DOCUMENTO DE TRABALHO

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1 PARLAMENTO EUROPEU Comissão dos Transportes e do Turismo DOCUMENTO DE TRABALHO sobre a introdução de restrições de operação relacionadas com o ruído nos aeroportos da União no âmbito de uma abordagem equilibrada Comissão dos Transportes e do Turismo Relator: Jörg Leichtfried DT\ doc PE v01-00 Unida na diversidade

2 Legislação em vigor: A Diretiva 92/14/CEE (codificada pela Diretiva 2006/93/CE) conduziu à retirada progressiva de serviço das aeronaves referidas no "Capítulo 2 da ICAO", até 1 de abril de A Diretiva 2002/30/CE deu os primeiros passos na harmonização das políticas de gestão do ruído, nomeadamente através da adoção de medidas em relação às aeronaves mais ruidosas dessa época. Proposta da Comissão em termos gerais A proposta tem por objetivo atualizar as medidas existentes para que as autoridades locais possam melhorar o ambiente sonoro em redor dos aeroportos da União, no âmbito do quadro internacional da abordagem equilibrada de gestão do ruído da ICAO. A abordagem equilibrada abrange o leque completo de medidas de atenuação do ruído (redução na fonte do ruído das aeronaves, medidas de ordenamento e gestão do território, procedimentos operacionais de redução do ruído e restrições de operação), exige uma avaliação do problema de ruído e prevê consultas adequadas. A Comissão está, juntamente com os Estados-Membros, a preparar normas em matéria de ruído a nível da Organização da Aviação Civil Internacional. Na UE, as medidas de ordenamento do território são competências locais. Os procedimentos operacionais são da competência do aeroporto e dos prestadores de serviços de tráfego aéreo intervenientes e são abrangidos pela legislação relativa ao Céu Único Europeu. Por conseguinte, a proposta abrange tanto as restrições de operação em matéria de emissões sonoras, como os requisitos inerentes ao processo (elaboração de mapas, avaliação da relação custo-eficácia e realização de consultas) e transpõe os compromissos internacionais para o direito europeu. A questão das normas em matéria de ruído é abordada noutro texto legislativo da União, a Diretiva Ruído Ambiente (Diretiva 2002/49/CE relativa à avaliação e gestão do ruído ambiente), que obriga os Estados-Membros a identificarem as principais fontes de ruído ambiente, a medirem o impacto do ruído e a tomarem as medidas adequadas. A proposta complementará a Diretiva 2002/49/CE, ao prever o processo de realização de um plano de ação em matéria de ruído que inclui medidas de atenuação do ruído resultante do tráfego aéreo eficazes em termos de custo. Temas de debate: 1) Direito de controlo da Comissão (artigo 10.º) Propõe-se que a Comissão proceda ao controlo da decisão relativa a uma restrição de operação, antes de esta ser aplicada. Caso a Comissão considere que a decisão não obedece aos requisitos estabelecidos no regulamento, ou que, de outra forma, infringe o direito da União, pode suspender essa decisão. PE v /5 DT\ doc

3 A Comissão defende que só praticará esse "controlo de qualidade" do processo decisório se existirem indicações fundamentadas que demonstrem que a medida proposta poderá pôr em risco a segurança, perturbar fortemente as condições de concorrência ou afetar a eficácia da rede. Dado que as medidas podem ter efeitos irreversíveis, a Comissão necessita de poder intervir antes da aplicação efetiva das mesmas. Segundo a Comissão, a proposta respeita a redação do Acordo de Transporte Aéreo entre a UE e os EUA. Em primeiro lugar, será conferido à Comissão o direito de controlo para rever o processo antes da imposição de tais medidas. Em segundo lugar, a Comissão pode adotar disposições legais apropriadas relativamente às medidas em causa: pode suspender as medidas antes da sua aplicação, se lhe parecer que o processo definido no presente regulamento não está a ser respeitado. O Bundesrat alemão, o Bundesrat austríaco, o Senado da República Francesa e o Senado do Parlamento dos Países Baixos concluíram que o direito de controlo conferido à Comissão nos termos do artigo 10.º infringe o princípio da subsidiariedade da União Europeia. O relator deseja assinalar que vários deputados ao Parlamento Europeu manifestaram a preocupação de que, ao abrigo do artigo 10.º, a Comissão comprometa os resultados dos acordos de mediação regionais. Estes acordos entre os aeroportos, a região e os cidadãos são frequentemente alcançados após anos de negociações difíceis e exaustivas. Importa ainda sublinhar que a Comissão e as partes interessadas dispõem de medidas normalizadas a que recorrer em caso de infração da legislação da UE. A Comissão pode, nomeadamente, interpor uma ação judicial contra os Estados-Membros no Tribunal de Justiça da UE se estes não aplicarem a legislação da UE. As partes interessadas do setor privado podem recorrer a um tribunal nacional local se considerarem que a legislação, incluindo a legislação da UE, não está a ser respeitada num caso específico. O tribunal local pode transmitir o caso ao Tribunal de Justiça da UE e solicitar a sua interpretação da legislação da UE pertinente. Os artigos pertinentes do Acordo de Transporte Aéreo têm a seguinte redação: "Após confirmação, por escrito, do Comité Misto, nos termos do n.º 6 do artigo 18.º, de que as disposições legislativas e regulamentares da União Europeia e dos seus Estados-Membros respeitantes às restrições de operação relacionadas com o ruído, impostas em aeroportos com mais de movimentos anuais de aviões civis subsónicos a reação, preveem que a Comissão Europeia tem poderes para rever o processo antes da imposição de tais medidas, e, caso não tenha a certeza de que foram aplicados os procedimentos adequados de acordo com as obrigações aplicáveis, para adotar, nestas circunstâncias, disposições legais apropriadas relativamente às medidas em causa, antes da sua imposição: a) As companhias aéreas da União Europeia são autorizadas a prestar serviços regulares combinados de transporte de passageiros entre pontos situados nos Estados Unidos e cinco outros países, sem terem de o fazer num ponto do território da União Europeia e dos seus Estados-Membros. O Comité Misto estabelece a lista destes países no prazo de um ano a DT\ doc 3/5 PE v01-00

4 contar da data de assinatura do presente Protocolo. O Comité Misto pode alterar a lista destes países ou aumentar o seu número; e b) O disposto no artigo 2.º do anexo 4 do Acordo ("Participação no capital e controlo de companhias aéreas de países terceiros") deixa de produzir efeitos, sendo substituído pelo texto do anexo 6 do Acordo no que respeita às companhias aéreas de países terceiros cujo capital tenha uma participação dos Estados-Membros ou dos seus nacionais ou que sejam por estes controladas." Não parece existir qualquer compromisso direto no Acordo de Transporte Aéreo entre a UE e os EUA no que toca ao direito de controlo da Comissão Europeia. Em vez disso, existe um incentivo à introdução desse direito de controlo por parte da UE. Esta traria os seguintes benefícios: a) as companhias aéreas da UE poderiam operar voos entre os EUA e cinco outros países terceiros; b) as companhias aéreas pertencentes a nacionais da UE poderiam efetuar voos entre o país terceiro em causa e os EUA (na medida em que os EUA deixariam de poder invocar uma disposição do acordo bilateral com o país terceiro que restringe a operação dos voos a companhias aéreas pertencentes a nacionais do mesmo). A introdução do direito de controlo não resolve a questão das companhias aéreas norteamericanas que são propriedade de nacionais da UE. O relator observa que, entre as partes intervenientes, existe uma oposição quase generalizada à manutenção do artigo 10.º. O relator propõe que este seja suprimido ou que lhe seja dada nova redação, por forma a garantir que as competências das autoridades locais e o princípio de subsidiariedade da UE sejam plenamente respeitados. 2) Atos delegados (artigo 11.º) A proposta delega na Comissão o poder de alterar as definições de aeronave e de aeronaves marginalmente conformes, as normas de certificação de ruído, o procedimento de certificação e o método e o relatório técnico definidos no anexo I. Embora seja necessário um certo grau de flexibilidade que assegure o acompanhamento dos progressos tecnológicos por parte da legislação, é importante avaliar cuidadosamente se a proposta de delegação de poderes na Comissão é necessária em todas as áreas. Cabe ao legislador assumir a responsabilidade final pelos textos legislativos. O alcance da delegação de poderes proposta parece ser excessivamente vasto, sendo que o Parlamento deve reservar-se o direito de alterar elementos fundamentais do processo legislativo ordinário. 3) Aeronaves marginalmente conformes (n.º 4 do artigo 2.º) Segundo a proposta, entende-se por "aeronaves marginalmente conformes", as aeronaves civis PE v /5 DT\ doc

5 que respeitem os valores-limite de certificação estabelecidos no capítulo 3 da ICAO, numa margem cumulativa inferior a 10EPNdB. Esta definição é mais rigorosa do que a constante na legislação em vigor (no sentido em que impõe normas em matéria de ruído mais precisas). O conceito de aeronave marginalmente conforme desempenha um papel importante no quadro do processo de gestão do ruído. A retirada progressiva de serviço das aeronaves mais ruidosas poderá revelar-se uma medida eficaz em termos de custos, tendo em conta, nomeadamente, que, num aeroporto central, 4% dos movimentos produziram 25% das perturbações. Centrar as medidas nas aeronaves mais ruidosas aumenta a margem de manobra para um maior crescimento e torna mais fácil a vida junto aos aeroportos. A retirada progressiva das aeronaves marginalmente conformes foi decidida na sequência de uma avaliação realizada a nível de cada aeroporto, depois de efetuadas as devidas notificações. O número de aeronaves marginalmente conformes deve ser reduzido por fases anuais (máximo de 20% por ano). Se a UE não proporcionasse uma definição comum, deparar-nos-íamos com uma multiplicidade de definições diferentes em toda a rede da UE. A Comissão salientou que levar mais longe a atual proposta e tornar a definição ainda mais rigorosa infringiria as normas da ICAO e aumentaria o risco de litígio comercial com os nossos parceiros de aviação mundiais. 4) Forma jurídica do ato Um regulamento institui direitos e obrigações específicos, aplicáveis não apenas aos Estados-Membros, mas também a indivíduos e organizações. Um regulamento constitui um meio adequado de assegurar que as disposições sejam aplicadas em toda União com a maior uniformidade possível. Uma diretiva define objetivos comuns, sendo que apenas exige aos Estados-Membros a sua consecução e lhes deixa a possibilidade de escolha do instrumento a utilizar para o conseguir. DT\ doc 5/5 PE v01-00