PERFIL ANTROPOMÉTRICO DOS POLICIAIS MILITARES DE UM BATALHÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO RIO DE JANEIRO Viviane Mukim de Moraes Michele Furtado RESUMO Os estudos de avaliação nutricional de policiais militares são escassos na literatura. O ritmo diário e as condições estressantes que envolvem o trabalho dessa classe associados a uma má alimentação e aos hábitos de vida nocivos podem ocasionar o aumento de gordura corporal e contribuir para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. (MARIOTTO & TAMARIBUTI, 2009). O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de sobrepeso e obesidade, risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares por meio da mensuração da circunferência abdominal de policiais da ativa lotados no 7º Batalhão da Polícia Militar (BPM).Dos policiais avaliados, 12 (27,3%) encontrava-se com sobrepeso e 8 (18,2%) apresentavam algum grau de obesidade. Estes dados foram maiores do que os registrados pela pesquisa VIGITEL de 2011 no estado do Rio de Janeiro, onde foi verificada uma prevalência de sobrepeso nos homens na ordem de 16% (MS-VIGITEL, 21011). O perfil nutricional dos brasileiros tem revelado que as prevalências de sobrepeso e obesidade cresceram de maneira importante nos últimos trinta anos. Neste sentido, dada a prevalência de obesidade de 8,8% nos homens adultos brasileiros, a prevalência de obesidade nos militares desse estudo pode ser considerada elevada (BRASIL, MS; 2011). Apenas 5 (11,4%) policiais apresentaram risco muito elevado de complicações metabólicas associadas à obesidade, de acordo com o valor de CA (circunferência abdominal). Sabe-se que a circunferência abdominal isoladamente vem mostrando boa correlação com a quantidade de gordura abdominal associada ao processo saúde-doença, sendo que as alterações observadas na CA são consideradas preditores de risco para doenças cardiovasculares (OLIVEIRA, et al, 2010). Enfim, elevadas taxas de sobrepeso e obesidade foi encontrada na amostra de militares estudada ressaltando a importância de um acompanhamento clíniconutricional, a fim de prevenir e monitorar riscos de doenças cardiovasculares e melhora da qualidade de trabalho e de vida deste segmento da população. Palavras-chaves: sobrepeso, militares, risco de doenças cardiovasculares
INTRODUÇÃO A transição nutricional mostra mudanças nos hábitos alimentares caracterizada por uma elevação no consumo alimentar e na prevalência de obesos na população, principalmente entre adultos trabalhadores. (FILHO & RISSIN, 2003). A antropometria tem papel essencial tanto no diagnóstico da desnutrição quanto da obesidade. É um procedimento prático, simples e confiável, possibilitando a comparação com um padrão de referência, sendo que estas medidas refletem a ingestão inadequada ou em excesso dos alimentos, atividade física insuficiente e doenças. Os estudos de avaliação nutricional de policiais militares são escassos na literatura. O ritmo diário e as condições estressantes que envolvem o trabalho dessa classe associados a uma má alimentação e aos hábitos de vida nocivos podem ocasionar o aumento de gordura corporal e contribuir para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. (MARIOTTO & TAMARIBUTI, 2009) O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de sobrepeso e obesidade, risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares por meio da mensuração da circunferência abdominal de policiais da ativa lotados no 7º Batalhão da Polícia Militar (BPM). Os policiais militares foram submetidos à entrevista individual para conhecimento de dados pessoais, como idade, tempo de serviço, atividade desenvolvida na instituição, e indicadores antropométricos de adiposidade. Os indicadores antropométricos de adiposidade estudados foram: índice de massa corporal e circunferência abdominal.
METODOLOGIA Os policiais militares foram submetidos à entrevista individual para conhecimento de dados pessoais, como idade, tempo de serviço, atividade desenvolvida na instituição, e indicadores antropométricos de adiposidade. Os indicadores antropométricos de adiposidade estudados foram: índice de massa corporal e circunferência abdominal. Durante a realização da antropometria, os indivíduos permaneceram em posição ereta, sem sapatos, sem arma, com o abdômen relaxado, braços estendidos ao longo do corpo e pés juntos. A verificação do peso corpóreo foi feita utilizando-se balança digital da marca Tanita, com capacidade para 150kg e variação de 0,1kg. A verificação da estatura foi realizada mediante utilização de fita métrica inelástica de 150cm de comprimento, afixada em parede plana, sem rodapé, a 50cm do chão. A partir da verificação do peso e da estatura, calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC; kg/m 2 ), mediante divisão do peso corpóreo (kg) pela estatura (m 2 ). Para classificação do IMC utilizou-se o critério proposto pela Organização Mundial da Saúde, que estabelece os seguintes limites de corte e seus respectivos diagnósticos nutricionais: Eutrofia de 18,5 a 24,9kg/m 2 ; Sobrepeso de 25,0 a 29,9 kg/m 2 ; Obesidade grau I de 30,0 a 34,9kg/m 2 ; Obesidade grau II de 35 a 39,9kg/m 2 ; Obesidade grau III >40,0kg/m 2. Para verificação da circunferência abdominal utilizou-se fita métrica inelástica de 150cm, sendo a medida realizada no ponto médio entre a crista ilíaca e o rebordo costal inferior. Os valores de circunferência abdominal >102cm foram considerados de risco muito elevado para complicações metabólicas associadas à obesidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos policiais avaliados, 12 (27,3%) encontrava-se com sobrepeso e 8 (18,2%) apresentavam algum grau de obesidade. Estes dados foram maiores do que os registrados pela pesquisa VIGITEL de 2011 no estado do Rio de Janeiro, onde foi verificada uma prevalência de sobrepeso nos homens na
ordem de 16% (MS-VIGITEL, 21011). O perfil nutricional dos brasileiros tem revelado que as prevalências de sobrepeso e obesidade cresceram de maneira importante nos últimos trinta anos. Neste sentido, dada a prevalência de obesidade de 8,8% nos homens adultos brasileiros, a prevalência de obesidade nos militares desse estudo pode ser considerada elevada (BRASIL, MS; 2011). Apenas 5 (11,4%) policiais apresentaram risco muito elevado de complicações metabólicas associadas à obesidade, de acordo com o valor de CA (circunferência abdominal). Sabe-se que a circunferência abdominal isoladamente vem mostrando boa correlação com a quantidade de gordura abdominal associada ao processo saúde-doença, sendo que as alterações observadas na CA são consideradas preditores de risco para doenças cardiovasculares (OLIVEIRA, et al, 2010). Há uma tendência crescente da elevação do sobrepeso e obesidade na população brasileira e a sua associação com fatores de risco cardiovascular é de extrema importância à adoção de intervenções visando reduzir o peso corporal, em especial a gordura abdominal para a prevenção e controle das doenças cardiovasculares na população (MONTEIRO et al., 2000; NEVES, 2008). Ainda com relação à distribuição central de gordura, outros estudos (CASTRO, et al, 2004; PEIXOTO, et al, 2006)) encontraram relação positiva com a prevalência de hipertensão, demonstrando associação entre gordura abdominal e aumento da prevalência de outros fatores de risco para doenças cardiovasculares. Tabela 1: Classificação dos policiais militares lotados no 7º Batalhão da Polícia Militar de São Gonçalo, segundo IMC Indicador IMC Nº de sujeitos Percentual Baixo peso < 18,5 1 4,4% Peso normal 18,5-24,99 23 52,3% Sobrepeso 25-29,99 12 27,3% Obesidade > 30 8 18,2 % Tabela 2: Classificação dos policiais militares lotados no 7º Batalhão da Polícia Militar de São Gonçalo, segundo CC (circunferência da cintura) Indicador IMC Nº de sujeitos Percentual Normal < 0,94 39 88,6% Excesso de gordura abdominal > 0,94 5 11,4%
CONCLUSÃO Elevadas taxas de sobrepeso e obesidade foi encontrada na amostra de militares estudada ressaltando a importância de um acompanhamento clíniconutricional, a fim de prevenir e monitorar riscos de doenças cardiovasculares e melhora da qualidade de trabalho e de vida deste segmento da população. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FILHO, Malaquias Batista & RISSIN, Anete. Transição Nutricional no Brasil: Tendências Regionais e Temporais. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S181-S191, 2003 MARIOTO & TAMARIBUTI. Estado Nutricional de Militares em uma unidade do Exercito da cidade de Cascavel Paraná. MINISTÉRIO DA SAÚDE. VIGITEL - Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no distrito federal em 2011 BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica, n. 12. Série A. Normas e Manuais Técnicos. [acessado 2012 ago 11 ]. Disponível em: http://dtr2004.saude.gov.br/nutricao/documentos/doc_obesidade.pdf Brasília OLIVEIRA, M.A.M.; FAGUNDES, R.L.M., MOREIRA, E.A.M., TRINDADE, E.B.S.M.; CARVALHO. Relação de indicadores antropométricos com fatores de risco para doença cardiovascular. Arq. Bras. Cardiol. vol.94 no.4 São Paulo Apr. 2010 CASTRO, L.C.V; FRANCESCHINI, S.C.C.; PRIORE, E.; PELÚZIO, M.C.G. Nutrição e doenças cardiovasculares: os marcadores de risco em adultos. Rev. Nutr. vol.17 no.3 Campinas July/Sept. 2004 PEIXOTO e cols. Circunferência da cintura e índice de massa corporal como preditores da hipertensão arterial. Arq Bras Cardiol 2006; 87: 462-470 NEVES, E. B. Prevalência de sobrepeso e obesidade em militares do exército brasileiro: associação com a hipertensão arterial. Rev. Ciência e Saúde Coletiva, v. 13, n. 5, p. 1661-1668, set./out. 2008. MONTEIRO, C.A. et al. Shifting obesity trends in Brazil. Eur J Clin Nutr, v. 54, n. 4, p. 342-346, 2000.