Aula 03 REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

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Transcrição:

Turma/Ano: Direito Previdenciário (2016) Matéria/Data: Regime Geral de Previdência Social: aspectos constitucionais e competência (25/04/15) Professor: Marcelo Tavares Monitora: Márcia Beatriz Aula 03 REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL Aspectos Constitucionais CRFB, Art. 201: A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no 2º. 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei. 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência.

6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano. 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei. 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado. 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário-mínimo. 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o 12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de previdência social. Observação 1: 1º Existem apenas duas exceções constitucionais à vedação de adoção de critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria. Desta feita, haverá discriminação positiva somente nos casos de insalubridade (com a possibilidade de aposentadoria especial) e deficiência física (para a obtenção de aposentadoria por idade ou tempo de contribuição com critérios mais simples).

Por este motivo, a atividade perigosa tem proteção diferenciada tão-somente no RPPS. No regime geral, o trabalhador de empresa de vigilância armada não tem direito à aposentadoria antecipada como os policiais civis, rodoviários e federais possuem. Observação 2: 2º Nenhum benefício de natureza remuneratória e que se destine à manutenção da família terá valor inferior a um salário-mínimo. No entanto, benefícios indenizatórios, como salário-família e auxílio-acidente, por não substituírem a remuneração do segurado, podem ser menores que um salário. Observação 3: 4º A Constituição resguarda a manutenção dos valores nominal e real dos benefícios, ou seja, os benefícios previdenciários além de irredutíveis, devem ser anualmente revistos para que seja feita a recomposição de perdas inflacionárias. Observação 4: 7º Na redação original deste parágrafo contida na PEC proposta pelo Poder Executivo, os requisitos idade e tempo de contribuição deveriam ser de observância cumulativa. Contudo, por ter faltado um único voto, não foi obtida a concordância de 3/5 dos membros para se aprovar a emenda com aquela redação se tornaram duas hipóteses e não dois requisitos. Observação 5: 10 Este dispositivo até hoje não foi regulamentado. Observação 6: 12 e 13 Com redação dada pelas EC 41 e 47/05, estes dispositivos visaram instituir um sistema de inclusão previdenciária, pois à época era expressivo o número de pessoas que, por trabalharem na informalidade, não contribuíam para o sistema previdenciário, e no fim, acabavam onerando o Estado porque requeriam benefícios assistenciais, já que não faziam jus a aposentadoria e estavam em estado de necessidade. Assim, ainda que seja insuficiente a contribuição por elas arrecadada, visto que usam alíquotas menores, o montante recolhido representa certa desoneração estatal. Competência Jurisdicional As ações em que se discutem benefícios não acidentários seguem a regra geral disposta no art. 109, I da Constituição. Logo, é competência absoluta da justiça federal processar e julgar as causas em que o INSS (autarquia federal) for parte.

Deste modo, quando o segurado for domiciliado em local sede da justiça federal, a competência será exclusiva da vara federal, com recurso para o respectivo Tribunal Regional Federal. No entanto, se o segurado for domiciliado em local onde não haja sede da justiça federal (seção ou subseção judiciária), haverá delegação de competência para vara da justiça estadual local, porém eventual recurso deve ser endereçado para o TRF (art. 109, 3º e 4º, CRFB) 1. Exemplo 1: Caso um segurado seja domiciliado em Barra Mansa/RJ e não sendo este município sede da justiça federal (apesar de pertencer à competência territorial da Subseção Judiciária de Volta Redonda/RJ), eventual demanda sobre benefício não acidentário será de competência da justiça estadual da Comarca de Barra Mansa com recurso para o TRF da 2ª região. Ressalte-se que não há qualquer óbice ao segurado propor a ação na vara federal de Volta Redonda (subseção judiciária) ou mesmo do Rio de Janeiro (seção judiciária) Súmula n. 689 do STF 2. Observação: A depender do valor da causa, a ação de benefício não acidentário será proposta no juizado especial federal. Assim, se a demanda for de até 60 salários-mínimos, o segurado deverá obrigatoriamente propô-la em uma vara do juizado, se no seu domicílio houver foro instalado art. 3º, 3º da Lei n. 10.259/01. Observe-se, todavia, que se no seu domicílio não houver sede de juizado federal, o segurado deverá obrigatoriamente propor a ação na vara estadual de seu domicílio ou deslocar-se até o juizado federal mais próximo, pois o juizado especial cívil é absolutamente incompetente para julgar causa contra a Fazenda Pública e o juizado fazendário estadual é absolutamente incompetente para julgar causa contra a União. Exemplo 2: O segurado de Barra Mansa ensejando propor ação de até 60 salários deverá optar por propô-la na vara estadual de Barra Mansa (local de seu domicílio, não foro de juizado federal) ou na vara do juizado federal de Volta Redonda ou do Rio de Janeiro, municípios com juizado especial federal instalado. 1 CRFB, Art. 109, 3º: Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. CRFB, Art. 109, 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. 2 STF, Súmula n. 689: O segurado pode ajuizar ação contra a instituição previdenciária perante o juízo federal do seu domicílio ou nas varas federais da Capital do Estado-Membro.

Contudo, se a ação versar sobre acidente do trabalho, a competência para julgar a demanda é da justiça estadual, pois a Lei Maior expressamente o exclui da competência da justiça federal: CRFB, Art. 109: Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. Assim, independentemente do local de domicílio do segurado (sede ou não de justiça ou juizado federal), ações movidas em face do INSS e que envolvam benefícios acidentários serão sempre de competência da justiça estadual, com recurso para o respectivo Tribunal de Justiça Súmula n. 501 do STF e Súmula n. 15 do STJ 3. Observação: Existem duas ações que apesar de relacionadas a acidente de trabalho não são de competência da justiça estadual. O julgamento de demandas que decorram da não observância de normas de segurança do trabalho pela empresa serão de competência da: - Justiça do Trabalho: se proposta pelo empregado contra a empresa (art. 7º, XXVIII, CRFB); - Justiça Federal: se proposta pelo INSS contra a empresa (art. 120 da Lei n. 8.213/91). Vale ressaltar que o Supremo tem uma visão amplíssima do que seja acidente de trabalho para fixação de competência da justiça estadual. Desta feita, até mesmo as demandas não tipicamente acidentárias, mas que sejam partes segurado e INSS, acabam tramitando em varas estaduais. Este foi o entendimento firmado pela Corte Suprema em ação que questionava apenas o índice de correção monetária aplicado a um benefício acidentário concedido administrativamente. Observação: A competência para julgamento de remédios constitucionais impetrados contra ato do servidor do INSS (autoridade federal) será sempre da justiça federal, ainda que decorrente de questão acidentária. Isto se deve porque na determinação de competência, regras em razão da pessoa (art. 109, VIII, CRFB) 4 preponderam sobre regras em razão da matéria (art. 109, I, CRFB). 3 STF, Súmula n. 501: Compete à Justiça ordinária estadual o processo e o julgamento, em ambas as instâncias, das causas de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a União, suas autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista. STJ, Súmula n. 15: Compete à Justiça Estadual processar e julgar os litígios decorrentes de acidente do trabalho. 4 CRFB, Art. 109: Aos juízes federais compete processar e julgar: VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;