Bom dia a todos. Gostaria de cumprimentar todos presentes, na pessoa do Diretor do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, Sr. Victor Pellegrini Mammana, agradecendo-o pelo convite para participar deste I Simpósio Internacional de Tecnologia Assistiva do Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva. Como todos nós já sabemos, a Tecnologia Assistiva é toda e qualquer ferramenta ou recurso utilizado com a finalidade de proporcionar uma maior independência e autonomia à pessoa com deficiência. E, conforme dados IBGE, CENSO 2010, existem aproximadamente 46 milhões de Pessoas com deficiência no Brasil, correspondendo a 24 % da população. É histórica a exclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Quando se trata de oportunidade de trabalho às pessoas com deficiência, além da vocação profissional, entra a questão da compatibilidade da deficiência com determinadas atividades. Some-se a isso o preconceito que muitos empregadores ainda têm quanto à atuação destes profissionais, e temos uma grande massa de trabalhadores fora do mercado por causa dessa condição. Pois bem, o Ministério Público do Trabalho, nos termos do art. 127, da CF, e do art. 83, da LC 75/93, dentro de suas atribuições lá disciplinadas, atua para garantir e promover os direitos sociais dos trabalhadores.
Atendendo aos ditames da nossa Constituição da República e no contexto desse Simpósio, o MPT atua com o objetivo de buscar a inclusão da pessoa com deficiência ou reabilitada. No ambiente de trabalho, o MPT vem diagnosticando pontos que podem sofrer uma intervenção positiva, promovendo ações de apoio aos cidadãos que necessitam de Reabilitação Profissional ou Funcional, para ingressar ou reingressar no mercado de trabalho. Para muitos cidadãos, o acesso às tecnologias assistivas restringe-se aos recursos disponíveis no Sistema Único de Saúde. Viabilizando a concessão de recursos de tecnologias assistivas as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, estamos contribuindo para uma real construção de um futuro com mais acessibilidade, oportunidade de emprego e qualidade de vida para todos. E como o MPT faz tal ação? Como contribui? O MPT participa da construção de um futuro inclusivo dessas pessoas, através das reversões de multas, de TAC's ou de ACP's, para atendimento direto da coletividade beneficiária de sua atuação. Destaco que a maior parte das verbas, que resultam em doações pelo MPT, é oriunda de condenações das empresas em dano moral coletivo, o qual corresponde ao reparo à lesão na esfera moral da coletividade dos trabalhadores lesados, ou seja, é a violação antijurídica de um determinado círculo de valores coletivos. Quando se fala em dano moral coletivo, está-se fazendo menção ao fato de que o patrimônio valorativo de uma certa comunidade, idealmente considerado, foi agredido de maneira absolutamente injustificável.
O dano moral tem previsão constitucional (artigo 5º, V e X) e por ser uma das facetas da proteção à dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III, da CF) adquire caráter publicista e interessa à sociedade como um todo. Logo, se o dano moral atinge a própria coletividade, é justo e razoável que o Direito admita a reparação decorrente desses interesses coletivos. Observe-se que, por exemplo, o descumprimento, por parte das empresas, da obrigação legal de contratar a cota mínima de pessoas com deficiência, segundo o previsto no art. 93, da lei 8.213/91, pode configurar dano moral coletivo. Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção: I - até 200 empregados...2%; II - de 201 a 500...3%; III - de 501 a 1.000...4%; IV - de 1.001 em diante....5%. 1º A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação de substituto de condição semelhante. 2º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social deverá gerar estatísticas sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por reabilitados e deficientes habilitados, fornecendo-as, quando solicitadas, aos sindicatos ou entidades representativas dos empregados. Explicar NF Deste modo, o escopo da tutela ressarcitória eventualmente buscada em sede de ação civil pública ou decorrente do descumprimento de Termos de Ajuste de Conduta não é meramente arrecadatório de receitas públicas derivadas, sequer tratando-se de verba orçamentariamente vinculada, assumindo múltiplos enfoques (pedagógico, sancionatório e reparatório da coletividade lesada).
Considerando a previsão do art. 13 da Lei n. 7.347/85 de destinação de indenização decorrente de ação civil pública a fundos destinados à reconstituição do bem jurídico lesado; interpretando-o teleologicamente, a noção de reconstituição de bem jurídico lesado avulta sobre o aspecto formal de que tal reparação seja intermediada por um fundo. Ocorre que não há um fundo axiologicamente afeto ao Direito do Trabalho e vocacionado para a reconstituição do bem jurídico trabalhista lesado. Considerando-se a natureza dispersa do dano moral coletivo trabalhista, cuja reparação não comporta vinculação à reparação do dano material coletivo. Há inúmeras situações que revelam acertada a recomposição da coletividade trabalhista moralmente lesada através da destinação de bens e valores diretamente a associações de utilidade pública ou a entidades que direta ou indiretamente tutelam interesses de trabalhadores, crianças, adolescentes e pessoas com necessidades especiais na condição de potenciais trabalhadores. A Constituição Federal confiou ao membro do Ministério Público a defesa do interesse público primário, outorgando ao seu fundado juízo a análise de oportunidade e conveniência de adoção das melhores medidas destinadas à consecução de tal mister. Por tudo isso, o MPT/SP, em 2012, publicou procedimento para formação do Cadastro de Entidades que poderão receber a destinação de bens e valores decorrentes da atuação da PRT-2. A inscrição do interessado no Cadastro de Entidades não gera direito subjetivo ao recebimento de bens ou valores decorrentes da atuação do Ministério Público do Trabalho, possuindo natureza meramente indicativa.
Caso o Procurador do Trabalho oficiante no processo ou procedimento que origine tais valores repute socialmente mais eficaz a destinação de bens ou valores a outras finalidades de interesse público ou a outras entidades que não as constantes do cadastro, terá a liberdade de fazê-lo, observados os princípios da legalidade, da moralidade, da impessoalidade, da publicidade e da eficiência. Em se tratando de destinação de bens ou valores a entidades assistenciais privadas, recomenda-se ao procurador do trabalho que leve em consideração o histórico, o reconhecimento e a notoriedade da entidade na prestação de serviços relevantes de utilidade pública, a relevância de seus projetos e a sua certificação federal, estadual ou municipal como entidade de utilidade pública. Podem se inscrever as fundações públicas e as autarquias municipais, estaduais e federais, bem como entidades portadoras do Título de Utilidade Pública Federal, Estadual ou Municipal nos termos da Lei n.º 91/35 e do Decreto n.º 50.517/61. As fundações, autarquias e entidades mencionadas devem exercer suas atividades também na área de abrangência da Procuradoria Regional do Trabalho da 2ª Região. A inscrição de fundações, autarquias e entidades restringe-se àquelas que exerçam suas atividades prioritárias nos setores de educação, saúde, meio ambiente, lazer, cultura e assistência social. A inscrição das entidades dar-se-á mediante a apresentação, em forma impressa e em formato eletrônico, dos seguintes documentos: I - Cópia de seus atos constitutivos com atualizações; II - Cópia do CNPJ; III - Certidão de Utilidade Pública Federal, Estadual ou Municipal, quando for o caso; IV - Documentos de posse de seus atuais dirigentes; V - Relação detalhada dos bens dos quais a entidade tenha necessidade; VI - Projetos de interesse público que desenvolve ou pretende desenvolver, indicando de forma clara e inteligível o número de beneficiados e a forma como pretende investir os bens
e valores provenientes de atuações do Ministério Público. VII - Ficha de cadastro disponível no sítio da PRT-2, devidamente preenchida. A relação referida no item V deve ser apresentada em formato de tabela contendo: identificação do bem, quantidade, valor unitário, especificidades técnicas do item quando for o caso e valor total da relação. Uma vez deferida a inscrição, o nome da entidade constará em lista disponibilizada no site da PRT-2, no seguinte link: http://intranet/prt2/entidades. (página impressa) As entidades destinatárias de bens ou valores decorrentes de atuação do Ministério Público do Trabalho estarão sujeitas a prestação de contas sempre que intimadas a tanto, devendo se organizar da melhor forma possível de modo a implementar banco de dados com estatísticas relacionadas ao número de atendimentos e de pessoas beneficiadas pelos seus serviços e programas. VÍDEO - Convido a todos para assistir agora uma apresentação rápida dessas ações. Observo, por fim, que não são admitidas entidades que possuam Certidão Positiva de Débitos Trabalhistas perante a Justiça do Trabalho, nem qualquer procedimento perante a PRT-2. Ademais, a Portaria nº 170 está sendo alterada para excluir automaticamente do cadastro as entidades nestas situações. Assim, finalizo, agradecendo a atenção de todos e fazendo votos de que este Simpósio gere excelentes resultados. Muito obrigada!