EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICAS DE ENFERMAGEM NA CRIAÇÃO DE UM GRUPO DE APOIO ÁS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA AZEVEDO, Ana Carolina Ferreira de 1 ; FAVARO, Ludmila Camilo 2 ; SALGE, Ana Karina Marques³, SIQUEIRA, Karina Machado 4, GUIMARÃES, Janaína Valadares 5. PALAVRAS-CHAVE: Câncer de mama, Grupo de apoio. JUSTIFICATIVA Estudos têm revelado significativo aumento na prevalência de câncer de mama em mulheres no mundo, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. No Brasil, as neoplasias são a segunda causa de morte na população feminina e o câncer de mama constitui a principal causa de morte por neoplasia na população feminina. As taxas de mortalidade se mantém elevadas porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. (INCA, 2011). O controle do câncer de mama foi reafirmado como prioridade no Plano de Fortalecimento da Rede de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer, lançado em 2011. (BRASIL, 2011). Sendo o câncer um problema de saúde pública no Brasil, é necessária a atenção por parte dos profissionais de saúde, em especial da enfermagem, podendo contribuir para o controle da doença por meio de ações de promoção à saúde, a serem realizadas nos serviços. (GOMES et al, 2009) O momento do diagnóstico de câncer de mama é vivenciado com muita angústia e ansiedade. Ao longo da evolução da doença e seu tratamento, podem ocorrer mudanças físicas, psicológicas, sociais e familiares nas 1 Ana Carolina Ferreira de Azevedo. Faculdade de Enfermagem-FEN/UFG. E-mail:carolzinha891@hotmail.com 2 Ludmila Camilo Favaro. Faculdade de Enfermagem- FEN/UFG. E-mail:Ludmila.favaro@gmail.com 3 Ana Karina Marques Salge. Faculdade de Enfermagem- FEN/UFG. E-mail:anasalge@gmail.com 4.Karina Machado Siqueira; Faculdade de Enfermagem- FEN/UFG. E-mail:karinams.fen@gmail.com 5 Janaína Valadares.Guimarães; Faculdade de Enfermagem- FEN/UFG. E-mail:valadaresjanaina@gmail.com
pacientes, como depressão e enfraquecimento das relações pessoais e familiares (LOTTI et al, 2008). A convivência em grupo composto por pessoas com problemas semelhantes proporciona uma experiência que pode desenvolver um clima de muito valor terapêutico. Isso ajuda os participantes a quebrarem barreiras criadas por sentimentos de solidão e isolamento, especialmente pela possibilidade de sugestões construtivas de outras pessoas que vivenciam os mesmos problemas. Em Goiás, instituições como a Associação de Combate ao Câncer de Goiás (ACCG) e a Associação dos Portadores de Câncer HC/UFG promovem ações generalizadas no tratamento e apoio aos pacientes oncológicos. Contudo, percebeu-se que em uma instituição de grande porte situada em Goiânia e considerada referência em Oncologia, não é oferecido um suporte direcionado às pacientes com câncer de mama que realizam tratamento específico. Frente a essa problemática, a Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN-UFG), desenvolveu um projeto ansiando a criação de um grupo de apoio no intuito de acolher, acompanhar e realizar orientações acerca do processo terapêutico, a fim de estimular o enfrentamento positivo das situações de fragilidade decorrentes da doença. OBJETIVO O objetivo deste é relatar a experiência do projeto de extensão Mulheres e Mamas, desenvolvido na cidade de Goiânia/GO e descrever as atividades realizadas pelas acadêmicas envolvidas. METODOLOGIA Trata-se de um relato de experiência descritivo com fundamentação bibliográfica. A revisão da literatura foi realizada adotando a consulta a Biblioteca Virtual da Saúde (http://regional.bvsalud.org). Esse banco de dados foi escolhido pelo rigor na classificação de seus periódicos e por ser muito conhecido pelos acadêmicos e profissionais da área da saúde. A busca de artigos foi realizada utilizando os descritores de assunto "câncer de mama" e
grupos de apoio. Foi utilizado também o banco de dados do INCA (www.inca.gov.br/ ), por ser fonte de referência nacional para ações de controle do câncer e prestação de serviços na área de cancerologia no âmbito de Sistema Único de Saúde (SUS). Foram utilizados dados de 2007 a 2011. RESULTADOS E DISCUSSÃO O grupo foi idealizado por docentes do Curso de Enfermagem da FEN/UFG em parceria com enfermeiros do Hospital Araújo Jorge, sendo implementado como projeto de extensão, envolvendo a participação de acadêmicas e residentes em Enfermagem Oncológica do hospital referido. Através da revisão de prontuários foram coletados dados sóciodemográficos das pacientes, dentre eles: nome, idade, naturalidade, estado civil, local de residência, data do início do tratamento, antecedentes, se mastectomizadas ou não e quais medicamentos hormonais utilizam. Tal análise nos permitiu conhecer o público alvo, facilitando o planejamento das ações a serem realizadas. A abordagem ocorre em dois momentos distintos, sendo o primeiro de acolhimento e socialização, seguido de ações educativas e informativas, ampliando o conhecimento sobre a doença e o processo terapêutico. As reuniões se realizaram na sala de espera do Ambulatório de Dispensação de Medicamentos Orais. Inicialmente conhecemos as experiências das pacientes e suas condições de saúde, e os principais questionamentos e sentimentos são relacionados às situações de ameaça ligadas à integridade psicossocial, à incerteza do sucesso do tratamento, à possibilidade de recidiva e ao medo da morte experimentado após o diagnóstico. A estigmatização, o preconceito e a falta de apoio dos familiares também foram ressaltados, momento em que as acadêmicas aproveitaram para mediar à conscientização de que sentimentos e reações em comum, bem como a exploração de idéias são formas de terapia e de minimizar o sofrimento
partilhado, reforçando a importância do grupo como facilitador de suporte físico, emocional e social. Ainda referiram que as informações recebidas e compartilhadas sobre a doença, seus tratamentos, reações, efeitos colaterais e a maneira de lidar com cada situação minimizam tensões e os medos presentes, gerando conforto e confiança. As dificuldades encontradas na realização inicial do projeto se deram devido à livre demanda e horário em que realizaram as reuniões. Algumas das pacientes abordadas referiram estar com pressa e que só desejavam receber a medicação. Em alguns casos, não são as pacientes que comparecem ao ambulatório pra receber a medicação, mas parentes de primeiro grau munidos de procuração legal, o que impede o conhecimento e acesso da paciente ao grupo. CONCLUSÃO Essa experiência nos permitiu conhecer os sentimentos e dificuldades enfrentados pelas pacientes durante o tratamento, e assim ampliar nossa percepção acerca da complexidade de se viver com o câncer. As atividades desenvolvidas denotam a importância do papel do enfermeiro nas transformações humanas e sociais dentro de seu espaço de trabalho, principalmente no desenvolvimento de ações de educação em saúde. Considerando que a troca de experiências no grupo leva as mulheres a adquirirem maior habilidade para enfrentar as dificuldades relacionadas com o câncer, torna-se fundamental a implantação de grupos de apoio nos serviços de saúde pública, pois mesmo estando ainda em processo de estruturação, percebemos o quanto esse processo dinâmico do grupo favorece a promoção da saúde, tornando essas mulheres mais independentes para o autocuidado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Instituto Nacional do Câncer (Brasil). Controle do Cancer de Mama: Documento de Consenso. Rio de Janeiro: INCA; 2011. 2. Ministério da Saúde do Brasil.O Câncer de Mama no Brasil:Situação epidemiológica e rastreamento.encontro internacional sobre rastreamento de câncer de mama, 2009. 3. CAMARGO T. C., SOUZA I. E. O. A pesquisa de enfermagem no INCA: tranjetórias, tendências e perspectivas. Revista Brasileira de Cancerologia, 2007, 49(3): 159-166 4. GOMES F. A., PANOBIANCO MS, FERREIRA C. B., KEBBE L. M., MEIRELLES M. C. C. C. Utilização de grupos na reabilitação de mulheres com câncer de mama. Rev. Enferm UERJ 2008; 11:292-5. 5. LOTTI, R. C. B. BARRA, A. A., DIAS, R. C., MAKLUF, A. S. D. Impacto do Tratamento de Câncer de Mama na Qualidade de Vida. Revista Brasileira de Cancerologia, 2008; 46:367-71. 6. PINHO, L. S., CAMPOS A. C. S., FERNANDES A. F. C., Lobo AS. Câncer de mama: da descoberta à recorrência da doença. Rev Eletrônica de Goiânia 2007 jan-abr; 9(1):154-65.