ARTIGO ORIGINAL 0RIGINAL PAPER. unitermos. key y words

Documentos relacionados
Padrão de sensibilidade de 117 amostras clínicas de Staphylococcus aureus isoladas em 12 hospitais

Caracterização molecular de Enterococcus spp. resistentes à vancomicina em amostras clínicas, ambientes aquáticos e alimentos

Avaliação das metodologias M.I.C.E., Etest e microdiluição em caldo para determinação da CIM em isolados clínicos

Questionário - Proficiência Clínica

Avaliação da sensibilidade a antimicrobianos de 87 amostras clínicas de enterococos resistentes à vancomicina

Glicopeptídeos Cinara Silva Feliciano Introdução Mecanismo de ação

RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE BACTÉRIAS ISOLADAS DE AMOSTRAS DE CÃES E GATOS ATENDIDOS EM HOSPITAL VETERINÁRIO

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

Artigo original Avaliação da ocorrência de Enterococcus spp. resistentes à vancomicina em um hospital público de Fortaleza

Biossegurança Resistência Bacteriana. Professor: Dr. Eduardo Arruda

Histórias de Sucesso no Controle da Infecção Hospitalar. Utilização da informática no controle da pneumonia hospitalar

Infecções por Gram Positivos multirresistentes em Pediatria

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR

Prevalência e perfil de sensibilidade de amostras de Staphylococcus aureus isoladas de casos clínicos de infecções hospitalares

RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS: TESTES DE SENSIBILIDADE

EMERGÊNCIA DE Salmonella RESISTENTE A QUINOLONAS NO ESTADO DE SÃO PAULO

European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing

Quimioterápicos Arsenobenzóis Sulfas

SENSIBILIDADE BACTERIANA A ANTIMICROBIANOS, USADOS NA PRÁTICA MÉDICA - RIBEIRÃO PRETO-SP

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DOS EXTRATOS HIDROALCOÓLICOS DOS FRUTOS DO CERRADO Genipa americana L., Dipteryx alata Vog. E Vitex cymosa Bert.

Infecções causadas por microrganismos multi-resistentes: medidas de prevenção e controle.

15/10/2009 ANTIMICROBIANOS E RESISTÊNCIA. Disciplina: Microbiologia Geral Curso: Nutrição Prof. Renata Fernandes Rabello HISTÓRICO

TÍTULO: PERFIL DE RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE ISOLADOS BACTERIANOS DE INFECÇÕES CLÍNICAS DO HOSPITAL VETERINÁRIO ANHEMBI MORUMBI

Definição de Germicida

Vancomicina Teicoplanina. Clindamicina. Quinupristina Dalfopristina. Metronidazole. Linezolido. Tigeciclina. Daptomicina

A Microbiologia no controlo das IACS. Valquíria Alves Coimbra 2014

Elevado custo financeiro: R$ 10 bilhões/ano Elevado custo humano: 45 mil óbitos/ano 12 milhões de internações hospitalares Dados aproximados,

Antimicrobianos: Resistência Bacteriana. Prof. Marcio Dias

Antibiograma em controlo de infecção e resistências antimicrobianas. Valquíria Alves 2015

AUDECIR GIOMBELLI. FATORES DE PATOGENICIDADE DE Listeria monocytogenes DE AMBIENTES DE LATICÍNIOS, DE ALIMENTOS E DE HUMANOS

SUSCEPTIBILIDADE DOS AGENTES DE INFECÇÃO URINÁRIA AOS ANTIMICROBIANOS

Palavras-chave Microbiologia; Antibióticos; Resistência Bacteriana.

DETERMINATION PROFILE OF RESISTANCE STRAINS OF ANTIMICROBIAL Staphylococcus aureus ISOLATED FROM A CLINICAL DENTAL LOCATED IN THE BARRETOS-SP CITY

Relatório de Amostra Externa. Atividade Bactericida EN Princípio ativo: Cloreto de polihexametileno biguanida (0,1%) e mistura de

Revista de Saúde Pública ISSN: Universidade de São Paulo Brasil

avaliação da atividade in vitro de novos antimicrobianos da classe das fluoroquinolonas, das cefalosporinas

RELATÓRIO S0BRE A PESQUISA DAS ACTIVIDADES ANTI-BACTERIAIS E ANTI- FÚNGICAS DA PREPARAÇÃO "Herba Sept Strong"

Antibióticos. Disciplina Farmacologia Profª Janaína Santos Valente

Infecções por microrganismos multirresistentes Hospital / Comunidade José Artur Paiva

TÍTULO: PERFIL DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS DE BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES ENCONTRADAS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ONCOLÓGICA

NÚMERO: 004/2013 DATA: 21/02/2013 ATUALIZAÇÃO 08/08/2013 ASSUNTO: PALAVRAS-CHAVE: PARA: CONTACTOS:

RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS DE CEPAS DE Sthapylococcus aureus ISOLADAS DA UTI DE UM HOSPITAL DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM ES

ASPECTOS MICROBIOLÓGICOS E RESPOSTA TERAPÊUTICA DE 180 PACIENTES COM ENDOCARDITE INFECCIOSA, OCORRIDOS EM RIBEIRÃO PRETO, ENTRE 1992 E 1997

RENATA APARECIDA MENDES

Determinação de sensibilidade bacteriana aos antimicrobianos

Avaliação da tolerância à vancomicina em 395 cepas hospitalares de Staphylococcus aureus resistentes à oxacilina

PERFIL DE SENSIBILIDADE DE AGENTES CAUSADORES DE MASTITE BOVINA NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

INFECÇÃO HOSPITALAR. InfecçãoHospitalar. Parte 2. Profª PolyAparecida

Controle de VRE O que há de novo? Magda de Souza da Conceição Infectologista do HFL Coordenação da CCIH do HBD

das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo: características clínicas e microbiológicas

Comparação de métodos na determinação de sensibilidade à vancomicina em Staphylococcus aureus resistente à meticilina

European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing - EUCAST Tabelas de pontos de corte para interpretação de CIMs e diâmetro de halos

Sensibilidade a antimicrobianos de bactérias isoladas do trato respiratório de pacientes com infecções respiratórias adquiridas na comunidade

Princípios de Antibioticoterapia. Valdes R Bollela

Controvérsias: FIM da vigilância para MRSA, VRE, ESBL

Estudo da produção de β-lactamase e sensibilidade às drogas em linhagens de estafilococos coagulase-negativos isolados de recém-nascidos

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

Antimicrobianos. Prof. Leonardo Sokolnik de Oliveira

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Resistência bacteriana em trabalhadores de um hospital veterinário

Staphylococcus aureus resistente à vancomicina: um problema emergente

Avaliação da atividade in vitro do cefetamet e outros agentes antimicrobianos diante de bactérias isoladas de infecções do trato respiratório

RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS EM CEPAS DE Enterococcus spp. ISOLADAS DA UTI DE UM HOSPITAL DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM ES

INCIDÊNCIA BACTERIANA EM HEMOCULTURAS DE RECÉM-NASCIDOS E PERFIL DE SUSCETIBILIDADE FRENTE AOS ANTIMICROBIANOS

Antimicrobianos III. Prof. Dra. Jaqueline Dario Capobiango. Universidade Estadual de Londrina

OCORRÊNCIA DE Enterococcus faecalis EM INFECÇÕES PULPARES E AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS

ANTIBIOGRAMA. Profa Alessandra Barone Prof. Archangelo Fernandes

Concentração mínima inibitória de dez antimicrobianos para amostras de Staphylococcus aureus isoladas de infecção intramamária bovina

As opções para tratar Grampositivos:

RELATÓRIO CUMULATIVO DA SUSCETIBILIDADE DOS AGENTES DE INFEÇÃO URINÁRIA AOS ANTIMICROBIANOS

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Importância da Utilização de Metodologias para a Detecção de ESBL em Espécies de Enterobactérias

Mecanismos de Ação das drogas antimicrobianas

SUSCETIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS ISOLADOS DE MANIPULADORES DE INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

Antibióticos. O impacto causado pelo mau uso no desenvolvimento de resistência bacteriana. Caio Roberto Salvino

USO RACIONAL DOS ANTIBIÓTICOS. Prof. Dra. Susana Moreno

PERFIL DE SENSIBILIDADE APRESENTADO POR BACTÉRIAS ISOLADAS DE CULTURAS DE SECREÇÃO TRAQUEAL

Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar Hospital Universitário Clementino Fraga Filho Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doripenem, o novo agente na pneumonia nosocomial PERFIL DE SUSCEPTIBILIDADE AOS BACILOS GRAM NEGATIVO MAIS PREVALENTES

Declaração de Conflitos de Interesse. Nada a declarar.

BD Oxacillin Screen Agar

Resistência bacteriana as drogas antimicrobianas

PROTOCOLO DE TRATAMENTO ANTIMICROBIANO EMPÍRICO PARA INFECÇÕES COMUNITÁRIAS, HOSPITALARES E SEPSE

Faculdades Icesp Promove de Brasília Brasília, abril de 2016.

Comparação das atividades antimicrobianas de meropenem e imipenem/cilastatina: o laboratório necessita testar rotineiramente os dois antimicrobianos?

ESTUDO DA EFICIÊNCIA DE ANTIBIOTICOS CONTRA BACTÉRIAS PATOGÊNICAS

PROPORÇÃO DE BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES DE UM HOSPITAL PÚBLICO SUL-BRASILEIRO

INCIDÊNCIA E PERFIL DE SENSIBILIDADE DE Acinetobacter sp. EM UM HOSPITAL DE VARGINHA NO ANO DE 2012

Projeto. Implantação da Rede Nacional de Monitoramento Resistência Microbiana em Serviços de Saúde

SUSCETIBILIDADE IN VITRO DE BACTÉRIAS CAUSADORAS DE MASTITE FRENTE A ANTIBIÓTICOS

Resistência bacteriana as drogas antimicrobianas

Guia de leitura. Método de disco-difusão para teste de sensibilidade aos antimicrobianos do EUCAST. Versão 4.0 Junho 2014

Comitê Europeu de Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos

1. A dinamização do Sistema de Vigilância Epidemiológica das Resistências aos Antimicrobianos tem de

Laís Gonçalves Botelho et all 7º SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ACADÊMICA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

Terapia Antimicrobiana para Infecções por K. pneumoniae produtora de carbapenemase Proposta da Disciplina de Infectologia UNIFESP

ALVOS DE ACÇÃO MECANISMOS BACTERIANOS DE RESISTÊNCIA. Célia Nogueira Coimbra, 18 de Fevereiro 2016

ESTUDO DO EFEITO ANTIMICROBIANO DO EXTRATO DA GOIABEIRA (Psidium guajava LINN) SOBRE STAPHYLOCOCCUS AUREUS MULTIRRESISTENTES

O problema das resistências aos antimicrobianos em Portugal: causas e soluções

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Enterobacter sp. MULTIRRESISTENTE ISOLADO DE LAVADO TRAQUEAL DE EQUINO: RELATO DE CASO

Transcrição:

ARTIGO ORIGINAL 0RIGINAL PAPER Atividade antimicrobiana in vitro de quinupristina/dalfopristina para cocos gram-positivos isolados de cinco centros brasileiros: resultado do estudo de vigilância L-SMART Recebido em 31/08/01 Aceito para publicação em 10/01/02 Antimicrobial in vitro activity of quinupristin/dalfopristin against gram-positive cocci isolated from 5 Brazilian centers: results from the local smart (L-SMART) surveillance study unitermos Programas de vigilância de resistência Resistência a antimicrobianos Cocos gram-positivos Caio Mendes 1, 2 Sumiko I. Sinto 1, 2 André Hsiung 1, 2 Carmen Oplustil 1, 2 Lúcia Teixeira 3 Adília Segura 4 Dilair Souza 5 Afonso Barth 6 Antonio Carlos Nicodemo 1 resumo Há alguns anos tem-se verificado um aumento progressivo da resistência de alguns cocos gram-positivos a determinados antimicrobianos. Este aumento da resistência tem sido observado principalmente no ambiente hospitalar, e as bactérias mais comumente envolvidas são os Staphylococcus spp. e os Enterococcus spp. Devido a este fato, novos antimicrobianos são avaliados para o tratamento de infecções causadas por estas cepas multirresistentes. A associação quinupristina/dalfopristina (Q/D), também conhecida como Synercid, é um antibacteriano da classe das estreptograminas, de uso endovenoso, composto por dois derivados semi-sintéticos da pristinamicina. A combinação das estreptograminas B e A na razão de 30:70 tem atividade antimicrobiana voltada para cocos gram positivos, como Staphylococcus spp., Streptococcus spp., incluindo S. pneumoniae e Enterococcus faecium, sendo o E. faecalis habitualmente resistente. Neste estudo foi avaliada a atividade in vitro de Q/D e outros oito antimicrobianos frente a 631 amostras de cocos gram-positivos isoladas de cinco centros brasileiros, complementadas com outras 20 cepas de E. faecium resistentes à vancomicina, provenientes dos Estados Unidos. Para a avaliação da sensibilidade aos antimicrobianos foi determinada a concentração inibitória mínima (MIC) pelo método do Etest (AB Biodisk, Solna, Suécia) e as cepas testadas foram: Staphylococcus aureus (n = 267), Staphylococcus coagulase negativo (n = 131), Streptococcus pneumoniae (n = 130), Streptococcus beta-hemolíticos (n = 28), Enterococcus faecalis (n = 44) e E. faecium (n = 51). A Q/D demonstrou excelente atividade contra Staphylococcus spp., independente de serem sensíveis ou resistentes à oxacilina. Para S. pneumoniae, a Q/D apresentou igualmente uma ótima atividade, inclusive para as cepas com resistência intermediária ou total para penicilina. Entre as cepas de E. faecium sensíveis à vancomicina, o MIC 90 de Q/D obtido foi de 3µg/ml, sendo que 45% das cepas testadas foram sensíveis e 55% apresentaram sensibilidade intermediária à associação. Desta forma, pode-se afirmar que a associação Q/D representa uma nova opção para o tratamento endovenoso de infecções causadas por cocos gram-positivos, principalmente para as cepas multirresistentes, sendo também uma alternativa ao uso de glicopeptídeos. abstract A progressive increase of resistance among Gram-positive cocci (GPC) towards some antimicrobial agents has been observed for the past few years. This rise of resistance, most often seen in Staphylococcus spp., and Enterococcus spp., has mainly been noticed in hospital environments. Due to these recent patterns of resistance, newly developed antimicrobial agents need to be evaluated for the treatment of infections caused by these multi-resistant microorganisms. Quinupristin/dalfopristin (Q/D), also known as Synercid, is an antimicrobial agent of intravenous administration, composed of two semi-synthetic derivatives of pristinomycin belonging to the group of streptogramins. The combination of streptogramins B and A at 3:7 ratio has an antimicrobial activity against gram-positive cocci. This combination has potent activity against gram-positive cocci such as Staphylococcus spp., Streptococcus spp. including Streptococcus pneumoniae, and Enterococcus faecium. However, strains of E. faecalis are usually resistant to this compound. The aim of this study was to evaluate the in vitro activity of Q/D and other eight antibiotics against 631 strains of GPC isolated from five Brazilian centers. Additionally, 20 vancomycin-resistant strains of E. faecium provided by a reference center from the United States were also included in this study. Minimal Inhibitory Concentrations (MICs) were determined by E-test methodology (AB Biodisk, Solna, Sweden), using standardized and controlled procedures. The evaluated strains were as follows: Staphylococcus aureus (267), coagulase negative Staphylococcus (131), Streptococcus pneumoniae (130), β-hemolytic Streptococcus (28), Enterococcus faecalis (44), and E. faecium (51). Quinuprintin/dalfopristin presented an excellent activity against Staphylococcus spp., regardless if these were susceptible or not to oxacillin. Against S. pneumoniae, Q/D also presented excellent activitiy regardless of their susceptibility to penicillin. Among vancomycin susceptible E. faecium studied, the MIC 90 was 3mg/ml where 45% of the strains were susceptible, and 55% revealed intermediate resistance to quinupristin/dalfopristin. Overall, Q/D showed good activity against Staphylococcus spp., Streptococcus spp. including S. pneumoniae, and Enterococcus faecium representing a new option for the treatment of infections caused by multi-resistant gram-positive cocci, as well as an alternative for the use of glycopeptides. key y words Surveillance resistance programs Antimicrobial resistance Gram-positive cocci Rio de Janeiro, v. 38, n. 3, p. 191-197, 2002 191 1. Laboratório de Investigação Médica LIM 54 HC/FMUSP. 2. Fleury Centro de Medicina Diagnóstica. 3. Instituto de Microbiologia Universidade Federal do Rio de Janeiro. 4. Laboratório Exame e Hospital de Base, Brasília. 5. Hospital de Clínicas de Curitiba. 6. Hospital de Clínicas de Porto Alegre. O estudo LSMART foi possível devido ao suporte financeiro da Aventis Pharma (Brasil).

Atividade antimicrobiana in vitro de quinupristina/dalfopristina para cocos gram-positivos isolados de cinco centros brasileiros Mendes et al. Rio de Janeiro, v. 38, n. 3, 2002 192 Introdução Os cocos gram-positivos são importantes agentes de infecção, e a resistência destes patógenos a antimicrobianos tem aumentado principalmente no ambiente hospitalar (2). Estes patógenos incluem Staphylococcus aureus, Staphylococcus coagulase-negativos (SCN), Enterococcus spp. e Streptococcus pneumoniae (2, 10). Os Staphylococcus spp. oxacilina-resistentes geralmente também apresentam resistência a fluoroquinolonas, lincosamidas e macrolídeos, e a opção terapêutica atual são os glicopeptídeos. Porém há publicações em que se constata o isolamento de S. aureus oxacilina-resistente com sensibilidade reduzida a glicopeptídeos (GISA), tornando, desta forma, mais restritas as opções terapêuticas (5). Entre os Enterococcus spp., há relatos de cepas resistentes à vancomicina em nosso meio (3, 11). Nos últimos anos, os enterococos têm emergido como importantes agentes de infecção hospitalar, tendo gerado sérios problemas devido ao desenvolvimento de resistência. Os E. faecium são geralmente menos suscetíveis aos antibióticos betalactâmicos e aminoglicosídeos, e as cepas de E. faecium resistentes a glicopeptídeos geralmente são resistentes a todos os outros antimicrobianos usualmente disponíveis (4). Como conseqüência destas alterações no perfil de sensibilidade dos cocos gram-positivos, novos antimicrobianos estão sendo pesquisados e, neste estudo, avaliamos a atividade in vitro da Q/D utilizando 651 cepas de cocos grampositivos como parte do programa de vigilância denominado Local Synercid Microbiologic Assessment of Resistance Trends (L-SMART). Materiais e métodos No período de janeiro a outubro de 1999, cinco instituições de diferentes estados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná), além do Distrito Federal, forneceram cepas de bactérias gram-positivas obtidas de casos clínicos para avaliação in vitro da atividade da Q/D e de outros oito antimicrobianos. Coube a cada centro participante avaliar cerca de 150 cepas, sendo 30 de Staphylococcus aureus sensíveis à oxacilina, 20 de S. aureus resistentes à oxacilina, 15 de Staphylococcus coagulase-negativos oxacilina-sensíveis, 20 de Staphylococcus coagulase-negativos oxacilina-resistentes, dez de Enterococcus faecalis, 20 de Enterococcus faecium, 30 de Streptococcus pneumoniae e cinco cepas de Streptococcus beta-hemolíticos. Para complementar este estudo, um dos centros (LIM 54 HC/FMUSP) testou adicionalmente 20 cepas de E. faecium resistentes à vancomicina, originárias dos Estados Unidos (Laboratório MRL). Todas as cepas foram identificadas por espécie, de acordo com a metodologia preconizada pela Sociedade Americana de Microbiologia (7). As cepas avaliadas eram provenientes de diversas amostras clínicas, como sangue, liquor, ossos e articulações, pele e estruturas da pele, líquido de cavidade abdominal, trato respiratório superior, trato respiratório inferior e outros. Para a avaliação da resistência à Q/D e a outros antimicrobianos, foi utilizado o método do Etest (AB Biodisk, Solna, Suécia) para todas as cepas, com o inóculo ajustado na escala 0,5 de McFarland. Todas as placas foram incubadas a 35 C em estufa aeróbia, por 18 a 24 horas, exceto as placas de Streptococcus spp., que foram incubadas em estufa com 5% de CO 2. Os resultados foram interpretados utilizando-se os critérios interpretativos do método da microdiluição sugeridos pelo National Committee for Clinical Laboratory Standards (9). O controle de qualidade foi realizado com cepas de Staphylococcus aureus ATCC 29213, Enterococcus faecalis ATCC 29212 e Streptococcus pneumoniae ATCC 49619, toda vez que o teste da avaliação da resistência aos antimicrobianos era realizado. Para Staphylococcus spp. as drogas avaliadas foram: quinupristina/dalfopristina, oxacilina, vancomicina, teicoplanina, ciprofloxacina, clindamicina, eritromicina, gentamicina, penicilina e sulfametoxazol/trimetoprim. Para Enterococcus spp. as drogas avaliadas foram: quinupristina/dalfopristina, vancomicina, teicoplanina, ciprofloxacina, ampicilina, penicilina, gentamicina highlevel e estreptomicina high-level. Para Streptococcus pneumoniae as drogas avaliadas foram: quinupristina/dalfopristina, vancomicina, clindamicina, eritromicina, sulfametoxazol/trimetoprima, cloranfenicol, penicilina e cefotaxima. Para Streptococcus beta-hemolíticos as drogas avaliadas foram: quinupristina/dalfopristina, vancomicina, clindamicina, eritromicina, cloranfenicol, penicilina e cefotaxima. Resultados As 651 cepas avaliadas estavam assim distribuídas: 267 Staphylococcus aureus, 131 Staphylococcus coagulase-nega-

Mendes et al. Atividade antimicrobiana in vitro de quinupristina/dalfopristina para cocos gram-positivos isolados de cinco centros brasileiros tivos, 130 Streptococcus pneumoniae, 28 Streptococcus betahemolíticos, 44 Enterococcus faecalis, 31 Enterococcus faecium vancomicina-sensíveis e 20 E. faecium vancomicinaresistentes. Entre os S. aureus e Staphylococcus coagulase-negativos, respectivamente 44,6% e 58% eram resistentes à oxacilina, e o MIC 90 obtido nas cepas de S. aureus oxacilina-resistentes e oxacilina-sensíveis para Q/D foi de 0,5µg/ml. Para os Staphylococcus coagulase-negativos oxacilina-resistentes e oxacilina-sensíveis, o MIC 90 obtido para Q/D foi de 0,75µg/ml e 0,38µg/ml, respectivamente, com 100% de sensibilidade para ambas as espécies, conforme demonstrado nas Tabelas 1 e 2. Tabela 1 Do total das 130 cepas de S. pneumoniae, 95 (73%) eram sensíveis à penicilina, 31 (24%) apresentavam nível intermediário de resistência e quatro (3%) apresentavam resistência total à penicilina. O MIC 90 obtido para Q/D para as cepas de S. pneumoniae foi de 1µg/ml, mesmo para as cepas totalmente resistentes à penicilina, com 100% de sensibilidade. Para eritromicina e clindamicina, as cepas de S. pneumoniae, com MIC intermediário à penicilina, apresentaram 19% e 11% de resistência, respectivamente, conforme demonstrado na Tabela 3. Entre as cepas de Streptococcus beta-hemolíticos, 11% apresentaram resistência à eritromicina, e houve 100% de sensibilidade para Q/D, vancomicina, betalactâmicos, clindamicina e cloranfenicol, conforme Tabela 4. Entre os E. faecalis, 100% das cepas apresentaram sensibilidade aos glicopeptídeos e à ampicilina, sendo que para Q/D e penicilina as cepas apresentaram resistência de 80% e 11% respectivamente, conforme Tabela 5. Entre as cepas de E. faecium resistentes à vancomicina, obtivemos um MIC 90 de 2µg/ml, com 70% de sensibilidade para Q/D e 30% com resistência intermediária, sendo que 90% destas cepas foram resistentes a ampicilina e penicilina, conforme demonstrado na Tabela 6. Entre as cepas de E. faecium sensíveis a vancomicina e teicoplanina, o MIC 90 obtido para Q/D foi de 3µg/ml, com 45% de sensibilidade e 55% de resistência intermediária. A sensibilidade com relação à ampicilina e à penicilina foi de 74% e 65% respectivamente, como mostrado na Tabela 7. Staphylococcus aureus oxacilina-resistentes e sensíveis isolados de cinco centros brasileiros S. aureus Ciprofloxacina > 32 > 32 0,125 > 32 5 93 oxacilina-r Clindamicina > 256 > 256 0,032 > 256 4 96 n = 119 Eritromicina > 256 > 256 0,19 > 256 2 98 Gentamicina > 256 > 256 0,25 > 256 6 94 Oxacilina > 256 > 256 4 > 256 0 100 Penicilina 48 128 3 > 256 0 100 SXT > 32 > 32 0,064 > 32 16 84 Q/D 0,38 0,5 0,094-1 100 0 Teicoplanina 1,5 2 0,125-4 100 0 Vancomicina 1 1,5 0,38-3 100 0 Rio de Janeiro, v. 38, n. 3, 2002 193 S. aureus Ciprofloxacina 0,19 0,38 0,064 > 32 98 1 oxacilina-s Clindamicina 0,064 0,125 < 0,016 > 256 97 3 n = 148 Eritromicina 0,19 12 0,047 > 256 78 14 Gentamicina (L) 0,25 0,75 0,047 > 256 95 5 Oxacilina 0,25 0,5 0,032-2 100 0 Penicilina 1,5 6 < 0,016 > 256 7 93 SXT 0,047 0,094 0,008 > 32 98 2 Q/D 0,38 0,5 0,094-0,75 100 0 Teicoplanina 1 2 0,125-6 100 0 Vancomicina 1 1,5 0,25-3 100 0 SXT = sulfametoxazol/trimetoprim; S = sensível; R = resistente.

Atividade antimicrobiana in vitro de quinupristina/dalfopristina para cocos gram-positivos isolados de cinco centros brasileiros Mendes et al. Tabela 2 Staphylococcus coagulase-negativos (SCN) oxacilina-resistentes e sensíveis isolados de cinco centros brasileiros Rio de Janeiro, v. 38, n. 3, 2002 194 SCN Ciprofloxacina 0,5 > 32 0,047 > 32 58 37 oxacilina-r Clindamicina 0,125 > 256 < 0,016 > 256 58 40 n = 76 Eritromicina 12 > 256 0,032 > 256 39 59 Gentamicina 16 > 256 0,032 > 256 32 65 Oxacilina 16 > 256 0,5 > 256 0 100 Penicilina 8 > 256 0,032 > 256 4 96 SXT 3 > 32 0,023 > 32 44 56 Q/D 0,25 0,75 0,064-1 100 0 Teicoplanina 2 8 0,016-48 96 4 Vancomicina 1,5 2 0,5-3 100 0 SCN Ciprofloxacina 0,094 0,19 0,032 > 32 98 2 oxacilina-s Clindamicina 0,064 0,125 < 0,016 > 256 98 2 n = 55 Eritromicina 0,125 4 < 0,016 > 256 89 9 Gentamicina 0,094 24 < 0,064-64 89 9 Oxacilina 0,125 0,25 0,032-0,25 100 0 Penicilina 0,125 1 < 0,016 > 256 60 40 SXT 0,094 32 0,008 > 32 89 11 Q/D 0,25 0,38 0,094-0,5 100 0 Teicoplanina 0,75 4 0,032-4 100 0 Vancomicina 1,5 2 0,125-2 100 0 SXT = sulfametoxazol/trimetoprim; S = sensível; R = resistente. Com relação aos aminoglicosídeos (high-level), 100% das cepas de E. faecium e E. faecalis foram inibidas pela estreptomicina (independente das cepas serem sensíveis ou resistentes à vancomicina), e entre as cepas de E. faecalis, 82% foram inibidas pela gentamicina high-level, conforme Tabela 5. Para as amostras de E. faecium vancomicinaresistentes e sensíveis, 65% e 80% das cepas foram inibidas pela gentamicina high-level, como demonstrado nas Tabelas 6 e 7. Conclusão e discussão Diferentemente de outros inibidores da síntese de proteínas, como os macrolídeos e lincosaminas, que são inativados na presença dos genes erm, a associação Q/D pode determinar um efeito sinérgico e eficaz mesmo contra aqueles cocos gram-positivos que apresentam resistência cruzada aos antimicrobianos do grupo MLS: macrolídeos, lincosaminas e estreptogramina B (8). Neste estudo, encontramos 45% de sensibilidade a Q/D entre as cepas de E. faecium sensíveis à vancomicina e 70% de sensibilidade frente a cepas de E. faecium resistentes à vancomicina, não havendo resistência total em nenhuma das amostras testadas. O percentual de sensibilidade obtido entre as cepas sensíveis à vancomicina difere dos obtidos no grupo de estudo GSMART para a América Latina, onde foram relatados 80% de sensibilidade a Q/D para as cepas de E. faecium sensíveis à vancomicina e apenas 12% de sensibilidade a Q/D para as cepas resistentes à vancomicina (11). Do total das cepas de E. faecium sensíveis à vancomicina (n = 31), 55% apresentaram resistência intermediária a Q/D, com MIC 50 e MIC 90 de 1,5µg/ml e 3µg/ml, respectivamente, sendo que 13 destas 31 cepas foram isoladas na cidade do Rio de Janeiro. A maioria das cepas que demonstraram resistência intermediária apresentou MICs no valor de 1,5µg/ml e 2µg/ml. É importante salientar que, neste estudo, nenhuma cepa se mostrou resistente a Q/D, e outro estudo, o Sentry, também detectou na América Latina, no Canadá e nos Estados Unidos, taxas de sensibilidade à Q/D de 66,7%, 89,4% e 92,3% respectivamente (10).

Mendes et al. Atividade antimicrobiana in vitro de quinupristina/dalfopristina para cocos gram-positivos isolados de cinco centros brasileiros Tabela 3 Streptococcus pneumoniae isolados de cinco centros brasileiros S. pneumoniae Cefotaxima 0,023 0,125 0,016-0,32 100 0 penicilina-s Clindamicina 0,064 0,125 0,016 > 256 97 2 n = 95 Cloranfenicol 1,5 2 0,125-6 100 0 Eritromicina 0,047 0,094 0,016 > 256 98 2 Penicilina 0,016 0,032 0,006-0,064 100 0 SXT 0,75 16 0,016 > 32 49 27 Q/D 0,5 1 0,125-1 100 0 Vancomicina 0,38 0,75 0,032-1 100 0 S. pneumoniae Cefotaxima 0,25 1 0,064-1,5 78 0 penicilina-i Clindamicina 0,094 0,25 0,023 > 256 89 11 n = 31 Cloranfenicol 1,5 2 0,19-8 97 3 Eritromicina 0,064 3 0,023 > 256 81 19 Penicilina 0,25 1 0,064-1,5 0 0 SXT 4 > 32 0,25 > 32 11 68 Q/D 0,5 1 0,19-1 100 0 Vancomicina 0,38 0,5 0,125-1 100 0 S. pneumoniae Cefotaxima 1 1,5 0,75-1,5 0 25 penicilina-r Clindamicina > 256 > 256 0,032 > 256 25 75 n = 4 Cloranfenicol 2 8 0,5-8 75 25 Eritromicina 4 > 256 1,5 > 256 25 75 Penicilina 1,5 2 1,5-2 0 100 SXT 24 32 12-64 0 100 Q/D 0,25 1 0,125-1 100 0 Vancomicina 0,38 0,38 0,125-0,5 100 0 SXT = sulfametoxazol/trimetoprim; S = sensível; R = resistente; I = intermediário. Tabela 4 Streptococcus beta-hemolíticos isolados de cinco centros brasileiros Streptococcus Cefotaxima 0,023 0,047 0,006-0,125 100 0 beta-hemolíticos Clindamicina 0,064 0,125 0,023-0,19 100 0 n = 28 Cloranfenicol 2 3 0,5-4 100 0 Eritromicina 0,064 4 0,032-8 89 11 Penicilina < 0,016 0,023 < 0,016 0,032 100 0 Q/D 0,25 0,5 0,094-0,75 100 0 Vancomicina 0,25 0,75 0,19-1 100 0 Rio de Janeiro, v. 38, n. 3, 2002 195 S = sensível; R = resistente.

Atividade antimicrobiana in vitro de quinupristina/dalfopristina para cocos gram-positivos isolados de cinco centros brasileiros Mendes et al. Tabela 5 E. faecalis Ampicilina 0,75 3 0,023-6 100 0 n = 44 Ciprofloxacina 0,75 > 32 0,25 > 32 73 23 Estreptomicina (HL) 128 > 256 1,5 > 256 100 0 Gentamicina (HL) 12 > 1.024 < 0,064 > 1.024 82 18 Penicilina 1,5 16 0,032-24 89 11 Q/D 12 > 32 0,5 > 32 5 80 Teicoplanina 0,25 0,5 0,047-1,5 100 0 Vancomicina 1,5 2 0,38-3 100 0 S = sensível; R = resistente; HL = high-level. Enterococcus faecalis isolados de cinco centros brasileiros Rio de Janeiro, v. 38, n. 3, 2002 196 Tabela 6 E. faecium Ampicilina 32 256 1 > 256 10 90 vancomicina-r Ciprofloxacina 1,5 3 0,5 > 32 45 10 n = 20 Estreptomicina (HL) > 256 > 256 24 > 256 100 0 Gentamicina (HL) 128 1.024 2 > 1.024 65 35 Penicilina > 256 > 256 2-256 10 90 Q/D 0,75 2 0,5-2 70 0 Teicoplanina 1,5 32 0,25-64 60 15 Vancomicina > 256 > 256 32 > 256 0 100 S = sensível; R = resistente; HL = high-level. Tabela 7 Enterococcus faecium não-pertencentes a isolados brasileiros Enterococcus faecium isolados de cinco centros brasileiros E. faecium Ampicilina 2 128 0,064 > 256 74 26 vancomicina-s Ciprofloxacina 1 3 0,25-4 55 10 n = 31 Estreptomicina (HL) 128 > 256 0,38 > 256 100 0 Gentamicina (HL) 8 > 1.024 0,125 > 1.024 80 20 Penicilina 4 > 256 0,094 > 256 65 34 Q/D 1,5 3 0,23-3 45 0 Teicoplanina 0,38 0,75 0,047-1,5 100 0 Vancomicina 0,5 1,5 0,25-2 100 0 S = sensível; R = resistente; HL = high-level.

Mendes et al. Atividade antimicrobiana in vitro de quinupristina/dalfopristina para cocos gram-positivos isolados de cinco centros brasileiros Referências 1. Chang, S.C. et al. In vitro activity of quinupristin/dalfopristin against clinical isolates of common gram-positive bacteria in Taiwan. Diag. Microbiol. Infect. Dis., 33: 299-303, 1999. 2. Cormican, M.G. & Jones, R.N. Emerging resistance to antimicrobial agents in gram-positive bacteria. Drugs, 51(suppl. 1): 6-12, 1996. 3. Dalla Costa, L.M. et al. Vancomycin-resistant Enterococcus faecium: first case in Brazil. Bras. J. Infect. Dis. (BJID), 2(3): 160-3, 1998. 4. Eliopoulos, G.M. et al. Characterization of vancomycin-resistant Enterococcus faecium isolates from the United States and their susceptibility in vitro to dalfopristin-quinupristin. Antimicrob. Agents Chemother., 42: 1088-92, 1998. 5. Hiramatsu, K. et al. Methicillin-resistant Staphylococcus aureus clinical strains with reduced vancomycin susceptibility. J. Antimicrob. Chemother., 40: 135-6, 1997. 6. Moellering, R.C. et al. The efficacy and safety of quinupristin/ dalfopristin for treatment of infections caused by vancomycin-resistant Enterococcus faecium. Antimicrob. Agents Chemother., 44: 251-61, 1999. 7. Murray, P.R. et al. Manual of Clinical Microbiology. 6.ed. Washington, DC: American Society for Microbiology, 1995. 8. Nadler, H. et al. Quinupristin/dalfopristin: a novel selectivespectrum antibiotic for the treatment of multi-resistant and other gram-positive pathogens. Clin. Microbiol. Newsletter, 21(13): 103-12, 1999. As 20 cepas de E. faecium vancomicina-resistentes aqui analisadas mostraram 70% de sensibilidade à Q/D, sendo que as restantes mostraram resistência intermediária, e, neste grupo de amostras com resistência intermediária, a maioria apresentou MICs de 1,5µg/ml (cepas com resistência intermediária encontram-se na faixa > 1µg/ml a < 4µg/ml). Os resultados aqui obtidos são relevantes, pois também outros relatos têm mostrado bons resultados clínicos e microbiológicos em pacientes com infecções por E. faecium vancomicina-resistentes, quando tratados com Q/D (6). Entre as cepas de E. faecalis (n = 44), verificaram-se 100% de sensibilidade à ampicilina, e 89% de sensibilidade à penicilina. Entre os E. faecium sensíveis à vancomicina, 74% apresentaram sensibilidade à ampicilina, e 26% mostraram-se resistentes, havendo um aumento no percentual de resistência (10%) em relação aos encontrados pelo estudo GSMART (11). A Q/D apresentou excelente atividade in vitro para cepas de S. aureus e Staphylococcus coagulase-negativos, mesmo entre as cepas oxacilina-resistentes, com 100% de sensibilidade. A Q/D apresentou também excelente atividade in vitro para as cepas de S. pneumoniae (100% de sensibilidade), inclusive para as cepas resistentes à penicilina. Para as cepas de Streptococcus beta-hemolíticos (n = 28), a Q/D apresentou igualmente uma ótima atividade in vitro, com MIC 50 e MIC 90 de 0,25µg/ml e 0,5µg/ml, respectivamente. Com base neste estudo e em outros estudos in vitro (1, 10, 11), pode-se concluir que a associação Q/D representa uma nova opção para o tratamento endovenoso de infecções causadas por cocos gram-positivos multirresistentes, sendo também uma opção ao uso de glicopeptídeos. Agradecimentos Agradecemos a valiosa contribuição de todos os centros participantes e a Thais Cocarelli pela ajuda na análise estatística dos resultados. 9. National Committee for Clinical Laboratory Standards (NCCLS). Performance standards for antimicrobial susceptibility testing: nineth informational supplement, M10-S9. Wayne, PA, 1999. 10. Pfaller, M. et al. Survey of blood stream infections attributable to Gram-positive cocci: antimicrobial susceptibility of isolates collected in 1997 in the United States, Canada, and Latin America from the Sentry Antimicrobial Surveillance Program. Diag. Microbiol. Infect. Dis., 33: 283-97, 1999. 11. Sader, H.S. et al. Antimicrobial susceptibility of quinupristin/ dalfopristin tested against Gram-positive cocci from Latin America: results from the Global SMART (GSMART) surveillance study. Bras. J. Infect. Dis. (BJID), 5(1): 21-31, 2001. Endereço para correspondência Caio Mendes Seção de Microbiologia Fleury Centro de Medicina Diagnóstica Av. General Waldomiro de Lima 508 CEP 04344-070 São Paulo-SP e-mail: caio.mendes@fleury.com.br Rio de Janeiro, v. 38, n. 3, 2002 197