (no primeiro ano de existência do projeto), foi montado um cronograma de atividades, estabelecendo etapas importantes para a realização das ações. Estas etapas poderiam acontecer de forma sobreposta. As principais etapas estabelecidas foram: 1ª -

Levantamento bibliográfico - constante em relação aos conceitos discutidos entre os participantes do grupo e trabalhados com a comunidade; 2ª - Aplicação de questionários na comunidade; 3ª - Diagnóstico do município; 4ª - Realização das Oficinas de Enfoque Participativo. O principal método utilizado no processo de conscientização e sensibilização da comunidade foi a Oficina com Enfoque Participativo, utilizando as técnicas Metaplan, aplicadas ao Zopp. Esse método é de grande utilidade, pois propicia uma grande participação e envolvimento dos participantes, o sucesso do método foi comprovado nas oficinas. Diferente do método de educação formal, que se baseia no fato de uma pessoa instruir as demais sobre determinado assunto ou tema, a oficina dentro do método de enfoque participativo visa estabelecer um intercâmbio de experiências e conceitos relacionados à atividade turística com espaço para a reflexão dos indivíduos participantes. O Enfoque Participativo enfatiza o desenvolvimento de processos de transformação e de mudança, principalmente no aspecto comportamental dos indivíduos e, em conseqüência, nas suas instituições. Os princípios básicos do enfoque participativo são o diálogo ativo, a problematização e a condução compartilhada do processo, sendo desenvolvido, utilizando as técnicas Metaplan, entre outros instrumentos CORDIOLI (2001:26). As técnicas Metaplan fazem uso do processo de moderação, visualização, problematização, entre outros instrumentos, no trabalho com grupos e equipes. O Zopp, por outro lado, é um método de planejamento, desenvolvido segundo princípios e elementos de um Enfoque Participativo de trabalho. No Zopp, sinteticamente são envolvidas as seguintes etapas: análise da participação dos envolvidos no contexto, análise dos problemas, análise dos objetivos, verificação e análise das alternativas e matriz de planejamento das ações a serem desenvolvidas. As Oficinas com enfoque participativo visam não somente à elaboração de propostas mais ajustadas à realidade, mas também pretendem mudar comportamentos e atitudes, pois os indivíduos envolvidos passam a ser sujeitos ativos e não objetos do trabalho de outros. Esta questão implica em uma aprendizagem mútua que envolve todos os participantes para que eles possam contribuir, seja através de conceitos, seja pelas suas experiências práticas, juntamente com os que irão estar à frente da execução das idéias geradas, para que se chegue a um consenso sobre as ações necessárias à resolução de problemas. Resultados e discussão No primeiro ano do Projeto SerrAção foram realizadas diversas visitas ao município de Piraquara, guiadas, principalmente, por um motorista cedido pela prefeitura. O Grupo utilizou essas visitas para fazer um levantamento da situação real dos recursos naturais, dos empreendimentos turísticos, da infra-estrutura urbana, dos impactos causados pelo turismo e do potencial turístico apresentado por Piraquara. As visitas também foram essenciais para que o Grupo conseguisse complementar e até mesmo corrigir alguns erros encontrados no inventário turístico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Turismo de Piraquara. Esses momentos foram utilizados também para o estabelecimento de um contato inicial com a comunidade de Piraquara, através da aplicação de questionários ou pela explicação dos objetivos e das ações do projeto SerrAção. Foram visitadas algumas propriedades que fazem parte do Caminho Trentino de Turismo Rural, o Morro do Canal, o Horto municipal de Piraquara, o Parque Metropolitano, a Barragem de Cayuguava, a Represa do Iraí e diversos bairros como Roça Nova e Laranjeiras, além da aldeia indígena Caruguá. Por ser um projeto de extensão que envolve a participação da comunidade, a equipe SerrAção considera de grande importância a identificação das características pessoais e da opinião dos moradores de Piraquara sobre o turismo.

Para a obtenção de tais dados, optou-se pela aplicação aleatória de 200 questionários aos moradores de Piraquara. Esse questionário foi baseado na proposta apresentada por MAGALHÃES (2002). A adoção desse modelo, adequado às necessidades exigidas pelo projeto, visa a padronização, cujo efeito principal é a possibilidade da avaliação dos resultados dessa pesquisa, bem como a comparação dos resultados obtidos em Piraquara com os de outra cidade, na qual o mesmo questionário venha a ser aplicado. Com relação ao questionário aplicado, o público de amostragem foi abordado diretamente por participantes do grupo SerrAção nas ruas, em escolas, lojas, locais de uso público, nas propriedades rurais, em determinados atrativos turísticos e em outros estabelecimentos do município. Em geral os moradores mostraram-se bastante acessíveis respondendo às perguntas. Os questionários permitiram uma maior margem de precisão sobre características como: grau de escolaridade, idade média, e principalmente, sobre a opinião que os moradores possuem sobre o turismo e seu desenvolvimento em Piraquara. Esta fase serviu também para que se obtivesse um primeiro contato com pessoas de diferentes profissões, opiniões, idade, escolaridade e classe social. Na tabulação dos dados obtidos através dos questionários, pode-se perceber a grande aceitação dos habitantes do município em relação à atividade turística, pois 99% das pessoas entrevistadas responderam positivamente a pergunta: Você gostaria que a atividade turística fosse desenvolvida em Piraquara?. Quando questionados sobre a potencialidade do município para atrair turistas, 93,5% dos entrevistados responderam acreditar que a cidade de Piraquara possui potencial para o desenvolvimento da atividade turística. Dois outros aspectos abordados pelos questionários aplicados foram a aceitação de pessoas de fora do município pela comunidade e a vontade desta de participar, de uma forma ou de outra, do turismo. Constatou-se que apenas 5% dos entrevistados não gostariam da presença de pessoas externas ao município em suas festas e propriedades rurais, se opondo aos 85% das respostas positivas quanto a aceitação destas pessoas. Outros 10% preferiram não responder a esta questão reservando-se ao direito de questionar os pontos favoráveis e desfavoráveis destas possíveis visitas. Quanto a vontade de participar da atividade turística os habitantes mostraram-se um pouco desmotivados, visto que cerca de 40% das respostas foram negativas. O último dado citado só veio confirmar a necessidade desta comunidade inserir-se no planejamento ativo do turismo para que este possa se desenvolver adequadamente. Haja vista a grande maioria das pessoas entrevistadas, cuja resposta foi favorável ao desenvolvimento da atividade turística em Piraquara. Ao final do primeiro ano do projeto pretendia-se aplicar novamente 200 questionários como forma de comparação com os resultados já obtidos. Contudo, percebeu-se que esta comparação só poderá ser feita, no mínimo, ao término do segundo ano devido ao fato de que até lá o projeto já terá alcançado uma parcela maior da população. Desta forma os questionários servirão como mais um instrumento de avaliação dos resultados que o trabalho de conscientização poderá trazer. Quanto às oficinas, ficou estabelecido que seria necessário dividi-las em duas fases, trabalhadas em dias distintos, pois era relevante iniciar a discussão sobre o turismo com conceitos mais gerais para que fosse possível aprofundar essas mesmas questões posteriormente. Denominou-se o primeiro encontro com um grupo para a realização da oficina como Oficina de Primeira Fase. Neste encontro o objetivo principal foi despertar nas pessoas a importância da multiplicação dos conceitos formados durante essa reunião. Já a Oficina de Segunda Fase, que foi o segundo encontro estabelecido com o mesmo grupo que já havia participado anteriormente da primeira fase, tinha como principal objetivo demonstrar a importância do planejamento na área turística, ressaltando ainda que esse planejamento deveria ser participativo. Foram realizadas duas oficinas de primeira fase, os temas abordados nessas oficinas foram definidos e transformados em perguntas (problematização). Foram elas:

o que é turismo sustentável? ; quais são os impactos positivos do turismo? ; quais são os impactos negativos do turismo? ; o que é potencial turístico? ; o que é produto turístico? ; por que sou importante para o desenvolvimento do turismo? ; como posso contribuir para o desenvolvimento do turismo em Piraquara?. Antes das perguntas serem apresentadas, porém, foi feita uma apresentação do grupo, do projeto SerrAção e uma breve explicação sobre o que é extensão universitária. A metodologia utilizada seguiu o modelo do PNMT. Foram usadas tarjetas nas quais eram escritas as contribuições de cada participante, que só então foram colocadas em um painel, ficando disponíveis para a visualização. Isto facilitava a compreensão e assimilação do que estava sendo debatido. Para discutir determinadas questões, os participantes foram separados em três grupos, para que depois, quando todos se juntassem novamente, cada grupo passasse suas conclusões sobre a pergunta em questão. Ao final destas apresentações foi feito um fechamento pelo moderador. Quando as questões foram postas em discussão, com os participantes separados em grupos, começaram a surgir lideranças. Em cada um deles havia uma pessoa que tomava a frente e incentivava o debate, fazendo com que as demais pessoas dessem também suas opiniões. Realizada a primeira etapa de discussões, os participantes assistiram a um vídeo Meu Negócio é Turismo - produzido pelo SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) que mostra como toda a população de um município pode se beneficiar com o turismo, direta ou indiretamente. Na Oficina de Segunda Fase as perguntas propostas aos participantes foram: quais os atrativos turísticos de Piraquara? e quais os pontos fortes e fracos desses atrativos?. Após a exposição dos conceitos formados para essas questões, o grupo foi dividido em duas partes e realizou-se uma dinâmica em equipe. Nessa dinâmica cada equipe tinha que planejar a construção de uma torre com os materiais estipulados pelo moderador, todavia ao invés de construir a torre que tinha planejado, a equipe deveria executar o projeto da outra equipe. Com o encerramento dessa atividade foi feita uma análise sobre planejamento, ressaltando as dificuldades do planejamento desvinculado da execução. Para o segundo ano do projeto SerrAção propõe-se dar continuidade às oficinas de sensibilização; uma nova ação é divulgar o município e seus atrativos turísticos em jornais de circulação local para que a comunidade comece a conhecer e em alguns casos, reconhecer o local em que moram (a necessidade dessa ação ficou comprovada com os resultados obtidos nos questionários); pretende-se ainda, elaborar cartilhas didáticas sobre o turismo para os participantes das oficinas, levando-os a serem multiplicadores ativos; cartilhas didáticas para professores contendo idéias de como o professor pode utilizar-se de exemplos ligados ao turismo para ilustrar suas aulas e conseqüentemente ajudar a formar um cidadão mais consciente sobre o turismo e ao final deste segundo ano, efetuar a aplicação da mesma amostra dos questionários já aplicados para a verificação dos resultados até então atingidos. Conclusões A execução do projeto SerrAção permite algumas constatações, fruto de etapas já realizadas. Com respeito aos dados e conhecimentos obtidos através do levantamento bibliográfico, aplicação de questionários e também das visitas técnicas conclui-se que esses instrumentos utilizados foram de grande valia para que houvesse, por parte dos alunos integrantes do projeto, um conhecimento mais prático sobre a realidade de Piraquara, bem como sobre o conceito que os autóctones possuem sobre a atividade turística. A integração dos alunos com a comunidade de Piraquara sofreu os entraves já esperados pelos estudantes, tanto por parte dos órgãos públicos, quanto por parte da sociedade civil, mesmo porque os cursos de Turismo em geral não possuem tradição em projetos de extensão realizados com a comunidade em municípios.

Concluiu-se que, para se buscar a devida integração, foi necessário entrar em contato com as pessoas que desempenham alguma espécie de liderança na comunidade, assim, durante o andamento do projeto SerrAção é de suma importância manter o contato com esses líderes. A realização das oficinas de sensibilização possibilitou que se trabalhasse, de forma participativa, os conceitos referentes à atividade turística, possibilitando o alcance do objetivo geral do projeto. A conscientização do grupo participante da oficina mostrou-se satisfatória, devido ao grau de perguntas, opiniões e sugestões emitidas pelos presentes à oficina. Também foi analisada a tabulação de uma ficha de avaliação preenchida pelos participantes ao término desse evento, sendo que a opinião geral foi positiva, tanto à organização quanto à condução da oficina e o nível de integração e interesse pelo assunto entre os participantes. Outro fato que merece destaque é que aproximadamente 97% das pessoas que participaram destas oficinas disseram desejar participar das oficinas que dariam continuidade ao assunto já abordado, e cerca de 84% mostraram-se interessados em ajudar o SerrAção a dar continuidade ao processo de conscientização sobre o turismo, atuando como multiplicadores. Um exemplo deste interesse é que na semana após a realização da primeira oficina, já se pode perceber o efeito multiplicador, visto que em uma reunião da prefeitura de Piraquara, a oficina foi citada por aqueles que participaram dela, e outras pessoas vieram procurar alunos do projeto demonstrando interesse em participar da próxima oficina. Logo, o projeto alcança uma magnitude maior, com impactos não somente nos participantes das oficinas, mas também na comunidade de uma maneira geral. Referências bibliográficas BAIBICH, T. M.; ARCO-VERDE, Y. F. de S. Avaliação da extensão universitária. Curitiba: Editora da UFPR, 1996. BOULLÓN, R. C. Las actividades turísticas y recreaciones: el hombre como protagonista. 3.ed. México: Trillas, 1990. CORDIOLI, S. Enfoque participativo: um processo de mudança. Porto Alegre: Gênesis, 2001.. Enfoque participativo no trabalho com grupos. In: BROSE, M. (Org.) Metodologia participativa: uma introdução a 29 instrumentos. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2001. FAGUNDES, J. Universidade e compromisso social: extensão, limites e perspectivas. Campinas: Editora da Unicamp, 1986. KRIPPENDORF, J. Sociologia do turismo: para uma nova compreensão do lazer e das viagens. São Paulo: Aleph, 2000. MAGALHÃES, C. F. Diretrizes para o turismo sustentável em municípios. São Paulo: Roca, 2002. RUSCHMANN, D. V. de M. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente. 8.ed. Campinas: Papirus, 2001..