DOS FATOS JURÍDICOS. FATO JURÍDICO = é todo acontecimento da vida relevante para o direito, mesmo que seja fato ilícito.



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DOS FATOS JURÍDICOS CICLO VITAL: O direito nasce, desenvolve-se e extingue-se. Essas fases ou os chamados momentos decorrem de fatos, denominados de fatos jurídicos, exatamente por produzirem efeitos jurídicos. Para Agostinho Alvim fato jurídico é todo acontecimento da vida relevante para o direito, mesmo que seja fato ilícito. CONCEITO: FATO JURÍDICO = é todo acontecimento da vida relevante para o direito, mesmo que seja fato ilícito. CLASSIFICAÇÃO: FATOS NATURAIS = (a) ordinários (nascimento/morte) e (b) extraordinários (raio/tempestade). FATOS HUMANOS (atos jurídicos em sentido amplo) = (a) lícitos e (b) ilícitos. ATOS LÍCITOS: ATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO = O efeito da manifestação da vontade está predeterminado na lei. Basta a mera intenção. É sempre unilateral. NEGÓCIO JURÍDICO = É, em regra, bilateral. Exige vontade qualificada.

Permite a criação de situações novas e a obtenção de múltiplos efeitos. A manifestação de vontade tem finalidade negocial: (a) criar, (b) modificar, (c) extinguir direitos. Mas há alguns poucos negócios jurídicos unilaterais, em que ocorre o seu aperfeiçoamento com uma única manifestação de vontade e se criam situações jurídicas: testamento, instituição de fundamentação etc. ATO-FATO JURÍDICO = Ressalta-se a conseqüência do ato, o fato resultante, sem se levar em consideração a vontade de praticá-lo. Assim, o louco, pelo simples achado do tesouro, torna-se proprietário da parte dele, porque esta é a conseqüência prevista no artigo 1.264 do Código Civil para quem o achar casualmente em terreno alheio. DOS ATOS JURÍDICOS DOS ATOS JURÍDICOS LÍCITOS É todo aquele que, tendo por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direito, é praticado conforme as diretrizes do direito positivo (artigo 185 do Código Civil). CONCEITO = DOS ATOS JURÍDICOS ILÍCITOS Ato ilícito é o praticado com infração ao dever legal de não lesar a outrem. Tal dever é imposto a todos nos artigos 186 e 927 do Código Civil. Também o comete aquele que pratica abuso de direito (artigo 187 do Código Civil).

RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL = O inadimplemento contratual acarreta a responsabilidade de indenizar as perdas e danos (artigo 389 do Código Civil). Quando a responsabilidade deriva de infração ao dever legal (artigo 927 do Código Civil), diz-se que ela é extracontratual ou aquiliana. Nas duas a conseqüência é a mesma: obrigação de ressarcir o prejuízo causado. Na contratual, o inadimplemento se presume culposo. Na segunda, a culpa deve ser provada. RESPONSABILIDADE PENAL E RESPONSABILIDADE CIVIL = No PENAL = O agente infringe uma norma penal, de direito público. No CIVIL = O interesse diretamente lesado é o privado. A primeira é pessoal: responde o réu com a privação de liberdade. A responsabilidade civil é patrimonial: é o patrimônio do devedor que responde por suas obrigações. BENS IMÓVEIS = Aqueles que não podem ser removidos de um lugar para o outro sem destruição e os assim considerados para os efeitos legais (artigos 79 e 80 do Código Civil). Divide-se em: (I) imóveis por natureza (artigo 79, 1ª parte do Código Civil); (II) por acessão natural (artigo 79, 2ª parte do Código Civil); (III) por acessão artificial ou industrial (artigo 79, 3ª parte do Código Civil); e por determinação legal (artigo 80 do Código Civil). BENS MÓVEIS = Aqueles suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia (artigo 82 do Código Civil). Classificam-se em:

(I) móveis por natureza, que se subdividem em semoventes (que se movem por força própria. Exemplo: animais) e móveis propriamente ditos (que admitem remoção por força alheia); (II) móveis por determinação legal; e (III) móveis por antecipação (artigos 82 e 83 do Código Civil). RESPONSABILIDADE DOS PRIVADOS DE DISCERNIMENTO = Sendo o privado de discernimento um inimputável, não é ele responsável civilmente. A responsabilidade é atribuída ao seu representante legal (curador, tutor, genitor). Se este, todavia, não dispuser de meios suficientes, responde o próprio incapaz. A indenização, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privá-lo do necessário (artigo 928, caput, e parágrafo único do Código Civil). Neste caso, a vítima ficará irressarcida. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL: (a) Ação ou omissão = (I) ato próprio; (II) ato de terceiro; (III) fato da coisa e do animal; (b) Culpa = dolo; culpa em sentido estrito = (I) imprudência, negligência e imperícia; (II) grave ou leve e ou levíssima; (c) Relação de causalidade = É o nexo causal ou etiológico entre a ação ou omissão do agente e o dano verificado. Vem expressa no verbo causar empregado no artigo 186. Sem ela não existe a obrigação de indenizar; (d) É pressuposto inafastável, sem o qual ninguém pode ser responsabilizado civilmente. Por ser patrimonial (material) ou extra patrimonial (moral). EXCLUDENTES DA ILICITUDE: (a) Legítima Defesa:

Quando REAL é praticada contra o próprio agressor (artigo 188 inciso I do Código Civil). Se, por erro de pontaria, terceira pessoa foi atingida, o agente deve reparar o dano, mas terá ação regressiva contra o agressor (artigo 930 do Código Civil). A legítima defesa PUTATIVA também não exime o réu de indenizar o dano, pois somente exclui a culpabilidade e não a antijuricidade do ato; (b) Exercício regular de um direito (artigo 188 inciso I do Código Civil). Mas o abuso de direito é considerado ato ilícito (artigo 187 do Código Civil); (c) Estado de necessidade (artigo 160 inciso II do Código Civil). A deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, não constituem atos ilícitos. Nem por isso quem os pratica fica liberado de reparar o prejuízo que causou. Mas terá ação regressiva contra quem criou a situação de perigo (artigos 929 e 930 do Código Civil).