PAEBES 2012 REVISTA DA GESTÃO ESCOLAR

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Transcrição:

ISSN 2237-8324 PAEBES 2012 REVISTA DA GESTÃO ESCOLAR SEÇÃO 1 O desafio da gestão escolar: Avaliação e qualidade do ensino SEÇÃO 2 Gestão escolar: uma mudança de paradigmas SEÇÃO 3 Padrões de Desempenho SEÇÃO 4 Clima escolar e aprendizagem SEÇÃO 5 Os resultados da avaliação EXPERIÊNCIA EM FOCO

ISSN 2237-8324 REVISTA DA GESTÃO ESCOLAR Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo

GOvERnADOR DO EStADO DO ESPÍRitO SAntO JOsÉ ReNaTO CasaGRaNDe vice-governador DO EStADO DO ESPÍRitO SAntO GIVaLDO VIeIRa Da silva SECREtÁRiO DO EStADO DA EDuCAçãO KLINGeR MaRCOs barbosa alves SuBSECREtÁRiO DE EStADO DE PlAnEjAmEntO E AvAliAçãO eduardo MaLINI GEREntE DE informação E AvAliAçãO EDuCACiOnAl aline elisa COTTa D`ÁVILa SuBGERÊnCiA DE AvAliAçãO EDuCACiOnAl MaRIa adelaide TÂMaRa alves (subgerente) DeNIse MORaes e silva GLORIeTe CaRNIeLLI MaRILDa surlo GRaCIOTTI silvia MaRIa PIRes De CaRVaLHO LeITe SuBGERÊnCiA DE EStAtÍStiCA EDuCACiOnAl DeNIse PeReIRa Da silva (subgerente) ana PaULa aparecida RaIMUNDO DaNIeL serafim GROssI DIas elzimar sobral scaramussa MONICa KeLLeY bottoni De souza MONIQUe MaRINHO NOIa

Klinger Marcos Barbosa Alves, Secretário de Estado da Educação AO EDuCADOR Após um trabalho árduo para garantir o acesso de todas as crianças às escolas, o desafio de hoje é assegurar a qualidade do ensino. A sociedade exige melhorias nos níveis de aprendizagem e o Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo (Paebes) é um importante instrumento no processo de planejamento das ações pedagógicas que vão contribuir para alcançar as metas estabelecidas. O diagnóstico do sistema de ensino do Espírito Santo, obtido por meio do Paebes ao longo dos últimos anos, subsidia a definição de políticas educacionais. Assim, o Paebes torna-se imprescindível de tal modo que, a cada nova edição, surge a necessidade de ampliar sua abrangência. No ano de 2012, além das provas de Língua Portuguesa, matemática, os alunos também fizeram testes de história e Geografia. Ao todo, mais de 260 mil estudantes das redes estadual, particular e municipal foram avaliados, nos anos iniciais e finais do Ensino fundamental e na 3ª série do Ensino médio. Dessa maneira, esperamos que as informações contidas nas publicações possam auxiliar os educadores do estado na busca permanente que é de todos nós: garantir aos alunos o direito de aprender.

sumário 1. O desafio da gestão escolar: Avaliação e qualidade do ensino PÁGINA 10 3. Padrões de Desempenho PÁGINA 16 2. GESTÃO ESCOLAR Uma mudança de paradigmas PÁGINA 14

5. Os resultados da avaliação PÁGINA 22 4. Clima escolar e aprendizagem PÁGINA 18 EXPERIÊNCIA EM FOCO PÁGINA 23

1 O desafio da gestão escolar: Avaliação e qualidade do ensino Cara Equipe Gestora, a Revista da Gestão Escolar oferece informações gerais sobre a participação dos estudantes na avaliação e os resultados de proficiência alcançados, apresentando, de modo sintético, os Padrões de Desempenho estudantil, além de discussões em prol de uma educação de qualidade. A cidadania está ancorada nas metas públicas de uma educação de qualidade. Isso porque o indivíduo se torna cidadão não apenas quando o direito fundamental à vida lhe é assegurado, mas também quando está capacitado ao exercício da democracia, de modo a participar do destino da sociedade. Nesse sentido, a escola é uma das instâncias de referência para a formação deste sujeito crítico e ativo, sendo o papel formador um desafio para a gestão escolar. As atuais diretrizes federais propõem às instituições públicas de ensino autonomia no seu processo de decisões, tanto do ponto de vista pedagógico quanto financeiro. Para garantir uma aprendizagem de qualidade, é preciso, antes de tudo, fazer um diagnóstico da educação nas redes de ensino que indique quais ações educacionais e gerenciais devem ser tomadas, função desempenhada pela avaliação em larga escala. Para que as ações sejam concretizadas em prol da excelência do sistema educacional, faz-se necessário que gestores, professores, estudantes e comunidade escolar conheçam, entendam e se apropriem de seus resultados. As informações obtidas subsidiam a elaboração de políticas públicas voltadas à melhoria do processo de ensino-aprendizagem e ao planejamento de propostas pedagógicas que possam propiciar o avanço necessário. Embora recente, a avaliação em larga escala no Brasil tem um respaldo legal. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB/96), em seu artigo 9º, inciso VI, estabelece que cabe à União assegurar o processo nacional de avaliação do 10 Paebes 2012

rendimento escolar na Educação Básica e Superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade da educação. Neste contexto, as principais avaliações no país são o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), que integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Ao monitorar a qualidade do ensino, as avaliações fornecem aos gestores um importante diagnóstico para embasamento de políticas públicas educacionais nas instâncias federal, estadual e municipal. A partir dessa perspectiva, a Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo (SEDU), em parceria com o Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF), divulga os resultados do Paebes. A Revista da Gestão Escolar oferece informações gerais sobre a participação dos estudantes na avaliação e os resultados de proficiência alcançados, apresentando, de modo sintético, os Padrões de Desempenho estudantil, além de discussões em prol de uma educação de qualidade. Também são disponibilizados nesta Revista depoimentos, baseados em relatos de experiência com o coordenador da avaliação e com um diretor de escola da rede de ensino, de modo a aproximar a apropriação dos resultados à prática educacional. REVISTA DA GESTÃO ESCOLAR 11

O Paebes O Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo (Paebes) avaliou em 2012 as escolas estaduais, municipais e Escolas Particulares Participantes (EPP) do Espírito Santo nas áreas do conhecimento de Língua Portuguesa, matemática e Ciências humanas (Geografia e história). O Programa avaliou estudantes da 4ª série/5 ano e 8ª série/9º ano do Ensino fundamental e da 3ª série do Ensino médio. Na linha do tempo a seguir, podese verificar a trajetória do Paebes e, ainda, perceber como tem se consolidado diante das informações que apresentam sobre o desempenho dos estudantes. Paebes - trajetória 2008 2009 14.446 106.830 Língua Portuguesa e matemática 1ª série do Em Língua Portuguesa e matemática 4ª Série/5 Ano Ef 8ª Série/9 Ano Ef 1ª Série Em 12 Paebes 2012

2010 2011* * 2012* 83.471 114.254 106.525 Língua Portuguesa e matemática 4ª Série/5 Ano Ef 8ª Série/9 Ano Ef 1ª Série Em 3ª Série Em Língua Portuguesa, matemática, Biologia, física e química 4ª Série/5 Ano Ef 8ª Série/9 Ano Ef 1ª Série Em 3ª Série Em Língua Portuguesa, matemática, Geografi a e história 4ª Série/5 Ano Ef 8ª Série/9 Ano Ef 2ª Série Em 3ª Série Em * foram avaliados apenas os estudantes da região metropolitana da grande Vitória: 1ª série do Em em 2011 e 2ª série do Em em 2012. REVISTA DA GESTÃO ESCOLAR 13

2 GESTÃO ESCOLAR Uma mudança de paradigmas A gestão escolar tem se tornado um tema cada vez mais central para os debates que envolvem a melhoria da qualidade da educação, no Brasil e no mundo. Sua centralidade reside na percepção de que existem características, relacionadas à própria escola, capazes de produzir a melhoria do ensino ofertado ao estudante. Uma dessas características é a gestão escolar eficaz e comprometida, condutora de processos de melhoria da qualidade do ensino ofertado no âmbito da escola. Com a Constituição Federal de 1988, celebrada como uma nova fase para a sociedade e para a escola brasileiras, a gestão educacional experimentou a formalização jurídica de um processo de mudança de paradigmas que vinha acontecendo há algum tempo. O gestor escolar era percebido, essencialmente, como um ator responsável pela administração em sentido estrito da escola, a partir de um viés burocrático, organizacional e logístico, e tendo como base as concepções de administração destinadas a outras instituições, e não, singularmente, à escola. A mudança de paradigma da gestão ocorreu com a percepção de que o gestor escolar deve ser mais do que um mero organizador da escola, no sentido formal e administrativo do termo. Longe de não reconhecer a importância desse aspecto, qual seja, o logístico-administrativo, houve um processo de inclusão de novas funções para a gestão escolar, sem excluir a anterior, a administrativa, que sempre a caracterizou. Entre essas novas funções se destacam principalmente duas: o caráter pedagógico da gestão e a construção de uma gestão democrática, conforme previsão da Carta Constitucional. O enfoque pedagógico da gestão se fundamenta no reconhecimento do gestor escolar como um líder capaz de articular, junto aos demais atores escolares, uma liderança pedagógica que envolva 14 Paebes 2012

a apropriação do currículo, o planejamento das disciplinas para cada área do conhecimento e para cada etapa de escolaridade, as avaliações escolares, chegando até mesmo a discussões relacionadas aos planos de aula dos professores. Trata-se não de uma intervenção do gestor na autonomia do professor, mas, sim, de uma construção conjunta e articulada das diretrizes pedagógicas da escola. O enfoque pedagógico da gestão tem se mostrado um fator associado a bons desempenhos por parte dos estudantes. Outro fator é a construção de uma gestão democrática. Mais do que um elemento previsto pela Constituição, a gestão democrática é uma forma de inserir, no processo de construção das diretrizes da escola, sejam elas administrativas ou pedagógicas, os diversos atores envolvidos e interessados nesse processo, como os professores, os pais, os estudantes, os funcionários e a própria comunidade que envolve a escola. A democratização da gestão está envolvida com um processo de democratização mais abrangente, da escola e da sociedade; o que significa ampliar a participação de outros agentes no processo de tomada de decisões que afetem a escola. Por meio desta inclusão, o que se busca é o envolvimento destes atores com a escola, percebendo-a como um ambiente aberto e em constante construção e aprimoramento. Por democratização da escola e da gestão, tendo em vista a participação nas decisões e a circulação da informação na, e sobre a, escola, não se deve entender a transferência de responsabilidade decisória por parte da gestão. O gestor escolar continua sendo o responsável pela tomada de decisões e é isso o que se espera de sua função. No entanto, as decisões, quando compartilhadas, adquirem um novo caráter, para o gestor, para os demais participantes e para a escola como um todo. Tanto o enfoque pedagógico da gestão quanto a gestão democrática são fatores que contribuem para a construção e para o estabelecimento de um ambiente favorável à aprendizagem, estando relacionados, portanto, ao clima escolar. O clima escolar é um dos fatores que afetam o desempenho dos estudantes, e as características da gestão, a forma como é construída e conduzida, são elementos que o compõem. Um ambiente propício à aprendizagem é capaz de impactar significativamente o desempenho dos estudantes, devolvendo à escola a capacidade de produzir bons resultados a partir de suas próprias características. REVISTA DA GESTÃO ESCOLAR 15

3 Caracterização Padrões de Desempenho Esta seção apresenta os Padrões de Desempenho agrupados em quatro níveis, de acordo com intervalos de desempenho dos estudantes na avaliação. Por meio desses Padrões, é possível planejar e realizar ações voltadas aos estudantes a partir do nível em se encontram. Os testes aplicados aos estudantes trazem uma medida de seu desempenho nas habilidades avaliadas, denominada PROFICIÊNCIA. Os resultados de proficiência obtidos foram agrupados em quatro PADRÕES DE DESEMPENHO Abaixo do básico, Básico, Proficiente e Avançado. Esses Padrões proporcionam uma interpretação pedagógica das habilidades desenvolvidas pelos estudantes e oferecem à escola o entendimento a respeito do nível em que eles se encontram. Por meio deles é possível analisar a distância de aprendizagem entre os estudantes que se encontram em diferentes níveis de desempenho, do mais baixo ao mais elevado. É importante atentar para os estudantes que estão nos Padrões mais baixos, pois são eles os mais vulneráveis à evasão e ao insucesso escolar. Os níveis de proficiência compreendidos em cada um dos Padrões de Desempenho, para as diferentes etapas de escolaridade avaliadas, correspondem a determinados intervalos de pontuação alcançada nos testes e estão descritos mais detalhadamente na Revista Pedagógica desta Coleção. A seguir, são apresentados os Padrões de Desempenho e sua respectiva caracterização. Abaixo do Básico Neste Padrão de Desempenho, o estudante demonstra carência de aprendizagem do que é previsto para a sua etapa de escolaridade. Ele fica abaixo do esperado, na maioria das vezes, tanto no que diz respeito à compreensão do que é abordado, quanto na execução de tarefas e avaliações. Por isso, é necessária uma intervenção focada para que possa progredir em seu processo de aprendizagem. Básico O estudante que se encontra neste Padrão de Desempenho demonstra ter aprendido o mínimo do que é proposto para o seu ano escolar. Neste nível ele já iniciou um processo de sistematização e domínio das habilidades consideradas básicas e essenciais ao período de escolarização em que se encontra. Proficiente Neste Padrão de Desempenho, o estudante demonstra ter adquirido um conhecimento apropriado e substancial ao que é previsto para a sua etapa de escolaridade. Neste nível, ele domina um maior leque de habilidades, tanto no que diz respeito à quantidade, quanto à complexidade, as quais exigem um refinamento dos processos cognitivos nelas envolvidos. Avançado O estudante que atingiu este Padrão de Desempenho revela ter desenvolvido habilidades mais sofisticadas e demonstra ter um aprendizado superior ao que é previsto para o seu ano escolar. O desempenho desses estudantes nas tarefas e avaliações propostas supera o esperado e, ao serem estimulados, podem ir além das expectativas traçadas. 16 Paebes 2012

Área do conhecimento avaliada INTERVALO NA ESCALA DE PROFICIÊNCIA POR etapa avaliada 4ª Série/5º Ano EF 8ª Série/9º Ano EF 3ª Série EM Língua Portuguesa Matemática Ciências Humanas até 150 até 200 até 250 até 175 até 225 até 275 - até 200 até 250 Língua Portuguesa Matemática Ciências Humanas 150 a 200 200 a 275 250 a 300 175 a 225 225 a 300 275 a 325-200 a 275 250 a 325 Língua Portuguesa Matemática Ciências Humanas 200 a 250 275 a 325 300 a 350 225 a 275 300 a 350 325 a 375-275 a 350 325 a 375 Língua Portuguesa Matemática Ciências Humanas acima de 250 acima de 325 acima de 350 acima de 275 acima de 350 acima de 375 - acima de 350 acima de 375 REVISTA DA GESTÃO ESCOLAR 17

4 Clima escolar e aprendizagem Há uma extensa literatura que procura explicar a razão do baixo desempenho dos estudantes da nossa Educação Básica nas avaliações em larga escala e das diferenças entre escolas e estudantes. O objetivo, neste momento, é apresentar, especificamente, um aspecto considerado cada vez mais relevante para a melhoria do ensino ofertado pelas escolas brasileiras, qual seja o clima escolar. Como já apontado em estudos na área da Educação, características associadas aos estudantes, como o nível socioeconômico e cultural, têm peso expressivo na sua aprendizagem. Inicialmente, acreditava-se que esses fatores eram suficientes para explicar o sucesso ou o fracasso dos estudantes e a diferença de desempenho entre eles. No entanto, pesquisas recentes mostraram que os impactos de fatores associados à própria escola, embora menores que os das variáveis externas a ela, são altos o bastante para provocar mudanças na trajetória escolar do estudante. Isso significa que a escola pode fazer diferença no aprendizado e superar o esperado para ela, tendo em vista as características de seus estudantes, independente das diferenças socioeconômicas e culturais entre eles. As escolas que conseguem esse resultado têm sido chamadas de escolas eficazes. Em um amplo estudo patrocinado pela Unesco, realizado de 1995 a 2000 em 14 países da América Latina, entre eles o Brasil, foram analisados os efeitos de mais de 30 variáveis, como condições de trabalho, salário, experiência e formação dos professores, número de livros na casa dos estudantes e na biblioteca da escola, o tempo que os pais passam diariamente com os filhos e o total de estudantes por classe. No entanto, o resultado que mais chamou a atenção foi a importância do ambiente favorável à aprendizagem. Verificou-se que, nas instituições em que existe um clima escolar favorável ao aprendizado, em que predomina um relacionamento harmonioso, estimulante e de respeito, os estudantes têm maiores possibilidades de sucesso escolar. A diferença constatada entre os estudantes que estudam em escolas com um bom clima chegou a ser superior em 36% na avaliação de Linguagem e 46% na de Matemática, em relação àqueles que estudam em escolas cujo clima não é favorável à aprendizagem. 18 Paebes 2012

O CAEd também vem desenvolvendo estudos a esse respeito, tendo como base as respostas aos questionários aplicados aos estudantes de escolas públicas, do Ensino Fundamental e Médio (em diversos anos escolares), avaliados em vários estados brasileiros. O efeito do clima escolar sobre a aprendizagem foi investigado a partir da percepção dos estudantes acerca de vários aspectos da vida escolar, conhecida por meio das respostas a 16 perguntas contidas no questionário contextual. No modelo de análise utilizado, o clima escolar foi concebido como tendo cinco dimensões: aprendizagem e desenvolvimento, conforto e segurança, convivência e relacionamento, pertencimento e inclusão, satisfação e motivação. A dimensão Aprendizagem e desenvolvimento inclui a percepção dos estudantes de que o ambiente escolar é incentivador da criatividade e da imaginação e de que vale a pena estudar na escola porque aprendem coisas novas e interessantes. Conforto e segurança refere-se à percepção de que a escola está sempre limpa e bem cuidada, e os estudantes protegidos de qualquer risco como a violência dentro da escola, gerando o sentimento de conforto e segurança. Convivência e relacionamento é a dimensão que envolve a qualidade das relações que se estabelecem na escola e traduz o sentimento de que o estudante gosta de estar na escola porque, na sua percepção, há respeito no tratamento entre os diversos atores escolares. Pertencimento e inclusão diz respeito ao sentimento de orgulho de pertencer à escola, de fazer parte da instituição. A dimensão Satisfação e motivação comporta o sentimento de que o estudante se sente cheio de energia e animado na escola e por isso gosta de estudar nela. A relação entre clima escolar e valor agregado pela escola, para todo Brasil, está exposta no Gráfico 1, o qual apresenta os resultados dos 5º e 9º anos do Ensino Fundamental dos estados avaliados pelo CAEd, em 2011. As escolas consideradas para a análise do 5ºano pertencem aos estados de Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro. No caso do 9º ano, os estados considerados foram: Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro. O valor agregado expressa a diferença entre o desempenho efetivamente obtido pela escola e o que é esperado para ela, dado o nível socioeconômico dos estudantes. Traduz, portanto, o efeito da escola na aprendizagem dos estudantes. Um alto valor agregado, por exemplo, significa que a escola obteve rendimentos escolares médios superiores à média de rendimentos obtidos pelo grupo de escolas com nível socioeconômico semelhante. Sendo assim, os estudantes desta escola, em média, apresentaram maiores rendimentos do que estudantes de outras escolas, que se assemelham em termos de condições socioeconômicas. Um baixo valor agregado, por sua vez, indica que a escola obteve rendimentos escolares muito próximos à média e por isso pouco acrescentou ao que era esperado, dado as suas características socioeconômicas. REVISTA DA GESTÃO ESCOLAR 19

Observa-se no Gráfico 1 que a percepção dos estudantes quanto à qualidade do clima escolar está fortemente associada ao sucesso da escola. A percepção dos estudantes de que o clima escolar é ruim está sempre acompanhada de um nível mais elevado de escolas que fracassam no seu propósito de obter melhores resultados. Por exemplo, no 5º ano do Ensino Fundamental, a maioria (51,7%) das escolas com clima considerado ruim pelos estudantes possui baixo valor agregado. Por outro lado, a maioria (52,8%) das escolas com bom clima escolar alcança alto valor agregado. No 9o ano, esse fato se repete, com diferenças menos acentuadas. Gráfico 1: Clima Escolar e Valor Agregado 4ª série/5º ano e 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental Redes Estaduais e Municipais Estados Avaliados (2011) 5º ano 9º ano 7,6% 40,8% 24,1% 52,8% 18,5% 31,3% 42,2% 51,7% 46,8% 29,0% 33,2% 14,0% 46,2% 35,3% 42,1% 26,6% 37,2% 20,6% Ruim Médio Bom Ruim Médio Bom Clima Escolar Clima Escolar Alto Valor Agregado Médio Valor Agregado Baixo Valor Agregado Alto Valor Agregado Médio Valor Agregado Baixo Valor Agregado Fonte de dados básicos CAEd 2011. Os resultados desse estudo apontam que escolas semelhantes em relação ao nível socioeconômico dos estudantes, mas que se distinguem pela qualidade do clima escolar, afetarão de modo diferente o seu aprendizado; ou ainda, a diferença que a escola faz no aprendizado dos estudantes está fortemente relacionada à percepção que eles têm da qualidade do clima escolar. O Clima Escolar nas Escolas do Espírito Santo Os resultados da análise dos dados obtidos para os 5º e 9º anos do Ensino Fundamental do Espírito Santo estão apresentados no Gráfico 2. Tanto na Rede Estadual quanto na Municipal, permanece válida a associação positiva da percepção de um bom clima escolar na diferença que a escola pode fazer no aprendizado dos estudantes. Um fato relevante que merece atenção é o elevado percentual de escolas 20 Paebes 2012

com valor agregado médio, comparativamente aos demais estados avaliados. Os números da eficácia do sistema de ensino poderão melhorar significativamente se for dada atenção especial a essas escolas. Gráfico 2: Clima Escolar e Valor Agregado 4ª série/5º ano e 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental Espírito Santo (Paebes) Clima Escolar e Valor Agregado Rede Estadual 4ª série/5º ano Rede Municipal 8,7% 19,0% 14,3% 15,1% 41,0% 37,2% 80,4% 59,5% 65,6% 72,4% 56,4% 51,3% 10,9% 21,4% 2,6% 20,1% 12,5% 11,5% Ruim Médio Bom Ruim Médio Bom Clima Escolar Clima Escolar Alto Valor Agregado Médio Valor Agregado Baixo Valor Agregado Alto Valor Agregado Médio Valor Agregado Baixo Valor Agregado Rede Estadual 8ª série/9º ano Rede Municipal 16,0% 38,0% 23,5% 62,5% 47,7% 57,8% 59,3% 51,9% 65,4% 24,7% 10,1% 32,5% 5,0% 11,1% 48,5% 37,5% 3,8% 4,7% Ruim Médio Bom Ruim Médio Bom Clima Escolar Clima Escolar Alto Valor Agregado Médio Valor Agregado Baixo Valor Agregado Alto Valor Agregado Médio Valor Agregado Baixo Valor Agregado Fonte de dados básicos: Paebes/CAEd. REVISTA DA GESTÃO ESCOLAR 21

5 Os resultados da avaliação Nesta seção são apresentados os resultados dos estudantes desta escola na avaliação do Paebes 2012. Para uma interpretação apropriada do desempenho da escola, encontram-se a seguir os resultados de proficiência média, participação e distribuição dos estudantes por Padrão de Desempenho; bem como análises contextuais, baseadas nos questionários aplicados junto aos testes. Esses resultados têm como objetivo oferecer à escola um panorama do desempenho dos estudantes avaliados em todas as etapas de escolaridade e áreas de conhecimento no ciclo 2012. Legenda explicativa para o quadro de resultados de desempenho e participação Resultados: é explicitado o desempenho da escola e das demais instâncias por disciplina e etapa de escolaridade. Edição: ano em que a prova foi aplicada e ao qual o resultado se refere. Proficiência média: grau ou nível de aproveitamento na avaliação. Desvio padrão: medida da variação entre as proficiências individuais (ou seja, das diferenças de proficiência entre os estudantes avaliados).»» Considerando um caso hipotético, em que todos os estudantes de uma mesma escola obtenham exatamente o mesmo resultado no teste, o desvio padrão é igual a zero, indicando que não houve variação de proficiência dentre os estudantes daquela escola. Valores menores de desvio padrão indicam, portanto, uma situação mais igualitária dentro da escola, pois apontam para menores diferenças entre os desempenhos individuais dos estudantes. Por outro lado, valores maiores de desvio padrão indicam que os estudantes da escola constituem 22 Paebes 2012 uma população mais heterogênea do ponto de vista do desempenho no teste, ou seja, mais desigual, de modo que se percebem casos mais extremos de desempenho, tanto para mais quanto para menos. Este dado indica o grau de equidade dentro da escola, sendo muito importante, pois um dos maiores desafios da Educação é promover o ensino de forma equânime. Nº previsto de estudantes: quantidade de estudantes calculada para participar da avaliação antes da realização da prova. Nº efetivo de estudantes: quantidade de estudantes que realmente responderam aos testes da avaliação. Participação (%): percentual de estudantes que fizeram o teste a partir do total previsto para a avaliação.»» Este percentual é importante, pois quanto mais estudantes do universo previsto para ser avaliado participarem, mais fidedignos serão os resultados encontrados e maiores as possibilidades de se implementar políticas que atendam a esse universo de forma eficaz. % de estudantes por Padrão de Desempenho: percentual de estudantes que, dentre os que foram efetivamente avaliados, estão em cada Padrão de Desempenho.

EXPERIÊNCIA EM FOCO Amor e dedicação pelo ensino Diretora promove união para superar dificuldades em escola Maria Helena Santos, Gestora em Escola Municipal Enfrentar os desafios de trabalhar em mais de uma escola e nem sempre poder contar com o apoio dos familiares com relação à vida escolar dos estudantes são elementos que fizeram parte dos 25 anos de carreira da diretora Maria Helena Santos. Formada em Licenciatura Plena em Pedagogia e pós-graduada em Supervisão Escolar pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Maria Helena afirma que escolheu a profissão por afinidade com o mundo educacional. Atualmente, a diretora se dedica apenas à Escola Municipal de Ensino Fundamental Ministro Petrônio Portella, que atende a 800 estudantes em dois turnos (matutino e vespertino). A instituição iniciou suas atividades em 1980 e pertencia à Rede Estadual; em 2005 foi municipalizada e em 2010 foi ampliada. A escola tem uma boa estrutura física e está em bom estado de conservação, descreve Maria Helena. A diretora ressalta ainda o importante trabalho dos 40 professores, que não medem esforços para que realmente o aprendizado aconteça. São extremamente competentes e cumprem o seu papel com muito amor e dedicação. Vários fatores interferem na aprendizagem dos estudantes e, na escola liderada por Maria Helena, as principais dificuldades envolvem as famílias e a reprovação. Alguns responsáveis afirmam não ter tempo para acompanhar a vida escolar dos filhos. Para resolver essa dificuldade, a escola promove reuniões fora do horário de aula, cobra a responsabilidade dos familiares e intensifica a atenção aos estudantes. Já as reprovações nas séries finas também recebem bastante atenção REVISTA DA GESTÃO ESCOLAR 23

de Maria Helena. Ela explica que um dos fatores que contribuem para essas reprovações é o ingresso de estudantes vindos de outras escolas, sendo grandes os esforços para superarem essas dificuldades: os resultados da avaliação externa são de grande valia nesse processo. Análise, resultado e ação Para Maria Helena, a avaliação externa é um instrumento positivo que permite à escola diagnosticar o desempenho dos estudantes, especialmente no que se refere à leitura e à escrita. A diretora acredita também na importância da avaliação em larga escala e deseja que todas as turmas sejam avaliadas. A expectativa é que alcancemos resultados cada vez melhores. Com o objetivo de oferecer um ensino de qualidade, Maria Helena e a equipe na qual trabalha transformam os resultados das avaliações externas em ações efetivas. O desempenho de cada estudante é observado com muita atenção e, a partir do resultado alcançado, são elaboradas atividades visando à evolução cognitiva e a superação das prováveis dificuldades encontradas pelos estudantes. Nasceram, assim, projetos voltados para leitura e que focam o desenvolvimento do gosto por essa prática, como: Trilha Encantada, que leva a magia das obras literárias para dentro da casa dos estudantes, com a intenção de serem compartilhadas com toda a família; Clube do Livro e Bom Leitor, que tem como cenário a biblioteca, onde são oferecidas diversas possibilidades de leitura, colaborando para que os estudantes ampliem seus conhecimentos; e também o projeto Ciranda do Livro, desenvolvido dentro da sala de aula pelo professor de Língua Portuguesa. A análise criteriosa dos resultados da avaliação externa, juntamente com os professores, pedagoga e os pais, gera ainda atividades de atenção especial para as dificuldades do estudante, agindo diretamente no baixo rendimento. São elaboradas atividades diversificadas na sala da pedagoga, encaminhamento para o profissional da saúde conforme necessidade específica e, ainda, aulas de reforço. Tudo para melhorar a qualidade do ensino de nossa escola, conclui Maria Helena. O folclore a favor da educação Outra experiência positiva desenvolvida por Maria Helena tem como base as músicas do folclore brasileiro. Em uma turma em que metade dos estudantes não dominava a leitura e a escrita e a outra metade lia e escrevia com extrema dificuldade, a diretora propôs que essas crianças trouxessem para a sala de aula músicas folclóricas que elas mesmas pesquisavam. Essas canções eram copiadas, cantadas, declamadas, coreografadas e apresentadas durante o recreio. A atividade trabalhava a escrita, a leitura e a gramática. De forma lúdica, a criança acabava absorvendo o aprendizado. Ao final do ano letivo, os estudantes produziram uma pasta com todas as letras das músicas e compartilharam com outros colegas e também com os familiares. E foi através da brincadeira que Maria Helena ajudou os estudantes a superarem as dificuldades relacionadas ao processo de alfabetização. 24 Paebes 2012

Planejando cada passo Diretora melhora resultados utilizando a avaliação externa diariamente Elisângela Barcellos Patrocínio Nunes, Gestora em Escola Estadual Para a diretora Elisângela Barcellos Patrocínio Nunes, a avaliação externa é reflexo do processo de ensino-aprendizagem e do compromisso dos profissionais da educação. Gestora em uma escola estadual com aproximadamente 1.000 estudantes, 65 professores e 25 profissionais em outras áreas, Elisângela possui graduação em Química e especialização em Educação Técnica Profissional. A diretora que escolheu a carreira por gostar de ensinar conta que os maiores desafios da profissão estão em lidar com muitas frentes de trabalho ao mesmo tempo (pais, professores, estudantes, relações interpessoais, compras, prestação de contas, índices, entre outras). Acreditando que as avaliações externas devem ser utilizadas para se fazer intervenções em todas as disciplinas, Elisângela inicia os trabalhos com uma reunião com os professores para analisarem os resultados, identificarem os pontos fracos e, posteriormente, divulgarem a importância da avaliação externa para os estudantes e também para a comunidade. Ao longo do ano letivo, as avaliações orientam o trabalho pedagógico para que se reflita sobre o fazer diário, onde o professor deve aprofundar mais o conteúdo, para que os estudantes atinjam as competências necessárias, conta a diretora. A partir da análise dos pontos fracos da escola, foi possível constatar que os estudantes que chegam à primeira série do Ensino Médio apresentam dificuldade na leitura, escrita e nas operações básicas de Matemática, relata Elisângela. Com o objetivo de intervir e reverter essa situação, todo ano é elaborado um projeto para que os professores de todas as disciplinas trabalhem essas dificuldades e os estudantes superem suas limitações. Autonomia para melhores resultados Os resultados da escola estão melhorando a cada ano e todos se mostram comprometidos: a comunidade acredita na importância da avaliação e na sua capacidade de mostrar as fragilidades, principalmente em Língua Portuguesa e Matemática; os professores buscam incentivar cada vez mais os estudantes para que os dados sejam os mais fiéis possíveis e os próprios estudantes, que antes não entendiam a função da avaliação externa, hoje sabem que os resultados refletem o aprendizado deles. Este comprometimento aumenta as expectativas de Elisângela para que os resultados se tornem cada vez melhores e para que a escola possa cumprir seu papel de contribuir para a formação do cidadão da maneira mais completa possível. Para Elisângela, é necessário que se reveja as políticas públicas dentro das escolas e que os diretores tenham mais autonomia para atuar nas situações de deficiência detectadas. REVISTA DA GESTÃO ESCOLAR 25

REitOR DA universidade federal DE juiz DE fora HENRIQUE DUQUE DE MIRANDA CHAVES FILHO COORDEnAçãO GERAl DO CAEd LINA KÁTIA MESQUITA DE OLIVEIRA COORDEnAçãO técnica DO PROjEtO MANUEL FERNANDO PALÁCIOS DA CUNHA E MELO COORDEnAçãO DA unidade DE PESquiSA TUFI MACHADO SOARES COORDEnAçãO DE AnÁliSES E PuBliCAçõES WAGNER SILVEIRA REZENDE COORDEnAçãO DE instrumentos DE AvAliAçãO RENATO CARNAÚBA MACEDO COORDEnAçãO DE medidas EDuCACiOnAiS WELLINGTON SILVA COORDEnAçãO DE OPERAçõES DE AvAliAçãO RAFAEL DE OLIVEIRA COORDEnAçãO DE PROCESSAmEntO DE DOCumEntOS BENITO DELAGE COORDEnAçãO DE DESiGn DA COmuniCAçãO JULIANA DIAS SOUZA DAMASCENO RESPOnSÁvEl PElO PROjEtO GRÁfiCO EDNA REZENDE S. DE ALCÂNTARA

ESPÍRITO SANTO. Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo. PAEBES 2012/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd. v. 2 (jan/dez. 2012), Juiz de Fora, 2012 Anual. ARAÚJO, Carolina Pires; MELO, Manuel Fernando Palácios da Cunha e; OLIVEIRA, Lina Kátia Mesquita de; REZENDE, Wagner Silveira. Conteúdo: Revista da Gestão Escolar. ISSN 2237-8324 CDU 373.3+373.5:371.26(05)

Centro Cultural José Ribeiro Tristão Monte Agha