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- mental do acusado - Previsão legal: artigo 149 154 do CPP - O incidente é instaurado quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado. - Para aferir a sua capacidade de compreensão do ilícito ou de determinação de acordo com esse entendimento à época da infração. - Não é possível a condenação e consequente aplicação da pena ao inimputável, nos termos do artigo 26, caput do Código Penal.

- Para que o agente possa ser responsabilizado pelo fato típico e ilícito por ele praticado é preciso que seja imputável (a imputabilidade é um dos elementos da culpabilidade). - Ao inimputável deverá ser aplicada medida de segurança, como consequência necessária à sua absolvição em face da existência de uma causa de isenção de pena. Ao semi imputável impõe uma condenação, incidindo uma redução na pena que lhe for aplicada.

- Portanto, ao inimputável será aplicado uma medida de segurança, cuja finalidade difere da pena, pois se destinam à cura ou ao tratamento daquele que praticou o crime. - A sentença que absolve o inimputável e lhe aplica uma medida de segurança possui natureza jurídica de sentença absolutória imprópria ( tem uma carga condenatória com a internação ou tratamento ambulatorial).

- A medida de segurança não tem prazo certo de duração, havendo a previsão tão somente de um prazo mínimo. - Artigo 97 parágrafo 1º do CP a internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1(um) a 3(três) anos. - A ausência de prazo máximo viola o princípio constitucional que veda a prisão perpétua, não sendo constitucionalmente aceitável uma privação de liberdade perpétua (artigo 5º, inciso XLVII b da CR/88).

- Prevalece o entendimento nos Tribunais Superiores de que o tempo de cumprimento da medida de segurança, na modalidade internação ou tratamento ambulatorial, deve ser limitado ao máximo da pena abstratamente cominada ao delito, não ultrapassando a 30 anos (HC 208336/SP ) - Análise do artigo 149 e parágrafos: - Artigo 149, caput, CPP quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico - legal

- Parágrafo 1º - o exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da autoridade policial ao juiz competente - Parágrafo 2º - o juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame, ficando suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que possam ser prejudicadas pelo adiamento - OBS: durante a fase do inquérito não será determinado de ofício, pelo juiz, sob pena de violar o sistema acusatório, assegurado implicitamente na CR/88.

- Assim, o requisito é o de que haja dúvida. Não havendo dúvida, ainda que haja alegação neste sentido, o magistrado não deve instaurar o incidente. - Atenção: deve haver um exame específico para cada fato investigado ou processado, não bastando que o agente já tenha sido interditado ou que já tenha sido declarado insano em outro exame ou processo. Até porque, deverá ser aferida a inimputabilidade no momento do fato delituoso. O fato de já haver interdição em processo cível ou outro laudo positivo em diverso processo criminal consubstancia indício para o exame no caso concreto.

- Artigo 150 do CPP Para o efeito do exame, o acusado, se estiver preso, será internado em manicômio judiciário, onde houver, ou, se estiver solto, e o requererem os peritos, em estabelecimento adequado que o juiz designar. - Parágrafo 1º - o exame não durará mais de 45 (quarenta e cinco dias), salvo se os peritos demonstrarem a necessidade de maior prazo - OBS: A jurisprudência se consolidou no sentido de alargar esse prazo, mas nunca acima do prazo normal. Direito ao processo sem dilação indevida (artigo 5º LXXVIII CR/88).

- Se os peritos concluírem que o réu era inimputável ou semi imputável em razão de doença mental, ao tempo da ação ou omissão, o processo principal retomará o seu curso normal, com a presença do curador. - Doença mental após a prática do crime/ superveniente:o processo ficará suspenso até que o acusado se restabeleça, conforme o disposto no artigo 152 do CPP. - Análise do parágrafo 1º do artigo 152 o juiz, poderá, nesse caso, ordenar a internação do acusado em manicômio judiciário ou em outro estabelecimento adequado.

- Crítica ao artigo: viola o princípio constitucional da presunção de inocência ( princípio da não culpabilidade) previsto no artigo 5º, inciso LVII CR/88. Estaria o magistrado determinando a internação sem a formação da culpa. - Porém há quem afirme ser constitucional, uma vez que, a internação assegura a proteção devida ao doente mental, considerado perigoso, não somente à sociedade, mas também a si mesmo, se não tiver tratamento adequado e continuar solto.

- Doença mental sobrevier no curso da execução da pena: - Artigo 154 do CPP Se a insanidade mental sobrevier no curso da execução da pena, observar-se-á o disposto no artigo 682. - Artigo 682, caput, do CPP o sentenciado a que sobrevier doença mental, verificada por perícia médica, será internado em manicômio judiciário, ou, à falta, em outro estabelecimento adequado, onde lhe seja assegurada a custódia.

- Nesse caso, se a doença é transitória, transfere-se o condenado para hospital penitenciário sem alterar a pena(artigo 41 do CP), porém, se a doença for de caráter duradouro ou permanente, converte-se a pena em medida de segurança, conforme a Lei 7210/84 em seu artigo 184. - Atenção: conforme o disposto no artigo 153 do CPP o incidente será autuado à parte, como regra de todo processo incidente, ou seja, processar-se-á em auto apartado.