VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO: UMA COMPARAÇÃO ENTRE O TIPO DE VÍNCULO E O TIPO DE VIOLÊNCIA FONTANA, Larissa Bulsing 1 BERTAZZO, Fernanda Borges 2 PASINATO, Laura Pilar 3 FREITAS, Nathalie Teixeira 4 ROSO, Patricia Lucion 5 RESUMO O presente estudo teve o objetivo de realizar uma comparação entre o tipo de vínculo e o tipo de violência mais frequente contra idosos da cidade de Santa Maria/RS nos anos de 2015 e 2016. A pesquisa foi elaborada através de um estudo documental e retroativo com base nos boletins de ocorrência da Delegacia de Polícia de Proteção ao Idoso do Município de Santa Maria, concluídos nos anos de 2015 e 2016. Verificou-se que no município de Santa Maria, no ano de 2015, o tipo de violência mais recorrente é a violência psicológica apresentando uma porcentagem de 63,68%, já no ano de 2016 percebe-se que teve uma diminuição de 0,51%. É imprescindível o uso de programas e serviços que auxiliem tanto o idoso como a família, conscientizando-a sobre os cuidados e os direitos dos idosos, mas também ações de prevenção da violência. INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional tornou-se um dos maiores desafios para a saúde pública, visto que se exige a efetiva implementação da estratégia de educação em saúde como possibilidade de manutenção da capacidade funcional do idoso. Em razão do aumento da 1 Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade Integrada de Santa Maria. fontana.lari@gmail.com 2Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade Integrada de Santa Maria. fabbtca@gmail.com 3 Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade Integrada de Santa Maria. laurappasinato@gmail.com 4 Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade Integrada de Santa Maria. nathaliefreitas1@hotmail.com 3 5 Orientadora do curso de Psicologia da Faculdade Integrada de Santa Maria. patrícia.roso@fisma.com.br
expectativa de vida da população mundial, muitos países convivem com idosos de gerações diversas, os quais possuem necessidades variadas, exigindo políticas assistenciais distintas. (SOUZA; FREITAS; QUEIROZ, 2007). Em consequência disto, a violência contra os idosos tornou-se uma significativa demanda que tem acompanhado o crescimento dessa população (IBGE, 2010). A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) define esta como o uso intencional da força ou poder como forma de ameaça ou efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa ou grupo, que ocasiona ou tem grandes probabilidades de ocasionar lesão, morte, dano psíquico. Salienta-se que, no Brasil, a maioria dos idosos moram com a família, sendo esta considerada a principal fonte provedora de cuidados. Os idosos tornam-se mais vulneráveis à violência na medida em que necessitam de maiores cuidados físicos ou apresentam dependência física ou mental. Quanto maior a dependência, maior o grau de vulnerabilidade. O convívio familiar estressante e cuidadores despreparados agravam esta situação. Apenas recentemente os maus-tratos contra os idosos passaram a ser reconhecidos como violência doméstica (OLIVEIRA; SIMPSON; SILVA, 2018). Tendo em vista tais considerações, o presente estudo teve o objetivo de realizar uma comparação entre o tipo de vínculo e o tipo de violência mais frequente contra idosos da cidade de Santa Maria/RS nos anos de 2015 e 2016. METODOLOGIA A presente pesquisa foi elaborada através de um estudo documental e retroativo com base nos boletins de ocorrência da Delegacia de Polícia de Proteção ao Idoso (DPPI) do Município de Santa Maria/RS, concluídos nos anos de 2015 e 2016. Este levantamento foi realizado por acadêmicos do Curso de Graduação em Psicologia, da Faculdade Integrada de Santa Maria (FISMA), durante a disciplina de Estágio Básico I. Posteriormente, tais informações foram sistematizadas por integrantes do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Psicologia Jurídica (NEPE-PJ), da referida Instituição, em comum acordo com o Delegado de Polícia, que consentiu a coleta e divulgação dos dados para a comunidade acadêmica. Metodologicamente, nesta ocasião, o estudo está sendo apresentado a título de relato de experiência, com tratamento estatístico dos dados e análise quantitativa e qualitativa dos mesmos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Verificou-se que no município de Santa Maria, no ano de 2015, o tipo de violência mais recorrente é a violência psicológica apresentando uma porcentagem de 63,68%, já no ano de 2016 percebe-se que teve uma diminuição de 0,51%. Foi verificada também a violência sexual, que no ano de 2015 apresentou uma porcentagem de 1,08%, já no ano de 2016, não foi registrado nenhuma ocorrência com este tipo de violência. A violência patrimonial em 2015, foi de 17,90%, já em 2016 teve uma diminuição de 0,03%Além disso, verificou-se, que a violência física, como sendo a segunda mais recorrente, no ano de 2015 apresentou a porcentagem de 17,35%, que no ano seguinte percebeu-se uma diminuição de 1,48%. A violência psicológica implica em discriminação e desqualificação do idoso, que acaba se sentindo ameaçado e desvalorizado. Uma hipótese de explicação para a maior ocorrência de maus-tratos psicológicos seria a de que esse tipo envolve a discussão de problemas familiares e de negociações financeiras que são feitas verbalmente (IRIGARAY; ESTEVES; PACHECO, 2016). A violência física ocorre quando alguém causa ou tenta causar dano por meio de força física, de algum tipo de arma ou instrumento que possa causar lesões internas, externas ou ambas (DAY; TELLES; ZORATTO, 2003) Sobre o tipo de vínculo, evidenciou -se que em 2015, 64,43% tinha vínculo de âmbito familiar, já no ano de 2016, 59,74 % dos casos, o vínculo entre vítima e agressor se encaixou no âmbito familiar. Sendo assim, houve uma diminuição da violência no ambiente familiar. Segundo Caldas (2002), conforme citado por Caldas (2003), o cuidado que se apresenta de forma inadequada, ineficiente ou mesmo inexistente, é observado em situações nas quais os membros da família não estão disponíveis, estão despreparados ou estão sobrecarregados por essa responsabilidade. A desestruturação familiar ocorre muitas vezes em decorrência do processo de dependência. À medida que o idoso vai desenvolvendo algum tipo de doença ou limitação, o mesmo torna-se vulnerável e de certa forma incapaz. É neste contexto que mudanças de papéis na família vão ocorrendo e, em muitas vezes, ocorre a violência (CALDAS, 2003).
CONCLUSÕES A violência contra os idosos é um fato em evidência dentro do atual processo de envelhecimento populacional mundial, atentos a este contexto a ONU, instituiu o ano de 1999 como o Ano Internacional do Idoso, com o objetivo de alertar as nações sobre a necessidade de se estabelecerem políticas sociais voltadas para a pessoa idosa (FLORÊNCIO et al., 2007). Neste trabalho foi possível fazer uma reflexão de, como são alarmantes os índices de violência contra o idoso, mesmo dentro do âmbito familiar. Por isso é imprescindível o uso de programas e serviços que auxiliem tanto o idoso como a família, conscientizando-a sobre os cuidados e os direitos dos idosos, mas também ações de prevenção da violência, que levem em consideração que a violência psicológica é a porta de entrada para os demais tipos. A violência não cessará enquanto não houver estas ações concientizadoras. Essas ações são urgentes e necessárias, pois muitos idosos necessitam de alternativas à assistência familiar de que não dispõem. Devem ser planejadas e efetivadas, também, políticas públicas que incentivem o acesso do idoso à educação e a grupos de convivência são fundamentais. REFERÊNCIAS CALDAS, C. P.. Envelhecimento com dependência: responsabilidades e demandas da família. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.19, n.3, p.773-781, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php? pid=s0102311x2003000300009&script=sci_abstract&tlng=pt Acesso em: 04/10/2018 DAY, V. P.; TELLES, L. E. B.; ZORATTO, P. H. et al. Violência doméstica e suas manifestações. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 25, suppl. 1, p.9-21, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0101-81082003000400003&script=sci_abstract&tlng=pt Acesso em: 03/10/2018 FLORÊNCIO, M. V. L.; FILHA, M. O. F.; DE SÁ, L. D.. A violência contra o idoso: dimensão ética e política de uma problemática em ascensão. Revista Eletrônica de
Enfermagem, v. 09, n. 03, p. 847 857, 2007. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fen/article/view/7512/5328 Acesso em: 01/10/2018 IRIGARAY, T. Q.; ESTEVES, C. S.; PACHECO, J. T. B. Et al. Maus-tratos contra idosos em Porto Alegre, Rio Grande do Sul: um estudo documental. Estudos de Psicologia, Campinas, v.33, n.3, p.543-551, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php? pid=s0103166x2016000300543&script=sci_abstract&tlng=pt Acesso em: 27/09/2018 OLIVEIRA, L. C.; SIMPSON, C. A.; SILVA, F. T. L., et al. Violência contra idosos: concepções dos profissionais de enfermagem acerca da detecção e prevenção. Revista Gaúcha de Enfermagem, vol.39, e57462, p.1-9, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php? pid=s198314472018000100416&script=sci_abstract&tlng=pt Acesso em: 04/10/2018 Organização Mundial da Saúde. Relatório mundial sobre a violência e saúde. Genebra, 2002. Disponível em: https://cevs.rs.gov.br/upload/arqu ivos/201706/14142032-relatorio-mundialsobre-violencia-e-saude.pdf Acesso em: 27/09/2018 SOUZA, J. A. V.; FREITAS, M. C.; QUEIROZ, T. A.. Violência contra os idosos: análise documental. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.60, n.3, p. 268-272, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0034-71672007000300004&script=sci_abstract&tlng=pt Acesso em: 03/10/2018