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Transcrição:

ECLI:PT:TRL:2010:29640.03.4TJLSB.L1.1.2D http://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli/ecli:pt:trl:2010:29640.03.4tjlsb.l1.1.2d Relator Nº do Documento Manuel Marques rl Apenso Data do Acordão 09/03/2010 Data de decisão sumária Votação unanimidade Tribunal de recurso Processo de recurso Data Recurso Referência de processo de recurso Nivel de acesso Público Meio Processual Decisão Apelação improcedente Indicações eventuais Área Temática Referencias Internacionais Jurisprudência Nacional Legislação Comunitária Legislação Estrangeira Descritores saneador-sentença; princípio do contraditório; meios de prova; Página 1 / 7 06:46:06 12-01-2019

Sumário: 1. Sendo a acção sumária contestada, mas encontrando-se provados por confissão e/ou documento todos os factos relevantes para a decisão, profere-se o chamado saneador-sentença; 2. Tendo as partes nos articulados discutido todos os fundamentos em que o tribunal baseou a sua decisão, não se mostra violado, no plano do direito, o princípio do contraditório. (Sumário elaborado pelo Relator) Decisão Integral: Acordam na 1ª Secção Cível do Tribunal da Relação de Lisboa: I. A, S.A. instaurou a presente acção declarativa de condenação, sob a forma sumária, contra B, Lda, peticionando a condenação desta no pagamento da quantia de 6.209,13, acrescida de juros de mora, vencidos e vincendos, à taxa legal, até efectivo e integral pagamento. Alegou, em síntese, que no exercício da sua actividade comercial forneceu à ré os diversos produtos, discriminados nas oito facturas juntas aos autos, no valor total 6.209,13; que a ré recebeu e aceitou tais produtos; e que apesar de ter sido instada para proceder ao pagamento das quantias tituladas pelas referidas facturas, nada pagou até hoje. A ré contestou, tendo aceite a factualidade alegada nos arts. 1º a 6º da p.i., e invocado a excepção de não cumprimento do contrato (art. 428º do C.C.), alegando, no essencial, que não efectuou o pagamento dos valores titulados pelas facturas em apreço, porque a autora não lhe entregou os brindes a que tinha direito em virtude do sistema de acumulação de pontos estabelecido entre ambas. Respondeu a autora, pugnando pela improcedência da matéria de excepção alegada pela ré, por as prestações (de pagamento do preço e de entrega dos brindes) não serem sinalagmáticas ou correlativas entre si e que os brindes eram atribuídos aos clientes ao abrigo do sistema de pontos, ou seja, do volume de compras realizadas por estes, que a autora só contabiliza quando as mercadorias fornecidas estão pagas. Foi realizada uma tentativa de conciliação, sem êxito. Após foi proferido despacho saneador-sentença, onde se decidiu julgar a acção procedente e condenar a ré no pagamento àquela da quantia de 6.209,13, acrescida dos juros de mora vencidos até 10.08.2003, no valor de 901,43, e dos juros de mora vencidos e vincendos, computados à taxa legal de 12% desde 11-08-2003 até 30-09-2004 e a partir de 1-10-2004 à taxa que resultar da aplicação da Portaria n.º 597/2005. de 19 de Julho, até efectivo e integral pagamento. Inconformada com essa decisão, veio a ré interpor o presente recurso de apelação, o qual foi recebido, tendo apresentado alegações, nas quais formulou as seguintes conclusões: 1 - Vem o presente recurso da douta sentença proferida pelo Tribunal a quo, na parte em que decidiu julgar "totalmente procedente a acção e, em consequência, condeno a R. no pagamento à A da quantia de global de 7.110,56 Euros, acrescida dos competentes e vincendos juros de mora até integral pagamento; 2 - Acontece, porém, que tal decisão foi tomada em clara violação da lei; 3 - Porquanto, conforme se denota dos presentes autos, o Tribunal a quo decidiu por mero despacho, elaborando a douta sentença ora em crise sem ter procedido, como o deveria, anteriormente à Audiência de Discussão e Julgamento; Página 2 / 7 06:46:06 12-01-2019

4 - Com efeito, findos os articulados, e quando se esperava que fosse designada data para a realização da Audiência de Discussão e Julgamento, o Tribunal a quo notifica, não de tal data, mas da própria sentença; 5 - Ora, dispõe o nº 3 do artigo 7870 do Código de Processo Civil que: "No caso de não ter havido saneamento e condensação do processo, o juiz ordena a notificação das partes para o efeito do disposto no n. 1 do artigo 512."; 6 - Efeito, esse, que se refere à designação de data para realização da Audiência de Discussão e Julgamento e consequente apresentação dos respectivos meios probatórios e que não se verificou nos presentes autos; 7 - Pois que em vez da notificação para os efeitos do artigo 512, a Ré foi logo notificada da douta sentença aqui em crise; 8 - Quando, a simplificação do Processo Sumário, como é o caso dos presentes autos, se resume à possibilidade de, verificados os requisitos enunciados no artigo 787, n.º 1, ser dispensada a audiência preliminar; 9 - Assim como poderá o juiz abster-se da fixação da base instrutória; 10 - Ou, ainda, poderá o juiz abster-se da selecção da matéria de facto; 11 - Contudo, não poderá o juiz abster-se da realização de Audiência de Discussão e Julgamento; 12 - Sob pena, inclusivamente, de violação do princípio do contraditório, cuja expressão máxima consiste precisamente na realização de tal diligência processual; 13 - Além do mais, refere o Tribunal a quo, na douta sentença ora recorrida, que "E dispõe o art. 799, nº 1 do CC que incumbe ao devedor provar que a falta de cumprimento ou o cumprimento defeituoso da obrigação não procede de culpa sua." E continua afirmando que" Trata-se de uma presunção de culpa do devedor, que faz incidir sobre ele o ónus da prova de que o incumprimento não lhe é imputável, a qual, in casu, não foi ilidida"; 14 - Ora, tal presunção não foi ilidida nem o poderia ter sido porque o Tribunal a quo, ao decidir por mero despacho, não concedeu a possibilidade de efectuar tal elisão, não concedeu a possibilidade de contraditório e de produção de prova dos factos articulados pela Ré na sua Contestação; 15 - Determinando, assim, a nulidade da sentença aqui objecto do presente recurso por violação da lei e do princípio do contraditório; 16. Devendo em face do que aqui fica exposto, a douta sentença recorrida ser considerada nula. Não foram apresentadas contra-alegações. Colhidos os vistos, cumpre decidir. * II. Em 1ª instância consideraram-se provados os seguintes factos: 1 A autora exerce a actividade de comercialização de combustíveis, óleos, lubrificantes e produtos similares e presta serviços com eles conexos; 2 No exercício da sua actividade comercial, a autora forneceu à ré, a solicitação desta, os produtos e materiais discriminados nas seguintes facturas: 1. Factura n, emitida em 04.03.2002, no valor de Euros: 1.011,68 e com data de vencimento em 04.05.2002; 2. Factura n, emitida em 06.03.2002, no valor de Euros: 791,58 e com data de vencimento em 06.05.2002; 3. Factura nº, emitida em 11.03.2002, no valor de Euros: 499,96 e com data de vencimento em Página 3 / 7

11.05.2002; 4. Factura nº, emitida em 14.03.2002, no valor de Euros: 63,03 e com data de vencimento em 14.05.2002; 5. Factura nº, emitida em 18.03.2002, no valor de Euros: 699,47 e com data de vencimento em 18.05.2002; 6. Factura nº., emitida em 21.03.2002, no valor de Euros: 314,91 e com data de vencimento em 21.05.2002; 7. Factura nº, emitida em 26.03.2002, no valor de Euros: 1.755,97 e com data de vencimento em 26.05.2002; 8. Factura nº, emitida em 02.04.2002, no valor de Euros: 1.072,53 e com data de vencimento em 02.06.2002; 3 A ré recebeu todos os produtos discriminados nas facturas mencionadas em 2º. 4 A ré recebeu as facturas que lhe foram enviadas pela autora referidas em 2º. 5 A ré não efectuou o pagamento à autora dos montantes titulados pelas facturas mencionadas em 2 nas datas dos seus vencimentos, nem posteriormente; 6 Entre a autora e a ré foi estabelecido um sistema de acumulação de pontos, nos termos do qual depois de atingido um certo volume de compras, a ré teria direito à atribuição pela autora de determinados brindes; 7 A ré não efectuou o pagamento à autora dos montantes titulados pelas facturas mencionadas em 2, porque a autora não lhe entregou os seguintes brindes por ela escolhidos na sequência do sistema de acumulação de pontos estabelecido entre ambas: - dois bonés; - duas parkas em nylon; - uma camisola 100% de cor bege; - dois relógios para homem; - um relógio Wenger; - um relógio camel time; - um relógio camel alarm; - uma caneta trio lapiseira benetton. * III. Nos termos dos art.ºs 684º, n.º 3, e 690º, n.º 1, do C.P.Civil, o objecto do recurso acha-se delimitado pelas conclusões da recorrente, sem prejuízo do disposto na última parte do n.º 2 do art.º 660º do mesmo Código. A questão a decidir resume-se, essencialmente, em saber se a sentença é nula, por violação do princípio do contraditório e do estatuído no art. 787º, n.º 3, do CPC. * IV. Da questão de mérito: A apelante sustenta ser nula a sentença recorrida, com base na seguinte argumentação: - por a sentença ter sido elaborada sem ter sido precedida da realização da audiência de discussão e julgamento e sem que a apelante tivesse sido notificada para efeitos do art. 512º do Página 4 / 7

CPC, em violação do estatuído no art. 787º, n.º 3, desse diploma legal; - por o juiz, no processo sumário, não poder abster-se de realizar a audiência de julgamento; - por, ao fazê-lo, não ter possibilitado a discussão quer dos aspectos de facto, quer dos aspectos jurídicos da causa, em violação do princípio do contraditório; - por desse modo ter impossibilitado à ré a elisão da presunção de culpa expressa no art. 799º do CC. Analisemos esta linha argumentativa. Liminarmente importa desde logo frisar que não nos encontramos perante qualquer uma das nulidades da sentença, a que se reporta o art. 668º, n.º 1, do CPC, cujo condicionalismo se não verifica, nem a apelante afirma tal nas suas conclusões. Assim, apenas poderá estar em causa nos autos o cometimento de nulidades processuais, questão de que adiante conheceremos. Prescreve o art. 787º (Termos posteriores aos articulados): 1 - Findos os articulados, observar-se-á o disposto nos artigos 508.º a 512.º-A, mas a audiência preliminar só se realiza quando a complexidade da causa ou a necessidade de actuar o princípio do contraditório o determinem; se a selecção da matéria de facto controvertida se revestir de simplicidade, o juiz pode abster-se de fixar a base instrutória. 2 - Não havendo lugar à realização de audiência preliminar e ainda que tenha de ser elaborado despacho saneador para decisão sobre as matérias referidas nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 510.º ou sobre incidente de intervenção de terceiros, o juiz pode abster-se de proceder à selecção da matéria de facto, nos termos do n.º 2 do artigo 508.º-B, se se verificar a situação prevista na parte final do número anterior. 3 - No caso de não ter havido saneamento e condensação do processo, o juiz ordena a notificação das partes para o efeito do disposto no n.º 1 do artigo 512.º. Em face deste normativo, sendo a acção contestada, podem verificar-se as seguintes situações: 1.º Realização da audiência preliminar, quando a complexidade da causa ou a necessidade de actuar o princípio do contraditório o determinem (art. 787º, n.º 1); 2.º Em caso de não realização da audiência preliminar (situação regra no processo sumário): - Se a acção houver de prosseguir (art. 787º, n.º 2 e 3): a) elabora-se despacho saneador para decisão das matérias referidas nas alíneas a) e b) do n.º 1, do art. 510º ou para decisão de incidentes de intervenção de terceiros e de seguida: a1)- dispensa-se a elaboração da selecção da matéria de facto e ordena-se a notificação das partes para efeitos do n.º 1, do art. 512; ou a2)- selecciona-se a matéria de facto e após a secretaria notifica a mesma às partes para em 15 dias apresentarem o rol de testemunhas e outros meios de prova - art 512º. A situação referida em a) ocorre sempre que tenha de ser elaborado despacho saneador para conhecimento das excepções dilatórias e nulidades processuais, para conhecimento imediato do mérito de parte dos pedidos, quando possível, ou para decidir incidente de intervenção de terceiros cfr. Lebre de Freitas, CPC Anotado vol. 3º pag. 222. Página 5 / 7

b) não se elabora despacho saneador e selecciona-se ou não a matéria de facto, nos termos sobreditos, com cumprimento do estatuído no art. 512º, n.º 1, citado. Nas aludidas situações segue-se a marcação e realização da audiência de julgamento. - Se a acção não houver de prosseguir: Elabora-se despacho saneador (arts. 787º, n.º 1, e 510º, n.º 1, als. a) e b) do CPC), no qual se conhece imediatamente das excepções dilatórias e nulidades processuais e/ou do mérito da causa, apreciando-se todos os pedidos deduzidos ou de alguma excepção peremptória. Ora, é esta última situação que ocorre nos autos, tendo a Sra. Juíza conhecido do mérito da causa, proferindo o chamado saneador-sentença, por entender que o estado do processo permitia a apreciação do pedido formulado. Nesta situação, encontrando-se provada, por confissão e documento, toda a matéria de facto alegada com relevância para a decisão, carecia de sentido ordenar o cumprimento do disposto no art. 787º,n.º 3, do CPC, pois que a situação contemplada nesta disposição tem como pressuposto não ser viável conhecer imediatamente de todos os pedidos formulados, tendo a acção de prosseguir, por existirem factos relevantes para a decisão carecidos de prova. Por outra via: Contrariamente ao sustentado pela apelante, ao conhecer imediatamente do pedido, o Sr. Juiz não violou o princípio do contraditório, no plano da alegação, da prova e do direito. Com efeito, no plano da alegação, a ré teve oportunidade na contestação de se pronunciar sobre os factos alegados na p.i., tendo assim sido assegurado o seu direito de resposta. No plano da prova, o princípio do contraditório apenas exige que às partes seja, em igualdade, facultada a proposição de todos os meios probatórios potencialmente relevantes para o apuramento da realidade dos factos da causa, que lhes seja consentido fazê-lo até ao momento em que melhor possam decidir da sua conveniência, tidas em conta, porém, as necessidades de andamento do processo, que a produção ou admissão da prova tenha lugar com audiência contraditória de ambas as partes e que estas possam pronunciar-se sobre a apreciação das provas produzidas por si, pelo adversário ou pelo tribunal cfr. Lebre de Freitas, Introdução ao Processo Civil, pags. 98 e 99. Ora, às partes foi possibilitado pronunciarem-se sobre os documentos juntos aos autos quanto à sua admissibilidade e força probatória -, sendo que não foi produzida nos autos qualquer outra prova, tendo a factualidade sido considerada provada com base na confissão ficta (ficta confessio) art. 490º, n.º 2, do CPC. No plano do direito, o princípio do contraditório exige que, antes da sentença, às partes seja facultada a discussão efectiva de todos os fundamentos de direito em que a decisão se baseie, proibindo-se as chamadas decisões-surpresa. Ora, nos articulados as partes discutiram todos os fundamentos em que o tribunal se baseou na sua decisão (outorga pelas partes de contrato de compra e venda e não verificação de fundamento de recusa - excepção do não cumprimento do contrato - para o seu incumprimento por parte da ré). Por outro lado, carece de sentido a alegação da apelante ao afirmar que da não realização do julgamento decorreu a impossibilidade de ilidir a presunção de culpa que sobre si impendia (art. 799º, do CC). Página 6 / 7

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) Com efeito, a ré na contestação não alegou apesar de ter tido oportunidade de o fazer - qualquer facto atinente a ilidir a presunção de culpa (limitou-se a invocar a excepção de não cumprimento), sendo sintomático de tal a circunstância de na apelação nem sequer especificar a que factualidade se reporta. Não se mostra, pois, violado o princípio do contraditório nas suas diversas vertentes. Não tendo sido cometida qualquer nulidade processual, não é caso de se anular a sentença recorrida. Deste modo, e não tendo nas conclusões de recurso sido invocado qualquer erro de direito quanto ao mérito do decidido, impõe-se confirmar aquela sentença, improcedendo, por isso, a apelação interposta pela ré. *** V. Decisão: Pelo acima exposto, julga-se a apelação improcedente, confirmando-se a sentença recorrida Custas pela apelante. Notifique. Lisboa, 9 de Março de 2010 Manuel Marques - Relator Pedro Brighton - 1º Adjunto Anabela Calafate 2ª Adjunta Página 7 / 7