CRIOPRESERVAÇÃO DE SÊMEN E INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM CÃES. (Cryopreservation of semen and artificial insemination in dogs)



Documentos relacionados
ACONDICIONAMENTO DE SÊMEN CANINO PARA TRANSPORTE UTILIZANDO DIFERENTES DILUENTES. (Packaging of canine semen for transport using different extenders)

Prof. José Antonio Ribas

TECNOLOGIA DO SÊMEN ANÁLISE DO SÊMEN

a SPRA Artículo original: AVANCES EN CRIOPRESERVACION DE SEMEN EN CANINOS Avanços técnicos na criopreservação do sêmen de cães SPERMOVA

Atualidades sobre a criopreservação do sêmen de cães Updates on canine semen cryopreservation

EFEITO INDIVIDUAL DE FERTILIDADE DE TOUROS DA RAÇA HOLANDESA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA

Criopreservação de sêmen. Dr: Ribrio Ivan T.P. Ba1sta

CRIOPRESERVAÇÂO DE SÊMEN CANINO UTILIZANDO DIFERENTES MEIOS DE CONSERVAÇÃO

Teste de avaliação in vitro e criopreservação do sêmen de cão utilizando diferentes diluidores

2. Como devo manusear o sêmen durante a sua retirada do botijão?

Como colher e congelar sêmen de epidídimo de reprodutores terminais ou mortos Introdução Transporte dos epidídimos

EFEITO DA DILUIÇÃO ESPERMÁTICA NA CONGELAÇÃO DE SÊMEN CANINO UTILIZANDO-SE A ÁGUA DE COCO EM PÓ (ACP 106) COMO DILUIDOR

CONHECENDO UMA CENTRAL DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Principais aspectos ligados à aplicação da inseminação artificial na espécie canina

Métodos de congelamento One Step e Two Steps do sêmen de cães, diluído em solução de água de coco e etilenoglicol

NEWS BRASIL SEM FRONTEIRAS ABC & ANO IV N o 04 R$ 19,50

VITRIFICAÇÃO DE SÊMEN SUÍNO

BRUNA DE VITA BIOTECNOLOGIA E INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL COM SÊMEN CONGELADO EQÜINO

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

EFEITO DO PROCESSO DE DESCONGELAÇÃO SOBRE A VIABILIDADE DO SÊMEN CANINO IN VITRO

SELEÇÃO DE REPRODUTORES PARA A UTILIZAÇÃO DA PRODUÇÃO IN VITRO DE EMBRIÕES VITRIFICADOS

EFEITO DE TRÊS CRIOPROTETORES SOBRE A MEMBRANA DE CÉLULAS ESPERMÁTICAS DE OVINOS

VIABILIDADE DE ESPERMATOZÓIDES DE CÃES INCUBADOS A 37ºC POR UMA HORA, APÓS DILUIÇÃO EM TRIS-GEMA ACRESCIDO DE GLICEROL

Efeito da unidade de resfriamento e conservação, do tempo de armazenamento e diluidor sobre as características do sêmen de cães

COMPARAÇÃO DO EFEITO CRIOPROTETOR DA LIPOPROTEÍNA DE BAIXA DENSIDADE E DA GEMA DE OVO NO CONGELAMENTO DE SÊMEN CANINO.

Manual Técnico de Processamento de Sêmen para Inseminação Artificial

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM PEQUENOS RUMINANTES NA REGIÃO NOROESTE DO PARANÁ, BRASIL

ESTUDO PRELIMINAR DE ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO SÊMEN CANINO CONGELADO (Preliminary study on some properties of canine frozen semen)

ASPECTOS PECULIARES DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM OVINOS

Comunicado Técnico. Introdução

CRIOPRESERVAÇÃO DE SÊMEN EQUINO PREVIAMENTE REFRIGERADO COM E SEM PLASMA SEMINAL POR 12 HORAS*

Criopreservação de embriões

UM NOVO FOCO NA GESTÃO DAS CENTRAIS DE INSEMINAÇÃO

CRIOPRESERVAÇÃO DE SÊMEN CANINO, UTILIZANDO ASSOCIAÇÕES DE CRIOPROTETORES E DOIS PROTOCOLOS DE DESCONGELAMENTO

8º Congresso Interinstitucional de Iniciação Científica CIIC a 14 de agosto de 2014 Campinas, São Paulo

ELENICE ANDRADE MORAES E AMORIM ALTERAÇÃO DA MEMBRANA ESPERMÁTICA DE SUÍNOS, BOVINOS E EQÜINOS NA QUALIDADE DO SÊMEN

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS JAINE PRISCILA SOUSA SANTANA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

Programa Analítico de Disciplina VET381 Fisiologia da Reprodução

INTEGRIDADE DAS MEMBRANAS PLASMÁTICA E ACROSSOMAL DE CÉLULAS ESPERMÁTICAS SUBMETIDAS A ESTRESSE TÉRMICO

DE CRIADOR PARA CRIADOR

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ VICTOR LEÃO HITZSCHKY MADEIRA

Biotecnologias Reprodutivas em Felinos. Profa.Dra. Maria Denise Lopes.

1.1 Revisão de tópicos da morfologia e fisiologia do sistema genital feminino, sob o aspecto clínico nas diferentes espécies domésticas.

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

CONGELAÇÃO DE SÊMEN CANINO COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE GEMA DE OVO E GLICEROL EM DILUIDORES À BASE DE TRIS E ÁGUA DE COCO

Características do Curso: Ementa do Curso e Conteúdo Programático: Objetivos do Curso: Recursos didáticos:

Sêmen refrigerado e congelado para inseminação artificial em ovinos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL

EXAME ANDROLÓGICO EM GATOS DOMÉSTICOS (FELIS CATUS) PELO MÉTODO DE ELETROEJACULAÇÃO

Criopreservação de sêmen de peixes no Brasil: estado da arte e perspectivas futuras

Monitorização do ciclo éstrico da cadela para inseminação artificial ou cruzamento 1

CRIOPRESERVAÇÃO DO SÊMEN OVINO EM MEIO DILUENTE À BASE DE ÁGUA DE COCO EM PÓ (ACP-102c)

CELY MARINI MELO AÇÃO DOS CRIOPROTETORES NA BIOTECNOLOGIA DE SÊMEN CONGELADO

V Seminário de Iniciação Científica e Pós-Graduação da Embrapa Tabuleiros Costeiros 110

INSTITUTO DE ZOOTECNIA

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM SUINOS RELATO DE CASO

Refrigeração do epidídimo canino a 4 C e recuperação dos espermatozoides epididimários utilizando ACP-106c 1

ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR A QUALIDADE E FERTILIDADE DO SÊMEN DE REPRODUTORES EQUINOS

PROGRAMA DE SUPLEMENTAÇÃO DE LUZ ARTIFICIAL PARA BEZERROS EM ALEITAMENTO

Comparação entre a água de coco em pó (ACP ) e o Tris como diluidores na criopreservação do sêmen de cães

CRIOPRESERVAÇÃO DO SÊMEN CANINO: REVISÃO. Alexandre Rodrigues SILVA, Rita de Cássia Soares CARDOSO & Lúcia Daniel Machado da SILVA RESUMO ABSTRACT

Programa Alta Gestação promove democratização da inseminação artificial em ovinos no Brasil

126 BARCELLOS, B. P. et al.

Curso de inseminação artificial da Alta dá dicas de como aumentar a rentabilidade em sua fazenda

PLANO DE ENSINO Unidade: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA) / EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL / UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA (UFRA).

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM EQUINOS: sêmen fresco, diluído, resfriado e transportado

PARÂMETROS REPRODUTIVOS DE MATRIZES SUÍNAS INSEMINADAS COM SÊMEN DILUÍDO EM ÁGUA DE COCO APÓS MONITORAMENTO ULTRA-SONOGRÁFICO TRANSCUTÂNEO 1

AVANÇOS NA CRIOPRESERVAÇÃO DO SÊMEN OVINO I: DILUIDORES E CRIOPROTETORES

TECNICAS DE AMPLIFICAÇÃO REPRODUTIVA E DE BIOTECNOLOGIA APLICADAS AO MELHORAMENTO ANIMAL

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA E POSOLOGIA DO TRILOSTANO MANIPULADO EM CÃES COM HIPERADRENOCORTICISMO ESPONTÂNEO

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Congelamento de sêmen suíno e seu uso em nível de granja

INSEMINAÇÃO ARTIFICAL EM CÃES REVISÃO ARTIFICAL INSEMINATION IN DOGS - REVIEW

MEDICINA VETERINÁRIA

Viabilidade espermática de sêmen congelado de suínos da raça Piau avaliada pelo teste de termorresistência*

Criopreservação de sêmen bovino utilizando diluente à base de PBS com três diferentes percentuais de gema de ovo

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

Estudo da viabilidade de um novo diluidor para a refrigeração do sêmen canino Study of new extender viability to canine chilled sperm

Criopreservação de sêmen canino com um diluidor à base de água de coco na forma

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM CADELAS

ser alcançada através de diferentes tecnologias, sendo as principais listadas abaixo: DSL (Digital Subscriber Line) Transmissão de dados no mesmo

CONGELAÇÃO DE SÊMEN DE EQÜÍDEOS E SEU USO: LIMITAÇÕES E PERSPECTIVAS

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

UTILIZAÇÃO DA GEMA DE OVO DE CODORNA EM DILUIDOR DO SÊMEN CAPRINO¹

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL PÓS-CERVICAL DE LEITOAS COM SÊMEN SUÍNO CRIOPRESERVADO UTILIZANDO DIMETILACETAMIDA E GLICEROL

Archives of Veterinary Science v.5, p.35-39, 2000 Printed in Brazil ISSN: X

CONGELAÇÃO DE SÊMEN CANINO

MELHORAMENTO GENÉTICO

ÍNDEX ASBIA IMPORTAÇÃO, EXPORTAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE SÊMEN

CASTRAÇÃO DE ANIMAIS DE COMPANHIA: MITOS E VERDADES

Relação da taxa de gestação com sêmen bovino congelado e testes de avaliação espermática in vitro

Esse raciocínio é correto e não serve apenas para a espécie humana. Todas as espécies de seres vivos realizam a reprodução para a continuação da vida.

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS ROLIM DE MOURA CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

MANEJO REPRODUTIVO DE CAPRINOS E OVINOS

As simpáticas focas da Antártida

Transcrição:

Edição Especial CRIOPRESERVAÇÃO DE SÊMEN E INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM CÃES (Cryopreservation of semen and artificial insemination in dogs) Daniel Couto UCHOA 1, Ticiana Franco Pereira da SILVA 1, Antônio Cavalcante Mota FILHO 1, Lúcia Daniel Machado da SILVA 1 1 Laboratório de Reprodução de Carnívoros, Faculdade de Veterinária- Universidade Estadual do Ceará (UECE)- Fortaleza, CE *E-mail: danielcoutouchoa@terra.com.br RESUMO Diante de um crescente mercado que requisita produtos e serviços para cães, o presente trabalho objetiva descrever as principais etapas e resultados obtidos na criopreservação de sêmen e inseminação artificiais na espécie canina. Palavras-chave: sêmen, cães, inseminação artificial. ABSTRACT Faced with a growing market that demands products and services for dogs, this paper aims to describe the main steps and results in cryopreservation of semen and artificial insemination in dogs. Key-words: sperm, dogs, artificial insemination. INTRODUÇÃO O crescente mercado cinófilo vem buscando de melhores serviços e produtos para que cães de estimação e de alto valor zootécnico para que estes tenham oportunidade de 27 a 29 de junho de 2012. 132

Edição Especial produzir um maior número de descendentes. Nas duas últimas décadas, a procura por parte de criadores profissionais por biotécnicas que visem à otimização do potencial reprodutivo de cães com características zootécnicas desejáveis é crescente. No Brasil, muitas vezes, pode tornar-se inviável financeiramente o transporte de animais, tendo-se em vista o valor cobrado pelo transporte aéreo de cães de raças grandes ou gigantes, já que este é por peso ou cubagem da caixa de transporte. Diante destes problemas, podese recorrer ao uso da inseminação artificial (IA) com sêmen refrigerado ou congelado com custos bem inferiores quando comparados com o transporte aéreo, a hospedagem e acompanhamento reprodutivo da fêmea longe de casa. A possibilidade da instalação de bancos de sêmen para uma maior difusão de material genético, além de armazenar o sêmen de grandes reprodutores para o uso posterior mesmo após a morte deste animal abre grandes perspectivas para criadores que trabalham com o melhoramento genético canino (Silva et al., 2004; Uchoa et al., 2007). A IA possibilita a eliminação do estresse causado pelo transporte dos animais no momento do acasalamento de cães sadios, quando estes se encontram em regiões geograficamente distintas. Além de proteger machos valiosos da contaminação por doenças sexualmente transmissíveis e é utilizada nos casos de não reconhecimento do macho pela fêmea, ou vice-versa, nos casos de agressividade inerente à raça e desproporção sexual com relação ao peso. Pode-se ainda usar a IA a fim de diminuir a consanguinidade e taras hereditárias, ou nos casos de ejaculação precoce de animais jovens ou idosos. A IA permite otimizar o sêmen de um reprodutor para diversas fêmeas e perpetuar o material genético de animais de alto valor afetivo ou zootécnico, assim como de canídeos selvagens ( Uchoa et al., 2002bc; Silva et al., 2004; Uchoa et al., 2007). Principais resultados de criopreservação e inseminação artificial em cães A tecnologia de reprodução assistida em cães teve início no século XVIII. Spallanzani, em 1776 (apud Watson, 1979), foi o primeiro a registrar que uma diminuição na temperatura proporcionava uma redução, de forma reversível, na atividade metabólica do espermatozoide, permitindo assim o seu armazenamento. Na espécie canina, o primeiro estudo relacionado à criopreservação do sêmen de cães é 27 a 29 de junho de 2012. 133

Edição Especial descrito por (Rowson, 1954). A primeira IA, cientificamente registrada, foi realizada na espécie canina e descrita por Spallanzani em 1780 (apud Badinand et al., 1990) com sêmen a fresco. No entanto, o relato de nascimento de filhotes da espécie canina utilizando sêmen criopreservado só foi notificado muitos anos mais tarde (Seager, 1969). No Brasil, essa biotecnologia foi descrita com sucesso, através da inseminação artificial (IA) com sêmen canino criopreservado a pouco mais de 30 anos, tendo sido obtida uma ninhada de seis cães normais da raça Boxer (Vaske et al., 1981). Nos últimos anos diversos trabalhos demonstram que a criopreservação do sêmen para fins de reprodução assistida têm se tornado cada vez mais frequente (Nizanski, 2006 ; Thomassen et al., 2006 ; Rota et al., 2010; Uchoa, 2011), evitando-se dessa forma, a eliminação do estresse causado pelo transporte dos animais, bem como os custos com o deslocamento aéreo de cães de raças grandes ou gigantes (Uchoa, 2011). No entanto, o processo de criopreservação das células espermáticas resulta em diminuição da fertilidade quando comparada com o sêmen fresco. Mudanças de temperatura e a formação e dissolução de cristais de gelo e suas consequências, são exemplos dos maiores estresses da criopreservação que promovem injúrias às organelas celulares (Watson, 1995). Considerando isto, o meio diluente, juntamente com os crioprotetores, é utilizado com o intuito de proteger os espermatozóides dos choques térmicos e osmóticos que ocorrem durante o processo de congelação (Castelo et al., 2008). Para a refrigeração e congelação seminal, faz-se necessário o uso de diluentes para a conservação da qualidade seminal por um período que pode variar de horas a anos. Estes são meios isotônicas (ph e osmolaridade compatíveis com o plasma seminal), de baixa toxicidade e que favorecem a sobrevivência espermática. Para seu uso em larga escala, devem ser de fácil preparo e baixo custo. Vários diluentes têm sido usados para a refrigeração e a congelação de sêmen canino, dentre os quais podem ser citados: citrato (Harrop, 1962), leite desnatado (Uchoa et al, 2007), TRIS (Dorado et al., 2011; Shah et al., 2011; Kim et al., 2012), Lactose (Seager, 1969), Clone (Ström, 1997), Kenney (Uchoa et al, 2007), Laiciphos 478, o Biociphos W482 (Silva & Verstegen, 1995), e o diluente à base de água de coco in natura- DBAC (Uchoa et al., 2004) e em pó (ACP-106 e ACP-106c) (Uchoa, 2004; Uchoa, 2011; Uchoa et al, 2011). 27 a 29 de junho de 2012. 134

Edição Especial Nos meios de diluição para a criopreservação de sêmen, faz-se necessário o uso de substâncias crioprotetoras que protejam a célula espermática dos danos causados durante o equilíbrio, congelação e descongelação (Concannon & Battista, 1989). Os crioprotetores podem ser penetrantes e não penetrantes. A gema de ovo que é considerada um não penetrante, restauram os fosfolipídios perdidos durante o choque térmico oriundo da mudança de temperatura que ocorre durante o resfriamento (Hammerstedt et al., 1990), em substituição a gema de ovo temos o hidroxitolueno butilato (Neagu et al., 2011) e lipoproteínas de baixa densidade (Moussa et al., 2002). Já os crioprotetores penetrantes utilizados para a criopreservação de sêmen são: glicerol (Uchoa, 2011), etilenoglicol (Rota et al., 2010), dimetilformamida (Lopes et al., 2009; Mota Filho et al., 2011) e o dimetilsulfóxido (Medeiros et al., 2002). Dentre estes, sem dúvida nenhuma, o glicerol tem sido o crioprotetor de eleição para criopreservação do sêmen canino. Diversas metodologias têm sido descritas para a criopreservação do sêmen de cães e variam de acordo com o diluente, protetores de resfriamento e agentes crioprotetores empregados, preconizando o uso de diferentes velocidades de criopreservação (Silva et al., 2001). A técnica descrita por Andersen (1975) tem sido a mais usada. Nesta técnica, foi realizada a diluição do sêmen a 37 ºC em Tris acrescido de 20% de gema de ovo e 8% de glicerol. Em seguida, foi procedido um período de equilíbrio de três horas, seguido do envase em palhetas plásticas de 0,5 ml e a exposição aos vapores de nitrogênio para criopreservação. Essa técnica tem servido como base para trabalhos onde têm sido realizadas pequenas modificações, alcançado bons resultados in vitro (Ström et al., 1997) e in vivo (Linde-Forsberg et al., 1999; Rota et al., 1999; Tsutsui et al., 2000; Uchoa, 2011). Uma recente técnica descreve a congelação do sêmen em gotas de 33 x 106 sptz/ ml microencapsulado em matriz celular de alginato alginato de sódio 1,5%, sendo uma alternativa para melhorar a motilidade e viabilidade do sêmen canino descongelado (Shah et al., 2011). Algumas investigações científicas levantam a hipótese que os espermatozóides criopreservados sofrem mais alterações durante a descongelação do que durante o processo de congelação (Rota et al., 1998). De acordo com Hammerstedt et al. (1990), caso a taxa de congelação usada seja rápida, deve-se utilizar uma descongelação rápida, para ocorrer à dissolução dos cristais de gelo que se formaram durante o processo de 27 a 29 de junho de 2012. 135

Edição Especial congelação, antes que ocorra a recristalização temporária, que causaria danos à membrana plasmática e organelas celulares. Atualmente existem vários protocolos preconizando diferentes temperaturas e velocidades de descongelação para o sêmen canino. Silva et al. (1998) sugerem que a temperatura de 37 ºC por 60s, em banho maria, promove uma menor porcentagem de alterações morfológicas espermáticas do que a de 50 ºC por 30s. Por razões práticas o sêmen congelado de cães é frequentemente, descongelado a 37 ºC, embora muitos pesquisadores (Dobrinski et al., 1993; Rota et al., 1998) tenham encontrado que temperaturas mais altas aumentam a viabilidade após a descongelação. Esse fato deve-se, provavelmente, a diminuição dos riscos de recristalização dos microcristais intracelulares que podem ocorrer durante descongelação lenta (Ivanova- Kicheva et al., 1995; Peña, 2000). As taxas médias de gestação já relatadas são variam em função do tipo de conservação seminal e a via de inseminação utilizada. Os principais resultados comparativamente ao sêmen a fresco encontram-se listados no quadro abaixo (Quadro 1). As doses inseminantes utilizadas também são bastante variadas. Para sêmen a fresco, relata-se de 150 a 300 milhões (Silva et al., 1996; Nizański, 2006). Pinto et al. (1999) relataram o uso de 260 a 350 milhões de espermatozóides móveis totais para IA intra-vaginal com sêmen refrigerado, e para o sêmen congelado-descongelado, relata-se de 100 a 700 milhões (Seager et al., 1975; Olar et al., 1989; Silva et al., 1996; Nizański, 2006; Fukushima et al., 2010). CONSIDERAÇÕES FINAIS Uma série de resultados já foram obtidos sobre o tema criopreservação e inseminação artificial na espécie canina, entretanto muitas pesquisas ainda são necessárias para padronização e otimização dos protocolos e obtenção de resultados mais próximos ao obtidos com sêmen a fresco. 27 a 29 de junho de 2012. 136

Edição Especial Quadro 1: Taxas médias de gestação relacionadas ao tipo de conservação seminal, via de inseminação e diluidor utilizado (Uchoa, 2011- modificado). Tipo de Sêmen Tipo de IA Taxa Gestação Referência (diluidor) 81,8% (c/ pipeta Nizański (2006) Fresco Intra-vaginal bovina) 86,2% (c/ sonda Osíris) 91,0% (ACP-106) Uchoa (2004) 97,0% (DBAC) 90% (ACP-106c) Uchoa et al. (2011) Refrigerado Intra-vaginal 90-100% (tris) Pinto et al. (1999) 80% * Uchoa et al. (2007) 90% (ACP-106c) Uchoa et al. (2011) 100% (tris) Rota et al. (2009) Intra-vaginal 52,6% (tris) Fontbonne e Badinand (1993) 59,4% (tris) Nizański (2006) Congelado- 60% (ACP-106c) Uchoa (2011) Descongelado Intra-uterina 73% (tris) Fontbonne e Badinand (1993) Intra-uterina (laparoscópica) 60% (Laiciphos e Tris) Silva et al. (1996) Intra-uterina 100% (Biociphos) (laparoscópica) Intra-uterina 75% (tris) Thomassen et al. (2006) (transcervical) *diferentes diluidores: ACP-106, tris, Kenney e leite desnatado. 27 a 29 de junho de 2012. 137

Edição Especial REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSEN, K. Insemination with frozen dog semen based on a new insemination technique. Zuchtygiene, v.10, p.1-4, 1975. BADINAND, F. ; FONTBONNE, A. ; ADOUE, C. Préparation, conditionnement, conservation et utilisation de la semence du chien en insémination artificielle. Elevage et Insémination, v. 239, p. 3-15, 1990. CASTELO, T. S.; FROTA, T. R.; SILVA, A. R. Considerações sobre a criopreservação do sêmen de caprinos. Acta Veterinaria Brasilica, v.2, n.3, p.67-75, 2008. CONCANNON, P.W.; BATTISTA, M. Canine semen freezing and artificial insemination. In: KIRK R.W. Current veterinary therapy. Philadelphia: WB Saunders, p. 1247-1259, 1989. DOBRINSKI, I.; LULAI, C.; BARTH, A.D.; POST, K. Effects of four different extenders and three different freezing rates on post-thaw viability of dog semen. Journal of Reprodution and Fertility, v. 47, p.291 296, 1993. DORADO, J.; ALCARÁZ, L.; DUARTE, N.; PORTERO, J.M.; ACHA, D.; HIDALGO M. Changes in the structures of motile sperm subpopulations in dog spermatozoa after both cryopreservation and centrifugation on PureSperm gradient. Animal Reproduction Science, v.125, p. 211 18, 2011. FONTBONNE, A.; BADINAND, F. Canine artificial insemination with frozen semen: comparison of intravaginal and intrauterine deposition of semen. Journal of Reprodution and Fertility, Suppl. 47, p.325-327, 1993. FUKUSHIMA, F.B.; MALM, C.; HENRY, M.; GHELLER, V.A.; SERAKIDES, R.; NEVES,M.M.; MACEDO, S.P.; FIGUEIREDO,M.S.; ANDRADE, M.E.J.; CHAVES, M.S.; SILVA, M.X.; REZENDE, C.M.F.; MELO, E.G. Site of intrauterine artificial insemination in the bitch does not affect sperm distribution within in uterus. Reproduction Domestic Animals, v.45, p.1059-1064, 2010. HAMMERSTEDT, R.H.; GRAHAM, J.K.; NOLAN, J.P. Cryopreservation of mammalian sperm: what we ask them to survive. Journal of Andrology, v.11, p.73-88, 1990. 27 a 29 de junho de 2012. 138

Edição Especial HARROP, A.E. Artificial insemination in the dog. In: MAULE, P.T. The semen of animals and artificial insemination. Weybridge: Commonwealth Agricultural Bureau, 1962, p.304-315. IVANOVA-KICHEVA, M.G.; SUBEV, M.S.; BOBADOV, D.P.; ROUSEVA, I.A. Effects of thawng regimens on the morphofunctional state of canine spermatozoa. Theriogenology, v.44, p.563-569, 1995. KIM, S.; LEE, Y.; YANG, H.; KIM, Y. J. Rapid freezing without cooling equilibration in canine sperm. Animal Reproduction Science, v.130 p. 111 18, 2012. LINDE-FORSBERG, C.; STRÖM-HOLST, B.; GOVETTE, G. Comparison of fertility data from vaginal versus intrauterine insemination of frozen thawed dog semen: a retrospective study. Theriogenology, v.52. v.11 23, 1999. LOPES, R.F.; COSTA, L.L.M.; LIMA, G.L.; SOUZA, A.L.P.; SILVA, A.R. Dimethylformamide is no better than glycerol for cryopreservation of canine. Theriogenology, v.72, p. 650-654, 2009. MEDEIROS, A.S.L.; GOMES, G.M.; CARMO, M.T.; PAPA, F.O.; ALVARENGA, M.A., Cryopreservation of stallion sperm using different amides. Theriogenology, v.58, p.273-276.2002. MOTA FILHO, A.C.; TELES, C.H.A.; JUCÁ, R.P.; CARDOSO, J.F.S.; UCHOA D.C.; CAMPELLO, C.C.; SILVA, A.R.; SILVA, L.D.M. Dimethylformamide as a cryoprotectant for canine semen diluted and frozen in ACP-106C. Theriogenology, v. 76, p.1367 72. 2011. MOUSSA, M.; MARTINET, V.; TRIMECHE, A.; TAINTURIER, D.; ANTON, M. Low density lipoproteins extracted from egg yolk by an easy method: cryoprotective effect on frozen-thawed bull semen. Theriogenology, v.57, p.1695-1706, 2002. NEAGU, V.R.; MACÍAS-GARCÍA, B.; SALAZAR-SANDOVAL, C.; MORILLO- RODRÍGUEZ, A.; ORTEGA-FERRUSOLA, C.; GONZÁLEZ-FERNÁNDEZ, L.; TAPIA, J.A.; PENÃ, F.J. Freezing dog semen in presence of the antioxidant butylated hydroxytoluene improves postthaw sperm membrane integrity. Theriogenology, v.73, p. 645 50, 2011. NIZAŃSKI, W. Intravaginal insemination of bitches with fresh and frozen-thawed semen with addition of prostatic fluid: use of an infusion pipette and the Osiris catheter. Theriogenology, v. 66, n. 2, p. 470-83, 2006. 27 a 29 de junho de 2012. 139

Edição Especial OLAR, T.T.; BOWEN, R.A.; PICKETT, B.W. Influence of extender, cryopreservative and seminal processing procedures on post-thaw motility of canine spermatozoa frozen in straws. Theriogenology, v. 31, p. 451-461, 1989. PEÑA, A.I. Flow cytometry in the assessment of fresh and frozen-thawed dog semen, and the effects of different cryopreservation methods on post-thaw sperm survival and longevity. 2000. l (Thesis), Doctora Universidad de Santiago de Compostela, Uppsala,. 2000. PINTO, C.R.F.; PACCAMONTI, D.L.; EILTS, B.E. Fertility in bitches artificially inseminated with extended, chilled semen. Theriogenology, v. 52, p. 609-616, 1999. ROTA A, LINDE-FORSBERG C, VANNOZZI J, ROMAGNOLI S, RODRIGUES- MARTINEZ H. Cryosurvival of dog spermatozoa at different glycerol concentrations and freezing/thawing rates. Reprod Dom Anim. v. 33, p. 355-361, 1998. ROTA, A.; MILANI, C.; ROMAGNOLI, S.; ZUCCHINI, P.; MOLLO, A. Pregnancy and conception rate after two intravaginal insemination with dog semen frozen either with 5% glycerol or 5% ethylene glycol. Animal Reproduction Science, v.118, p.94-97, 2010. ROTA, A.; PEÑA, A.I.; LINDE-FORSBERG, C.; RODRIGUEZ-MARTINEZ, H., 1999. In vitro capacitation of fresh, chilled and frozen-thawed dog spermatozoa assessed by the chlorthetracicline assay and changes in motility patterns. Animal Reproduction Science. v.57, p. 199-215, 1999. ROWSON, L.E.A. Infertility of cow, sow and bitch. Irish Veterinary Journal, v.8, p.216-21, 1954. SEAGER, S.W.J. Successful pregnancies utilizing frozen dog semen. Artificial Insemination Digest, p.17-26, 1969. SEAGER, S.W.J.; PLATZ, C.C.; FLETCHER, W.S. Conception rates and related data using frozen dog semen. Journal of Reproduction and Fertility., v. 45, p.189-192, 1975. SHAH, S.; OTSUKIB, T.; FUJIMURAB, C.; YAMAMOTO, N.; YASUHISA, Y.; HIGAKIB, S. HISHINUMAB, M. Cryopreservation of microencapsulated canine sperm. Theriogenology, v.7, p. 679 86, 2011. SILVA, A. R.; CARDOSO, R. C. S., SILVA, L. D. M. Efeito do processo de descongelação sobre a viabilidade do sêmen canino in vitro. Ciência Animal, v. 8, p.75-80, 1998. 27 a 29 de junho de 2012. 140

Edição Especial SILVA, A.R.; CARDOSO, R. C. S.; UCHOA, D.C.; SILVA, L.D.M. Efeito das etapas do processamento de criopreservação sobre a qualidade do sêmen canino diluído em Tris. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.25, p.474-474, 2001. SILVA, A.R.; SATZINGER, S.; LEITE, L.G.; SILVA, L.D.M. Gestação obtida por inseminação artificial com sêmen canino refrigerado transportado à distância relato de caso. Clínica Veterinária, n. 50, p. 56-64, 2004. SILVA, L. D. M.; ONCLIN, K; LEJEUNE, B.; VERSTEGEN, J.P. Comparisons of intravaginal and intrauterine insemination of bitches with fresh or frozen semen. Veterinary Record, v. 138, p. 154-157, 1996. SILVA, L.D.M.; VERSTEGEN, J.P. Comparisons between three different extenders for canine intra-uterine insemination with frozen-thawed spermatozoa. Theriogenology, v. 44, n. 4, p.571-579, 1995. STRÖM, B.; ROTA, A.; LINDE-FORSBERG, C. In vitro characteristics of canine spermatozoa subjected to two methods of cryopreservation. Theriogenology. v. 48, p. 247-256, 1997. THOMASSEN, R.; SANSON, G.; KROGENAES, A.; FOUGNER, J. A.; BERG, K.A.; FARSTAD, W. Artificial insemination with frozen semen in dogs: a retrospective study of 10 years using a non-surgical approach. Theriogenology, v.66, p.1645-1650, 2006. TSUTSUI, T.; HASE, M.; TANAKA, A.; FUJIMURA, N.; HORI, T.; KAVAKAMI, E. Intrauterine and intravaginal insemination with frozen canine semen using an extender consisting of orvus ES paste-supplemented egg yolk Tris-fructose citrate. Japanese Veterinary Medical Science. v. 62, p. 603-606, 2000. UCHOA, D. C. Água de coco em pó (ACP-106c) como diluente para conservação de sêmen e inseminação artificial na espécie canina. 2011. 195f. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2011. UCHOA, D.C. Inseminação artificial em cadelas com sêmen a fresco com diluidores à base de água de coco. 2004. 61f. Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias) - Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2004. UCHOA, D.C.; CARDOSO, R.C.S.; SILVA, L.D.M. Comparação de diferentes diluidores de sêmen na inseminação artificial a fresco em cadelas da raça Boxer. In: Simpósio Cearense de Ciência Animal, 4., 2002, Fortaleza. Ciência Animal, 2002a. v. 12. p. 131-134. 27 a 29 de junho de 2012. 141

Edição Especial UCHOA, D.C.; CARDOSO, R.C.S.; SILVA, L.D.M. Inseminação artificial a fresco em cadelas da raça Boxer com diferentes diluidores de sêmen. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Supl., n. 5, p. 150-152, 2002b. UCHOA, D.C.; SATZINGER, S.; AMARAL, M.C.; SILVA, L.D.M. O uso de diferentes diluidores para inseminação artificial com sêmen canino refrigerado. In: Anais...Congresso Brasileiro de Reprodução Animal. Curitiba, Paraná. Colégio Brasileiro de Reprodução Animal, p.182, 2007. UCHOA, D.C.; SILVA, T.F.P.; CARDOSO, J.F.S.; MOTA-FILHO, A.C.; JUCÁ, R.P.; SILVA, A.R.; SILVA, L.D.M. Favoring birth of female puppies afeter artificial insemination using sêmen diluted wth powdered coconut water (ACP-106c). Theriogenology, 2001, in press, doi: 10.1016/j.theriogenology.2011.11.029. VASKE, T. R.; MORAES, H. F.; ROMÃO, A.R.; BLASI, A.C.; PERASSI, P.; AUN, G.C. Seis cães normais nascidos de sêmen congelado. A Hora Veterinária, v.1, p.15 18, 1981. WATSON, P.F. Recent developments and concepts in the cryopreservation of spermatozoa and the assessment of their post-thawing function. Reproduction Fertility and Development, v.7, p.871-891, 1995. WATSON, P.F. The preservation of semen in mammals. Oxford Reviews Reproduction and Biology. v. 1, p. 183-350, 1979. 27 a 29 de junho de 2012. 142