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O Grupo Cultural AfroReggae é uma organização que luta pela transformação social e, através da cultura e da arte, desperta potencialidades artísticas que elevam a autoestima de jovens das camadas populares. Tem por missão promover a inclusão e a justiça social, utilizando a arte, a cultura afro-brasileira e a educação como ferramentas para a criação de pontes que unam as diferenças e sirvam como alicerces para a sustentabilidade e o exercício da cidadania. O InfoReggae é uma publicação semanal e faz parte dos conteúdos desenvolvidos pela Editora AfroReggae. Sede Rio de Janeiro Rua da Lapa, nº 180 Centro Rio de Janeiro (RJ) +55 21 3095.7200 InfoReggae - Edição 41 Síntese do Perfil dos Jovens Moradores de Favela 11 de julho de 2014 Coordenador Executivo José Júnior Coordenador Geral Adjunto Danilo Costa Gerência de Informação e Monitoramento Thales Santos Assistentes de Pesquisa Nataniel Souza Juliana Mattos Coordenação Editorial Marcelo Garcia Representação São Paulo Rua João Brícola, nº 24 18º andar Centro São Paulo (SP) +55 11 3249.1168 Contatos www.afroreggae.org facebook.com/afroreggaeoficial twitter.com/afroreggae inforeggae@afroreggae.org É permitida a reprodução dos conteúdos desta publicação desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas. Patrocínio Institucional Parcerias Apoio

Apresentação Esta Edição do InfoReggae apresenta uma síntese sobre o Jovem morador de Favelas da cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, apontamos que os resultados não diferem das demais favelas dos grandes centros urbanos. Os dados foram coletados a partir de uma pesquisa desenvolvida pela Associação Candido Mendes de Ensino e Pesquisa em 7 favelas da cidade do Rio de Janeiro: Coroa/Fallet/Fogueteiro, Jacarezinho,Mangueira, Manguinhos, Prazeres/Escondidinho, São Carlos e Vidigal. Ao todo 1.652 jovens entre 15 e 29 anos de idade foram entrevistados. É fundamental registrar que estamos apresentando a síntese de uma pesquisa amostral, mas nossa intenção, de fato, é construir um debate sobre um tema urgente nas políticas púbicas no Brasil: a juventude. O AfroReggae, ao longo de seus 21 anos, tem trabalhado com crianças, adolescentes e jovens e nossa preocupação sempre foi garantir que as oportunidades dos jovens que vivem fora da favela possam ser as mesmas dos jovens que vivem na favela. Não tem sido uma tarefa fácil e, a partir da síntese que preparamos, o desafio pode, de fato, ser compreendido. Estes dados, ao serem debatidos pela equipe, nos levou a muitas perguntas sobre nossas práticas de mobilização e organização de ações que defendam e promovam o desenvolvimento da juventude. O jovem que mora na favela começa a trabalhar muito cedo, tem baixa escolaridade e tem seu primeiro filho, muitas vezes, antes mesmo de completar 20 anos. O desafio de garantir oportunidade não pode vir antes da Proteção Social e Educacional. Este InfoReggae é uma triste síntese do que podemos afirmar ser um fracasso nacional: Políticas de Desenvolvimento para Juventude. Temos muito a fazer mas, antes de tudo, é preciso reposicionar nossa ação frente a realidade.

A Pesquisa Jovens Moradores de Favelas O Sistema FIRJAN com o apoio da Associação Candido Mendes de Ensino e Pesquisa (ACAMEP) desenvolveu um estudo a fim de conhecer o perfil, os desafios e as aspirações dos jovens moradores de favelas de 7 comunidades da cidade do Rio de Janeiro: Coroa/Fallet/Fogueteiro, Jacarezinho, Mangueira, Manguinhos, Prazeres/Escondidinho, São Carlos e Vidigal. Nesta sessão apresentamos o perfil dos jovens a partir de alguns importantes dados levantados nos questionários de pesquisa.. Gráfico 1: Perfil dos Jovens entre 15 e 29 Anos Moradores de Favela Ocupação - 2013 42,3% Masculino 30,2% 28,0% 28,5% Feminino 35,5% 11,1% 8,0% 16,3% Só trabalha Só estuda Trabalha e Estuda Não trabalha e nem estuda Fonte: Sistema FIRJAN com o apoio da Associação Candido Mendes de Ensino e Pesquisa ACAMEP. No ano de 2013, 28% dos jovens das favelas cariocas que tinham entre 15 e 29 anos não trabalhavam e não estudavam, os chamados Nem-Nem. Grande parte destes jovens está nesta situação devido à dificuldade em encontrar um emprego devido a baixa escolaridade. De acordo com os dados apresentados no Gráfico 1, a situação entre as jovens mulheres é ainda pior, sendo que a cada 3 jovens, uma não trabalha e nem estuda, praticamente o dobro quando comparado com os jovens do sexo masculino. A necessidade de cuidar dos irmãos mais novos, bem como da gravidez precoce são alguns dos motivos apontados para explicar essa situação.

É importante destacar que quando se analisa os dados apenas entre os maiores de 18 anos, o índice de jovens moradores de favela Nem-Nem sobem para 34,0%, ao passo que entre os menores de idade o índice registrado é de 12,0%. Outro dado que nos chama a atenção é a significativa quantidade de jovens (28,0% entre as mulheres e 42,3% entre os homens) que apenas trabalham, ou seja, não se dedicam aos estudos. São jovens entre 15 e 29 anos de idade, em idade de formação profissional longe das salas de aula. Essa realidade apenas agrava a sua inserção em melhores posições no mercado de trabalho e compromete o seu desenvolvimento intelectual, causando prejuízos difíceis de serem reparados na vida adulta. Gráfico 2: Motivos pelos quais os Jovens Moradores de Favelas Pararam de Estudar Feminino Masculino Decide trabalhar Teve filho Ficava muito cansado Não ia bem nos estudos Doença ou morte na família Dificuldade financeira Acha que a escola pouco ajuda Acha "chato" estudar Outros 24,1% 5,2% 3,2% 1,9% 5,2% 9,8% 1,1% 2,5% 2,0% 1,3% 2,9% 2,3% 14,3% 18,3% 15,2% 22,1% 48,5% 48,0% Fonte: Sistema FIRJAN com o apoio da Associação Candido Mendes de Ensino e Pesquisa ACAMEP. Segundo a pesquisa em debate, mais da metade (60,0%) dos jovens abandonam os estudos, pelo menos durante um ano, antes dos 21 anos de idade e aproximadamente 46,0% dos jovens entre 15 e 17 anos de idade não concluíram o Ensino Fundamental.

O Gráfico 2 nos mostra que o principal motivo da evasão escolar ocorre pelo fato de que o jovem, para auxiliar na renda familiar, ingressa no mercado de trabalho, principalmente entre o sexo masculino, o que pode ser explicado pelo hábito cultural em que o homem é responsável pelo sustento da família. Já entre as mulheres, a gravidez é o principal motivo para a interrupção da vida escolar, muitas mães não tem com quem deixar seus filhos enquanto estudam. Esses dados destacam a necessidade em se desenvolver políticas educacionais focadas no público materno. Outro fator que influência na evasão escolar dos jovens e que nos chama a atenção é o fato de que eles acham chato estudar, como nos mostra o Gráfico 2. A partir destes dados vemos que é importante tornar a escola mais atraente, não apenas para os alunos desestimulados, mas também para os docentes. Matérias escolares desconectadas do cotidiano destes jovens, a falta de participação nas decisões do dia-a-dia, além das repetitivas reprovações, são motivos que fazem com que os alunos achem a escola chata. Gráfico 3: Jovens, entre 15 e 29 anos, Moradores de Favelas que têm Filhos Meninos Meninas 36,0% 64,0% Fonte: Sistema FIRJAN com o apoio da Associação Candido Mendes de Ensino e Pesquisa ACAMEP. Quase a metade de todos os jovens que moram em favelas (40,0%) já sabem o que é ser pai ou mãe. Sendo que, 17,0% tiveram filhos antes de completar a maioridade, ou seja, os 18 anos de idade. Vale destacar que o jovem que se torna pai ou mãe nessa idade, vive uma nova realidade em que torna-se necessário conciliar as

tarefas diárias da maternidade e/ou paternidade com os estudos, trabalho, entretenimento entre outros. Outro desafio enfrentado pelos jovens que desejam seguir a parternidade/maternidade junto à escolarização é o preconceito que existe em muitas escolas com esta situação. As salas de aula, professores, e funcionários não estão preparados para dar o apoio que, principlamente as jovens, necessitam, seja para o acompanhamento da gestação, parto, e futuramente, creches para que as mães voltem a estudar. Ainda segundo a pesquisa da FIRJAN, o grau de escolaridade da mãe do jovem é um fator que influencia na idade da gravidez dos filhos. No grupo dos jovens em que a mãe estudou até o ensino fundamental, 40% tem filhos. Por outro lado, entre os jovens com mães que completaram o ensino fundamental, 17,0% se tornaram pais. Segundo o IBGE, no ano de 2012, 70,3% das jovens que tinham entre 15 e 29 anos no Brasil, que não estudavam e nem trabalhavam eram mulheres, sendo que 58,4% tinham, pelo menos, 1 filho. Gráfico 4: Jovens Moradores de Favelas segundo a Escolaridade - 2013 36,2% 19,0% 20,4% 12,5% 8,2% 3,4% Ensino Fundamental incompleto Ensino Fundamental completo Ensino Médio incompleto Ensino Médio Completo Ensino Superior incompleto Ensino Superior completo Fonte: Sistema FIRJAN com o apoio da Associação Candido Mendes de Ensino e Pesquisa ACAMEP.

Enquanto nas favelas o número de jovens com ensino superior completo não chega a 4%, no restante do país esse número sobe para 51% (inclusive mestrado e doutorado), segundo a Síntese dos Indicadores Sociais 2012. A baixa escolaridade traz consequência para a vida desses jovens, segundo dados do IBGE. O levantamento aponta que 31,6% dos moradores das favelas no Brasil sobrevivem com meio salário mínimo e os que ganham mais de cinco salários não chegam a 10%. Gráfico 5: Pais e Mães dos Jovens Moradores de Favela segundo a Escolaridade Mães Pais Não Respondeu Ensino Superior completo Ensino Superior incompleto Ensino Médio Completo Ensino Médio incompleto Ensino Fundamental completo Ensino Fundamental incompleto 1,7% 1,8% 0,9% 0,9% 13,0% 11,4% 5,8% 4,8% 10,6% 10,1% 20,9% 35,8% 35,2% 47,1% Fonte: Sistema FIRJAN com o apoio da Associação Candido Mendes de Ensino e Pesquisa ACAMEP. Em relação à escolaridade dos pais dos jovens moradores de favelas entrevistados, observamos que apenas 15,6% das mães e 14,1% dos pais já completaram o Ensino Médio. A escolaridade dos pais é um dos principais fatores que determinam a qualidade e a quantidade dos anos de estudos dos filhos. Interferindo em diversos fatores como gravidez na adolescência, uso de drogas, entre outros já apresentados anteriormente.

Esses dados demonstram a importância da escola funcionar como um espaço de incentivo e apoio aos alunos para que consigam de fato um acompanhamento educacional que, muitas vezes, não tem dentro de casa. Gráfico 6: Jovens Moradores de Favelas e suas Perspectivas 49,0% 48,0% 31,0% 17,0% Faculdade Curso de capacitação profissional Curso técnico Cursos de menor duração (6 meses a 1 ano) Fonte: Sistema FIRJAN com o apoio da Associação Candido Mendes de Ensino e Pesquisa ACAMEP. O Gráfico 6 é de extrema importância por demonstrar que apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelos jovens moradores de favelas, apresentadas anteriormente, eles sonham com um futuro melhor e o caminho que eles escolhem é o caminho da educação, seja pelo diploma universitário, seja pela capacitação profissional. Entre as principais respostas dos jovens quando questionados sobre o seu futuro, a educação é o fator mais apontado. É importante destacar que entre os jovens moradores de favela, os cursos de capacitação profissional tem um destaque maior entre os jovens não moradores de favela. Os cursos de capacitação profissional são vistos como de retorno financeiro mais imediato que os cursos universitários, atendendo assim a necessidade dos jovens em situação de vulnerabilidade de renda. Esses jovens precisam de apoio para se manter no estudo, seja por meio de bolsas de estudo, ou por meio de oportunidades no mercado de trabalho incentivado pelos estudos simultâneos.

UM DEBATE A SER FEITO Nos últimos 20 anos, de uma forma geral, programas e projetos voltados para a Juventude fracassaram. Não faltaram ideias, projetos e programas. Faltou na verdade resultado. O Brasil não conseguiu construir uma Política Nacional para Juventude. O Brasil não conseguiu assegurar um patamar mínimo de Proteção, Inclusão e Desenvolvimento da Juventude. Este problema, como apresentamos neste InfoReggae, fica muito pior quando estamos falando de jovens que vivem em favelas. O que de fato está ocorrendo com a juventude nas favelas do Brasil é um pulo enorme de etapas da vida. Eles estão tendo filhos, deixando a escola, começando a trabalhar e se envolvendo em atividades ilícitas muito antes do que os jovens de fora da favela. Temos um ponto de partida para este debate e ele passa pela escola. A escola não está conseguindo dialogar com o jovem e não está conseguindo se traduzir como um espaço importante para este jovem construir seu futuro. A escola envelheceu e não consegue entrar no universo do jovem. Não temos uma escola para o jovem e sim uma escola em que o jovem tem que se adaptar. Ao não se adaptar ele deixa este espaço que é o mais importante para a construção segura e solidária de seu futuro. A Política de Saúde também se mantém distante da realidade do jovem e estamos vendo isso muito fortemente na medida que os jovens estão tendo filhos cada vez mais novos. Em muitos casos falta acesso à informação e a falta do acesso a métodos contraceptivos. Chama-nos a atenção o número de jovens meninas mães antes dos 16 anos. Falar de Juventude é falar de inovação, mudanças e reconhecer que o movimento do comportamento do jovem precisa ser entendido e não questionado. Não é o jovem que deve mudar. É a atuação com ele que deve ser ressignificada. O Brasil tem um desafio que precisa de intensidade na resposta e não de acomodação ou de proliferação de idéias.

O mais importante debate sobre juventude que precisamos fazer é: qual futuro que o país quer ter quando trata o presente com este total descolamento da realidade social de sua juventude. Sem resolver os problemas do presente temos como assegurar futuro? Este, sem dúvida, é o principal debate a ser feito. Marcelo Reis Garcia Coordenador Editorial do InfoReggae Afro Lata em Apresentação na Favela de Vigário Geral. Foto: Arquivo AfroReggae.

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