AÇÃO EXTENSIONISTA DE ACADÊMICOS DE MEDICINA EM ESCOLA PÚBLICA: CONSCIENTIZAÇÃO DE PAIS, PROFESSORES E ALUNOS SOBRE PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM



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110. ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções) ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( X ) SAÚDE ( ) TRABALHO ( ) TECNOLOGIA AÇÃO EXTENSIONISTA DE ACADÊMICOS DE MEDICINA EM ESCOLA PÚBLICA: CONSCIENTIZAÇÃO DE PAIS, PROFESSORES E ALUNOS SOBRE PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM Apresentador 1 ARRUDA, Polliane Apresentador 2 MERINI, Thiago Teza Autor 3 MERLINI, Alexandre Bueno Autor 4 GALDINO, Dayana Talita Autor 5 CAMARGO, Carlos Henrique Ferreita RESUMO O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade TDAH é a doença mais prevalente da infância, atingindo crianças em idade escolar causando prejuízo de aprendizado e possíveis repetências. Por possuir diagnóstico somente clínico, baseado nas manifestações comportamentais é necessária cuidadosa observação e por isso o extremo valor da percepção do professor. Através de estudos se descobriu que a população sabe muito pouco sobre o TDAH, e ainda o trata como um mito e não como doença. Com essa problematização a Liga de Neurociências da Universidade Estadual de Ponta Grossa, colocou como um de seus projetos de extensão levar o conhecimento sobre o TDAH a comunidade mais próxima do ambiente escolar: educadores, pais e alunos. O projeto baseia-se em visitar uma escola e realizar atividades dinâmicas com cada grupo para que eles pudessem aprender a identificar um aluno com TDAH. Através de oficinas os acadêmicos interagiram com a comunidade escolar, resultado em esclarecimentos sobre os distúrbios do aprendizado, principalmente o TDAH e suas consequências sociais, emocionais e acadêmicas. PALAVRAS CHAVE TDAH, aprendizagem, escolaridade 1 Graduanda do 2º ano de Medicina UEPG, Membro da Liga Acadêmica de Neurociências. 2 Graduando do 2º ano de Medicina UEPG, Membro da Liga Acadêmica de Neurociências. 3 Graduando do 2º ano de Medicina UEPG, Membro da Liga Acadêmica de Neurociências. 4 Graduanda do 2º ano de Medicina UEPG, Membro da Liga Acadêmica de Neurociências. 5 Mestre em Medicina Interna, Professor Assistente do Departamento de Medicina da UEPG, Coordenador da Liga Acadêmica de Neurociências.

210. Introdução O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade TDAH foi descrito por Still, em 1902, como um quadro caracterizado basicamente por distração, inquietação e uma dificuldade com o controle inibitório, manifestada por impulsividade comportamental e cognitiva. (BEKLE et al, 2004) Apesar do ceticismo de alguns profissionais, o TDAH é caracterizado como doença, e por tal razão pode ter várias causas etiológicas como: fatores socioeconômicos, fatores pré e perinatais, fatores associados aos neurotransmissores e fatores genéticos. (BIEDERMAN et al, 1997) O TDAH é o distúrbio neurocomportamental mais comum na infância, estima-se que 5-8% das crianças em idade escolar possuem TDAH, sendo a condição de maior prevalência. (GOMES, et al, 2007). O TDAH não tratado torna-se uma condição crônica, que pode persistir no adulto, em até 50% dos casos; o acometimento crônico traz uma série de comorbidades que podem estar associadas como o transtorno opositor, transtorno bipolar do humor, e principalmente depressão dependência ao álcool e às drogas (BIEDERMAN et al, 1994). Por ser uma condição tão comum, com diagnóstico feito somente por critérios clínicos, torna-se necessário que a população mais envolvida com a faixa etária acometida tenha conhecimento sobre o TDAH. (BEKLE et al, 2004) Dados estatísticos apontam que: 91% da população entrevistada, nunca havia ouvido falar em TDAH; os 9% restantes disseram que o principal meio de informação era a mídia televisiva (MCLEOD et al, 2007). A mídia exerce um papel importante no que diz respeito ao conhecimento dos transtornos neurológicos infantis, pois pode, muitas vezes, publicar matérias embasadas em artigos irresponsáveis, que diminuem o conhecimento público e deixam a população hesitante no que diz respeito ao diagnóstico e tratamento, pois o acham ineficaz ou desnecessário (BARKLEY et al, 2002). Todos os grupos, inclusive a classe médica, ainda relatam crenças e mitos com relação ao TDAH, e a falta de conhecimento faz com que os educadores se sintam incapacitados ou frustrados perante o comportamento desses alunos, onde estes apresentam baixo desempenho escolar, sendo algumas vezes repetentes, alto índice de abandono dos estudos, e maior número de suspensões (BARKLEY et al, 1995) Baseado nisso, percebeu-se a grande necessidade de capacitar profissionais para reconhecerem as manifestações clinicas e ajudarem a identificar os indivíduos portadores desse transtorno. Objetivos O objetivo central da atividade consistiu em levar o conhecimento sobre o TDAH à comunidade mais próxima do ambiente escolar: educadores, pais e alunos, além de capacitar os acadêmicos da Liga Acadêmica de Neurociências, acerca de conhecimentos de neurofisiologia, manifestações clinicas e tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Estes alunos capacitados seriam divididos e teriam como objetivo passar estas informações de modo correto, com didática, que pudessem ser facilmente entendidos pela população; capacitar educadores para conseguirem reconhecer alunos com TDAH, mediante seu comportamento e rendimento escolar; e por fim, capacitar pais a reconhecer sinais do TDAH em seus filhos já na primeira infância. Metodologia Os participantes da Liga de Neurociências passaram por uma capacitação com os professores do DEMED, e a seguir, foram divididos em três grupos, de acordo com as três principais classes envolvidas do diagnóstico do TDAH, sendo elas: Educadores, Pais e Alunos, e cada grupo ficou responsável por uma delas. Na classe dos Educadores, dois acadêmicos da Liga de Neurociências deveriam formular uma aula, com duração de 20-30 minutos, com conhecimentos técnico-científicos sobre o TDAH, enfatizando as principais manifestações clinicas destes alunos e modos práticos de reconhecê-los através da convivência escolar. Após esta aula, seria feito um tira-dúvidas, para que os professores pudessem expor situações do dia-a-dia que mostrassem o reconhecimento de um aluno portador de TDAH, e junto com os colegas de profissão e os acadêmicos, pensar em soluções para estes problemas. Na classe dos Pais, três acadêmicos da Liga de Neurociências também formularam uma aula, com duração de 15-20 minutos, com linguagem de fácil entendimento, e maior abordagem comportamental. A didática usada com os pais, foi de: primeiro desmitificar o Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, ou seja, mostrar aos pais que seus filhos são desconcentrados ao invés de não dedicados e que isso não está relacionado a preguiça, alimentação, ou outros fatores da rotina

310. diária e que é de fato uma doença. Depois disso, informar como esta doença ocorre e quais os sinais que esta criança ou adolescente apresenta dentro de casa. Após a exposição, seria um momento de conversa entre os acadêmicos e os pais, para tirarem dúvidas sobre o TDAH, sobre o comportamento de seus filhos, sobre a melhor forma de reagir perante as situações e principalmente sobre a necessidade de consultar um médico, realizar tratamento e fornecer maior acompanhamento psicopedagógico para este aluno. Na classe dos Alunos, os demais acadêmicos da Liga de Neurociências ficaram responsáveis por realizar uma metodologia dinâmica, que desse mais ênfase à eles do que aos acadêmicos. Pensando nisso, houve uma subdivisão no grupo: os que atenderiam as crianças e os que atenderiam os adolescentes. Para as crianças, propôs-se brincadeiras lúdicas, uso de fantoches, uso de brinquedos educativos e atividades que exigissem concentração para que durante a brincadeira com elas, os acadêmicos pudessem observar possíveis portadores de TDAH e informar ao professor, que iria investigar o caso. Já para os adolescentes, pensou-se em um tira-dúvidas sobre as principais Doenças Sexualmente Transmissíveis e comportamento nesta faixa etária. Para que eles tivessem maior liberdade seria feita uma sala somente para meninos, e outra somente para meninas. Depois de estar com todo o material pronto, o professor responsável pela Liga de Neurociências escolheu a escola Munhoz da Rocha, no Distrito de Guaragi Ponta Grossa -PR e marcou uma data para uma reunião com educadores, pais e alunos. Figura 2 Escola Munhoz da Rocha Resultados Escola Munhoz da Rocha Distrito de Guaragi Ponta Grossa PR O primeiro resultado já encontrado quando os acadêmicos chegaram a localidade foi o número de pessoas que havia no local para assistirem as palestras. Grupo de Educadores: havia 10 professores que se mostraram receptivos aos acadêmicos, mas relevaram que seus maiores problemas são que: numa classe grande existe dificuldade de se dar uma atenção especial a somente um aluno com déficit; é muito difícil conseguir respeito dos alunos e com isso a atenção deles; relevaram ainda, que muitas vezes os alunos já vem com déficits de aprendizagem dos anos anteriores, e por causa disso se sentem incapacitados, pois sentem dificuldade em aprender e isso faz com que eles deixem de prestar atenção, por acharem que não irão conseguir. Este fato gera uma dificuldade na identificação dos alunos com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Grupo de Educadores: como se esperava, os pais obtinham pouca informação sobre o TDAH e ainda possuíam a visão mitificada. Mas após o momento de exposição expuseram suas dúvidas e alguns até disseram que iriam procurar um médico porque viram que seus filhos se encaixavam em vários dos critérios de diagnóstico, baseado no comportamento e no rendimento escolar. Grupo de Alunos: esperava-se um grande número de crianças e poucos adolescentes, porém

410. isso não aconteceu. Não havia crianças e os adolescentes estavam em grande número (aproximadamente cem), por esta razão foi realizado somente o grupo dos adolescentes. Foram dados papel e caneta para cada participante escrever suas dúvidas e colocar em uma caixa, depois os acadêmicos retiravam os papéis e respondiam as perguntas. A maioria das perguntas eram sobre DST s, câncer de mama, gravidez na adolescência, uso de anticoncepcionais orais, mas também surgiram perguntas com relação a escolha da vocação profissional e carreira estudantil. Com o passar do tempo, os adolescentes ficavam menos encabulados em fazer perguntas e a maioria deles revelou que sente vergonha de falar sobre sexualidade com pais e professores, e que se sentiam mais a vontade com um grupo de fora como o nosso. Após as aulas e discussões, houve uma confraternização, na qual todos os grupos puderam conversar. Em seguida, os integrantes da Liga de Neurociências se reuniram para fazer um feedback sobre a ação extensionista. Figura 3 Grupo de Alunos - Meninas Conclusões Grupo de Adolescentes conversando com as acadêmicas. Diante disso, percebeu-se que a falta de informação é o principal problema no diagnóstico. Os professores não são capacitados para reconhecer um aluno com TDAH e os pais acham que se trata de preguiça e falta de empenho ou estudo. Vimos que a intervenção feita através da aula expositiva associada à discussão de situações obteve resultados positivos pois tanto pais e professores conseguiram entender qual seria o comportamento da criança com TDAH assim como a forma correta de reagir. O auxilio psico-pedagógico torna-se problemático principalmente nas escolas da rede pública de ensino, pois são as que possuem os maiores números de alunos por turma. Dessa maneira, vemos que a exposição técnico-científica com linguagem adequada, ao circulo escolar é o melhor modo de capacitar os profissionais e os pais a reconhecerem sinais de déficit de atenção e hiperatividade em uma criança ou adolescente, levando-os a considerar a consulta com um médico ou psicólogo para um melhor acompanhamento e tratamento.

510. Referencias BARKLEY, R.A. et al. International Consensus Statement on ADHD. Clinical Child and Family Psychology Review, Vol. 5, No. 2, June 2002. BARKLEY, R.A. et al. The persistence of attention-deficit/hyperactivity disorder into young adulthood as a function of reporting source and definition of disorder. J Abnormal Psych, 111:279-89, 2002. BARKLEY, R.A. Attention-deficit hyperactivity disorder: A handbook for diagnosis and treatment. New York: Guildford Press. 1998 BEKLE, B. et al. Knowledge and attitudes about attention-deficit hyperactivity disorder (ADHD): a comparison between practicing teachers and undergraduate education students. J Atten Disord, 7:151-61, 2004 BIEDERMAN, J. et al. Is ADHD a risk factor for psychoactive substance use disorders? Findings from a four-year prospective follow-up study. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry.;36:21-29. 1997. BIEDERMAN, J. et al. Predictors of persistence and remission of DHD into adolescence: results from a four-year prospective follow-up study. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry.;53:13-29. 1994. GOMES, M. et al. Conhecimento sobre o transtorno do déficit de atenção/hiperatividade no Brasil. J. bras. psiquiatr. vol.56, n.2, pp. 94-101. 2007. MCLEOD et al. Public Knowledge, Beliefs, and Treatment Preferences Concerning Attention- Deficit Hyperactivity Disorder. Psychiatr Serv. 58(5): 626 631.May 2007.