MODELO DE BERTRAND. 1. Modelo de Bertrand - Exposição Inicial

Documentos relacionados
Modelos de Oligopólio. Paulo C. Coimbra

Microeconomia II. Competição Imperfeita Oligopólio. Pindyck Cap: 12

27.6. Um duopólio em que duas firmas idênticas estão em concorrência de Bertrand não irá distorcer preços a partir de seus níveis competitivos.

TP043 Microeconomia 23/11/2009 AULA 21 Bibliografia: PINDYCK capítulo 12 Competição monopolística e oligopólio.

Microeconomia II. Cursos de Economia e de Matemática Aplicada à Economia e Gestão. AULA 2.2 Oligopólio em Preços (Bertrand)

Conteúdo Programático

Teoria Microeconômica I Prof. Salomão Neves 05/02/17

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto Departamento de Economia

CAPÍTULO 6 * JOGOS NA FORMA ESTRATÉGICA COM INFORMAÇÃO COMPLETA

Prova de Microeconomia

Sistema de preços. Prof. Regis Augusto Ely. Agosto de Revisão Novembro de Oferta e demanda. 1.1 Curva de demanda

TEORIA MICROECONÔMICA I N

LISTA DE EXERCÍCIOS 1ª PARTE: Concorrência Perfeita, Concorrência Monopolística, Monopólio e Oligopólio.

Concorrência Perfeita

Índice. Teoria do Consumidor. Decisão do consumidor. Capítulo 1. Prefácio 13 Agradecimentos 15 Apresentação 17

Microeconomia II. Resolução Lista 2 - Capítulos 22 e 23. Profa. Elaine Toldo Pazello

ELE2005: Análise Estratégica de Investimentos e de Decisões com Teoria dos Jogos e Jogos de Opções Reais.

Prova de Microeconomia

Universidade Federal de Pelotas Disciplina de Microeconomia 1 Professor Rodrigo Nobre Fernandez Lista 1 - Soluções

Lista de exercícios 5 Microeconomia 1

Economia para Concursos

Microeconomia. Prof.: Antonio Carlos Assumpção

Economia Industrial e da Empresa. Exercícios

e C 1 (q 1 ) = 2 q 2 Jogador 2

Sumário. Discriminação de Preços Tarifas Compartilhadas Concorrência Monopolística Modelo de diferenciação de produtos por localização

COMÉRCIO E INVESTIMENTO INTERNACIONAIS PROF. MARTA LEMME 2º SEMESTRE 2011

A2 - Microeconomia II - EPGE/FGV - 2S2011. Leia as questões atentamente e confira as suas respostas ao final. Boa Prova!!!!

Microeconomia II Lista de Exercícios 3

Oligopólio. lio. Janaina da Silva Alves

3. (ANPEC, 1991) Assinale verdadeiro ou falso, e justifique. Com relação a uma firma monopolista, pode-se dizer que:

1) Considere a matriz abaixo como forma de representar um jogo entre dois jogadores:

CAPÍTULO 5 CONCEITOS BÁSICOS DE TEORIA DOS JOGOS E MEDIDAS DE CONCENTRAÇÃO DE MERCADO

PARTE I Questões discursivas

MAT-103 Complementos de Matemáticas para Contabilidade Prof. Juan Carlos Gutierrez Fernandez

Monopólio - Gabarito

Observação: Responda no mínimo 70% das questões. (**) responda no mínimo duas questões com essa marcação

TEORIA MICROECONÔMICA I N

Oferta. Roberto Guena. 1 de outubro de 2013 USP. Roberto Guena (USP) Oferta 1 de outubro de / 29

1) A empresa DD é monopolista no setor industrial de retentores de portas. Seu custo de produção é dado por C=100-5Q+Q 2 e sua demanda é P=55-2Q.

Equilíbrio Geral. Humberto Moreira. June 11, EPGE, Fundação Getulio Vargas

Notas de Aula 5: MONOPÓLIO (Varian cap.23) Uma firma em uma indústria Não há substitutos próximos para o bem que a firma produz Barreiras à entrada

Microeconomia II. Prof. Elaine Toldo Pazello. Capítulo 25

Teoria da Firma. Discriminação de preços tarifa em duas partes e concorrência monopolística. Roberto Guena de Oliveira USP. 28 de julho de 2014

Prova FINAL GABARITO

ECONOMIA. Microeconomia. Estruturas de Mercado Parte 2. Prof.Alex Mendes

Curso de Pós-Graduação em Economia CAEN Universidade Federal do Ceará

Lista de exercícios Micro III 26/08/2009. Monopólio. Exs. do Tirole: 1.1 p.67, 1.2 p. 67, 1.3 p. 68, 1.4 p. 69, 1.5 p. 71, 1.6 p.

PRO Introdução à Economia

ECO Teoria Microeconômica I N. Professor Juliano Assunção. Utilidade

Microeconomia Discriminação de Preços

Cap. 5 Estabilidade de Lyapunov

Concurso Público para Cargos Técnico-Administrativos em Educação UNIFEI 13/06/2010

COMÉRCIO E INVESTIMENTO INTERNACIONAIS PROF. MARTA LEMME 2º SEMESTRE 2011

Concorrência Monopolística

Aula 12 cap 12 Concorrência Monopolística e Oligopólio

Estruturas de Mercado e Maximização de lucro. Mercado em Concorrência Perfeita Monopólio Concorrência Monopolística Oligopólio

Teoria da Firma. Discriminação de preços tarifa em duas partes e concorrência monopolística. Roberto Guena de Oliveira PROANPEC. 2 de julho de 2009

REC 2110 Microeconomia II exercícios sobre monopólio

AULA 10 MERCADOS PERFEITAMENTE COMPETITIVOS

Lista 6 - Competição Estratégica - MFEE - EPGE/FGV - 3T2011 P F = 6 Q F.

2 semestre, 2012 EPGE/FGV

Lista de Exercícios - Introdução à Economia 1 - FCE/UERJ Primeira parte da matéria

PRO INTRODUÇÃO A ECONOMIA. Aula 12 Mercados Perfeitamente Competitivos

Sumário. Prefácio, xiii

Estruturas de mercado

EXAME NACIONAL DE SELEÇÃO 2010

6 CUSTOS DE PRODUÇÃO QUESTÕES PROPOSTAS

Competição Monopolística e Diversidade Ótima de Produtos

LISTA DE EXERCÍCIOS 2ª PARTE:

Exame da Época Normal Soluções Parte A (8 valores)

Teoria da Firma. Discriminação de preços tarifa em duas partes e concorrência monopolística. Roberto Guena de Oliveira 31demaiode2017 USP

Teoria da Firma. Discriminação de preços tarifa em duas partes e concorrência monopolística. Roberto Guena de Oliveira 31demaiode2017 USP

P, pode-se verificar que a elasticidade será igual a ε. b. Escreva uma equação para a função de demanda

Microeconomia. UNIDADE 1 Aula 4.3

FICHA DE REVISÕES Micro 1

UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais. Microeconomia I

2. A respeito do equilíbrio de Nash, julgue as afirmativas abaixo:

Compreendendo as Estruturas de Mercado

Jogos. A teoria dos jogos lida com as interações estratégicas que ocorrem entre os agentes.

Escola Brasileira de Economia e Finanças - EPGE/FGV Graduação em Ciências Econômicas - Ciclo Pro ssional

Lista 2 - Competição Estratégica - MFEE - EPGE/FGV - 3T2010 Monopólio e Oligopólio (Bierman & Fernandez, cap.2 - Cabral cap. 3)

MICROECONOMIA OBJECTIVOS

Microeconomia I 2004/05 2 de Novembro 2004 Duração: 2h + 30 min

Monopólio. Copyright 2004 South-Western

Decisões da empresa com poder de mercado

UC: Economia da Empresa

TEORIA DA PRODUÇÃO. Rafael V. X. Ferreira Abril de 2017

UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR DE ECONOMIA E GESTÃO MICROECONOMICS 2009/2010

UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA. Microeconomia

Microeconomia 1 - Teoria da Firma

Teoria do consumidor. Propriedades do Conjunto Consumo,

UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais. Microeconomia I

Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa ECONOMIA I. Nome: PARTE I: Teoria do Consumidor (5 V)

FUNDAMENTOS DE MICROECONOMIA: DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO

Mercado. Cont. Fátima Barros Organização Industrial 1

Gabarito 12 - Microeconomia 2 Professora: Joisa Dutra Monitor: Pedro Bretan

Este Fundamentos de Microeconomia é um texto cuidadosamente elaborado por professores com muitos anos de experiência no ensino de graduação

PRO Introdução à Economia

Monopólio. 15. Monopólio. Porque Surgem os Monopólios. Porque Surgem os Monopólios. Economias de Escala. Monopólio Natural

Microeconomia I Exame Final, 2006/07

Transcrição:

MODELO DE BERTRAND PROF. DR. CLÁUDIO R. LUCINDA Neste texto, iremos analisar o modelo inicialmente desenvolvido por Joseph Bertrand como uma resposta às conclusões do Modelo de Cournot. Dentro deste modelo, a principal variável estratégica utilizada é composta pelo preço cobrado por qualquer uma das empresas envolvidas.. Modelo de Bertrand - Exposição Inicial Vamos supor que as firmas - para simplificar, vamos supor a existência de duas firmas - que produzem bens que possam ser considerados como substitutos perfeitos nas funções de uilidade dos consumidores. Consequentemente, eles comprarão do produtor que cobra o menor preço. Se as firmas cobrarem preços idênticos, devemos fazer uma hipótese de como os consumidores se distribuem entre elas. Para tanto, iremos supor que as firmas enfrentam uma curva de demanda que é igual à metade da demanda de mercado neste. Considerando a existência de uma função demanda de mercado Q = D(P ), e supondo que cada firma tenha um custo marginal constante e igual a c, temos que a função lucro para a firma i (i =, 2) é igual a: π i (P i, P j ) = (P i c)d i (P i, P j ) Esta função demanda pelo produto de uma das firmas, acima denotada D i tem as seguintes propriedades: D i (P i, P j ) = D(P i ), P i < P j D i (P i, P j ) = 2 D(P i), P i = P j D i (P i, P j ) = 0, P i > P j Além disso, podemos afirmar que o lucro agregado de mercado, (Min pi [P i c])d(p i ) é menor do que o lucro de monopólio. Cada firma pode garatir para si mesma um lucro positivo cobrando um preço acima do custo marginal. Portanto, podemos afirmar que, qualquer que seja a solução, 0 π i + π 2 π m, em que π m denota o lucro de monopólio.

MODELO DE BERTRAND 2 Consistentemente com a análise exposta até gora, vamos supor que cada uma das companhia escolhe o seu preço simultaneamente. Um Equilíbrio de Nash em preços - também conhecido como um equilíbrio de Bertrand - é um par de preços (P, P2 ) tal que cada uma das empresas maximiza o seu lucro dado o preço cobrado pela outra. Em termos mais formais, temos que: π i (P i, P j ) π i (P i, P j ) Com isto, podemos afirmar o seguinte: Theorem. O Jogo acima exposto somente admite um Equilíbrio de Nash em estratégias puras, em que cada empresa cobra um preço exatamente igual ao custo marginal, isto é, P = P 2 = c. Demonstração. Considere, por exemplo, que P > P2 > c. Neste, a firma não vende nada e o seu lucro é zero. Por outro lado, se a firma cobra um preço igual a P = P2 ε, em que ε é positivo e bem pequeno, ela teria a demanda completa de mercado, D(P2 ε) e obteria uma margem positiva igual a P2 ε c. Portanto, a firma não poderia estar agindo de acordo com o seu interesse cobrando um preço P > P2, logo esta possibilidade não é factível. Agora suponha que P = P2 > c. O lucro da firma seria D(P 2 )(P c). Da mesma forma que antes, se a firma cobra um preço igual a P = P2 ε, o seu lucro se tornaria D(P ε)(p c), que é maior se continuarmos a considerar que ε é pequeno. Neste, a participação de mercado da firma aumenta de uma forma descontínua. Uma vez que nenhuma firma iria cobrar um preço inferior ao custo marginal c, a única solução possível é que pelo menos uma das firmas cobre exatamente este custo. Caso tivéssemos P > P2 = c, a firma 2 poderia aumentar somente um pouco os seus preços (e ainda ficar abaixo do preço cobrado pela outra), obter lucros positivos pois continuaria suprindo a demanda toda - o que é uma contradição. Logo, o teorema está provado. Podemos resumir as conclusões deste modelo nas duas afirmações: As firmas cobram preços iguais aos custos marginais. As firmas não têm lucros. Evidentemente, este resultado tem pouco apelo, na medida que é difícil acreditar que empresas em indústrias com poucos concorrentes são incapazes de manipular os preços de mercado. Neste texto,

MODELO DE BERTRAND 3 iremos investigar duas possíveis extensões do modelo que permitem reconciliá-lo com a observação dos fatos. 2. Modelo de Bertrand - Produtos Diferenciados Nesta parte do texto, iremos analisar uma hipótese adicional que pode nos ajudar a reconciliar os resultados da seção acima com a observação dos fatos. Esta hipótese é a da imperfeita substitutibilidade dos produtos. Em geral, dois produtos quase nunca são considerados como perfeitos substitutos - no sentido que os consumidores são indiferentes entre os bens quando eles possuem o mesmo preço. Os produtos são quase sempre diferenciados por alguma característica. Por outro lado, um grupo de produtos sempre interage com outros produtos (ou grupos de produtos) dentro de uma economia. Os preços de bens em outras indústrias entram na demanda por um determinado bem não apenas por meio dos efeitos renda, mas também por meio dos efeitos substituição. Uma definição útil, que vai na direção do objetivo da seção em questão, é que um bem pode ser considerado como um aglomerado de características: Qualidade Localização Tempo Disponibilidade Informação sobre a existência do mesmo Evidentemente, cada consumidor possui um ordenamento sobre quais destas características são mais importantes. Dsta forma, cada produto - mesmo sendo bastante similar, pode ser considerado como imperfeitamente substituto a outro. Vamos supor que a quantidade demandada da firma i seja denotada da seguinte forma: Q i = α β i P i + γ i P j Podemos notar que o sinal positivo associado à variável γ i indica que os bens das empresas i e j são substitutos. Considere que a empresa possua custos marginais constantes e iguais a c. A É importante notar que isto não significa que o consumidor não seja capaz de formar curvas de indiferença. Ou seja, ele pode não ser indiferente entre dois produtos e ser indiferente entre cestas contendo quantidades diferentes do produto.

MODELO DE BERTRAND 4 partir destes dados, podemos derivar a Função Melhor Resposta de cada companhia, a partir da função lucro abaixo: π i = (P i c)(α β i P i + γ i P j ) Consequentemente, temos as seguintes Condições de Primeira Ordem associadas com a maximização: π i P i = α 2β i P i + γ i P j + cβ i = 0 A partir destas Condições de Primeira Ordem temos as seguintes Funções Melhor Resposta: P i = α + γ ip j + cβ i 2β i Resolvendo o sistema associado com i =, 2, temos então: Reorganizando: P = α + cβ + γ [ ] α + cβ2 + γ 2 P 2β 2β 2β 2 P = 2β 2α + 2cβ β 2 + γ α + cγ β 2 + γ γ 2 P 4β β 2 P = α(2β 2 + γ ) + cβ 2 (2β + γ ) 4β β 2 γ γ 2 Podemos observar que este resultado é bastante diferente do implícito pela seção anterior. Mais especificamente, temos que P c. Podemos notar, portanto, que neste existe espaço para que cada uma das firmas neste mercado cobre preços acima dos custos marginais, na presença de diferenciação de produtos. O passo seguinte é analisar a existência de limitações de capacidade produtiva para cada firma no mercado. Este é o objeto da seção subsequente. 3. Modelo de Bertrand com Restrições de Capacidade O objetivo desta seção é analisar o papel das restrições de capacidade por parte das firmas envolvidas em um mercado, como forma de contornar o resultado paradoxal obtido a partir da seção. Vamos supor que existam duas firmas neste mercado, com capaciade máxima de K unidades. Em outras palavras, cada companhia possui CMg i = c q i < K, e CMg i,

MODELO DE BERTRAND 5 quando q i K. Evidentemente, a escolha deste nível K já é, por si só, uma interessante escolha estratégica, mas não é o objetivo em questão. Inicialmente, vamos supor a seguinte função demanda: P = a b(q + q 2 ), P = P 2, q + q 2 < a b Com esta função, podemos definir a chamada função Demanda Residual. A demanda residual é a demanda que cada empresa enfrenta cobre um preço acima da outra. Ela é construída a partir da hipótese que a empresa que cobra um preço mais baixo venderá, necessariamente, a quantidade idêntica à sua capacidade instalada. Ou seja, podemos definir a seguinte Função Demanda Residual para a empresa, a empresa 2 cobre um preço inferior: Q = a b K b P Com esta Função Demanda Residual, podemos definir as vendas da firma com relação ao preço: { a Q = min b K } b P, K Q = { a 2 min b P } b, K { a Q = min b P } b, K Q = 0 contr. P 2 < P a bk P 2 = P a P 2 > P a Estas equações dizem o seguinte. Se a empresa coloca o seu preço acima da firma 2, as suas vendas são restritas pelo menor de dois valores - a demanda residual e a sua capacidade. Se as duas empresas cobram preços iguais, as suas vendas são restringidas pelo menor de dois valores - metade da demanda de mercado ou a capacidade. E, finalmente, se a empresa coloca o seu preço abaixo do preço da empresa 2, ela seria restrita pelo menor de dois valores - a demanda de

MODELO DE BERTRAND 6 mercado e a capacidade. A função lucro é derivada da seguinte forma: { a π = (P c)min b K } b P, K π = { a 2 (P c)min b P } b, K { a π = (P c)min b P } b, K π = 0 contr. P 2 < P a bk P 2 = P a P 2 > P a Neste a construção de uma função melhor resposta por meio da maximização condicionada da função lucro se torna extremamente problemática, uma vez que a função lucro não é contínua no intervalo relevante. Desta forma, o melhor a fazer é procurar por estratégias dominadas, para a seguir determinarmos quais seriam as melhores respostas. Dois conjuntos de estratégias são estritamente dominadas: P > a, pois isto faz com que nenhuma venda seria realizada e P < c, em que cada unidade vendida dá prejuízo. Portanto, a função melhor resposta deve se limitar a preços neste intervalo. O próximo passo é analisar como será a melhor resposta para cada segmento. Podemos notar que para P a 2bK, temos que a empresa venderá justamente a sua capacidade produtiva, independentemente de qual preço seja cobrado pela empresa 2. No entanto, qualquer valor para preço inferior a a 2bK 2 leva a um lucro inferior ao obtido pela cobrança deste valor. Portanto, a melhor resposta para o preço cobrado pela outra e inferior a a 2bK é justamente a cobrança de a 2bK pela empresa. Caso o preço cobrado pela empresa 2 seja superior à a 2bK, a melhor resposta fica um pouco mais complexa. Caso a empresa 2 cobre um preço abaixo de a bk 3, a melhor estratégia por parte da firma é cobrar um preço P = P 2 ε, pois neste toda a demanda de mercado irá para esta empresa. É importante notar que, neste, a firma venderá a sua capacidade K. E, finalmente, a empresa 2 cobre um preço acima de a bk, temos que a melhor resposta da firma é justamente cobrar a bk. Podemos resumir as estratégias para a firma na seguinte tabela: 2 Obtido a partir de se igualar os dois elementos da primeira função Min{.}. 3 Obtido a partir de se igualar os dois elementos da terceira função Min{.}.

MODELO DE BERTRAND 7 Melhor Resposta Firma Firma 2 joga [c; a 2bk] Firma 2 joga ]a 2bK; a bk[ Firma 2 joga [a bk; + [ a 2bK P 2 ε a bk Evidentemente, a firma 2 possui uma tabela representativa de estratégias bastante similar. Consequentemente, temos que o Equilíbrio de Nash neste seria a adoção de preços P = P 2 = a 2bK. As características das funções melhor resposta das duas empresas estão representadas no gráfico a seguir: Figura. Funções Melhor Respostas - Firmas e 2 Podemos notar que neste, também temos no Equilíbrio de Nash preços acima dos custos marginais, contornando assim o paradoxo de Bertrand colocado anteriormente. 4. Conclusão Neste pequeno texto, mostramos um dos principais modelos para compreender a interação estratégica entre as empresas em mercados oligopolizados: o Modelo de Bertrand. Começamos mostrando a formulação mais básica do mesmo modelo, bem como a conclusão aparentemente

MODELO DE BERTRAND 8 paradoxal. A seguir, foram mostradas as possíveis soluções para este assim chamado paradoxo: a diferenciação de produtos e a existência de significativas restrições de capacidade. Referências [] TIROLE, J. (995) The Theory of Industrial Organization. MIT Press. [2] BIERMAN, H. S. e FERNANDEZ, L. (2000) Game Theory with Economic Applications. Addison-Wesley.