Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz Subprefeitura de Pinheiros



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Transcrição:

Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz Subprefeitura de Pinheiros Relatório Resíduos nº 01/CADES Pinheiros/2012, de 10 de maio de 2012 O grupo de trabalho formado por integrantes do Conselheiro Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz Subprefeitura de Pinheiros, usando das suas atribuições e competências, apresenta relatório, para votação, com o objetivo de publica-lo em Diário Oficial e no site do CADES Pinheiros. Conselheiros responsáveis pela elaboração do relatório: Fabricio Cobra Arbex Jane Sampaio Pontes Penteado Maria Clélia de A. Salles V. Santos Mario Luis Pecoraro Márcia Alarcon Rosa Apresentação: O tema do lixo reciclável foi um dos assuntos mais comentados no Fórum para o Desenvolvimento Sustentável da região que compreende a Subprefeitura de Pinheiros, realizado pelo CADES PINHEIROS em 09 de novembro de 2011. I - Diagnóstico A coleta seletiva tira do lixo comum resíduos que podem ser reaproveitados (que tem valor econômico), reduz o impacto ambiental (menos lixo destinado aos aterros) e é um mecanismo de inclusão social (as cooperativas geram trabalho e renda). São Paulo recicla 1,4% das 15 mil toneladas de lixo domiciliar produzidas diariamente pelos 11 milhões de habitantes - cerca de 214 toneladas (a capacidade poderia ser mais de 10 vezes). Dos 300 caminhões existentes, apenas 20 são utilizados para coleta seletiva. Fonte: --------------------- - Cerca de 60% do lixo reciclado separado pelos moradores vai parar no lixo comum e posteriormente são despejados nos aterros. Em uma pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo no final de 2011, a implementação de um sistema de coleta seletiva foi apontada como uma das prioridades do paulistano quando assunto é meio ambiente, 75% dos entrevistados consideram a coleta seletiva a principal prioridade. 1

Segundo estudo do IPEA de 2010, o desperdício provocado pelo despejo de 1 milhão de toneladas de papel, papelão, aço, alumínio, vidro e plástico em aterros na capital é estimado em R$ 749 milhões anuais. Isso também faz a vida útil dos aterros diminuírem se somente recebessem lixo orgânico, poderiam ter a vida útil prolongada. Também tem a questão social, pois a reciclagem gera trabalho e renda para a população de baixa renda. Recentemente uma matéria publicada no jornal demonstrou que uma das concessionárias estava se recusando a retirar o lixo reciclável de condomínios, pela falta de local para levar o lixo resultado, esse lixo é descartado e colocado no lixo comum. As concessionárias assumem que não passam para pegar o lixo quando não encontram espaço nas cooperativas. Se pensarmos em Brasil, são 150 mil toneladas de lixo diariamente, das quais 40% vão para os aterros. Somente 8% das cidades (450) adotaram programas de coleta seletiva. Em 02 de agosto de 2010 foi aprovada a nova lei de resíduos sólidos (Lei nº 12.305 e regulamentada pelo Decreto Federal nº 7.404). O prazo de 2 anos para implementação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos termina no inicio do segundo semestre deste ano espera-se que sejam criadas regras para o descarte adequado de produtos como eletroeletrônicos, remédios, lâmpadas, embalagens de óleos (logística reversa). Este Decreto também determina a elaboração do Plano Nacional, estadual e municipal de Logística Reversa, que obriga as empresas a terem seu Plano de Gestão Ambiental e Programa de Logística reversa, integrados ao Plano Municipal de Logística Reversa. II - Relatório de Atividades II.1 Audiência com representantes da Concessionária LOGA (08.12.2011) Estiveram presentes na reunião mensal do CADES Pinheiros os representantes da Concessionária responsável pela coleta do Lixo Loga Logística Ambiental de São Paulo, Cristian (Coleta Seletiva) e Francisco (Planejamento). A empresa explicou que é responsável pela coleta, transporte, tratamento e destinação: (i) do lixo domiciliar; (ii) dos resíduos de serviços de saúde; e (iii) da coleta seletiva. O grande gerador (mais de 200 litros por dia), como restaurante, lojas, mercados, etc., tem que providenciar o próprio serviço de recolhimento. A coleta do lixo comum é realizada diariamente ou 3 vezes por semana, nos horários entre 18h00 e 6h00. São utilizados 145 caminhões e cerca de 145 toneladas de lixo são retirados das ruas e encaminhado aos aterros. A coleta dos resíduos hospitalares é feita diariamente em grandes hospitais (em outros 2 vezes por semana). Devido ao risco de infecção, o lixo hospitalar passa por tratamento (UTR ou incinerador). A coleta seletiva é realizada 1 vez por semana e somente em parte das ruas. São utilizados 10 caminhões e o serviço é realizado no período diurno. Os dias e ruas atendidas estão disponíveis na página da Loga. 2

O caminhão utilizado para a coleta do lixo comum e seletivo é o mesmo, sendo que para o lixo comum a capacidade é de 13 toneladas, enquanto para o lixo reciclável é de 3 toneladas, pelo nível de compactação que não é realizado para a coleta seletiva para manter o material em condições de reciclagem, que não ocorre, pois não são observados os critérios de compactação do material da coleta seletiva, dificultando e prejudicando o trabalhos nas cooperativas, com algumas recusando o convênio com a subprefeitura pela falta de cumprimento dos contratos. A empresa afirma que um dos problemas da coleta seletiva é a baixa capacidade de absorção das centrais de triagens cooperativas cadastradas ou não. Entendem que seria necessário mais cooperativas e que pelo contrato tem obrigação de construir 5 locais de triagem. Outro problema alegado é que a coleta de lixo não é considerada serviço essencial e por isso os caminhões não são liberados para circularem, gerando multas e custos adicionais. II.2 Visita às instalações e operações da Cooperativa Cooper Viva Bem (16.03.12) Estivemos em visita a cooperativa Cooper Vivabem e fomos recebidos pela Elma (presidente da cooperativa) e Marcos (responsável pelo operacional). Constatamos que as instalações são inadequadas, o escritório é provisório, com sanitários e refeitórios precários, só tem uma esteira, estão com prensa quebrada, podendo ter o dobro de pessoas trabalhando no processo. Ao total, 72 pessoas trabalham na cooperativa com renda entre R$ 1,2 mil a R$ 1,4 mil. O horário de trabalho é de segunda à sexta, das 8 as 17 horas. Tinham 4 caminhões gaiolas para fazer coleta, mas agora a Prefeitura disponibilizou mais 8. Além dos 12 caminhões, a Prefeitura arca com os custos de luz, água, motorista e combustível. Os caminhões da cooperativa trazem por viagem em torno de 1,2 toneladas. Como são duas viagens diárias, o total diário alcança 2,4 toneladas. Já a concessionária traz em média 3,5 toneladas por dia. Por mês, a cooperativa consegue processar cerca de 250 toneladas. A maior reclamação da cooperativa é o lixo trazido pela concessionária, pois vem todo compactado (não respeitam os critérios de compactação) é um péssimo produto para a triagem e gera risco de machucar os cooperados que fazem a triagem. Além disso, o pessoal de rua da concessionária não é treinado, e acaba pegando lixos impróprios, como animal morto, galhos de árvore, etc. Isso não ocorre na coleta com os caminhões da cooperativa, pois o catador é treinado e olha o lixo antes de pegar na rua. Já o lixo reciclável retirado de condomínios vem limpo, pois a cooperativa faz palestras e programas de educação ambiental nos condomínios: folheto informativo com o que pode e o que não pode (reuniões com faxineiras, empregadas, etc.). Essa coleta é feita pelo caminhão gaiola, que não danifica o resíduo reciclável. A coleta tem um grave problema de logística, pois o lixo reciclável retirado na região da Sub de Pinheiros, tem que ser pesado na Ponte Pequena, e depois é levado para a Central. A instalação de uma balança na própria cooperativa resolveria o problema. A cooperativa acredita que com a balança interna poderia absorver 500 toneladas ao mês, ao invés das atuais 300 toneladas. 3

A cooperativa tem um mapeamento dos locais de triagem e estima que 99% da triagem realizada vêm da coleta feita pelos caminhões gaiolas da cooperativa. Atualmente, só estão aceitando receber 1 caminhão por dia da LOGA. Outras melhorias estruturais poderiam melhorar a estrutura operacional, como a instalação de mais uma esteira, a ampliação de galpões para aumentar a capacidade da triagem, etc. Entende que uma das soluções do problema seria a Prefeitura conveniar mais cooperativas para aumentar a capacidade de triagem. Não são todos os produtos que conseguem vender e o poder de negociação é baixo, com exceção de alguns produtos (papelão, papel, vidro, etc.). Os demais acabam vendendo para intermediários, o que diminui a margem da cooperativa. A solução seria aumentar o poder de negociação das cooperativas através da criação de uma central de venda de todas as cooperativas. Ou seja, aumenta a quantidade dos produtos e conseqüentemente o poder de barganha. A título de exemplo, citaram alguns compradores: - Suzano (papelão e papel branco); Clean Pet (pet); Latasa (alumínio); JVR (plástico); Saint Gobain (vidro). A cooperativa tem uma receita estimada por mês de R$ 100 mil. Fazem um fundo de reserva de 10% para crescer. Estão tentando comprar mais caminhões (linha do BNDES) e mais uma esteira (linha da FUNASA). O isopor é um produto que geralmente encalha em todas cooperativas, mas uma empresa (Proecologico) está comprando para utilizar num projeto de substituir o gesso e a madeira. Também afirmaram que as cooperativas estão saturadas e precisam de mais estrutura, esteiras, galpão, etc. II.3 Visita às instalações e operações da Cooperativa Coopamare (21.03.12) Estivemos em visita a COOPAMARE, cooperativa não conveniada com a PMSP) e fomos recebidos pela Dulcinéia (presidente), Walisson e Lena (Organização do Auxílio Fraterno). Hoje, a cooperativa tem 17 pessoas trabalhando na coleta e triagem do lixo. Eles possuem 1 caminhão e 1 sprinter para fazer a coleta nos pontos selecionados. A cooperativa também recebe lixo dos moradores que quiserem trazer pessoalmente, sendo que o portão fica aberto diariamente das 7h00 às 22h00, na Rua João Moura, embaixo do viaduto da Sumaré. Como não são conveniados da Prefeitura, a cooperativa não recebe qualquer ajuda da Prefeitura, apenas a cessão do espaço. Todos os gastos de infra-estrutura (água, luz, gasolina, motorista, etc.) são arcados pela cooperativa, bem como os impostos. A COOPAMARE já foi convidada pela Prefeitura para ser conveniada (o que faria a Prefeitura a arcar com todas as despesas), mas preferiram não aceitar, pois seriam obrigados a receber os resíduos compactados que são coletados pelas concessionárias da coleta de lixo. 4

Tem uma receita mensal de cerca R$ 25 mil por mês, descontando as despesas de R$ 7 mil, mais impostos, encargos, sobra mais ou menos R$ 1.200,00 para cada cooperado. Eles reivindicam melhores condições de trabalho, pois poderiam receber até 100 catadores para trabalhar na triagem. Porém, as condições precárias não permitem (tem 1 chuveiro e 1 banheiro). Além disso, precisariam de reforma no muro e portões (devido as enchentes), além de uniformes e equipamentos de proteção, adequados ao trabalho. A COOPAMARE processa hoje 70 toneladas por mês (já chegaram a fazer 250 toneladas/mês) e o índice de rejeito é baixíssimo, menos de 1%. Isso mostra que os resíduos recicláveis recolhidos pelos caminhões gaiolas proporcionam um aproveitamento muito alto e o trabalho de educação ambiental realizado pelos cooperados na região. A maioria do rejeito são as embalagens de bolacha, salgadinho, que tem aquela parte prateada por dentro. Também trabalham com alguns compradores diretos, como a Suzano (papelão) e Santa Marina (vidro). Entretanto, a grande maioria vende para intermediários devido à falta de poder na negociação, pois a quantidade triada não é tão grande (plástico, papel, papel misto, jornal, revista, pet, alumínio, ferro, etc.). O ideal seria as cooperativas se unirem na hora de vender, pois aumentaria o poder de negociação com as empresas compradoras, sem a utilização de intermediários. Também recebem o óleo de cozinha, que comercializado com Bil Alto Oléo. Outro problema importante é o alto custo da manutenção dos equipamentos quando alguma máquina dá problema, tem que pedir ajuda a terceiros. O isopor é muito difícil de vender. Acreditam que precisava ter uma política pública para diminuir o tamanho das embalagens, evitando o desperdício e a produção de lixo desnecessário. O trabalho da cooperativa também é de inclusão social, pois proporciona trabalho e renda para a população de rua e de albergue. Também ressaltaram o trabalho que começou a ser realizado pela USP que capacita os cooperados a como desmontar os equipamentos eletrônicos. Reivindicam também que a Prefeitura remunere o serviço de coleta das cooperativas, assim como já ocorre em cidades do interior (Salesópolis). Entendem que se o coletado fosse encaminhado para o aterro o lixo orgânico, sem os resíduos recicláveis, a vida útil dos aterros seria muito mais longa. III Conclusões e Proposições Quais são os problemas existentes em toda a cadeia que impedem o funcionamento efetivo da coleta seletiva em São Paulo? 5

- baixa participação dos moradores, falta de educação ambiental e participação coletiva para solução dos problemas - sistema de coleta seletiva pouco abrangente e ineficiente não atendem todas as ruas e a utilização de caminhões compactadores acabam danificando os resíduos coletados; - baixo numero de cooperativas hoje são 21 conveniadas com a Prefeitura; - faltam políticas públicas e recursos para capacitar trabalhadores, estimular e apoiar a formação de cooperativas dar ao catador o real valor que ele merece tem que ser aproveitado na implementação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos; Quais são as soluções possíveis? - Criar uma politica pública baseada na Politica Nacional de Resíduos Sólidos e do Plano Municipal de Logística Reversa. Com os critérios claros, com fiscalização e multas para os geradores de resíduos que desrespeitarem a legislação. - Criar politica pública de incentivos como IPTU Verde e ICMS Verde (estadual), incentivando a adesão de toda a população. - a baixa adesão resolve-se com educação ambiental e políticas de incentivo para que os moradores se conscientizem e façam a separação dentro de casa também precisa dos incentivos governamentais quais são os materiais, de que maneira deve ser feita, etc.; - Capacitação das cooperativas para efetuarem a educação socioambiental na população de todas as regiões em que operam. - Ter a coleta seletiva implementada em todos os 96 distritos. - a coleta seletiva que funciona efetivamente é feita pelas cooperativas em caminhões gaiolas resolve-se com a passagem da coleta do lixo reciclado para as cooperativas, que sabem fazer a coleta seletiva e utilizam caminhão gaiola, e devem ser remuneradas; - a prefeitura precisa urgentemente aumentar o número de cooperativas conveniadas, e dar mais estrutura para elas (caminhões, motoristas, infra-estrutura para os catadores chuveiro, banheiro, balança, esteira, empilhadeira, uniforme, capacitação, etc.). - cada distrito deve ter a sua central de triagem; a coleta deve ser feita com caminhão gaiola e não os caminhões compactadores, que danificam e inutilizam os resíduos separados para reciclagem. Dimensionamento das Centrais de Triagem para que todos os 96 distritos tenham cobertura e possamos ter a seleção e aproveitamento dos materiais. - Organização da Central das Cooperativas de reciclagem para a apuração dos volumes de materiais coletados e separados para negociação e fechamento das vendas para as industrias, retornando os percentuais conforme produção de cada cooperativa, conforme os princípios mundiais do cooperativismo. 6