3 Março/2013 TENDINITE DE OMBRO Dra. Nathália C. F. Guazeli GALERIA CREFITO 3 / 78.186 F O COMPLEXO DO OMBRO Para entender o que é Tendinite de Ombro, vale a pena conhecer um pouquinho como ele é composto, como se articula com os ossos e quais estruturas existem lá dentro. Agora que você já sabe como ele é articulado e quais estruturas fazem parte do Complexo do Ombro, vamos ver o porquê acontece a Tendinite. Anatomicamente, chamamos todo esse sistema que envolve o ombro, de Complexo do Ombro, isso porque ele faz parte de 4 complexas articulações, vamos conhecê-las logo mais. Além do sistema ósseo, temos as estruturas que chamamos de partes moles, que são nada mais, nada menos, que os músculos, os ligamentos, os tendões, veias e artérias, nervos e as bursas. Você já ouviu falar em Tendinite? Ela é caracterizada por um processo inflamatório que acomete o TENDÃO, que é a estrutura que liga o músculo ao osso (gerando o movimento). Por isso é muito frequente o paciente sentir muita dor ao fazer um determinado movimento, e não sente dor ao fazer outro. Nos casos mais crônicos (antigos e que não foram tratatos) a dor surge até em repouso. Está aí a necessidade de tratar o quanto antes!
2 ANATOMIA O Ombro é uma intrigante obra de engenharia. Apresenta a maior amplitude de movimento dentre todas as articulações do corpo humano, mas esta capacidade enorme de movimento pode gerar sérios problemas nesta articulação. Entender como as diferentes camadas que constituem o ombro se conectam entre si nos ajuda a compreender o funcionamento desta complexa articulação; entender os mecanismos de lesão; e quão desafiadora é a recuperação e restauração do ombro lesionado. O que é um TENDÃO e qual sua função: Tendão é um conjunto de fibras especiais localizado na extremidades dos músculos. É composto de um tecido conjuntivo muito resistente e de cor esbranquiçada devido a baixa vascularização. Para a realização de um determinado movimento, ao contrair um músculo, é necessário que haja uma conexão entre o osso e o músculo, esta conexão é o tendão, funcionando assim como uma espécie de cabo de força para a realização do movimento. As articulações: Como vimos, existem 4 articulações que fazem parte deste complexo: Articulação Esterno-Clavicular: liga o osso esterno (no tórax) à clavícula Articulação Acrômio-Clavicular: liga o acrômio (ponta ao final da escápula) à clavícula Articulação Glenoumeral: é a articulação formada pela fossa glenóide (escápula) acoplando o úmero Articulação Escápulo-Torácica: liga o bordo medial da escápula ao tórax
3 Quando há um comprometimento em qualquer uma dessas articulações, por ser parte de um Complexo e agir em conjunto, todas as outras são afetadas. Como vimos, essas articulações ligam osso-osso e entre eles passam estruturas moles (ligamentos, tendões, vasos sanguíneos, bursas, nervos e etc), sendo assim, há a necessidade de ter um espaço fisiológico entre esses ossos para evitar o cisalhamento dessas estruturas. Esse espaço é fácil de ser sentido e visualizado com a palpação e com a radiografia. A medida ideal é que tenha pelo menos a espessura de uma caneta BIC. Medidas menores que isso causa atrito nas estruturas e esse atrito com o passar de dias, meses e até anos, é capaz de rasgar completamente. Temos um fator muito importante causador desse mecanismo de cisalhamento, esmagamento das estruturas que passam entre os ossos. Temos uma estrutura anatômica, na ponta lateral da escápula chamada de Acrômio, ele tem um formato levemente angulado para cima. Alterações no formato do Acrômio ocorrem, bem como por uma alteração postural, e essa angulação que deveria ser para cima vai ganhando curva e torna-se um gancho, esmagando e possivelmente rasgando as partes moles. Isso é de tamanha importância que foi feita uma classificação de acordo com o tipo de Acrômio, veja abaixo: O Acrômio Tipo I: é o mais anatomicamente adequado, não há formação de gancho, a angulação é para cima. O Acrômio Tipo 2: começa a ganhar curva, arqueando e começando o processo de Impactação das partes moles O Acrômio Tipo 3: é o mais prejudicial de todos. O paciente que se enquadra nessa classificação terá com toda a certeza o que chamamos de Impactação, Síndrome do Impacto, Rupturas Ligamentares e Tendíneas, além de poder afetar também vasos e nervos. O melhor tratamento é, além de Reeducação Postural Global para melhor reposicionamento da escápula associada à Fisioterapia atuando no processo inflamatório e diminuição de amplitude e força, é a realização cirurgia corretiva chamada de Acromioplastia. Ao lado um exemplo nítido de uma ruptura causada por um Acrômio Tipo 3. Você já ouviu falar em Manguito Rotador? Todos nós temos grupos musculares que estabilizam as articulações e funcionam como se esses músculos trabalhassem um ajudando o outro. Isso acontece nos ombros também.
4 Manguito Rotador é um conjunto de quatro músculos que puxam para cima e para dentro a cabeça do úmero na direção da cavidade glenóidea. Fazem parte deste grupo os músculos: Supra-espinal, Infra-espinal, Redondo Menor e Subescapular. São exatamente esses músculos os mais solicitados para a estabilização e movimentação dos ombros e que, com essa sobrecarga nos tendões de cada um deles, vira uma Tendinite. É claro que há outros músculos muito importantes também, mas não tão afetados, por isso citaremos apenas esses. SINAIS E SINTOMAS A tendinite, seja ela de qual tendão for, não surge de uma hora para a outra. Ela vem de um processo lento, geralmente de semanas a anos sem o paciente dar muita atenção aos sintomas. Os dias vão passando e a falta de prevenção vai agravando mais e mais o quadro. Quando os sintomas realmente incomodam pra valer o paciente é que ele vai buscar auxílio médico, mas aí os danos podem ser irreversíveis, podendo levar a leves rupturas das fibras do tendão à rupturas totais, casos esses em que só a cirurgia pode reverter. Incialmente, pensando em um paciente que está com o diagnóstico inicial de tendinite de ombro, é muito comum se queixar de dor no local exato do tendão, já a minoria refere dor no músculo, cabe ao fisioterapeuta avaliar e distinguir diagnósticos semelhantes. Inchaço é esperado em virtude do processo inflamatório estimular a produção de líquido. Na palpação podemos sentir o tendão, que se assemelha muito com a espessura de um espaghetti. Quando o tendão ficar maior, mais rígido, menos maleável significa que temos um processo inflamatório aí! Ao palpar, a dor comumente aumenta também! Limitação de Movimento acontece nos casos mais tardios. Inicialmente o paciente consegue realizar os movimentos em sua total amplitude pois a dor não chega a ser limitante, mas com o passar dos dias e sobre estresse mecânico, a dor é um fator limitante do movimento. É comum vermos pacientes que não conseguem elevar o ombro na direção da orelha, outros não conseguem colocar o ombro para trás na direção da coluna. E assim, quanto maior for a
5 limitação, maiores aderências se formam nas articulações que formam o Complexo do Ombro e a reabilitação torna-se muito mais difícil, mais demorada e claro, muito mais dolorida. DIAGNÓSTICO Avaliação médica criteriosa: o médico realizará testes especiais e avaliará seus sinais e sintomas e irá indicar as opções de tratamento em relação ao seu quadro, temos Infiltrações de Corticóides, Acupuntura, Auriculoterapia, RPG, Fisioterapia, Reforço Muscular e etc... além dele prescrever a medicação que ajudará no processo inflamatório. Avaliação fisioterapêutica criteriosa: cabe ao fisioterapeuta avaliar a biomecânica do Complexo do Ombro e traçar a melhor conduta para cada paciente, com exercícos específicos e aparelhagem específica. Exames por imagem mais indicados: Radiografia (vai visualizar apenas o posicionammento dos ossos e o espaço intra-articular), Ultrasonografia (visualiza as partes moles), Ressonâncias Magnética (mais completa!) DICAS E PREVENÇÃO Siga corretamente às orientações médicas / fisioterapêuticas e seja parte fundamental da sua reabilitação! Abaixo vamos descrever dois tipos de exercícios que podem e devem ser realizados diariamente, sem contra indicações! Exercícios Pendulares: 3x ao dia ou mais se possível 1 minuto cada movimento, faça devagar, sem pressa. Esses exercícios servem para lubrificar a articulação e favorece a liberação do ombro. Gire no sentido horário e ani-horário, mova para frente e para trás.
6 Exercícios Isométricos: 3x ao dia faça 3 séries de 10 repetições cada movimento, faça devagar, sem pressa. Esses exercícios servem para estabilizar a articulação e favorecem além de um melhor reposicionamento do ombro, ganho de força de uma maneira leve, sem riscos. E: com o cotovelo dobrado a 90º, encoste a palma da mão na parede ou porta e empurre levemente, sem deslocar. Relaxe e repita. F: com o cotovelo dobrado a 90º, encoste o dorso da mão na parede ou porta e empurre levemente, sem deslocar. Relaxe e repita. Espero que tenham aproveitado as dicas e orientações, venham tirar as suas dúvidas! Nossos profissionais terão o maior prazer em auxiliá-los! Links recomendados: http://www.youtube.com/watch?v=3otejniciti http://www.facebook.com/nathaliaguazelirpg