PARLAMENTO EUROPEU 2009-2014 Comissão dos Transportes e do Turismo 2012/2299(INI) 1.3.2013 PROJETO DE RELATÓRIO sobre a política externa da UE no setor da aviação Responder aos futuros desafios (2012/2299(INI)) Comissão dos Transportes e do Turismo Relator: Marian-Jean Marinescu PR\928582.doc PE506.143v01-00 Unida na diversidade
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PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU sobre a política externa da UE no setor da aviação Responder aos futuros desafios (2012/2299(INI)) O Parlamento Europeu, Tendo em conta a Comunicação da Comissão intitulada «A política externa da UE no setor da aviação - Responder aos futuros desafios» (COM(2012)0556), Tendo em conta a sua resolução de 7 de junho de 2011 sobre acordos aéreos internacionais no âmbito do Tratado de Lisboa 1, Tendo em conta a sua decisão de 20 de outubro de 2010 referente à revisão do acordo-quadro sobre as relações entre o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia ("o acordo-quadro") 2, Tendo em conta a sua resolução, de 17 de junho de 2010, sobre o Acordo de Transporte Aéreo UE-EUA 3, Tendo em conta a sua resolução de 25 de abril de 2007 sobre o estabelecimento de um Espaço de Aviação Comum Europeu, 4, Tendo em conta a sua resolução de 17 de janeiro de 2006 sobre o desenvolvimento da agenda da política externa comunitária no setor da aviação 5, Tendo em conta o Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, nomeadamente o artigo 90.º, o artigo 100.º, n.º 2, e o artigo 218.º, Tendo em conta o artigo 48.º do seu Regimento, Tendo em conta o relatório da Comissão dos Transportes e do Turismo e os pareceres da Comissão do Comércio Internacional e da Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais (A7-0000/2013), A. Considerando que o setor da aviação é responsável por mais de cinco milhões de empregos e contribui com mais de 2,4% do PIB da União; B. Considerando que o setor da aviação é uma área em crescimento da economia, sobretudo fora da União; C. Considerando que o setor da aviação desempenha um papel importante na ligação de pessoas e empresas no interior da União e com o mundo; D. Considerando que a Comunicação da Comissão, de 2005, desempenhou um papel 1 Textos Aprovados, P7_TA(2011)0251. 2 Textos Aprovados, P7_TA(2010)0366. 3 Textos Aprovados, P7_TA(2010)0239. 4 JO C 74 E de 20.3.2008, p. 506. 5 JO C 287E de 24.11.2006, p. 18. PR\928582.doc 3/9 PE506.143v01-00
importante no desenvolvimento da política externa da União no setor da aviação; E. Considerando que, dados os desenvolvimentos dos últimos sete anos, é adequado proceder a uma nova revisão; Considerações gerais 1. Destaca o progresso realizado na criação de um mercado regional único e aberto na União e, em simultâneo, na elaboração de uma abordagem comum da União à sua política externa no setor da aviação 2. Considera que se registou uma evolução significativa na definição e aplicação de mecanismos e sistemas da União, tais como o Céu Único Europeu (SES), a Investigação sobre a Gestão do Tráfego Aéreo no quadro SES (SESAR), a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (AESA), o Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS), visando reforçar a segurança e dar resposta às exigências dos passageiros; 3. Manifesta apreensão, no entanto, sobre os atrasos na execução do SES e do SESAR, dados os custos desnecessários que impõem às companhias aéreas e aos seus clientes; 4. Salienta que estes programas da UE são importantes não apenas para o mercado interno, mas também para a política externa; considera que a conclusão e a execução destes instrumentos ajudarão a consolidar a posição da indústria da UE no mercado mundial; 5. Está consciente de que o impacto da crise financeira varia consoante as regiões do mundo; considera que este facto obrigou as companhias aéreas da UE a enfrentar desafios de concorrência e que os acordos bilaterais de serviços aéreos nem sempre são a solução mais adequada para combater as restrições dos mercados ou os subsídios desleais; 6. Entende que deve ser adotada, o mais depressa possível, uma abordagem da UE mais coordenada e mais ambiciosa, a fim de criar uma concorrência leal e aberta, uma vez que, apesar do trabalho realizado nos últimos sete anos, ainda não se alcançou uma política externa abrangente no setor da aviação; A Comunicação de 2005 e a Resolução do Parlamento 7. Acolhe favoravelmente o progresso realizado relativamente aos três pilares da política de 2005; o princípio da designação da União é atualmente reconhecido em mais de 100 países terceiros; quase 1 000 acordos bilaterais de serviços aéreos foram colocados em conformidade com a legislação da União, assegurando, assim, a segurança jurídica; lamenta que parceiros importantes, incluindo a China, a Índia e a África do Sul, ainda não tenham aceitado estes princípios; 8. Realça que tem sido desenvolvido um crescente Espaço de Aviação Comum com os países vizinhos; considera que estes acordos criaram benefícios económicos importantes; acolhe favoravelmente os esforços substanciais efetuados para colocar em consonância os diferentes quadros regulamentares com a legislação da União em domínios como a segurança, o ambiente e os direitos dos passageiros; PE506.143v01-00 4/9 PR\928582.doc
9. Salienta que as negociações com alguns parceiros fundamentais, incluindo a Austrália e a Nova Zelândia, ainda terão de ser concluídas e que acordos de serviços aéreos de caráter amplo com os referidos países poderiam produzir benefícios económicos consideráveis; 10. Frisa que ainda não foram atendidas algumas das solicitações incluídas na Resolução do Parlamento, de 2006; destaca, nomeadamente, a necessidade de promover elevadas normas internacionais em matéria de segurança, a fim de reduzir os efeitos no ambiente, assegurar a igualdade de tratamento de transportadores aéreos da União e não pertencentes à União, bem como promover os direitos sociais; 11. Saúda a concretização de outros pontos referidos na Resolução de 2006, tais como o alargamento das competências da AESA; Mercado 12. Regista um importante aumento no tráfego com origem e destino na região Ásia-Pacífico, bem como no seu interior, em reflexo da sua conjuntura de crescimento económico; manifesta preocupação sobre a possibilidade de, se nada for feito, as companhias aéreas da UE perderem a capacidade de gerar lucros; 13. Observa também que a posição mundial das transportadoras não pertencentes à União tem sido reforçada através de novos investimentos massivos em aviões e infraestruturas efetuados em várias regiões do Médio Oriente e da América do Sul; 14. Destaca as alterações significativas no mercado interno da União em resultado da quota acrescida das transportadoras de baixo custo; entende que, não obstante a concorrência, os dois modelos de negócio podem encontrar formas de se complementar mutuamente perante os desafios do mercado externo; 15. Enfatiza a importância dos «hubs» aeroportuários e a necessidade urgente de investir em infraestruturas aeroportuárias; 16. Realça que a competitividade das transportadoras da União é prejudicada por fatores tais como diferentes impostos nacionais, o congestionamento dos aeroportos, elevadas tarifas do ATM e aeroportuárias, auxílios estatais aos concorrentes e o custo das emissões de dióxido de carbono; 17. Insta a Comissão a realizar um estudo sobre a disparidade de taxas, direitos, imposições e impostos dos Estados-Membros e o seu impacto nos preços dos bilhetes e nos lucros das companhias aéreas; 18. Saúda a nova regulamentação da União relativamente à segurança social dos trabalhadores móveis; Medidas futuras 19. Considera que a política externa no setor da aviação deve basear-se nos princípios da reciprocidade, abertura e concorrência leal, em condições equitativas, e ter dois objetivos principais: beneficiar os consumidores e apoiar as companhias aéreas e os aeroportos da PR\928582.doc 5/9 PE506.143v01-00
UE nos seus esforços para manter a sua posição como líderes mundiais; 20. Entende que os acordos bilaterais podem dar um contributo importante para o desenvolvimento de uma política externa no setor da aviação, mas salienta, em simultâneo, a importância de uma abordagem comum da UE; 21. Exorta à aplicação continuada de procedimentos para a negociação de acordos abrangentes no setor da aviação, a nível da União, com base na unidade europeia e autorizados pelo Conselho; 22. Insta a Comissão a promover e defender os interesses da UE no quadro dos acordos e a apresentar e partilhar as normas, os valores e as melhores práticas da UE. 23. Destaca a importância de uma concorrência leal e aberta; apela à inclusão de cláusulas-tipo de concorrência leal nos acordos bilaterais de serviços aéreos; 24. Convida a Comissão a definir, e os Estados-Membros a aplicar, um conjunto mínimo de requisitos-tipo a incluir nos acordos bilaterais; 25. Insta a Comissão a fornecer um quadro que harmonize os diferentes aspetos dos acordos bilaterais incluindo a liberalização da propriedade e controlo, a manutenção de normas laborais e ambientais, os direitos dos passageiros e o respeito pelas convenções e acordos internacionais; 26. Exorta a Comissão a propor a revisão ou a substituição urgente do Regulamento n.º 868/2004 relativo à defesa contra subvenções e práticas tarifárias desleais causadoras de prejuízos às transportadoras aéreas comunitárias 1 ; 27. Insta a Comissão a incluir as condições regulamentares em matéria de segurança, formação e certificação nos acordos abrangentes; 28. Convida a Comissão a concluir acordos com países vizinhos, entre os quais a Ucrânia, Turquia, Líbano, Tunísia, Azerbaijão, Arménia, Argélia e Líbia; 29. Insta a Comissão a concluir negociações de acordos aéreos abrangentes com parceiros fundamentais, incluindo a Federação Russa, e o Conselho a mandatar a Comissão para negociar os referidos acordos com economias em rápido crescimento como a China e a Índia; 30. Exorta a Comissão a alcançar um acordo justo com a Federação Russa relativamente à modernização do atual sistema de utilização das rotas transiberianas; 31. Solicita à Comissão que elabore, logo que possível, um novo quadro regulamentar relativamente à execução do Céu Único Europeu, com base numa abordagem descendente, e que proporcione as condições necessárias para iniciar a implantação do SESAR; 32. Considera que a Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) tem um papel 1 JO L 162 de 30.4.2004, p. 1-7. PE506.143v01-00 6/9 PR\928582.doc
importante a desempenhar no desenvolvimento de quadros regulamentares para o setor da aviação mundial, por exemplo, na liberalização da propriedade e do controlo das companhias aéreas; incentiva a OACI para que continue a desenvolver medidas mundiais e baseadas no mercado que limitem a emissão de gases com efeito de estufa; entende que deve ser alcançado um acordo no quadro da OACI sobre uma abordagem mundial, o mais depressa possível; 33. Insta a Comissão a clarificar a representação da União no quadro da OACI; 34. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente resolução ao Conselho e à Comissão. PR\928582.doc 7/9 PE506.143v01-00
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS A aviação é atualmente um setor-chave da economia europeia. Contribui com 365 mil milhões de euros para o PIB europeu e é responsável por 5,1 milhões de empregos, mas, sete anos após a Comunicação da Comissão «Desenvolver a agenda da política externa comunitária no setor da aviação», a UE ainda não atingiu os seus objetivos. É tempo de progredir rapidamente no setor da aviação europeia. Novos desafios económicos surgem de regiões no mundo onde uma legislação muito mais permissiva autoriza as empresas a construir novos aeroportos enormes que desviam muitos dos viajantes dos «hubs» europeus. A União Europeia necessita, com urgência, de uma maior capacidade aeroportuária, a fim de evitar o risco de perder competitividade face a regiões que vivem um crescimento rápido exponencial (a preocupação centra-se nas regiões da Ásia-Pacífico, Médio Oriente e América do Sul). O investimento em infraestruturas aeroportuárias deve ser encarado com seriedade, ainda que a procura no momento não exceda a oferta; Entretanto, é necessário que a atual capacidade seja usada com a máxima eficiência (incluindo através de uma melhor gestão das faixas horárias e da utilização de aeroportos sem «hubs» para reduzir o congestionamento). Seguindo o mesmo conceito de complementaridade, o número crescente de transportadoras de baixo custo no mercado interno da UE pode ser utilizado como um novo modelo de reforço em vez de ser considerado uma ameaça concorrencial. As transportadoras de modelo clássico e as de baixo custo podem encontrar uma maneira de harmonizar o mercado da UE e, desta forma, complementar-se mutuamente para responder com maior estabilidade aos desafios do mercado externo. Falando em termos estratégicos, a União Europeia precisa de manter um setor de aviação competitivo. Atualmente, os mercados de aviação mais importantes situam-se fora da Europa, e por isso as empresas europeias necessitam também de serem desenvolvidas nesses mercados. Desde 2005, foi negociado um número significativo de acordos com países parceiros fundamentais. No entanto, ainda devem ser alcançados outros acordos decisivos com parceiros fundamentais (entre os quais, a Austrália e a Nova Zelândia). A fim de apoiar esta evolução futura, o relator salienta a importância de criar e aplicar mecanismos da UE tais como o SES, o SESAR, a EASA e o GNSS. Estes instrumentos, criados para apoiar o mercado interno, ajudarão, por conseguinte, a UE na sua política externa no setor da aviação. A finalização destes instrumentos consolidará a posição do setor europeu, tornando-o mais forte para enfrentar os novos desafios competitivos. Para avançar com estes mecanismos, é necessário reforçar alguns procedimentos obrigatórios. Por exemplo, os blocos de espaço aéreo funcionais, essenciais para aplicar o Céu Único Europeu, devem ser completados o mais depressa possível. Apesar da necessidade de liberalização, a UE precisa de continuar a defender os interesses e as normas europeias. Deve prestar-se uma atenção especial às normas laborais e ambientais, PE506.143v01-00 8/9 PR\928582.doc
aos direitos dos passageiros e ao respeito pela regulamentação europeia. Em relação à Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), onde os Estados-Membros são membros da organização e a Comissão Europeia é convidada a participar como observador, é desejável uma maior coordenação. Esta permitiria à Europa falar com uma só voz em vez de 27 e, assim, aumentar a sua influência nas decisões da OACI. A Comissão e os Estados-Membros têm uma responsabilidade conjunta de trabalharem em mais estreita colaboração, a fim de alcançar esta representação coordenada. PR\928582.doc 9/9 PE506.143v01-00