INTRODUÇÃO AO INSTITUTO JURÍDICO DA POSSE Artigos 1.196 a 1.203 do Código Civil
1. Conceito de posse Posse é o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes ao domínio ou propriedade. Posse = aparência da propriedade
2. Tipos de posse 2.1. Posse direta A posse direta é a posse de quem tem a coisa em seu poder. Exemplo: locatário
2.2. Posse indireta A posse indireta é a posse de quem não a tem, mas desfruta de outras faculdades inerentes à propriedade, como o locador, que desfruta da faculdade de fruir e dispor da coisa.
3.3. Posse justa A posse justa é a posse que não seja clandestina, que não seja violenta, que não seja precária.
3.3. Posse injusta A posse injusta é a posse contaminada por quaisquer vícios (violência, clandestinidade ou precariedade).
3.4. Posse clandestina A posse clandestina é aquela desconhecida do possuidor anterior. É aquela obtida às escondidas, embora sem o emprego de qualquer violência, nem contra pessoa nem contra coisa, mas realmente ilegítima, porque contra a vontade e sem a permissão do possuidor anterior.
3.5. Posse violenta A posse violenta é aquela obtida à força. É aquela obtida pelo emprego da força contra a coisa ou contra a pessoa possuidora, constituindo um vício possessório.
3.6. Posse precária A posse precária é a posse adquirida por alguém a título provisório. É a posse de quem se apodera da coisa, abusando da confiança que depositou quem lhe entregou a guarda, passando a utilizar-se e servir-se dela como se fosse dono e negando-se a restituí-la.
3.6. Posse de boa-fé A posse de boa-fé é aquela que se o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa ou do direito possuído
3.7. Posse de má-fé ignorado. A posse de má-fé ocorre quando o vício não é
3.8. Posse contínua e posse descontínua A posse contínua é a posse permanente. A posse descontínua é a posse em que houve interrupção.
3.9. Posse titulada A posse titulada é a que tem justo título. Entendese por título um ato jurídico qualquer; é a razão jurídica da certeza levada ao possuidor de que é justa sua posse, de que ela não é viciada, porque a base jurídica (justo título) é boa.
3.10. Posse velha e posse nova A posse velha é a que tem mais de ano e dia. É a posse viciosa que data mais de ano e dia. A posse nova é a que tem menos de ano e dia. É a posse de quem arremeteu contra a posse de outrem há menos de um ano e dia.
3.11. Detentor (Art. 1.198 do CC) Não se deve confundir o possuidor com o mero detentor. O detentor também possui, mas possui em nome de outrem sob cujas ordens e dependência se encontra, como o administrador em relação ao dono da fazenda.
A detenção não constitui qualquer forma de posse; é a existência da coisa em poder de alguém que não exerça quaisquer das faculdades inerentes à propriedade. O detentor tem a coisa em seu poder apenas em cumprimento às ordens ou instruções do possuidor, em relação de dependência ou hierarquia.
4. Fâmulo da posse O fâmulo da posse é aquele que detém o bem em virtude de dependência econômica ou vínculo de subordinação. Exemplos: empregados, caseiros etc.
Atos de mera permissão: anuência expressa do dono para o detentor realizar no bem imóvel, por exemplo. Exemplo: abertura de porta no imóvel. Atos de mera tolerância: são atos praticados pelo detentor que não retira o direito do proprietário. Exemplo: relação de boa vizinhança. (cf. art. 1.208, 1ª parte, CC)
5. Objeto da posse Coisa corpóreas e incorpóreas Bens acessórios possuídos separadamente da coisa principal
Composse - Artigo 1.199 do CC Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
Composse pro indiviso - São pessoas que possuem a parte ideal de um bem. Exemplo: Três pessoas têm a posse de um terreno, porém, como não está determinada qual a parcela que compete a cada uma, cada uma delas passa a ter a terça parte ideal.
Composse pro diviso Neste caso, cada uma das três pessoas têm uma repartição de fato e não de direito, sabendo-se que cada um possui uma parte certa.
Art. 1.204 do CC - Aquisição da posse A aquisição originária da posse opera-se de forma independente da translatividade, sendo unilateral, uma vez que independe da anuência do antigo possuidor.
Modos de aquisição da posse Apropriação do bem Exercício do direito
Aquisição derivada da posse Requer uma posse anterior, que é transmitida ao adquirente, em virtude de um título jurídico, com anuência do possuidor primitivo, sendo bilateral esse negócio jurídico.
Modos aquisitivos derivados da posse Tradição (art. 1.267 do CC) Constituto possessório (altera a titularidade da posse) Acessão (os herdeiros somam o tempo da posse dos antecessores)
Perde-se a posse da coisa: a) Pelo abandono b) Pela tradição c) Pela perda da própria coisa
d) Pela destruição da coisa e) Pela sua inalienabilidade f) Pela posse de outrem g) Pelo constituto possessório
O possuidor tem o direito de ser mantido na sua posse em caso de esbulho, turbação ou iminência de perda de posse.
O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo.
Se duas ou mais pessoas disserem que têm a posse da coisa, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso. (Art. 1.211 do CC)
Ações para proteção da posse - Legítima defesa da posse -Ação de manutenção de posse - Ação de reintegração de posse - Interdito proibitório - Embargos de terceiro senhor e possuidor
Provimento n. 50 de 04 de fevereiro de 2010 Dispõe sobre a possibilidade de averbação dos contratos utilizados por mutuários do Sistema Financeira de Habitação para transmissão de seus direitos sobre o imóvel adquirido sem a necessária intervenção do agente financiador nos Cartórios de Registro de Imóveis do Estado do Rio Grande do Norte.
O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos. Frutos naturais: frutas, leite Frutos industriais: frutas plantadas no quintal do imóvel (intervenção do homem) Frutos civis: arrendamento do terreno
O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como aqueles que deixou de receber desde que se tornou possuidor de máfé.
Art. 1.219 do CC O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Art. 1.220 do CC Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
Art. 1.222 do CC O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
Perda da posse Art. 1.224 do CC Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
1 - À vista de todos e sem o emprego de qualquer tipo de violência, o pequeno agricultor Joventino adentra terreno vazio, constrói ali sua moradia e uma pequena horta para seu sustento, mesmo sabendo que o terreno é de propriedade de terceiros. Sem ser incomodado, exerce posse mansa e pacífica por 2 (dois) anos, quando é expulso por um grupo armado comandado por Clodoaldo, proprietário do terreno, que só tomou conhecimento da presença de Joventino no imóvel no dia anterior à retomada. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. A) Como não houve emprego de violência, Joventino não pode ser considerado esbulhador. B) Clodoaldo tem o direito de retomar a posse do bem mediante o uso da força com base no desforço imediato, eis que agiu imediatamente após a ciência do ocorrido. C) Tendo em vista a ocorrência do esbulho, Joventino deve ajuizar uma ação possessória contra Clodoaldo, no intuito de recuperar a posse que exercia. D) Na condição de possuidor de boa-fé, Joventino tem direito aos frutos e ao ressarcimento das benfeitorias realizadas durante o período de exercício da posse.