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Transcrição:

JURISPRUDÊNCIA E PARECERES Tribunal da Relação de Évora, Acórdão 22 Janeiro 2004 (Ref. 356/2004) Relator: José Manuel Bernardo Domingos Processo: 2128/03 Jurisdição: Cível Colectânea de Juriprudência, Nº 172 Tomo I/2004 (Janeiro/Fevereiro) Sumário ARRESTO PREVENTIVO. Indeferimento liminar de acção executiva. Falta de título executivo. Caducidade de Arresto. I - Deve ser decretada a caducidade de procedimento cautelar do arresto, se foi intentada, a seguir, acção executiva cujo requerimento inicial foi indeferido liminarmente, com trânsito em julgado, por falta de título executivo. II - É que tal indeferimento não se reconduz a uma absolvição da instância, mas antes a uma verdadeira decisão definitiva da improcedência da acção, que produz a extinção pura e simples da instância executiva, por manifesta impossibilidade da lide, enquadrando-se a situação na al. c) do nº 1 do art. 389º do CPC e não na al. d). R.B.C.L. Disposições aplicadas: arts. 234-A e 389.1.c CPC (Ref. 2/1961). Acordam em Conferência os Juízes da Secção Cível do Tribunal da Relação de Évora: Recorrente: A.. e B... Recorrido: C.. lda.*em 16/04/2003 os Agravantes intentaram arresto preventivo sobre o prédio misto denominado "Quinta Bacelo dos Prestos" (melhor identificado no art. 2 do requerimento inicial do procedimento cautelar) para garantia do pagamento de uma divida. A providência de arresto foi decretada sem audiência da parte contrária, nos termos das disposições conjugadas do art. 408, n. 1 e 385, n. 1, ambos do C. P. C. Assim, tendo o arresto sido decretado como preliminar de uma acção, os Agravantes tinham, nos termos do art. 389, n. 2 do C.P.C., 10 dias para interpor a acção, contados da notificação aos requerentes de que foi efectuada à requerida a notificação prevista no n. 5 do art. 385 do C.P.C.. Os Agravantes foram notificados para esse efeito em 02/05/2003, sendo que em 08/05/2003 intentaram acção executiva para pagamento de quantia certa, com processo ordinário, tendo apresentado como título executivo um contrato promessa de compra e venda do prédio, denominado "Quinta Bacelo dos Prestos", assinado em 26/07/2001 e com assinaturas reconhecidas no Cartório Notarial de Estremoz na mesma data. A M.ma Juíza do tribunal "a quo", proferiu o despacho liminar de fls 45 a 46 dos autos principais, no qual considerou que "o contrato promessa em causa não constitui título executivo, nos termos do art. 46, al. b) do C.P.C., não se trata de um documento que traduza a constituição ou o reconhecimento da obrigação, nem de qualquer das outras situações previstas no referido artigo". Assim, o tribunal "a quo", atendendo à alegada falta de título executivo, indeferiu liminarmente o Wolters Kluwer Portugal, Unipessoal, Lda. Data de impressão 9 de Abril de 2010 Pág. 1

requerimento inicial de execução, nos termos do art. 811 -A, n. 1, al. a) do C.P.C. Na sequência desta decisão e por douto despacho proferido em 17/06/2003 a fls 92 dos autos do procedimento cautelar, o Tribunal "a quo", declarou extinto este procedimento e declarou a caducidade do arresto decretado, nos termos do art.º 389, n. 1 al. c) do C.P.C.. Os ora Agravantes vieram requerer a reforma do referido despacho ao abrigo do art.º 669 n 2 al. a) do C.P.C., argumentando que a providência não havia ainda caducado. Em resposta a este requerimento, a Mma. Juíza, por despacho de fls. 59 dos presentes autos (fls. 107 dos autos principais), indeferiu o requerido, mantendo a dita decisão. Inconformados vieram os recorrentes agravar, tendo, nas suas alegações formulado as seguintes conclusões: «1 - O presente recurso tem por objecto o despacho de fls 92, proferido nos autos do procedimento cautelar de arresto, o qual, tendo em conta a decisão de fls 45 e 46 proferida nos autos principais, considerou extinto o procedimento cautelar e declarou a caducidade do arresto decretado, nos termos do art. 389, n. 1 al. c) do C.P.C. 2 - Os Agravantes instauraram dentro do prazo legal (art. 389, n. 2 do C.P.C) a acção executiva para pagamento de quantia certa, tendo o Tribunal "a quo" indeferido liminarmente o requerimento inicial de execução com fundamento na falta de título executivo (art. 811 -A, n 1, al. a). 3- Os Agravantes discordam com o entendimento perfilhado pelo Tribunal "a quo" que considerou extinto o procedimento cautelar e caduca a providência decretada de arresto com fundamento que a acção principal foi julgada improcedente, por decisão transitada em julgado. 4 - Os Agravantes discordam da interpretação feita pelo Tribunal "a quo" que considerou que o despacho que indeferiu liminarmente o requerimento executivo, por falta de título, não correspondeu a uma absolvição da instância. 5 - O Tribunal "a quo", ao ter indeferido in limine o requerimento inicial, com fundamento na falta do título ( cfr. art. 811 -A, al. a) não se pronunciou sobre o mérito da pretensão invocada pelos Agravantes no seu requerimento inicial de execução. 6- O referido despacho de indeferimento liminar não é mais do que uma absolvição da instância, uma vez que a falta ou insuficiência do título executivo traduz-se na falta de um pressuposto processual específico da execução, o que conduz à absolvição do executado da instância executiva ( art. 493, n. 2 e 466, n 1 do C.P.C.). 7 - Ao invés da improcedência da acção, a absolvição da instância não determina a imediata extinção do procedimento e caducidade da providência. 8 - Da interpretação conjunta do art. 389 al. d) e do art. 289, n. 2, ambos do C.P.C., os Agravantes dispunham de 30 dias para intentar a acção principal de que depende o arresto. 9 - No caso "sub judice", os Agravantes respeitaram o prazo do art. 289, n. 2 (o trânsito em julgado do despacho que indeferiu liminarmente o requerimento executivo ocorreu 10 dias após o dia 29/05/2003, ou seja, em 08.06.2003, e os Agravantes intentaram uma nova acção declarativa de condenação no Tribunal da Comarca de Évora), pelo que o procedimento cautelar não se encontra extinto nem a respectiva providência cautelar de arresto caducou. 10 - Consequentemente, não deveria ter sido considerado extinto o procedimento cautelar e caduca a providência de arresto. 11 - O despacho sob recurso violou, assim, os art. 389, al. c) e d), art. 289, n 2, art. 493, n. 2 e 466, n. 1, todos do C.P.C.» *A Srª Juíza, sustentou e manteve o despacho recorrido.*na perspectiva da delimitação pelo recorrente (1), (1) O âmbito do recurso é triplamente delimitado. Primeiro é delimitado pelo objecto da acção e pelos eventuais casos julgados formados na 1.ª instância recorrida. Segundo é delimitado objectivamente pela parte dispositiva da sentença que for desfavorável ao recorrente (art.º 684º, n.º 2 2ª parte do Cód. Proc. Civil) ou pelo fundamento ou facto em que a parte vencedora decaiu (art.º 684º-A, n.ºs 1 e 2 do Cód. Proc. Civil). Terceiro o âmbito do recurso pode ser limitado pelo recorrente. Vd. Sobre esta matéria Miguel Teixeira de Sousa, Estudos Sobre o Novo Processo Civil, Lex, Wolters Kluwer Portugal, Unipessoal, Lda. Data de impressão 9 de Abril de 2010 Pág. 2

os recursos têm como âmbito as questões suscitadas pelos recorrentes nas conclusões das alegações (art.ºs 690º e 684º, n.º 3 do Cód. Proc. Civil) [2], salvo as questões de conhecimento oficioso (n.º 2 in fine do art.º 660º do Cód. Proc. Civil). Das conclusões do recurso resulta que o mesmo tem como fundamento apenas uma questão; Saber se perante despacho (transitado em julgado) de indeferimento liminar do requerimento executivo, por falta de título, pode ser declarada a caducidade da providência cautelar de arresto intentada como preliminar da referida acção nos termos do n.º 1 al. c) do art.º 389 do CPC, ou se tal só ocorre se não for intentada nova acção no prazo de 30 dias, por tal situação se enquadrar na previsão do n.º 1 al. d) daquele artigo.* **Colhidos os vistos legais, cumpre apreciar e decidir. Sustentam os recorrentes que no caso dos autos a decisão de indeferimento liminar do requerimento inicial da acção executiva, com fundamento na falta de título executivo, corresponde a uma absolvição da instância e como tal enquadrase na previsão da al. d) do n.º 1 do art.º 389º do CPC e não na sua al. c), como decidiu a srª Juíza. A factualidade relevante para a decisão da causa e sobre a qual não existe qualquer divergência, é a enunciada supra. E em face dela não nos parece que assista razão à recorrente. Efectivamente a situação que justifica a dilação concedida na al. d) do n.º 1 do art.º 389 do CPC, ao requerente da providência, fundamenta-se em factos que determinam a absolvição dos RR. da instância como sejam os que constituem excepções dilatórias não supríveis oficiosamente e para as quais, por razões de celeridade e economia processual, se concedeu ao A. a possibilidade de aproveitar, até onde era razoável, os efeitos da propositura da acção inicial, desde que suprisse as deficiências que conduziram à absolvição da instância, no prazo de 30 dias a contar do trânsito em julgado daquela decisão (art.º 289º n.º 2 do CPC). Neste preceito fala-se em «SENTENÇA» transitada em julgado ou seja a decisão tem que constar duma sentença propriamente dita (art.º 659º do CPC) ou de despacho equivalente, como seja o despacho saneador que conheça das excepções e pressupostos processuais que conduzem à absolvição da instância, mas que sejam supríveis!! [3] Este dois preceitos estão intimamente ligados e no fundo tratam das mesmas situações. Daí que o benefício concedido seja idêntico. Lisboa -1997, págs. 460-461. Sobre isto, cfr. ainda, v. g., Fernando Amâncio Ferreira, Manual dos Recursos, Liv. Almedina, Coimbra - 2000, págs. 103 e segs. [2] Vd. J. A. Reis, Cód. Proc. Civil Anot., Vol. V, pág. 56. [3] Se forem insupríveis não é possível a repetição da acção com aproveitamento dos efeitos, excepto no caso da incompetência absoluta onde verificados os condicionalismos previstos no art.º 105 º n.º 2 do CPC, é ainda possível ao A. (e ao R. já que se impõe o acordo de ambos) aproveitar os articulados, mas não já os efeitos civis da propositura da acção. [4] A acção executiva supõe, necessariamente, um título executivo que, nesta espécie de acções, corresponde à causa de pedir. II - O título executivo é condição necessária da execução, na medida em que os actos executivos não podem ser praticados senão na presença dele e é também condição suficiente da acção executiva, uma vez que, na sua presença, seguir-se-á imediatamente a execução, sem necessidade de qualquer indagação prévia sobre a não existência do direito a que se refere. III - É pela análise do título executivo que se há-de determinar a espécie da prestação e da execução que lhe corresponde (pagamento de quantia certa, entrega de coisa certa ou prestação de facto), bem como o "quantum" da prestação, isto é, a extensão e o conteúdo da obrigação do executado e, consequentemente, até onde pode ir a acção do exequente.. cfr. por todos, já que a jurisprudência é uniforme, Ac. do STJ de 09/02/94, n.º convencional JSTJ00021981, in www.dgsi.pt. [5] Cfr. Ac. do STJ de 24/11/83, in BMJ, 331, pag. 469, onde se afirma que, «indeferida liminarmente a petição inicial de uma acção executiva por força de falta de prova da causa de pedir, não pode a nova petição, apresentada à luz do art.º 476º n.º 1 do CPC, basear-se em causa de pedir diversa. [6] Veja-se que anteriormente na al. c) do n.º 1 do art.º 389º do CPC, se falava em sentença («se a acção vier a ser julgada improcedente por sentença transitada...) e agora fala-se em decisão!!. è sintomático que esta alteração não é apenas semântica. Com ela pretendeu-se dar cobertura às situações irreversíveis de improcedência manifesta independentemente de serem verificadas e decididas em sentença ou por simples despacho. Wolters Kluwer Portugal, Unipessoal, Lda. Data de impressão 9 de Abril de 2010 Pág. 3

Ora no caso dos autos e salvo o devido respeito pela opinião dos recorrentes a situação que ditou o indeferimento liminar do requerimento inicial da acção executiva a que, no entender dos agravantes, deveria ser apensa a providência, não é de forma alguma suprível!!. A falta de título executivo não é suprível em qualquer circunstância!!... O TÍTULO ou existe ou não existe... e sem título não pode haver acção executiva pois o título constitui a causa de pedir neste tipo de acções [4] e é normalmente, por ele que se aferem o pedido, e os demais pressupostos processuais. Sem ele a lide executiva é manifestamente improcedente ou mesmo impossível!!! Assim o despacho de indeferimento liminar, com fundamento na inexistência de título é uma verdadeira decisão definitiva de improcedência da acção e não uma simples decisão interlocutória ou provisória. Na verdade a falta de título, que consubstancia a causa de pedir e o pedido na acção executiva não existem e o que não existe não pode, pela natureza das coisas sequer ser corrigido...! Ora a previsão dos art.ºs 289º n.º 2 e a al. d) do n.º 1 do art.º 389º do CPC pressupõe a possibilidade de correcção do erro ou vício que determinou a absolvição da instância e não a instauração de uma acção absolutamente nova, como sucede no caso dos autos em que se pretende substituir a improcedente acção executiva por uma declarativa. Entre as duas acções nem as causas de pedir, nem os pedidos podem ser idênticos e portanto, nestes casos nem sequer o benefício previsto no art.º 476º n.º 1 será admissível, [5] quanto mais o reclamado pelos agravantes!!... O indeferimento liminar nestas circunstâncias, ao contrário do que afirmam os agravantes, não se reconduz a uma absolvição da instância, mas antes à extinção pura e simples da instância executiva por manifesta impossibilidade da lide... ( já que nem permite o recurso ao benefício previsto no art.º 476º paro o indeferimento liminar (art. 234-Aº n.º 1 do CPC) ou recusa da petição pela secretaria. Esta situação não é em nada semelhante ao indeferimento liminar por falta de um pressuposto processual suprível e por isso não pode ter o tratamento previsto para uma decisão de simples absolvição da instância [6], já que como se disse é muito mais do que isso.. é simultaneamente uma situação de manifesta improcedência e de impossibilidade da lide (art.º 287º al. e) do CPC) e portanto "sem remédio". Assim bem decidiu a Srª Juíza, ao proferir o despacho recorrido e ao indeferir o pedido de reforma do mesmo, já que a situação dos autos não é enquadrável na previsão da al. d) do n.º 1 do Art.º 389º do CPC, mas sim na al. c), daquele normativo.* Concluindo * 1- Sendo requerida e decretada uma providência cautelar, como preliminar duma acção executiva ela caducará se esta acção for indeferida liminarmente por inexistência de título executivo nos termos do n.º 1 al. c) do art.º 389 do CPC. 2- O indeferimento liminar com fundamento na falta de título executivo, constitui uma decisão de improcedência manifesta, ainda que liminar. 3- A improcedência nestas circunstâncias traduz uma impossibilidade da lide executiva e conduz à extinção da instância executiva e não à simples absolvição da instância, 4- pelo que nunca o requerente poderá socorrer-se do benefício previsto quer na al. d) do n.º 1 do art.º 389º quer no n.º 1 do art.º 234-A, ambos do CPC. * DECISÃO Pelo exposto entendemos que não foi cometido qualquer agravo nem foram violados nenhuns dos preceitos invocados nas conclusões, designadamente os art. 389, al. c) e d), art. 289, n 2, art. 493, n. 2 e 466, n. 1, todos do C.P.C.. Assim nega-se provimento ao agravo e confirma-se o despacho recorrido.*custas pelos agravantes. Évora 22 de Janeiro de 2004 ( Bernardo Domingos - Relator) Wolters Kluwer Portugal, Unipessoal, Lda. Data de impressão 9 de Abril de 2010 Pág. 4

( José Feteira - 1º Adjunto) ( Rui Machado e Moura - 2º Adjunto) Wolters Kluwer Portugal, Unipessoal, Lda. Data de impressão 9 de Abril de 2010 Pág. 5