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Transcrição:

Inauguração da EB/MATOSINHOS 5 de Novembro Bom dia a todos, meus caros amigos. Permitam-me que comece por vos dizer que todas as coisas devem ter os seus símbolos. E foi a pensar na importância dos símbolos que decidir alterar a data desta cerimónia de inauguração da escola EB de Matosinhos para hoje, dia 5 de Novembro, dia que marca, também, os seis anos de mandato, ou seja, 6 anos passados desde o dia em que assumi este grande desafio de ser Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos. Era suposto, antes de eu intervir, entregarmos os prémios aos 12 alunos que vão hoje aqui ser agraciados pela excelência do seu comportamento enquanto alunos. Mas eu entendi que a cerimónia devia culminar e acabar, exatamente, honrando os nossos jovens que melhor aproveitam as condições dadas nas escolas. Porque é para isso que nós estamos a trabalhar, porque é para isso que nós nos empenhamos, para que cada jovem da minha comunidade, cada jovem da nossa comunidade possa aproveitar, ao máximo, e ser o melhor que puder ser, o melhor cidadão que ele conseguir ser com a ajuda de todos nós. Porque é disso que se trata. É criar condições para que a nossa comunidade vá mais longe, para que a nossa comunidade se reforce, para que a nossa comunidade seja mais competitiva. Quando há seis anos me propus candidatar a Presidente de Câmara, a primeira coisa que me ocorreu foi que tínhamos de criar condições para que cada um dos nossos jovens, cada um dos nossos meninos e das nossas meninas pudesse ter sucesso. E, ao contrário do que as pessoas pensam, o sucesso não é só uma questão de características individuais, não se relaciona apenas com o facto de haver uma predisposição de cada um de nós para ter esse sucesso. Estamos todos aí muito enganados. O sucesso depende, antes de mais, do esforço que cada um faz. Mesmo o Cristiano Ronaldo, só conseguiu potenciar as suas habilidades, potenciar a sua capacidade, depois de muitas horas de esforço e dedicação. Um violinista de eleição só consegue ser aquele compositor ou aquele executante que nos preenche, quando passa muitas horas agarrado ao instrumento favorito. Qualquer um de nós conhece pessoas de sucesso e a grande parte delas passaram ou passam muitas horas a trabalhar. Há uma parte de investimento que tem de ser dos próprios, mas há outra parte que tem de ser das condições que nós proporcionamos para que eles tenham essa vontade e essa capacidade. E essas condições começam, antes de mais, por uma boa escola, uma escola que tenha

capacidade de atrair e seduzir os professores, os auxiliares da educação, mas também os próprios alunos. Se os alunos gostarem da escola, se cada auxiliar de educação gostar da escola, se cada professor gostar da escola, metade do trabalho está feito, em termos de adesão, para as pessoas se deslocarem todos os dias para a escola com motivação e empenho. E foi por isso que eu escolhi o ato formal de inaugurar esta escola hoje no dia em que, enquanto equipa, percorremos seis anos de mandato. Quero recordar este dia como o dia que simboliza o cumprimento de um objetivo, decisivo e primordial para toda a comunidade de Matosinhos, que é a educação. E fizemos muitas coisas. Mas a educação, o criar condições para o sucesso, o fazer com que se tornasse irrecusável para todos os que vivem da escola a sua presença neste local foi um objetivo essencial e ao qual me dediquei com mais afinco. Permitam-me, por isso, que vos diga o seguinte: quando se consegue uma obra de seis milhões de euros, quando se inaugura um espaço que é, a todos os títulos, um espaço fantástico do ponto de vista da cor, da forma, regateamos, muitas vezes, entre nós o direito que temos a um sorriso. E, hoje, temos direito a sorrir. O Correia Pinto tem o direito a sorrir hoje. Temos o direito de hoje estar satisfeitos, porque alcançámos um objetivo que não é um objetivo de todos os dias. Essa coisa tão portuguesa de não nos congratularmos com cada passo que damos, de não tirarmos partido de cada conquista, é uma coisa que tem que acabar. Hoje nós temos o direito de nos sentirmos felizes enquanto comunidade, porque alcançámos um objetivo que era um sonho que perseguíamos há vários anos e que está, aqui e agora, ao serviço de todos. Não tenhamos vergonha. Eu não tenho vergonha. Dirão uns: não fizemos mais do que a nossa obrigação. Mas cumprir a obrigação deve ser um prazer interior. Chegámos. Fizemos. Está. E, portanto, hoje é um dia de alegria e é um dia que jamais esquecerei, porque não faço parte dos carrancudos, dos carrancudos da vida, para os quais nunca nada está em condições. A escola até pode ter muitos defeitos. Aliás, a nossa diretora sabe bem que, no início, quando abrimos uma casa nova, há sempre alguma coisa que não está lá muito bem, que é preciso reparar. Mas isso não nos pode retirar o prazer de perceber o que aqui está feito e de que forma conseguimos erguer esta casa. E, por isso, eu queria, se me permitem, enunciar aqui, que eu creio que é a melhor forma de o fazer, os cúmplices deste projeto. Os cúmplices que ajudaram a materializar esta escola.

Desde logo, os professores, os pais, os encarregados de educação, que eu saúdo na pessoa da senhora diretora, que confiaram, reivindicaram, protestaram, falaram, mas confiaram na capacidade e na determinação da equipa da Câmara para levar esta obra a bom porto. Acho que não podia querer melhor comunidade, nem mais compreensiva, porque creio bem que se não fosse ela, porventura, este processo não teria tido o sucesso que teve. Senhora Diretora, quero dar-lhe um grande abraço - a diretora que tem sempre um sorriso cúmplice que nos indica quando estamos a fazer bem ou a fazer mal, porque ela é muito observadora e pedir-lhe que transmita à sua comunidade o meu agradecimento. Mas permita-me, também, que cite aqui outros cúmplices: a minha equipa, em particular, o Correia Pinto, responsável pela revolução que estamos a fazer em Matosinhos na área da educação. Há uma coisa que tenho que transmitir a todos: temos uma pecha em Portugal que temos que desfazer. E os tempos são os mais difíceis para que consigamos desfazer essa pecha. É o facto de não confiarmos uns nos outros, de olharmos sempre com ar de desconfiança, um ar de avaliação sempre crítica, relativamente ao outro porque, afinal, o outro não tem o merecimento necessário e suficiente para partilhar o mundo com o excelso personagem que sou eu. É assim que a maior parte de nós pensa. Mas nós temos de confiar uns nos outros. Mesmo quando temos a certeza que a condição humana nos determina que nesse processo de confiança haverá sempre alguém que vai ser infiel à confiança depositada. Não temos outro remédio porque senão paralisamos o país, paralisamos os nossos braços. Eu, devo dizer-vos, arrisco. E arrisquei bem. Tenho uma descentralização relativamente à minha equipa. Como não tem que vir tudo permanentemente a despacho do Presidente da Câmara, a equipa multiplica-se e faz muito mais do que faria se estivesse à espera apenas da minha decisão. É uma gestão descentralizada, muito arriscada porque, às vezes, eu não gosto de coisas que acontecem mas, no balanço geral, é uma aposta que faz todo o sentido. Estou muito satisfeito. Conseguimos multiplicar as coisas que temos capacidade de fazer apenas porque confiamos uns nos outros. A palavra é confiança. Os portugueses têm de perceber que aquilo que vamos ter de fazer um dia destes é mudar de paradigma e confiarmos uns nos outros. Para termos a perceção que o outro é um português igual a nós e que está a tentar, também, que o nosso país seja o melhor possível, mesmo que saibamos que haverá sempre um que aproveitará para fugir ou para se aproveitar da nossa confiança.

Quero agradecer a cumplicidade dos Presidentes de Junta, sempre disponíveis. Do senhor Presidente da Assembleia Municipal e dos membros da Assembleia Municipal. Não pensem que é fácil. É um diálogo sempre muito difícil, muito exigente, porque são, de facto, críticos permanentes daquilo que vamos fazendo mas o seu apoio, a sua solidariedade sem quebras, têm sido decisivos para conseguirmos materializar estas nossas realizações. Esta escola avançou porque em determinado momento nós conseguimos também recetividade daqueles que eram responsáveis pelo destino e distribuição dos dinheiros dos fundos comunitários. Não posso ser injusto, neste momento, e não dizer que tudo isto foi conseguido graças à aposta que nos últimos anos se fez na Educação. E recordo bem, quando os pais da EB 2,3 de Leça da Palmeira encheram o auditório da Assembleia Municipal e exigiam uma escola nova, porque chovia nas salas de aula que eu lhes disse: confiem. Confiem porque nós vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para resolver esse problema. Resolvemos mais cedo a EB de Matosinhos, mas o que é certo é que só o fizemos porque houve alguém que pôs muitos ovos no cesto da educação. Que percebeu, tal como eu percebi, que a Educação é a base decisiva para que o país progrida. Pode o país ter agora as crises que tiver. Há uma coisa que eu sei: esta juventude é a juventude que mais capacitada está para enfrentar a crise. Se a juventude não for preparada para enfrentar a crise a resposta será muito, mas muito, pior. E, por isso, quero agradecer a forma como, na altura, fomos desafiar a Dra. Margarida Moreira, que aqui está, dizendo: vamos fazer de Matosinhos um exemplo. Ainda hoje estamos com um prejuízo que eu espero resolver, não vou descansar, nem que tenha de ir para tribunal com isso: porque fomos os primeiros a avançar, tivemos menos uma comparticipação de 15%. Ora, 15% representa algum dinheiro e, portanto, eu estou na expetativa que tratem Matosinhos como trataram depois as outras Câmaras que vieram a seguir, a quem pagaram a 100% a escola. No nosso caso, não foi assim. A Câmara disponibilizou-se, como se disponibiliza normalmente nos problemas que pertencem à comunidade, para participar e para andar com as coisas para a frente. Há quem diga que nós gastamos dinheiro a mais. Essa é uma reflexão que deve ser feita. Mas quando se fala em gastar dinheiro a mais, fala-se em gastar dinheiro a mais também nesta escola. E eu pergunto aos presentes se era preferível não ter a escola, ter ficado no outro edifício, nas outras condições ou avançar determinadamente mesmo no meio de muitos problemas para construir um novo edifício? Não tenho dúvidas de qual é a resposta da comunidade. Normalmente, quem diz que gastamos demais é aquele que já tem e acha que o outro, se calhar, não precisa tanto como nós. Espero que a partir de agora, nenhum de nós diga que os

outros concelhos se calhar não precisam tanto. Precisam todos, porque as crianças são todas iguais. Mas quero, também, agradecer ao arquiteto que sonhou esta escola. Eu tenho uma grande raiva dos arquitetos, acreditem que tenho mesmo. Há dois tipos de pessoas por quem eu tenho uma inveja profunda: os músicos e os arquitetos. Confesso-vos que tive uma perceção fabulosa no dia em que entrei nesta escola. O meu pensamento foi este: é preciso ter uma cabeça muito arrumadinha, uma cabeça fantástica para conceber este espaço, para idealizar esta coisa que eu estou aqui a ver. Como é possível tudo tão certinho, tudo no seu lugar, tudo tão pensado e tudo tão belo? Obrigado, Telmo Castro. Um grande abraço. Mas há outros cúmplices, nomeadamente, o empreiteiro. Dirão uns, não fez mais do que a sua obrigação. Direi eu, fez a sua obrigação muito bem. Não nos causou problemas, andou para a frente, conseguiu materializar a escola no tempo que estava aprazado e o que é certo, das diversas deficiências que fomos encontrando, aparentemente a escola está muito bem construída. Hoje, o brio profissional e a forma como as pessoas se entregam é muito importante. Portugal precisa muito de brio profissional, que as pessoas se entreguem e que tirem muito prazer do facto de serem muito bons profissionais. As pessoas não sabem o que perdem quando exercem a sua profissão como quem vai para um castigo. O pior sofrimento que podemos ter é passar a vida num sítio de que não gostamos. Sermos bons profissionais e sentirmo-nos motivados com o nosso trabalho, permite-nos sair de casa todos os dias com um ânimo diferente. Portanto, quero agradecer ao empreiteiro, Gabriel Couto, e quero agradecer à equipa da Câmara que foi fantástica no acompanhamento da obra. Num tempo em que dizem tão mal dos funcionários públicos, que até vão ficar sem parte do vencimento, eu quero dizer-vos que reconheço que tenho uma equipa fantástica na Câmara porque nenhuma destas obras seria possível sem a existência desta equipa fabulosa ao serviço da Câmara. E agora, meus caros, permitam que eu acrescente o seguinte: as pedras estão feitas, é preciso habitá-las, mas a primeira obrigação, minha querida amiga diretora, de cada um dos responsáveis, de cada um dos professores e de cada um dos auxiliares de educação, bem como de cada um dos pais é esta: a escola está diferente. E será que eu, como profissional, vou estar diferente? Será que eu, como profissional, vou estar à altura da escola que agora tenho? Será que eu vou mudar o suficiente para conseguir eletrizar as pessoas e inculcar-lhes a vontade de saber?

Não tenho dúvidas nenhumas. Estive ontem na Universidade Sénior. O que dá ânimo às pessoas que agora estão aposentadas é a sua ânsia de saber, vontade de conhecer mais. O saber é a coisa mais importante de todas e o truque é fazer perceber aos nossos alunos que o saber é o segredo da sua felicidade pela vida fora. Não é só do ponto de vista profissional e pessoal como do ponto de vista humano. Tenho quase a certeza, que quando compararmos o insucesso escolar, o abandono escolar, etc., Matosinhos vai ter excelentes indicadores. Estamos a fazer por isso. Temos programas que não existem em mais lado nenhum porque há aqui uma vontade muito grande em que a nossa comunidade seja diferente. Eu não sei se não vamos fazer uma bolha, uma espécie de refúgio onde estaremos imunes ao mundo. Não estamos. Mas há uma coisa de que tenho a certeza, é que a comunidade de Matosinhos tem de se sentir feliz porque vive um espaço diferente com uma apetência diferente e com um envolvimento diferente. Falta uma coisa. Falta colocar os pais, a comunidade dentro da escola e a escola a participar na comunidade. Este é o desafio que eu já lancei à comunidade educativa. Em Portugal, vivemos em tubos, em sítios onde não partilhamos as coisas uns com os outros. Pensem um bocadinho. Quem conhece o mundo e quem já viajou lá fora. Qual é a grande diferença entre Portugal e os outros povos do mundo? Querem que vos diga qual é? É a praça. É o sítio onde as pessoas se encontram, o sítio onde convivem e que aqui não existe. Não me perguntem porquê, porque já me foram apresentadas várias razões. Uma delas é porque Portugal nunca teve necessidade de ter uma exibição de exércitos como nos outros países para a dominação do povo. É uma explicação possível e inteligente, dada por um arquiteto. Há muitas outras explicações: o tempo da inquisição, o tempo da ditadura, mas o que é certo é que quando saio lá fora encontro sempre o sítio onde a comunidade se reúne. É na praça. Em qualquer cidade, a começar por Espanha, é na praça onde os cidadãos se encontram, onde os cidadãos estão. É na praça onde fazem cidadania, onde se conhecem uns aos outros, onde gostam uns dos outros, onde gostam da sua cidade. Nós aqui, em Portugal, não temos praça e temos que o fazer através da escola. A escola tem que partilhar da vida da comunidade. A Câmara tem coisas fabulosas para a Escola partilhar e a comunidade tem que partilhar da vida da escola. Temos de criar uma dinâmica diferente na comunidade. E vou-lhe dizer, Senhora diretora, que esse é o meu objetivo. Hoje já quase não tenho infraestruturas para fazer. Já não há muito mais escolas e, as que há, já estão definidas.

Do ponto de vista da orla costeira, está tudo em marcha, com algum atraso, reconheço, porque temos ali alguns problemas, mas o que é certo é que a obra vai fatalmente acabar. Do ponto de vista da Ação Social a mesma coisa. Não há muitos mais equipamentos a fazer. O que há hoje a fazer é transformar a nossa comunidade e fazer com que ela perceba que tem motivos para se sentir orgulhosa e que tem motivos para perceber que vamos sair da crise, pelo nosso pé, e vamos sair porque vamos lutar. A crise é mundial. Eu não sei bem qual vai ser a evolução porque não há nenhum português, não há ninguém no mundo que possa ter uma varinha de condão ou uma bola de cristal para perceber o que é que vai ser o futuro. Há uma coisa que eu tenho a certeza, qualquer que seja o futuro, ele dependerá da nossa capacidade, da nossa determinação, da nossa vontade e daquilo que nós conseguirmos fazer pelas nossas crianças. E é aí que esta escola, que todas as escolas que estamos a construir, vão fazer a diferença. E quero agradecer-vos, enquanto comunidade, por terem ajudado a fazer essa diferença. Muito obrigado.