InfoReggae - Edição 32 Inclusão Digital 11 de abril de Coordenador Executivo José Júnior

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2 O Grupo Cultural AfroReggae é uma organização que luta pela transformação social e, através da cultura e da arte, desperta potencialidades artísticas que elevam a autoestima de jovens das camadas populares. Tem por missão promover a inclusão e a justiça social, utilizando a arte, a cultura afro-brasileira e a educação como ferramentas para a criação de pontes que unam as diferenças e sirvam como alicerces para a sustentabilidade e o exercício da cidadania. O InfoReggae é uma publicação semanal e faz parte dos conteúdos desenvolvidos pela Editora AfroReggae. Sede Rio de Janeiro Rua da Lapa, nº 180 Centro Rio de Janeiro (RJ) Representação São Paulo Rua João Brícola, nº 24 18º andar Centro São Paulo (SP) Contatos facebook.com/afroreggaeoficial twitter.com/afroreggae inforeggae@afroreggae.org É permitida a reprodução dos conteúdos desta publicação desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas. InfoReggae - Edição 32 Inclusão Digital 11 de abril de 2014 Coordenador Executivo José Júnior Gerente de Gestão e Acompanhamento de Projetos e Programas Sociais Alessandra Lins Responsável pelo 8ao80 Marcos Vinícius Equipe Tá no Mapa Larissa Souza Marcos Paulo Marcos Vinícius Consultor em Tecnologias Alexandre Lage Coordenadora de Comunicação Ana Rosa Reis Gerência de Informação e Monitoramento Danilo Costa Assistente de Pesquisa Nataniel Souza Pedro Henrique Nunes Responsável Técnico do AfroReggae Thales Santos

3 Apresentação É grande a quantidade de pessoas com dificuldades em manusear aparelhos tecnológicos como smartphones e tablets. Essa dificuldade aliada com a sedução que os jovens têm pelas mídias sociais foi primordial para que a equipe de comunicação do AfroReggae vislumbrasse um projeto de capacitação tecnológica: o 8ao80. Este InfoReggae busca apresentar como o projeto, que a princípio buscava capacitar jovens em mídias digitais, ganhou destaque e se tornou algo muito maior. Atualmente vislumbra ser a primeira agência digital dentro de uma favela. Um verdadeiro Sillicon Valley em Parada de Lucas. Conheça como o AfroReggae tem possibilitado criar uma ampla visibilidade à comunidade de Parada de Lucas, não só aos moradores, mas também para o comércio local. Oficinas Tecnológicas em Parada de Lucas. Foto: Arquivo AfroReggae. 3

4 O Início da Revolução Digital em Parada de Lucas Parada de Lucas é uma favela da zona norte do Rio de Janeiro com mais de 20 mil moradores. Entre jovens e adultos, é possível perceber, nas ruas e becos, que existe uma grande necessidade dos moradores em se inserirem ao mundo Digital. Seja para a inscrição de um adulto em um concurso público, seja para a compra de passagens áreas, ou até mesmo um adolescente se inserir no mundo das mídias sociais e interagir com outras favelas do Rio de Janeiro. É evidente os benefícios da inserção às tecnologias. Os jovens, antenados em toda a aparelhagem eletrônica, principalmente devido à curiosidade em se conhecer as mais novas formas de se comunicar e de entretenimento, já conhecem bem como manusear tablets e celulares. Sendo assim, todo esse conhecimento e curiosidade pode e deve ser utilizado como algo a proporcionar novas oportunidades para esses jovens. no prédio onde funciona o núcleo do AfroReggae em Parada de Lucas, tem uma praça atrás que é conhecida como praça Wi-Fi. Isso porque os moradores da comunidade vão até a praça para acessar a internet. Você vai lá e vê um monte de gente usando a internet no celular, por exemplo. A partir daí dá pra ter uma noção como é importante abrir um centro de tecnologia para a comunidade. Marcos Vinícius morador de Parada de Lucas e Responsável pelo Projeto 8ao80. A ideia da equipe envolvida no projeto de inclusão digital do AfroReggae é tornar a região em um Sillicon Valley, ou seja, uma referência em produção de tecnologias e conhecimento na área. 4

5 8ao80 O Projeto 8ao80 é uma inovação para as favelas, o seu foco principal é na formação de profissionais e cidadãos digitais através do uso da tecnologia contemporânea. A proposta tem o intuito de fornecer tecnologias para serem utilizadas no cotidiano dos moradores e visitantes da favela. O projeto, que começou em maio de 2013, em Vigário Geral, se concretizou, inicialmente a partir de uma capacitação de 15 jovens sobre como manusear e quais os principais benefícios de smartphones e tablets. O idealizador do projeto, Alexandre Lage, especialista em tecnologias, defende a ideia de que o conhecimento desses jovens, organicamente adquirido, pode ser utilizado para o próprio benefício da comunidade onde moram. Alexandre trabalha com a ideia do saber de bicicleta: algo simples de aprender e que nunca mais se esquece. Figura 1Oficinas Tecnológicas em Parada de Lucas. Foto: Arquivo AfroReggae. Com o passar do tempo, novos alunos passaram a buscar o núcleo para participar das oficinas tecnológicas do 8ao80. O trabalho foi ganhando visibilidade e o Coordenador Executivo do AfroReggae, José Junior, vislumbrando um grande progresso para a comunidade e a ótima oportunidade de dar visibilidade às favelas cariocas, pediu para que o Núcleo em Lucas se transformasse em um Silicon Valley. 5

6 Tá no mapa Em Parada de Lucas existem mais de 20 mil moradores e cerca de domicílios. Assim como diversos outros bairros pobres do Rio de Janeiro, Parada de Lucas é um lugar de cultura, com cidadãos que criam, que negociam, que produzem música, arte e muitas especificidades desconhecidas por muitos moradores da cidade. Infelizmente a sociedade disponibiliza poucas oportunidades para as populações de favelas e comunidades em vulnerabilidade. Essa invisibilidade se reflete também dentro dos mapas produzidos da cidade. Basta ter acesso a alguns mapas da cidade do Rio de Janeiro para perceber que as mais de 990 favelas cariocas identificadas pelo IBGE no censo de 2010 não estão representadas. Seja por conta do tráfico, seja por conta da própria invisibilidade criada pela sociedade, essa barreira entre a favela e o restante da cidade, deve e pode ser quebrada. O programa Tá no Mapa, em parceria com a JWT, busca quebrar a barreira entre a favela e a cidade. O projeto deseja dar uma identidade digital para os moradores da Parada de Lucas. É feito um apanhado de informações via satélite e também com informações passadas pelos habitantes da favela. Hoje estamos lançando oficialmente um novo projeto com o Afroreggae, o Tá no Mapa. Eu estou muito feliz e orgulhoso deste projeto, por que tem um potencial de impacto social enorme. Estamos colocando no mapa, as favelas cariocas à partir das comunidades em que o AR tem presença. Começamos com Parada de Lucas, a próxima será Vigário Geral [..].É um projeto de empreendedorismo e inclusão social que demonstra diretamente a missão do Afroreggae. (Mauro Cavalletti) 6

7 Figura 1 Figura 2 Mapa de Parada de Lucas, zona norte do Rio de Janeiro. Na Figura 1, fotografia apresentando a grande quantidade de casas, ruas e becos. Na Figura 2, mapa da região com a descrição de apenas pequenas ruas (linhas brancas). A figura acima apresenta uma fotografia Parada de Lucas. De acordo com o Censo demográfico de 2010, são aproximadamente moradores. Na parte de cima da figura é possível ver o aglomerado de casas e a grande quantidade de ruas e becos. Já na Figura 2, o mapa da região não apresenta praticamente nenhum mapeamento de Parada de Lucas, destacando assim a necessidade do levantamento de ruas e becos da localidade. Além do mapeamento das ruas e becos da favela, o projeto é também um espaço em que se cadastra e divulga estabelecimentos comerciais. O Tá no Mapa torna-se então uma plataforma social, onde os empresários podem ter a oportunidade de fazerem crescer seus negócios. 7

8 Para Marcos Vinícius, responsável pelo 8ao80, que participou da formação jovens que contribuíram para o mapeamento da Parada de Lucas, algumas pessoas não conheciam o próprio comércio local. Tem pessoas que moram lá e trabalham em bairros distante sem imaginar que poderiam ter oportunidade de trabalho na própria comunidade Além da Parada de Lucas, a previsão é que outras favelas participem da plataforma do Tá no Mapa, a próxima a ser mapeada é a favela do Vigário Geral. Com a metodologia desenvolvida, será possível replicá-la em diversas favelas de todo o Brasil. Oficinas Tecnológicas em Parada de Lucas. Foto: Arquivo AfroReggae. 8

9 Agência Digital Em Parada de Lucas, favela não pacificada, ampliou-se o projeto para uma nova realidade e se desenvolveu o conceito de uma Agência Digital, onde comunicação e conteúdo de mídia do AfroReggae fossem produzidos por equipes locais com foco na realidade característica de cada comunidade. O projeto visa formar duas frentes de atuação principais: o cidadão digital e o profissional digital. Os cidadãos digitais que são pessoas da comunidade que procuram o Afroreggae em Parada de Lucas, para uso de internet básica e serviços importantes. Essas pessoas terão suas dúvidas sanadas e serão capacitados para o uso das ferramentas, conhecendo as novas formas tecnológicas para facilitar o seu dia-a-dia. Já os profissionais digitais, são jovens talentosos capacitados a atender e oferecer suporte aos cidadãos digitais. A proposta é reformar o atual núcleo do AfroReggae em Parada de Lucas e transformá-lo em uma verdadeira referência tecnológica. O prédio contará com quatro andares, e contará com uma estrutura sustentável, como por exemplo, energia solar, utilização de materiais recicláveis. O primeiro andar será um pavimento com uma entrada ampla e convidativa para que os moradores sintam-se à vontade para entrar e utilizar os espaços digitais. No segundo andar, terá as salas de capacitação, coordenação e equipe técnica, copa e banheiros. O terceiro andar, onde hoje é um salão multiuso, será o espaço da agência física, onde acontecerão os projetos como o 8ao80 e o Tá no Mapa. Por fim, o quarto andar será um espaço para convivência, com jardim externo e ambiente aberto para debates e para que as pessoas tenham uma vista de toda a comunidade de Parada de Lucas, atualmente esse espaço funciona apenas como um depósito de materiais. 9

10 A agência será um espaço de capacitação, formação de opinião e desenvolvimento de novas tecnologias que facilite o dia-a-dia da população, assim como pretende-se criar um espaço para a produção de conhecimento sobre a própria comunidade, a partir de tecnologias. A proposta é solucionar a falta de informação que torna invisíveis problemas como crianças fora da escola, famílias sem renda, comércios fechados, jovens ociosos, entre outros. Agentes do Tá no Mapa cadastrando comércios de Parada de Lucas. Foto: André Santos. 10

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