Software Educacional para Dimensionamento de Sistemas Móveis Celulares



Documentos relacionados
5 Resultados. 1 Os resultados apresentados foram obtidos com 1 rodada do simulador.

Conceitos Básicos de Telefonia Celular

Multiplexador. Permitem que vários equipamentos compartilhem um único canal de comunicação

1 INTRODUÇÃO Internet Engineering Task Force (IETF) Mobile IP

Capítulo 2 Sistemas Rádio Móveis

DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE NA LINGUAGEM R PARA CÁLCULO DE TAMANHOS DE AMOSTRAS NA ÁREA DE SAÚDE

5 SIMULAÇÃO DE UM SISTEMA WDM DE DOIS CANAIS COM O SOFTWARE VPI

Modelos de cobertura em redes WIFI

6 Construção de Cenários

ROTEIRO PARA TREINAMENTO DO SAGRES DIÁRIO Guia do Docente

Rede Corporativa. Tutorial 10 mar 2009 Fabio Montoro. Introdução

CorelDRAW UM PROGRAMA DE DESIGN

1) MANUAL DO INTEGRADOR Este documento, destinado aos instaladores do sistema, com informações de configuração.

Disciplina: Programas de Edição de Textos Professora: Érica Barcelos

1 Problemas de transmissão

Telecomunicações. Prof. André Y. Kusumoto

Gerenciamento de software como ativo de automação industrial

1 Introduc ao 1.1 Hist orico

Taxa de Aplicação de CIP (Custos Indiretos de Produção)

TRATAMENTO E ANÁLISE DE SINAIS DE BAIXA FREQUÊNCIA PARA EMULAÇÃO DE CANAL RÁDIO

Manual SAGe Versão 1.2 (a partir da versão )

GT BLOCK LBS RASTREAMENTO VIA CÉLULA COM BLOQUEADOR

6 Cálculo de cobertura de sistemas de TV Digital

Manual Geral do OASIS

Análise de Ponto de Função

802.11n + NV2 TDMA. Desempenho e Acesso Múltiplo em Redes Wireless com RouterOS

ATENÇÃO: * Arquivos com tamanho superior a 500 KB NÃO SERÃO ACEITOS * SOMENTE serão aceitos documentos do formato: PDF

4 Arquitetura básica de um analisador de elementos de redes

PROJETO DE REDES

Universidade Federal de Santa Maria UFSM Centro de Tecnologia CT. Power Point. Básico

AULA 6 - Operações Espaciais

ISO/IEC 12207: Gerência de Configuração

RADIOCOMUNIÇÃO EM VHF NOVA CANALIZAÇÃO

Tecnologia da Informação. Prof. Esp. Lucas Cruz

Disciplina: Introdução à Informática Profª Érica Barcelos

DIMENSIONANDO PROJETOS DE WEB-ENABLING. Uma aplicação da Análise de Pontos de Função. Dimensionando projetos de Web- Enabling

Poder Judiciário TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAPÁ. Estudos Preliminares. Descrição sucinta, precisa, clara e suficiente da STIC escolhida.

SOLUÇÃO DE TELEMETRIA PARA SANEAMENTO

IW10. Rev.: 02. Especificações Técnicas

Modos de Propagação. Tecnologia em Redes de Computadores 5º Período Disciplina: Sistemas e Redes Ópticas Prof. Maria de Fátima F.

SISTEMAS DE GESTÃO São Paulo, Janeiro de 2005

Sistemas de redes sem fio são classificadas nas categorias de móveis ou fixas:

TRANSMITINDO CONHECIMENTO ON-LINE

LNET-SURVEY SITE SURVEY-WIRELESS

A. MANUAL DO MÓDULO ATFAR DO ECGLAB

Ajuda On-line - Sistema de Portaria. Versão 4.8.J

Capítulo 3. Avaliação de Desempenho. 3.1 Definição de Desempenho

Unidade 2. Largura de Banda e Throughput

Modelos de Licenciamento de Freqüências

:: Telefonia pela Internet

MÓDULO 4 Meios físicos de transmissão

Software de segurança em redes para monitoração de pacotes em uma conexão TCP/IP

Serviço Público Federal Universidade Federal do Pará - UFPA Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação - CTIC S I E

SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO ÓPTICA : INICIAR A PROPOSTA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM DISCIPLINA OPTATIVA, DURANTE PERÍODO DE AQUISIÇÃO DE CRÉDITOS.

Visão geral das redes sem fio

Como conduzir com sucesso um projeto de melhoria da qualidade

Primeiro Técnico TIPOS DE CONEXÃO, BANDA ESTREITA E BANDA LARGA

Multiplexação. Multiplexação. Multiplexação - FDM. Multiplexação - FDM. Multiplexação - FDM. Sistema FDM

Análise em aparelhos de telefonia celular

Projeto de Sistemas I

Manual de Usuário Versão 3.0

Aula 01 Introdução ao Gerenciamento de Redes

Controle de Múltiplos Pivôs Centrais com um único Conjunto Motor-Bomba

Modelos de cobertura em redes WIFI

Tecnologia em Gestão Pública Desenvolvimento de Projetos - Aula 9 Prof. Rafael Roesler

OLIVEIRA BRUNO RELATÓRIO TÉCNICO

Desenvolvendo uma Arquitetura de Componentes Orientada a Serviço SCA

Márcio Leandro Moraes Rodrigues. Frame Relay

Apresentando o Sistema GeoOffice GPS Profissional

PRODAM - Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Mun. SP DIT- Diretoria de Infraestrutura e Tecnologia CPI - Comissão de Planejamento e

PLANEJAMENTO OPERACIONAL - MARKETING E PRODUÇÃO MÓDULO 3 O QUE É PLANEJAMENTO DE VENDAS E OPERAÇÕES?

Roteamento e Comutação

Fluxo de trabalho do Capture Pro Software: Indexação de OCR e separação de documentos de código de correção

REAL LACOS: CONTROLE DIGITAL EM TEMPO REAL

Sistemas de Informação I

COMO CRIAR SUA PRÓPRIA FUNÇÃO UTILIZANDO PROGRAMAÇÃO VBA - EXCEL

Advanced Wireless Networks Overview & Configuration. Workshop by Nicola Sanchez

Cabeamento Estruturado

CONCORRÊNCIA AA Nº 05/2009 BNDES ANEXO X PROJETO BÁSICO: DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS DE TI

ser alcançada através de diferentes tecnologias, sendo as principais listadas abaixo: DSL (Digital Subscriber Line) Transmissão de dados no mesmo

Associação Paralelo Ativo e Passivo Vantagens e Benefícios

Introdução à Computação Móvel IP Móvel. Movimentação de Host. Movimentação de Host. Francisco José da Silva e Silva

DEMANDA GT SOLUÇÕES PARA AUDITORIA CONTÍNUA

2 Atualidade de uma base de dados

Aula 04 Método de Monte Carlo aplicado a análise de incertezas. Aula 04 Prof. Valner Brusamarello

Tabela e Gráficos Dinâmicos Como estruturar dinamicamente dados no Excel

AULA 1 Iniciando o uso do TerraView

MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA SISTEMAS DE SEGURANÇA 3 PROTEÇÕES MECÂNICAS MÓVEIS

Arquiteturas RISC. (Reduced Instructions Set Computers)

Gerência de Redes. Introdução.

PLANEJAMENTO DA MANUFATURA

LENTES E ESPELHOS. O tipo e a posição da imagem de um objeto, formada por um espelho esférico de pequena abertura, é determinada pela equação

GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EZEQUIEL F. LIMA ATERRAMENTO E BLINDAGEM

1 UNIT Universidade do Trabalhador Dr. Abel dos Santos Nunes

Feature-Driven Development

Aula 5 Microsoft PowerPoint 2003: Criando uma Apresentação

Transcrição:

Software Educacional para Dimensionamento de Sistemas Móveis Celulares A.M.Cavalcante, E. S. Lelis, G. H. S. Carvalho, G. P. S. Cavalcante e J.C.W.A. Costa UFPA Universidade Federal do Pará Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação - DEEC, Laboratorio de Eletromagnetismo aplicado LEA Av. Augusto Corrêa nº 01 CP:8619, CEP: 66075-900 Belém/PA, BRASIL Resumo Neste trabalho se apresenta o ambiente computacional CELLP, que objetiva realizar os principais procedimentos empregados no processo de dimensionamento de redes móveis celulares. O software foi desenvolvido principalmente para fins educacionais, mas também pode ser usado como base de um pré-projeto de um planejamento de um sistema móvel celular real. Palavras-chaves Software educacional, dimensionamento, sistema móvel celular. I. INTRODUÇÃO Os Sistemas Móveis Celulares foram uma das redes de telecomunicações que mais cresceram nos últimos anos, e previsões apontam que tais redes, assim como as demais tecnologias wireless, continuarão em crescente evolução. No Brasil, as comunicações móveis celulares vem experimentando um rápido desenvolvimento, e após a recente regulamentação da ANATEL para exploração das Bandas C, D e E, novas tecnologias despontam para oferecer novos serviços, especialmente serviços de dados em altas taxas. Além disso, os sistemas de terceira geração (3G) possibilitarão o oferecimento de serviços multimídias em redes celulares wireless, o que ratifica a previsão de que o mercado de telefonia celular deverá continuar em crescente expansão. Entretanto, é notório que a velocidade de introdução de novas tecnologias de redes wireless, para o oferecimento de serviços banda larga ao assinante, tem também forçado que os estudantes de Engenharia com ênfase em Telecomunicações, e os demais profissionais da área, desenvolvam uma sólida formação nesse campo, o que tem induzido ações nas instituições de ensino para uma formação, treinamento e reciclagem de profissionais, que atendam a essas exigências do mercado. Nesse contexto, foi proposto um software denominado de CELLP para uso por alunos de Cursos de Engenharia Elétrica com ênfase em Telecomunicações, o qual é apresentado neste trabalho. O ambiente computacional mencionado deve prover informações quanto ao processo de dimensionamento de redes móveis celulares de sistemas baseados principalmente na técnica de acesso TDMA, e servir de apoio às disciplinas que envolvem o estudo de sistemas móveis celulares nos Cursos de Engenharia Elétrica. Apesar desse software ter sido desenvolvido principalmente para fins educacionais, ele pode ser usado como base de um pré-projeto simples de um planejamento de um sistema móvel celular real. II. PLANEJAMENTO DA REDE MÓVEL CELULAR O processo de planejamento de uma rede móvel celular consiste de várias etapas que se realimentam constantemente resultando em um processo final dinâmico. Dentre essas etapas está o processo de dimensionamento da rede, cujo papel fundamental é estimar a área de cobertura das células, a quantidade de Estações Rádio Base (ERBs), o número de canais de rádio necessários para atender a demanda de tráfego, o plano de reuso, e a robustez da rede frente às alterações da demanda de tráfego. Todas as estimações são baseadas nos requisitos da operadora quanto a capacidade, cobertura e qualidade de serviço (QoS) [1]. A outra etapa consiste do planejamento detalhado (ajuste fino do dimensionamento), que requer o uso de ferramentas computacionais de alta precisão com grandes bancos de dados da propagação do sinal e do tráfego estimado por célula. Por fim, a etapa de otimização, cuja finalidade é estimar o desempenho atual e futuro da rede, para que se possam fazer ajustes que a otimizem. A execução do projeto entretanto, envolve variações e está submetida a condições de natureza prática, a procedimentos específicos utilizados pela empresa e pelo projetista, às características da região a ser coberta e à quantidade e precisão das informações disponíveis [2]. A seguir, serão mostrados alguns procedimentos básicos usados no processo de dimensionamento de redes móveis celulares baseados na técnica de acesso TDMA. A. Dimensionamento A. M. Cavalcante, amc@supridad.com.br, E. S. Lelis, elainesl@nautilus.com.br, G. H. S. Carvalho, ghscarvalho@bol.com.br, G. P. S. Cavalcante, gervasio@ufpa.com.br, J. C. W. C..A. Costa, jweyl@ufpa.br, Tel +55-91-2111302, Fax +55-91-2111634; Este trabalho foi parcialmente financiado pelo CNPq, através do Projeto intitulado Desenvolvimento de Ambientes Computacionais para Análise de Dispositivos e Sistemas para Redes de Comunicações Ópticas e Móveis. O dimensionamento é um processo no qual as possíveis configurações e as quantidades de equipamentos da rede são estimados, baseados nos requisitos da operadora relacionados basicamente com [1]:

Cobertura: - regiões de cobertura - informação do tipo de área - condições de propagação Capacidade: - espectro disponível - previsão do crescimento do número de usuários - informação da densidade de tráfego Qualidade de Serviço (QoS) - probabilidade de bloqueio (Grau de Serviço - GOS) - probabilidade de cobertura (CAP) - outros parâmetros de qualidade referentes a eficiência da técnica de alocação de canais. As atividades de dimensionamento incluem o balanço de potência e análises de cobertura, capacidade e qualidade de serviço (QoS). 1) Balanço de Potência (Link Budget): Para a realização do balanço de potência do enlace, tem-se primeiramente que caracterizar o ambiente de propagação, fornecer parâmetros típicos dos hardwares envolvidos, e determinar alguns parâmetros (margens e perdas adicionais) que garantam os requisitos de capacidade, cobertura e QoS. É importante ressaltar que o balanço de potência deve ser realizado nos dois enlaces básicos (downlink e uplink), e deve ser o mais balanceado possível (i.e., perda de propagação máxima permitida iguais nos dois enlaces). Através do balanço de potência é possível basicamente fazer a predição do raio máximo de cobertura das células e do número de ERBs necessárias para cobrir uma determinada área com determinados requisitos de qualidade previamente estabelecidos pela operadora. 2) Projeto de Tráfego nos Sistemas Celulares: O projeto de tráfego nos sistemas celulares consiste em uma das principais etapas no processo do planejamento celular, pois realiza duas funções básicas [3]: contagem de tráfego por célula determinação do número de canais necessários por célula; Este projeto faz uso de um mapa de tráfego, que consiste na divisão da região de interesse em sub-regiões (quadrículas), cada qual contendo sua respectiva densidade de tráfego média e/ou em HMM (Hora de Maior Movimento). A definição da distribuição do tráfego da região de interesse é geralmente determinada a partir de dados da distribuição de densidade populacional e de outros fatores relevantes como distribuição de renda e tipo de atividade econômica [4]. 3) Parâmetros de QoS para Análise de Tráfego: A QoS está associada a parâmetros ou medidas que quantificam, monitoraram e controlam o desempenho do sistema sob determinadas situações de tráfego, aos quais o sistema se submeterá durante sua operação. Esses parâmetros ou medidas estão associados com a técnica de alocação de canal escolhida durante o planejamento do sistema [5]. Para manter a QoS estabelecida é necessário o uso eficiente do espectro de freqüência. A eficiência espectral está intimamente ligada ao uso eficiente dos recursos econômicos disponíveis para o sistema. O uso eficiente do espectro permite que a área geográfica a ser atendida, possa ser coberta da melhor forma possível, diminuindo o número de ERBs no sistema, e com isso, diminuindo o custo de implantação e manutenção do mesmo. 3.1) Parâmetro para Análise Local: Um parâmetro amplamente aceito na análise de desempenho da rede móvel celular é a probabilidade de bloqueio (P B ) de uma nova chamada, que expressa a percentagem de chamadas que não são atendidas pelo sistema, ou seja, que são bloqueadas devido à indisponibilidade de canais no momento do acesso inicial. Esse parâmetro é bem representado pela fórmula de Erlang B, definida em [5]-[7]. 3.2) Parâmetro para Análise Global: O parâmetro de QoS para análise global da rede celular é calculado a partir das probabilidades de bloqueio (P B ) em cada célula da seguinte forma: Dado N, o número de células do sistema e λ as razões de chegadas de chamadas totais dentro de cada célula, a probabilidade global de bloqueio da rede ( P B ), é definida como [5][9]: P N 1 B = Λ P i i= 1 Onde Λ= λ 1 + λ 2 +...+ λ N, ou seja, o somatório das razões de chegadas de chamadas de todas as células e P i é a probabilidade de bloqueio da célula i dado pela fórmula de Erlang B. 3.3) Parâmetro para o Desvio de Serviço: O Desvio de Serviço, embora seja um parâmetro pouco citado na literatura, tem uma profunda relevância na análise de desempenho da rede móvel celular, pois mostra o exato momento em que algumas células da rede começam degradar a QoS [5]. Ele é definido em [9] como a variação entre as células da probabilidade de bloqueio de uma nova chamada, e para medir essa quantidade, utiliza-se uma classe de medidas denominadas de bloqueio excessivo de ordem p, representada por EB(p), com p 1. Essa medida tem as seguintes características [9]: fazem referência ao GOS; é ponderada pelas razões de tráfego em cada célula e penalizam somente as células acima do GOS. Dado um conjunto de células com a probabilidade de bloqueio local P B acima de 2%, a classe de medidas EB(p), com p 1, é definida como [9]: EB( p ) = i I λ 1 p λ Bi 2 p i ( P 0. 02), p = 1,,... Λ Uma medida típica e bem definida de p, é o valor igual a 2 [5],[9]. i (1) (2)

4) Definição do Plano de Reuso: O plano de reuso deve ser escolhido de modo a atender o limite de relação sinalinterferência que garanta o requisito de qualidade do sistema e, ao mesmo tempo, assegure um número de canais por célula que permita o escoamento da demanda de tráfego. É preciso considerar basicamente dois fatores [2]: - Quanto menor a razão de reuso q (distância de reuso normalizado com o raio da célula D/R) maior o número de canais por célula, acarretando maior capacidade de tráfego para um dado grau de serviço (GOS). - Quanto maior a razão de reuso q menor a interferência cocanal e, consequentemente, melhor a qualidade de transmissão. Há casos entretanto, que o projetista consegue determinar um plano de reuso N que mantêm a interferência dentro do limite aceitável. Porém, ele não consegue atender a demanda de tráfego, sendo necessário portanto, aceitar um grau de serviço maior que o originalmente desejado, ou reduzir o raio da célula, de modo a diminuir o número de usuários e, consequentemente, a demanda de tráfego por célula [4]. O usuário deve fornecer os parâmetros do sistema (potência transmitida, freqüência, etc) que foram utilizados na campanha de medições de referência. Deve também selecionar os modelos que serão colocados sob avaliação assim como os parâmetros urbanos necessários para a aplicação dos mesmos. Após isso, o usuário deve entrar com a base de dados da potência recebida (dbm) versus distância (m) da campanha de medições realizada na região de interesse. A base de dados pode ser editada manualmente ou ser importada de um arquivo de dados existente. A Fig. 2 mostra um exemplo de uma avaliação gráfica dos modelos considerados frente aos dados de uma campanha de medições e a Fig. 3 mostra o desempenho dos modelos testados frente às medidas sobre três aspectos: Desvio Absoluto (db), Erro Médio Absoluto (db) e Erro RMS (db), conforme descritos em [4]. Os resultados obtidos (gráfico e dados estatísticos) podem ser gerados em um relatório. III AMBIENTE COMPUTACIONAL CELLP O ambiente computacional CELLP foi desenvolvido na linguagem de programação orientada a objetos DELPHI 5.0 e é composto por vários sub-programas que realizam uma determinada etapa referente ao processo de dimensionamento da rede móvel celular. A Fig. 1 mostra a janela principal do CELLP. Através dessa janela é possível acessar os diversos sub-programas através dos botões laterais. Fig. 2. Software Predict - Paleta Análise Gráfica. Fig. 1. Ambiente do software CELLP A. Predict O software Predict realiza estudos estatísticos comparativos dos modelos clássicos de predição. Tal comparação visa avaliar o desempenho dos mesmos frente aos dados de uma campanha de medições realizada em uma determinada região. Os modelos considerados nesse programa são [4],[10]: Espaço-Livre, Okumura-Hata, Okumura-Hata modificado, Walfisch-Ikegami, Walfisch-Bertoni, Maciel-Bertoni-Xia e Ibrahim-Parsons. Fig. 3. Software Predict - Paleta Análise Estatística.

B. Radio Link O software Radio Link realiza o Balanço-de-Potência-do Enlace (Link Power Budget). Através desse software se pode estimar o raio máximo das células, e assim, estimar preliminarmente o número total de ERBs necessária para cobrir uma determinada região. Essa estimativa pode ser feita considerando a probabilidade de área coberta (CAP) para o desvanecimento log-normal. No software, o cálculo do balanço-de-potência é realizado para os dois enlaces básicos (downlink e o uplink) e considera os mesmos modelos de predição de perdas já mencionados. A Fig. 4 mostra um exemplo dos resultados obtidos pelo programa, que podem também ser gerados em um relatório. Fig. 5. Ambiente do Software Localização da ERB D. Celtra O software Celtra realiza uma análise gráfica de desempenho da rede móvel celular de acordo com os parâmetros de QoS descritos na seção II.A.3. Esse software aborda o esquema de alocação de canal fixa, que pode se dar de forma uniforme ou não uniforme. Para a análise, o projetista primeiramente deve escolher o esquema de alocação de canal fixa desejável para então determinar e distribuir espacialmente as ERBs que farão parte do projeto, que é realizado com o auxílio do mouse. Os parâmetros do projeto são inseridos através dos campos referentes a: C. Traffic Design Fig. 4. Software Radio Link-Paleta Dados de Entrada O software Traffic Design realiza o projeto de tráfego a partir de um mapa de tráfego produzido em qualquer formato gráfico usual (jpg, jpeg, bmp, emf ou wmf). Um mapa de tráfego consiste da divisão em quadrículas do mapa da região de interesse, onde cada quadrícula deve representar o tráfego oferecido na área delimitada pela mesma. No software, apenas quatro possibilidades de intensidade de tráfego são permitidas, cada uma associada a diferentes cores de preenchimento da quadrícula. Essa associação deve ser fornecida ao programa para que o projeto seja válido. Realizada a parte de entrada de dados do programa, o usuário deve especificar o raio das células que formarão a grade hexagonal que será sobreposta ao mapa (raio máximo determinado no balanço de potência). Em seguida, pode ser realizado o processo de contagem de tráfego na área da célula correspondente a ERB de referência (definida pelo usuário), e por fim, pode-se determinar o número de canais necessários para atender tal tráfego com um GOS previamente estabelecido pelo usuário. Os resultados são mostrados no próprio programa e podem ser gerados em um relatório. A Fig. 5 mostra um exemplo de um projeto. - Informações da Célula : entrada dos dados referentes aos parâmetros do sistema que serão utilizados para o cálculo do número de canais em cada ERB (padrão de reuso, tempo de retenção do canal e intensidade de chamadas). - Simulação : o aumento de carga ao sistema (aumento na mesma proporção da intensidade de chamadas de todas as ERBs do sistema) é inserido através da barra de rolagem. Deve-se também determinar o parâmetro p de EB(p). A Fig. 6 mostra um exemplo da distribuição das ERBs e da inserção de parâmetros no ambiente do software. Fig. 6. Ambiente do Software

Através da simulação (botão Análise Gráfica ) são gerados gráficos de acordo com os parâmetros de QoS (Análise Local, Análise Global e Desvio de Serviço), bem como o da carga de degradação inicial para cada ERB. Além de gerar um relatório contendo todas as informações contidas no projeto, esse software ainda possui como auxílio um help que contem tanto a parte teórica como exemplos práticos de como simular o Celtra. As Figs. 7-10 mostram as análises gráficas. Fig. 10. Análise Local IV CONCLUSÕES Fig. 7. Análise Global Neste trabalho foi apresentado o ambiente computacional CELLP, que realiza as principais etapas empregadas no processo de dimensionamento de redes móveis celulares. O software foi desenvolvido para servir de apoio às disciplinas que tratam de sistemas móveis celulares nos cursos de engenharia elétrica do DEEC da UFPA, fornecendo um material didático de conhecimento básico e de informações para análise e planejamento de tais sistemas. Apesar desse software ter um cunho principalmente educacional, ele pode ser usado como base de formação, treinamento e reciclagem de profissionais, para atender às novas exigências do mercado. REFERÊNCIAS Fig. 8. Desvio de Serviço [1] Holma, H. WCMA for UMTS, John Wiley & Sons, Ltd, 2000. [2] Mello, L. A. R. S, Coelho, L. R., et al. Sistemas Rádio Celulares, Relatório Técnico - CETUC/PUC-RJ, 2000. [3] Faruque, S. Cellular Mobile Radio Engineering,Artech House, 1996. [4] Cavalcante, A. M. Ambiente Computacional para Planejamento de Sistemas Móveis Celulares, Trabalho de Conclusão de Curso, CT/UFPA, Março/2001. [5] Carvalho, G. H. S. Análise da Qualidade de Serviço Aplicada a Redes Móveis com Alocação de Canal Fixa, Tese de Mestrado PPGEE/UFPA, Agosto/2001. [6] Teoria de Tráfego Telefônico, Tabelas e Gráficos, Siemens A.G, São Paulo: Novel, 2 a edição, 1985. [7] Gomes, S. M. C. Tráfego: Teoria e Aplicações, Rio de Janeiro: EMBRATEL, São Paulo: McGraw-Hill, 1990. [8] Alencar, M. S. Telefonia Digital, Érica Ltda, 2001. [9] Yum, T. S. P., Yeung, K. L. A New Quality of Service Measure for Cellular Radio Systems, IEEE Transactions on Vehicular Technology, Vol. 46, No.3, August 1997. [10] Cavalcante, G. P. S. Canal de Rádio Propagação, Relatório Técnico DEEC/UFPA, 2000. Fig. 9. Carga de Degradação Inicial para cada ERB