Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola Politécnica TURMA MBCA-3 JUSTIFICATIVA PARA ADOÇÃO DE SOFTWARE LIVRE

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Transcrição:

Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica TURMA MBCA-3 Legislação em Computação Software Livre e Software Proprietário JUSTIFICATIVA PARA ADOÇÃO DE SOFTWARE LIVRE CENÁRIO 2 Autor: Filipe Ventura Muggiati Orientador UFRJ: Prof. Marco Túlio de Barros e Castro Junho de 2011

SUMÁRIO 1. Introdução...3 1.1 Objetivos...3 2. Diferença entre software livre e software proprietário dos pontos de vista legal e técnico...4 2.1 Direito Autoral e Licenciamento...4 3. Vantagens do Software livre e do Software proprietário...6 3.1 Vantagens do Software Proprietário...6 3.2 Vantagens do Software Livre...6 4. Desvantagens do Software proprietário...7 4.1 Forma de Utilização...7 4.2 Acesso ao Código Fonte...7 4.3 Segurança...7 5. Conclusões...8 6. Referências Bibliográficas...9 7. ANEXO I...10 2

1. Introdução O orçamento de grandes empresas com o licenciamento de software hoje, representa uma significativa parcela de suas despesas. Mesmo assim, muitas empresas ainda enfrentam grandes dificuldades no processo de integração de seus diversos módulos/sistemas proprietários de gestão, reduzindo sua eficiência. Além disso, as equipes de TI encontram grandes dificuldades técnicas para customizarem as ferramentas de acordo com as necessidades específicas de seus usuários e às características do negócio. Assim, este trabalho pretende abordar as divergências entre o licenciamento de software proprietário e o livre e indicar quais devem ser os critérios a serem adotados na escolha do tipo de licenciamento. 1.1 Objetivos Apresentar argumentos técnicos, gerenciais e legais que justifiquem a implantação de software livre em um parque tecnológico de uma grande organização 1. 1 Ver Anexo I: Cenário 2 da proposta de Trabalho. 3

2. Diferença entre software livre e software proprietário dos pontos de vista legal e técnico Legalmente, não há diferença entre software livre e software proprietário. Ambos são caracterizados, sem nenhuma distinção, como software, conforme define o Art. 1º da Lei n. 9.609/98 [1]. Art. 1º Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados. Portanto, todos os direitos e obrigações jurídicas observadas pelo software proprietário devem também ser observadas pelo software livre. 2.1 Direito Autoral e Licenciamento A Lei brasileira considera os softwares como obras intelectuais, que por sua vez são protegidas por direitos autorais, o que confere a seus autores o direito de dispor sobre a sua forma de utilização e comercialização, que exercem esta prerrogativa na forma de licenciamento [1]. Art. 2º O regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador é o conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no País, observado o disposto nesta Lei. Observa-se que este licenciamento deve ser interpretado, do ponto de vista jurídico, de forma restritiva. Ou seja, o usuário, detentor de uma autêntica licença, só poderá utilizar o software, ressalvadas as exceções previstas no art. 6º da Lei n. 9.609/98, na forma expressamente 4

definida na licença, o que pode muitas vezes restringir, de forma demasiada, a utilização e o potencial do software. Portanto, o que realmente diferencia o software livre de um software proprietário é justamente a forma de licenciamento. Enquanto o software proprietário se preocupa em proteger de todas as formas possíveis o interesse financeiro do seu proprietário, a licença de um software livre busca, entre outras coisas, criar e manter uma estrutura de desenvolvimento aberta, ou livre, para os interessados, permitindo acesso ao código fonte e exigindo a continuidade desta liberdade, resultando em uma evolução técnico/científica colaborativa. 5

3. Vantagens do Software livre e do Software proprietário. Diante do que foi apresentado no capítulo 2, é importante observar que a comparação entre software proprietário e livre deste capítulo vai além do efeito propriamente dito da forma de licenciamento e abrange também as estratégias comuns de mercado, adotadas pelas empresas que comercializam software sob licenças proprietárias e livres, como garantias e preço. 3.1 Vantagens do Software Proprietário As empresas que comercializam software sobre o modelo de licenciamento proprietário normalmente costumam oferecer: Melhor suporte técnico para acompanhar o usuário na instalação e manutenção da utilização do aplicativo. Atualizações para corrigir erros e falhas de seguranças que, eventualmente, venham a ser descobertas. Melhor acabamento na interface com o usuário. Documentação extensa; 3.2 Vantagens do Software Livre Já as empresas que comercializam software sobre o modelo de licenciamento proprietário normalmente costumam oferecer [3]: Acesso ao código fonte; Permissão para realizar modificações ou aperfeiçoamentos no software; Permissão para redistribuição; Permissão para execução para qualquer propósito. Baixo Custo; 6

4. Desvantagens do Software proprietário. As características do licenciamento do software proprietário limitam muito sua utilização. Esta limitação tem influência em diversos pontos importantes, que devem ser devidamente considerados na análise de sua adoção. 4.1 Forma de Utilização A primeira restrição é a sua utilização para integração de sistemas maiores. Neste caso, é lamentável conviver com dificuldades legais em um contexto que deveria estar limitado apenas às dificuldades e inviabilidades técnicas. Mas as licenças proprietárias estão a todo momento restringindo e impossibilitando a integração de módulos de softwares que poderiam, de forma integrada aumentar a eficiência e a confiabilidade dos processos da empresa. 4.2 Acesso ao Código Fonte Ter que adaptar os processos à uma solução específica, estabelecida muitas vezes por uma empresa de outro país, que vive em outra realidade, é no mínimo frustrante. Isto ocorre com frequência na utilização dos softwares proprietários, onde os usuários se vêem obrigados a adaptares suas atividades às possibilidades oferecidas pelo software. Além disso, o acesso ao código fonte permitiria uma integração muito mais confiável e robusta entre os sistemas, pois todas as limitações e restrições seriam conhecidas a priori. 4.3 Segurança Nada é mais seguro e robusto que um software livre de grande porte. Isto se deve ao fato de que milhares de pessoas inspecionam o seu código fonte em busca de erros ou falhas de segurança. O que não ocorre com um software proprietário, que sempre conta com uma equipe limitada de teste e qualidade. Por isso, aplicações críticas, que envolvem segurança, tem um grande ganho técnico utilizando software livre, pois contam com uma equipe ilimitada de auditores do código. 7

5. Conclusões Do ponto de vista jurídico, tanto o software livre quanto o software proprietário possuem a mesma definição e devem observar os mesmo direitos e obrigações. Porém, é na forma de licenciamento que o software livre se difere do software proprietário. Uma licença que permita uma utilização mais adequada e garanta acesso ao código fonte terá um impacto imediato na eficiência e confiabilidade do projeto. Também é interessante observar como grandes projetos como o Servidor Web Apache, o navegador web Mozilla Firefox e a IDE Eclipse, muitas vezes apoiados por grandes empresas como a IBM 2, se adaptaram perfeitamente a este modelo de licenciamento. Ou seja, se observa que a formação de uma rede colaborativa de desenvolvimento tem um grande potencial, talvez não tão imediato e objetivo como o retorno financeiro da venda de uma licença, mas que pode, a longo prazo, tornar o projeto muito mais robusto, confiável e eficiente. Além disso, uma forma de licenciamento que tem, como uma de suas premissas, a permissão para a realização de modificações ou aperfeiçoamentos no software 3, reduz significativamente os riscos relacionados à intervenções de terceiros, reivindicando direitos autorais devido às modificações realizadas pela equipe interna de TI para adaptar e integrar o software às necessidades específicas da organização. Portanto, a decisão de se optar pelo software livre ou proprietário deve se orientar na finalidade e na forma de uso que o software terá e observar que a necessidade de acesso ao código fonte, permissão para modificações e execução para qualquer propósito, são indicativos claros de que o software livre será uma boa escolha. 2 Eclipse é uma IDE desenvolvida em Java, com código aberto para a construção de programas de computador. O projeto Eclipse foi iniciado na IBM que desenvolveu a primeira versão do produto e doou-o como software livre para a comunidade. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/eclipse_(ide) 3 Capítulo 3.2. 8

6. Referências Bibliográficas [1] LEI nº 9.609, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998; [2] Marco Túlio Barros Castro e Deana Weikersheimer - SOFTWARE LIVRE X SOFTWARE PROPRIETÁRIO; [3] Free Sofware Fondation http://www.fsf.org/about/what-is-free-software; 9

7. ANEXO I Trabalho - Case a ser Analisado Você faz parte de uma equipe de gerência de TI de uma grande organização. O core business da organização não é tecnologia, mas ela trabalha com ferramentas diversas e o orçamento para o setor é altíssimo. Sua vida estava bastante tranquila, pois o parque tecnológico já instalado conta com quantidade razoável de software proprietários. Acontece que, em função de algumas intervenções de terceiros, reivindicando direitos autorais, a Administração da empresa, que repetimos, não entende de tecnologia, determinou um estudo por parte da sua gerência, com vista à implantação de software livre. Esta decisão tomou toda a equipe de surpresa e está gerando uma grande confusão no mercado. Você foi nomeado como o Gerente deste Projeto. Cenário 1: Você não gosta do software livre, mas em função dos últimos acontecimentos, deve se posicionar pela manutenção do parque instalado. Quais os argumentos técnicos, gerenciais e legais que você utilizaria para fazer valer a sua informação, sem qualquer constrangimento, para a Administração, informando: (i) Diferença entre software livre e software proprietário dos pontos de vista legal e técnico; (ii) Vantagens do Software livre e do software proprietário; 10

(iii) Desvantagens do Software livre; (iv) Conclusão. Cenário 2: Você esta realizado, pois sempre achou que esta migração seria fundamental. Você tem um problema sério com os seus pares, que têm influência na Administração e vão fazer de tudo para que isto não aconteça. Quais os argumentos técnicos, gerenciais e legais que você utilizaria para fazer valer a sua informação, sem qualquer constrangimento, para a Administração, informando: (i) Diferença entre software livre e software proprietário dos pontos de vista legal e técnico. (ii) Vantagens do Software livre e do software proprietário. (iii) Desvantagens do Software proprietário. (iv) Conclusão. 11