PROIBIÇÃO DA PUBLICIDADE INFANTIL: AVANÇO OU RETROCESSO?

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Transcrição:

. Barra Mansa RJ, Brasil. 26, 27 e 28 de agosto de 2015 ISSN: 1516-4071 PROIBIÇÃO DA PUBLICIDADE INFANTIL: AVANÇO OU RETROCESSO? GT III: Efetividade do Sistema de Proteção as Crianças e aos Adolescentes na América Latina Natalia Souza da Fonseca 1 Thuane Ângela Sendreti de Oliveira Maria Cristina Alves Delgado de Ávila 2 RESUMO A presente pesquisa visa analisar a resolução nº 163 do CONANDA, que traz proteção às crianças contra práticas abusivas, objetivando constatar se a mesma pode ser considerada como um avanço ou um retrocesso no âmbito da mídia. Para tanto se vai abordar um histórico sobre a mídia e a criança nesse foco, com busca de uma avaliação junto ao meio social do Município Barra Mansa. A pesquisa será desenvolvida através de analise bibliográfica e pesquisa de campo junto aos atores sociais da mídia em Barra Mansa/RJ, visando colher a opinião dos mesmos em relação à nova resolução e suas possíveis consequências. O resultado da presente análise será trazer uma reflexão sobre o tema, bem como uma conscientização de que é possível ter publicidade infantil, desde que o bem estar e os direitos das crianças sejam respeitados em sua plenitude, até porque os mesmos são protegidos por vários institutos jurídicos em nosso ordenamento jurídico, como sujeitos de direitos, e na categoria de minorias. Palavras-chave: Publicidade. Criança. Resolução nº 163 CONANDA. Limites. 1. INTRODUÇÃO 1 Discente do curso de Direito do Centro universitário de Barra mansa. 2 Mestre em Biodireito, Ética e Cidadania. Professora do Centro Universitário de Barra Mansa - UBM. Pesquisadora do NUPED Núcleo de pesquisa do curso de Direito. cristina.delgado@uol.com.br. 1

Todos sabem que, no Brasil, há tempos, observa-se a evolução positiva da publicidade infantil, protegendo cada vez mais as crianças de propagandas abusivas, o que é plausível e de suma importância, porém a proibição total da publicidade voltada para crianças é um retrocesso, tendo em vista que a mesma, com fiscalização rígida e bem regulamentada, evita que a dignidade da criança seja comprometida. Ao fazer uma analise da publicidade de décadas anteriores não é difícil se deparar com comerciais abusivos e que por certo se analisados a luz da legislação de hoje poderiam ser considerados como uma verdadeira afronta a dignidade do menor. Atualmente devido a evolução publicitária que ano após ano vem enfrentando o tema, dentro dos limites preceituados na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente, se verifica que os mesmos foram adequados a nossa realidade, assim como, há uma preocupação não só da família mas também de toda a sociedade, que assumindo a responsabilidade na mais ampla concepção zela pela proteção do mesmo. Dessa forma, a nova resolução acaba por traduzir uma realidade muito dura, pois na verdade o que se deve ter em mente é que a propaganda infantil, já tem hoje um limite estabelecido pelas próprias regras jurídicas, e essa nova resolução acaba se mostrando um retrocesso em matéria de liberdade de expressão. 2. OBJETIVO A presente pesquisa tem como objetivo principal fazer uma analise da resolução 163 CONANDA- no sentido de identificar se a mesma é um retrocesso ou não dentro do estado democrático de direito. E como objetivos secundários (i) analise histórica da publicidade; (ii) a criança e a mídia (iii) opinião do meio publicitário em Barra Mansa quanto a nova resolução. 3. METODOLOGIA 2

A pesquisa será desenvolvida através de analise bibliográfica e pesquisa de campo junto aos atores sociais da mídia em Barra Mansa. 4. DISCUSSÕES / RESULTADOS Toda inocência e pureza das crianças foram colocadas em teste nas mais variadas campanhas publicitárias. Com a vista grossa dos órgãos reguladores, a publicidade não segue tão ousada quanto antigamente. A resolução nº 163 do CONANDA, proíbe qualquer anúncio com a utilização de crianças para fins publicitários, modificando o contesto até então existente que era no sentido de que se poderia utilizar a publicidade infantil, desde que a mesma não fosse considera abusiva, nos moldes estabelecidos pela Constituição Federal, Estatuto da criança e do adolescente, e ainda, o Código de Defesa do Consumidor. É necessário refletir se a referida proibição acarretará diversos inconvenientes e empecilhos às empresas que são comprometidas com o bem estar das crianças, se tornando assim, a resolução um retrocesso e não uma evolução. Vale ressaltar que, é imprescindível limites e parâmetros a serem impostos, porém a total proibição não seria a melhor medida a atender até a dignidade do menor. Existem vários motivos para considerar que a medida estabelecida na resolução seja considerada um retrocesso, conforme ressaltado na tabela 1, onde é exposto os principais aspectos de ser ineficaz. 3

Tabela 1 - Motivos da insuficiência e ineficácia da regulamentação 5. ILUSTRAÇÕES EXEMPLIFICATIVAS Ilustração 1. Comercial abusivo 4

Ilustração 2. Comercial não abusivo 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRITTO, Igor Rodrigues. Infância e Publicidade: proteção dos direitos fundamentais da criança na sociedade de consumo. São Paulo: CRV, 2010. DALLARI. Dalmo de Abreu. Direitos Humanos e Cidadania. 2 ed. São Paulo: Moderna, 2004. MARQUES, Claudia Lima. BENJAMIM, Antonio Herman V., MIRAGEM, Bruno. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. PIOVESAN. Flávia. Temas de Direitos Humanos. 4 ed. São Paulo: Saraiva,2010. SARLET. Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais. 2 ed. Porto Alegre. Livraria do Advogado,2002 5