DISTÂNCIA DE FUGA DE BOVINOS DE CORTE COMERCIAIS DESTINADOS A LEILÃO

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PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <

Transcrição:

DISTÂNCIA DE FUGA DE BOVINOS DE CORTE COMERCIAIS DESTINADOS A LEILÃO Hellen Felicidade DURAES 1, Cinara da Cunha Siqueira Carvalho* 1, Camila Maida de Albuquerque MARANHÃO 1, Maria Cecília Magalhães GONÇALVES¹, Thaís Emanuele SOARES¹, Jéssica Duarte Fonseca RAMOS¹, Anna Luísa de Oliveira CASTRO¹, Kátia Cristiane Borges PEREIRA¹, *autor para correspondência: cinara.carvalho@unimontes.br 1 Universidade Estadual de Montes Claros, Janaúba, Minas Gerais, Brasil Resumo: The objective of this study was to characterize the factors influencing the escape distance of beef cattle destined to auction during the stage of landing at agricultural fair. The experiment was carried out in two agricultural fairs located in the northern region of Minas Gerais state, where 241 commercial cattle lots were evaluated. The experimental design was a completely randomized design, with the different ages, sex and quantity of animals present in the lots, driver behavior, trip duration, noise and reactivity of the animals being evaluated. Animals older than 3 years, as well as those that traveled for less than an hour and those classified as aggressive and docile presented greater distance of escape. The variables: sex, number of animals per lot, noise and driver behavior in the landing process did not influence the distance of escape. Fear is the factor of greatest interference in the distance of escape. Thus, it is concluded that the distance of escape is influenced by the age, duration of the trip and the reactivity of the Nelore breed. Palavras-chave: bem-estar animal, bovinocultura, etologia, feiras agropecuárias Introdução A condução de animais de produção em ambientes desconhecidos, como caminhões e novos currais, gera interferência no temperamento e sistema de manejo. Os bovinos quando submetidos a situações que provocam dor, isolamento

social, ruído elevado ou medo, modificam o seu comportamento, podendo aumentar a sua movimentação ou tentativa de fuga (GRANDIN, 2000; HEMSWORTH, 2003). O tamanho da zona de fuga varia com o grau de domesticação do animal, seu contato prévio com pessoas, além de fatores genéticos, sendo que a súbita entrada na zona de fuga de um animal, em um espaço confinado, pode torná-lo muito agitado, causando sérios acidentes tanto para os animais como para os humanos (CASTILLO, 2006). Desse modo, objetivou-se caracterizar os fatores que influenciam na distância de fuga de bovinos de corte destinados a leilão durante a etapa de desembarque em feira agropecuária. Material e Métodos Os procedimentos realizados neste experimento foram aprovados pela Comissão de Ética em Experimentação e Bem-estar Animal CEEBEA da Universidade Estadual de Montes Claros sob registro nº 060/2013 e Processo n 173.439 pela Comissão de Ética em Pesquisa - Humanos. A coleta de dados ocorreu durante a realização de duas feiras agropecuárias no Norte de Minas Gerais. Sendo utilizada em ambas a mesma equipe de responsáveis pelo manejo dos animais no período de permanência no parque. Foram avaliados 241 lotes de bovinos de corte comerciais, com 15 animais por lote, acomodados em baias simples, acesso com água e sem alimentos. Para análise dos dados utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado sendo avaliadas as diferentes idades dos animais (<1 ano, 1 a 3 anos, e > 3 anos), sexo (machos e fêmeas), duração da viagem (horas), distância de fuga, comportamento do motorista e escores de reatividade. Após o desembarque, os animais foram direcionados para os currais de espera e após 10 minutos foram observados: - Distância de Fuga: utilizou-se uma trena eletrônica digital com mira a laser, em que o observador chegava próximo a cerca do curral, esperava os animais

recuarem, fixarem uma posição e apontava a trena na direção ao ponto médio de recuo, visando medir a distância de fuga em metros. Ruído: foi utilizado um decibelímetro digital, posicionado em frente ao lote. Reatividade: foi utilizado o teste de aproximação, com os seguintes escores: 1- Lote muito reativo (animais vinham de encontro com a cerca de forma agressiva); 2 - Lote reativo (animais com comportamento vigilante, olhar fixo e movimentavam a orelha em direção ao ruído ou pessoa); 3 - Animais dóceis (caminhar calmo e sem alteração no comportamento). Para o tipo de manejo adotado pelos motoristas no instante do desembarque, foram atribuídos os seguintes escores: 1 - Sem agressividade; 2 - Uso de vara; 3 - Uso de choque. As variáveis foram submetidas à análise de variância, e quando o teste F foi significativo aplicou-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Na análise da idade, verificou-se que não houve diferença na distribuição percentual de animais de acordo as estratificações propostas (Tabela1). Contudo, os animais maiores de um ano, apresentaram a maior distância da fuga, acredita-se que esse comportamento possa ser reflexo de algum acontecimento semelhante que tenha desencadeado estresse, ou até mesmo a dificuldade de adequar a um novo ambiente ou manejo. Independente da idade, sexo, duração da viagem, comportamento do motorista e reatividade dos lotes, a vocalização pronunciada pelos animais não excedeu 85 db(a). De acordo com LANIER et al. (2000) a audição é mais sensível nos bovinos do que nos seres humanos e o ruído elevado pode desencadear reações adversas deixando-os estressados, além de provocar sérios danos aos órgãos auditivos. Tabela 1. Número de animais por lote, distância de fuga e ruído emitido pelos animais de acordo com a idade do lote, sexo, duração da viagem, comportamento

do motorista e reatividade após o desembarque de bovinos de corte comerciais destinado a leilão Sexo Fêmea Macho N de animais (%) 46,7a 47,8a 0,9915 Distância de fuga(m) 2,0a 1,9a 0,4247 Ruído (db(a)) 62,6a 63,8a 0,3937 Idade < 1 ano 1 a 3 anos >3 anos Pr > Fc N de animais (%) 32,3a 33,2a 34,3a 0,6513 Distância de fuga(m) 1,8b 2,0b 2,2a 0,0270 Ruído (db(a)) 63,4a 61,6a 62,1a 0,5409 Duração da Viagem < 1 hora 1 a 3 h >3 h N de animais (%) 24,8b 24,5b 48,8a 0,0029 Distância de fuga(m) 2,1a 1,8b 1,9b 0,0403 Ruído (db(a)) 63,4a 62,6a 62,8a 0,4225 Comportamento do motorista Sem agressividade Uso de vara Uso de choque N de animais (%) 38,7a 37,2a 18,7b 0,0151 Distância de fuga(m) 2,0a 1,9a 2,2a 0,0735 Ruído (db(a)) 64,0a 62,5a 65,2a 0,8861 Reatividade Muito agressivo Agressivo Dóceis N de animais (%) 34,8a 31,5a 33,6a 0,3323 Distância de fuga(m) 1,0b 2,1a 1,6a 0,0020 Ruído (db(a)) 63,2a 63,5a 60,9a 0,2653 Médias seguidas por letras distintas na mesma linha diferem entre si (P<0,05), pelo teste de Tukey Nas viagens que tiveram duração acima de 3 horas os criadores optaram por transportar maiores lotes de animais para viabilizar os custos com o caminhão. Contudo, os animais chegaram cansados, se acomodaram melhor no curral e por isso apresentaram menor distância de fuga. Já os animais que viajaram por menos de uma hora, expressaram o medo por meio do recuo, aumentando assim a distância de fuga. A frequência do uso de bastão de choque foi verificada em maior quantidade nos lotes que possuíam a menor quantidade de animais. Quando os lotes eram maiores, a ansiedade dos animais e incômodo gerado pelo transporte fazia com que os mesmos saíssem do caminhão com pressa, sem a necessidade do uso de

choque por parte dos trabalhadores. Porém esses fatores não influenciaram na distância de fuga dos animais (P>0,05). Os lotes de animais enquadrados nos escores agressivos e dóceis apresentaram maiores distância de fuga, por manterem maior distância do público e avaliadores, como expressão do medo. Os animais classificados como muito agressivos, apresentam o comportamento de ir de encontro com a cerca por se sentirem ameaçados ou necessidade de impor a dominância, dessa forma, o espaço de recuo ou distância de fuga foi menor justificado pela maior reatividade da raça dos bovinos nelores ou anelorados. Conclusão A distância de fuga é influenciada pela idade, duração da viagem e a reatividade da raça Nelore. À FAPEMIG, CAPES e CNPq. Agradecimentos Referências HEMSWORTH, P. H. (2003). Human-animal interactions in livestock production. Appl Anim Behav Sci, 81, 185-198, 2003. GRANDIN, T. Introduction management and economic factors of handling and transport. In: T. Grandin, Livestock Handling and Transport, 2nd. ed. Wallingford: CABI, p. 1-14, 2000. CASTILLO, Carmem Contreras. Qualidade da carne. Bem-estar animal e resultados de auditorias em frigoríficos. São Paulo: Varela, 2006. 240p. LANIER, J.L., T. GRANDIN, R.D. GREEN, D. AVERY and K. McGee. 2000. The relationship between reaction to sudden, intermittent movements and sounds and temperament. J Anim Sci, 78: 1467-1474.