PROJETO CIDADE LIMPA E SOLIDÁRIA



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Transcrição:

PROJETO CIDADE LIMPA E SOLIDÁRIA TEMA: RESÍDUOS SÓLIDOS AUTOR: Benedito Luiz Martins APRESENTAÇÃO ORAL: Benedito Luiz Martins Curriculum: Benedito Luiz Martins. Diretor de Agricultura e Meio Ambiente de Lençóis Paulista. Engenheiro Agrônomo pela Unesp de Botucatu; Especialização/Pós Graduação Lato Sensu em Gestão Ambiental, pelo Convênio de Cooperação Institucional estabelecido entre a Universidade Federal de São Carlos, o IBEAS- Instituto de Estudos Ambientais e Saneamento.

PALAVRAS-CHAVES Coleta Seletiva, Reciclagem, Cooperativismo, Compostagem 1. OBJETIVOS Os objetivos principais da prática foram: inclusão social, geração de emprego e renda, implantação da coleta seletiva, revitalização e reestrutração da Usina de Reciclagem e Compostagem, aumento da vida útil do aterro e educação ambiental junto às escolas e população. Estes objetivos estão intrinsecamente ligados, pois o sucesso de um determina a viabilidade do outro. A revitalização da Usina, através da aquisição de novos equipamentos, reparação e recuperação dos antigos, da reforma das instalações existentes e construção de novas, viabilizou a ocupação da mesma pela Cooprelp - Cooperativa de Reciclagem de Lençóis Paulista, sendo que estas práticas determinaram o alongamento da vida útil do aterro, porque permitiram melhor aproveitamento dos materiais contidos no lixo e a realização da compostagem dos materiais orgânicos. Com a formação da Cooprelp, tornou-se possível implantar a coleta seletiva, mas a coleta seletiva somente terá sucesso com um trabalho de educação ambiental bem elaborado. Este trabalho já foi iniciado, estando em andamento nas escolas municipais e privadas, através de atividades em salas de aula com cartilha especificamente desenvolvida, sendo aos poucos levado também a toda população pelas crianças e através de atividades junto aos clubes de serviços, igrejas, associações de moradores de bairros e também de porta em porta nas residências. Este trabalho deverá persistir ao longo do tempo, determinando a coleta seletiva como prática cotidiana da nossa cidade. A inclusão social e a implantação da coleta seletiva desejadas não seriam possíveis sem a participação da Adefilp Associação dos Deficientes Físicos de Lençóis Paulista, pois que era a única entidade social relacionada à coleta de recicláveis e cujos associados são, na sua maioria, pessoas carentes, com grande dificuldade para encontrar trabalho formalmente remunerado. A parceria Adefilp-Cooprelp, incluiu socialmente dois grupos de pessoas com as mesmas necessidades e com aptidão para o mesmo trabalho: separar materiais recicláveis. 2. METODOLOGIA HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO

O projeto foi desenvolvido em Lençóis Paulista, cidade situada a 300 Km da capital do Estado de São Paulo. O município possui 60.000 habitantes, e sua economia está fortemente ligada à cultura da cana-de-açúcar e reflorestamento comercial para produção de celulose. O lixo domiciliar e comercial do Município de Lençóis Paulista era processado nas instalações da Usina de Reciclagem e Compostagem de Lixo, por funcionários públicos municipais, que eram concursados e tinham ganhos garantidos independentemente da quantidade de materiais separados. O índice de absenteísmo chegava à casa de 40% por dia acarretando a baixa produção da Usina. Os materiais separados precisavam passar por processo de leilão para serem vendidos. Tal processo era moroso e burocrático, resultando, muitas vezes, na degradação dos materiais. A Prefeitura Municipal revelava-se uma péssima comerciante, pois não tinha a agilidade e liberdade necessários para qualquer atividade comercial. O processo de compostagem havia sido abolido, pois que era muito trabalhoso, o que resultou no lançamento de todo o material orgânico no Aterro em Valas. Ressalta-se que o Aterro em Valas foi autorizado a funcionar em razão do comprometimento da Prefeitura Municipal em separar os materiais recicláveis e realizar a compostagem de todo o material orgânico contido no lixo domiciliar e comercial. Como conseqüência da falência desta política adotada, o aterro sanitário atingiu rapidamente sua capacidade máxima, gerando novos transtornos para a administração, com o surgimento de um aterro mais parecido com um lixão. Havia então duas prioridades principais: a destinação correta do lixo e desenvolvimento de um programa para inclusão social dos catadores e deficientes físicos. Para viabilizálas, desenvolveu-se um Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos, no qual estabeleceu-se a relação estreita entre o lixo e os grupos sociais identificados, com a atuação de duas vertentes; uma ambiental, em parceria com o Departamento de Recursos Naturais da UNESP de Botucatu, e uma social que contou com a Assistência Social do Município, a Associação dos Deficientes Físicos e a Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria e pela Vida. De acordo com o PGIRSU elaborado, inicialmente os funcionários públicos que estavam locados na Usina de Reciclagem e Compostagem, foram transferidos para trabalhos de limpeza pública na cidade, cedendo as instalações da Usina para a Cooprelp Cooperativa de Reciclagem de Lençóis Paulista. Os integrantes da

Cooprelp foram selecionados através do cadastramento dos catadores de rua e da Associação dos Deficientes Físicos de Lençóis Paulista Adefilp -, sendo que a Adefilp selecionou os deficientes em condições de exercer as atividades requeridas.. Os trabalhos de cadastramento e seleção foi coordenado pela Assistência Social do Município, Adefilp e Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria e pela Vida. O SEBRAE de Bauru e a UNESP - Botucatu, através do Prof. Dr. Alcides Lopes Leão realizaram o treinamento e a capacitação dos cooperados. A assistente social e psicólogas atuam em constante trabalho sócio-educativo junto aos mesmos A Cooprelp assumiu os trabalhos de separação na Usina de Reciclagem e Compostagem em 04 de agosto de 2003, estando constantemente respaldados pela Prefeitura Municipal e parceiros. Em setembro de 2004 a Cooprelp iniciou a coleta seletiva na cidade. Desta forma, a parceria Adefilp-Cooprelp atua em duas frentes: na Usina com a separação do lixo convencionalmente coletado e na cidade com a coleta seletiva Para a implantação da coleta seletiva um intenso trabalho de panfletagem e conversa porta a porta com a população foi realizado pelos próprios cooperados, depois de serem especialmente treinados. O treinamento contou com a participação de profissionais da Diretoria de Agricultura e Meio Ambiente, da Assistência Social, da Unesp e da Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria e pela Vida, sendo que o SEBRAE atuou inicialmente para a formação da cooperativa e da idéia do cooperativismo junto aos catadores e deficientes. Para a formalização da parceria Prefeitura Municipal-Adefilp-Cooprelp houve a aprovação da Lei Municipal nº 3258, por unanimidade pela Câmara de Vereadores. Após o que, um contrato de parceria entre os três parceiros estabeleceu os procedimentos para execução do projeto. Os recursos financeiros que possibilitaram tal execução foi possível graças a aprovação de um projeto elaborado junto ao Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), através do edital 12/2001. O projeto aprovado propiciou a liberação de recursos que tornaram reais o projeto técnico/teórico, na seguinte ordem: Recursos financeiros de R$ 467.138,00, originados do repasse da verba; R$ 220.252,00 como contrapartida da Prefeitura; e R$ 55.250,00 de rendimentos financeiros, totalizando R$ 742.651,00. Investiu-se R$ 208.395,00,00 na ampliação da Usina de Reciclagem e Compostagem; R$ 365.923,00 na aquisição de equipamentos; R$1.596,00 na compra de

equipamentos de proteção individuais, R$ 134.187,00 no pagamento de salários dos técnicos municipais, R$ 32.550,00 para consultoria. Na Usina de Reciclagem e Compostagem de Lixo, construiu-se 04 novos galpões totalizando 1.000 m², adquiriu-se 21 gericas, 01 moega com capacidade para 26 m³, 01 esteira de separação com 12 metros de comprimento, 02 carrinhos transportadores com rodas maciças, 02 prensas, 02 esteiras elevatórias e 01 triturador de galhos. Para implantação da coleta seletiva foram adquiridos 01 caminhão, 01 sistema rollon-rolloff, 06 caçambas com 25 m³ de capacidade volumétrica fechadas com divisórias internas, 06 caçambas com 25 m³ de capacidade volumétrica abertas e 15 carrinhos para catadores de lixo de rua. Como parceiros para elaboração e implantação do projeto Cidade Limpa e Solidária, teve-se para recursos técnicos e humanos: O Prof. Dr. Alcides Lopes Leão, Unesp - Botucatu, através da Fundação Estadual de Pesquisas Agrícolas e Florestais Fepaf -, que realizou estudos técnicos do lixo, treinamentos de catadores e capacitação de educadores. As empresas Maquibrit e Lençóis Equipamentos Rodoviários que realizaram os projetos técnicos/mecânicos dos equipamentos. A Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria, contribuiu com estudos sociais e cestas básicas. A Diretoria de Geração de Emprego e Renda organizou a cooperativa de reciclagem, formada com maioria de mulheres, sendo Gicelma Francisca dos Santos sua presidente e líder; a Assistência Social e a Associação dos Deficientes Físicos levantaram as questões sociais mais críticas; a Diretoria de Meio Ambiente coordenou o uso dos recursos em parceria com todos os atores envolvidos. Estabelecidas as premissas para os trabalhos de separação na Usina de Reciclagem em Compostagem, iniciou-se a atuação em direção a educação ambiental junto as escolas e população. Professores, coordenadores e diretores foram capacitados em palestras e cursos ministrados pela UNESP de Botucatu-SP, através do Departamento de Recursos Naturais. Os profissionais da educação capacitados, passaram a realizar a educação de crianças, utilizando-se principalmente de uma cartilha especialmente desenvolvida para o assunto. Esta cartilha, em formato de gibi será utilizada durante todo o ano letivo de 2005. Na cartilha, além das explicações dos procedimentos para a separação do lixo dentro de casa, informa-se também os cuidados que se deve ter com a água e o esgoto, invocando o assunto do saneamento ambiental, como forma de preservar o meio

ambiente e ganhar qualidade na saúde pública, com a correta destinação e tratamento adequado dos resíduos líquidos e sólidos urbanos. As crianças serão os agentes multiplicadores da coleta seletiva principalmente, pois aprendendo de uma forma divertida na escola, através da utilização das cartilhas, levarão até suas casas todas as informações da separação do lixo pelos moradores, separação esta que foi estabelecida da maneira mais simples possível: de um lado o lixo orgânico e rejeitos e do outro os materiais recicláveis. Os materiais recicláveis são separados por classe nas esteiras de separação da Usina de Reciclagem e Compostagem de Lixo. Foram confeccionadas 15.000 cartilhas, patrocinadas pela Ripasa S/A Celulose e Papel e pelo SAAE Serviço Autônomo de Água e Esgotos. A elaboração da cartilha foi realizada por profissionais da Diretoria de Agricultura e Meio Ambiente, da Diretoria de Educação e Cultura e pela empresa Publiart Ltda Me, de propaganda e marketing. Diversas atividades foram e estão sendo desenvolvidas nas escolas para esclarecimentos e educação das crianças, como peças teatrais, presença de profissionais da Diretoria de Agricultura e Meio Ambiente e da Unesp, e até do Prefeito Municipal, Sr. José António Marise, como forma de incentivar e motivar as crianças. Durante a execução do projeto realizou-se o Fórum Municipal Lixo e Cidadania, com a participação de todos os segmentos da sociedade de Lençóis Paulista. A Prefeitura mantém uma equipe de apoio técnico/gerencial constantemente interagida com a Adefilp e a Cooprelp; um chefe operacional comandando os trabalhos de separação junto aos cooperados, um agente de manutenção para os equipamentos, uma assistente social e uma psicóloga, além da coordenação direta do Diretor de Meio Ambiente. A parceria Cooprelp-Adefilp muniu-se de um biólogo que comanda a coleta seletiva e os trabalhos de separação de recicláveis, um deficiente físico (ex bancário) é responsável pelo desempenho financeiroadministrativo. Percebeu-se que tecnicamente a questão tem soluções simples e práticas, mas a mobilização e envolvimento da sociedade, incluindo catadores, deficientes, empresas que comercializam materiais recicláveis, munícipes que separam os materiais dentro de casa, e a convivência dos cooperados, tem se mostrado um desafio constante.

O projeto foi denominado Cidade Limpa e Solidária em alusão à participação da população na separação do lixo dentro de casa como forma de exercício da solidariedade, ajudando na renda dos catadores e deficientes carentes componentes do projeto. O gesto solidário da separação e a ação dos catadores possibilitam o aspecto limpo da cidade de Lençóis Paulista. 3. RESULTADOS E CONCLUSÕES Impacto na gestão do dinheiro público: 44 funcionários públicos que estavam locados na Usina de Reciclagem e Compostagem de Lixo foram transferidos para trabalhos de limpeza pública na cidade. Com isso, a melhora na qualidade dos serviços foi significativa, podendo-se, por exemplo, citar os 17 funcionários que foram locados para trabalhos de varrição de rua, onde houve um aumento de 78.600,00 m² de área varrida por dia. Os salários dos 44 funcionários totalizavam R$ 350.000,00/ano, ou seja, foi possível melhorar os serviços municipais sem o aumento do gasto na folha de pagamento, ressaltando-se que o trabalho de separação dos materiais recicláveis não é um trabalho fim da Prefeitura e o desempenho dos funcionários na separação não estava surtindo efeitos positivos, nem para os próprios funcionários, nem para o poder público. Impactos Ambientais: aumento na separação de materiais recicláveis de 40 para 120-150 toneladas/mês, além da melhoria na qualidade da separação e aumentando da diversidade de recicláveis. A compostagem que não era realizada anteriormente à implantação do projeto, passou a ser, com separação de 21-24 toneladas/dia ou 430-500 ton/mês de matéria orgânica. Com isso, atualmente, apenas 15 toneladas/dia ou 360 ton/mês de rejeitos são destinados ao aterro. Anteriormente a implantação do projeto, das 42 toneladas por dia de lixo que chegavam na Usina de Reciclagem e Compostagem, 40,40 toneladas eram lançadas no aterro. O gasto energético para separar uma tonelada de material reciclável caiu de R$ 34,60 para R$ 11,70. Impactos sociais: melhoria das condições de vida das pessoas; 56 famílias diretamente obtém rendimentos médios de R$ 530,00/mês; indiretamente famílias de deficientes são beneficiadas pelas ações da Adefilp com repasse de 5% recebido do faturamento total da Cooprelp, ( R$ 2.600,00 R$ 3.000,00/mês), equivalente a R$ 46,42 subtraído do pagamento por cooperado. Os cooperados trabalhavam em ambiente insalubre, chão de terra, barraco de madeira e andavam pela rua a coletar

materiais; atualmente contam com instalações de sanitários, vestiários, chuveiros, refeitório, escritório, computador, ônibus, kombi, telefone, água encanada, galpões de estrutura metálica, equipamentos de proteção individual, além de assistência jurídica, contábil, e acompanhamentos sociais. Os filhos dos cooperados são todos incluídos em escolas do município. Impactos de mudanças de atitude, comportamento das pessoas e educação: com a implantação da coleta seletiva, o hábito de separar o lixo dentro das casas foi adotado por boa parte da população. Os cooperados treinados pelo SEBRAE e pela UNESP tornaram-se mais profissionais. A capacitação de educadores fundamentou o projeto nas escolas, juntamente com a elaboração de cartilha educativa desenvolvida, que permitiu a educação das crianças de escolas públicas e privadas. Processos decisórios e parcerias fundamentais foram realizadas, de maneira a fortalecer a comunidade lençoense. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LEÃO, A.L.; I.H.TAN. Potential of MSW - Municipal Solid Waste - As a Source of Energy in São Paulo. Its Impact on CO 2 Balance. Biomass and Bioenergy. 18(3):87-93. LEÃO, A.L. 1996. Lixo, o Alto Preço Cobrado pelo Progresso. O Estado de São Paulo - Caderno 2, Ano IX, Número 3.493, página D4, 1 de Setembro de 1996. LEÃO, A.L. 1997. Geração de Resíduos Sólidos Urbanos e seu Impacto Ambiental. In:MARTOS, H.L. e MAIA, N.B. editores Indicadores Ambientais. Pp.213-222. SARTOR, S.M. 1995. Implantação de um Programa de Carrinheiros em Santos. Projeto implantado. 22p.