Título: A Rede de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos Balanço 2008-2010 Autores: Júlio de Jesus, Coordenador da Rede, julio.jesus@redeimpactos.org; Ana Roque, Secretária Técnica da Rede, ana.roque@redeimpactos.org, T 213 178 440 Palavras-Chave: Avaliação de Impactos 1, Língua Portuguesa, Rede, APAI, IAIA, Conferência Resumo: A Rede de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos (REDE) é um projeto 2 da APAI Associação Portuguesa de Avaliação de Impactes, filiada de língua portuguesa da IAIA International Association for Impact Assessment, a que se associou a AMAIA Associação Moçambicana de Avaliação de Impactos, também filiada na IAIA. A REDE tem a visão de constituir a rede dos profissionais e das instituições envolvidas nas várias formas de avaliação de impactos, utilizando o português como língua de comunicação. A missão da REDE é contribuir para o avanço da inovação e da comunicação da melhor prática em todas as formas de avaliação de impactos no espaço da língua portuguesa e para a promoção do português como língua internacional de trabalho em avaliação de impactos. A REDE foi lançada no final de 2008, tendo organizado em junho de 2010, em Lisboa, a sua 1.ª Conferência. O poster tem como objetivo apresentar as atividades da REDE neste período de dois anos, as alterações na estrutura de gestão do projeto e as atividades previstas até à realização da 2.ª Conferência, em 2012 em S. Paulo. 1. Introdução A IAIA International Association for Impact Assessment foi criada em 1980 nos Estados Unidos, onde tem a sua sede. Apesar do seu carácter internacional (membros em mais de 100 países, associações filiadas nos cinco continentes), a IAIA tem o inglês como única língua oficial, embora apoie e promova a 1 "Impactos" é a grafia utilizada no Brasil, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe; "impactes" a grafia utilizada em Portugal e Cabo Verde; Angola utiliza ambas as grafias, mas dando-lhes significados distintos o que não nos parece adequado. Tendo em atenção que o público em geral, mesmo em Portugal, utiliza correntemente "impactos" e não "impactes", optámos pela grafia "impactos". 2 Quando se colocou a questão da tradução de documentos da IAIA para língua portuguesa, optou-se por seguir o Acordo Ortográfico de 1990. Note-se que este acordo já foi ratificado por quatro estados (Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Portugal), pelo que se encontra em pleno vigor nesses quatro Estados. Em qualquer caso optou-se, nos casos em que o Acordo o permite, pela grafia europeia.
utilização de outras línguas no âmbito da sua atividade. A importância da língua portuguesa, a terceira língua internacional de comunicação, a seguir ao inglês e ao espanhol língua oficial de oito países e de um território e de diversas organizações internacionais, falada por mais de 200 milhões e com boas perspetivas de crescimento demográfico levou a que a APAI, na altura a única filiada da IAIA num pais de língua portuguesa, decidisse promover o projeto da Rede de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos (REDE). A REDE tem como visão constituir a rede dos profissionais e das instituições envolvidas nas várias formas de avaliação de impactos, utilizando o português como língua de comunicação. A missão da REDE é contribuir para o avanço da inovação e da comunicação da melhor prática em todas as formas de avaliação de impactos no espaço da língua portuguesa e para a promoção do português como língua internacional de trabalho em avaliação de impactos. O projeto da REDE, pensado desde 2007, teve o seu início em 2008 com a concretização de um subsídio da REN Redes Energéticas Nacionais, SGPS, sem o qual não haveria recursos suficientes na APAI para assegurar as despesas mínimas necessárias. 2. Apoios institucionais e modelo organizativo A APAI, enquanto iniciadora do projeto, promoveu a assinatura de protocolos e de memorandos de entendimento com as seguintes entidades: - IAIA - AMAIA Associação Moçambicana de Avaliação de Impacto Ambiental; - IPAD Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento; - DPPRI (Departamento de Planeamento e Prospetiva e Relações Internacionais) do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território de Portugal. Todos estes protocolos e memorandos estão disponíveis no site da REDE (www.redeimpactos.org). A REDE não é uma organização, mas um projeto embora com um grande grau de autonomia da APAI. A Direção da APAI selecionou através de concursos, no início de 2009, um Coordenador e um Secretario Técnico. Na reunião realizada no âmbito da 1.ª Conferência da REDE pelos participantes interessados no projeto foi decidido adotar um modelo baseado em Pontos Focais Nacionais (PFN) nos paises em que não houvesse associações nacionais. Foram então definidos os termos de referência para os PFN da REDE. Na mesma reunião houve um consenso de que a sede da REDE se deveria manter na APAI e que o mandato do Coordenador se devia estender até 2012. As atividades da REDE devem financiar-se através de receitas próprias, provenientes de subsídios e patrocínios, da inscrição em actividades tais como cursos ou conferências e ainda de serviços que possa prestar (pareceres por painéis internacionais de peritos, por exemplo).
3. Atividades desenvolvidas desde 2008 A REDE preparou um Relatório (disponível no site da REDE) cobrindo o período 2008/2009 e pretende apresentar relatórios com periodicidade anual. As principais atividades desenvolvidas até setembro de 2010, com exceção da 1.ª Conferência tratada no ponto seguinte, podem resumir-se da seguinte forma: criação da imagem da REDE, da autoria do Atelier Henrique Cayatte; criação de um site próprio, que inclui um diretório para pessoas e organizações (inscrição livre e gratuita para individuais; inscrição gratuita para organizações, com exceção de Portugal e de Moçambique em que apenas é gratuita para os membros coletivos da APAI ou da AMAIA, respetivamente); ações de apresentação e divulgação da REDE em numerosos encontros, congressos e cursos, em Portugal e na Guiné-Bissau, bem como nas Conferências da IAIA; participação nos Dias do Desenvolvimento de 2009 e 2010, possibilitando a divulgação da REDE e o contacto com outras entidades; Tradução dos documentos de referência da IAIA publicados até à data (disponíveis no site da REDE): O que é a Avaliação de Impactos? Princípios da Melhor Prática em AIA Avaliação Ambiental Estratégica Critérios de Desempenho (Série de Publicações Especiais 1) Avaliação de Impactes Sociais Princípios Internacionais (Série de Publicações Especiais 2) o Biodiversidade na Avaliação de Impactes (Série de Publicações Especiais 3) o Participação Pública Princípios Internacionais da Melhor Prática (Série de Publicações Especiais 4) o Avaliação de Impactes na Saúde Princípios Internacionais da Melhor Prática (Série de Publicações Especiais 5) o Seguimento da AIA Princípios Internacionais da Melhor Prática (Série de Publicações Especiais 6) o Diretrizes para Profissionais Coordenadores de Avaliação de Impactes o IAIA: Visão, Missão, Código de Conduta - Tradução da Neswletter da IAIA; - Participação em ações de divulgação da REDE (encontros, conferências, cursos); - Organização, em Portugal, de cursos sobre os sistemas de AI em Angola, Moçambique e Brasil.
4. A 1.ª Conferência da REDE A 1ª Conferência da REDE de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos, que teve lugar em Lisboa, na Fundação Cidade de Lisboa, de 16 a 19 de junho de 2010, constituiu um marco importante na consolidação deste projeto. Os objetivos da Conferência foram, por um lado, proporcionar um fórum regular de intercâmbio e debate sobre a Avaliação de Impactos no espaço da língua portuguesa e, por outro, promover a concretização da REDE, reforçando e alargando a sua estrutura organizativa. O tema escolhido para a Conferência Transportes, Desenvolvimento Urbano e Avaliação de Impactos é um tema aplicável aos vários contextos geográficos e apresenta uma atualidade relevante, pelas suas ligações às questões candentes dos nossos dias a pobreza, as alterações climáticas, a biodiversidade, a saúde e o bem-estar humanos. Dentro deste tema foram definidos os seguintes subtemas: Alterações climáticas Biodiversidade Dimensão Social Saúde Património Cultural Paisagem Outros temas, de natureza transversal, em Avaliação de Impactos foram igualmente definidos no Anúncio Preliminar da Conferência: Sistemas de Avaliação de Impactos e Licenciamento Ambiental O papel da Avaliação de Impactos nas políticas de cooperação Avaliação de Impactos nas instituições financeiras A Avaliação de Impactos e os Direitos Humanos O dia 16 foi consagrado aos cursos pré-conferência e o dia 19 a visitas técnicas. A Conferência propriamente dita decorreu nos dias 17 e 18. O Programa da Conferência teve a seguinte estrutura geral: - Sessão de abertura; - Quatro Sessões Plenárias (A, D, F e G); - Seis Sessões Paralelas (B1, B2, C1, C2, E1, E2); - Sessão de Posters. No site da REDE encontra-se o Programa Final distribuído aos participantes.
A Sessão de Abertura contou com as seguintes intervenções: - Júlio de Jesus, Coordenador da REDE 2008/2010 e Presidente da Comissão Organizadora; - Natasha Aragão, Representante da AMAIA Associação Moçambicana de Avaliação de Impacto Ambiental; - João Almeida, Presidente da APAI Associação Portuguesa de Avaliação de Impactes; - Jonathan Allotey, Presidente da IAIA International Association for Impact Assessment; - Manuel Clarote Lapão, Diretor de Cooperação da CPLP Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. A Sessão Plenária A contou com as intervenções de quatro oradores convidados: - Luís de Sousa (Instituto de Ciências Socias da Universidade de Lisboa / Transparency International): A Transparency International, a luta contra a corrupção e o papel da Avaliação de Impactos; - Carlos Dora (Organização Mundial de Saúde): Mecanismos de governança para avaliações de impacto (também na saúde) como as novas medidas dos bancos de desenvolvimento; - Marília Marreco Cerqueira (Ministério do Meio Ambiente do Brasil): Avaliação de Impactos no Brasil perspetivas futuras; - Maria João Coelho (Gabinete do Secretário de Estado do Ambiente de Portugal): Avaliação de Impactes em Portugal balanço e perspectivas. A Sessão Plenária D pretendeu traduzir um balanço da Conferência Anual de 2010 da IAIA (IAIA 10) relativamente à AI e a Economia Verde, na leitura feita por vários membros da IAIA envolvidos na IAIA 10: Luis Sánchez, Maria do Rosário Partidário, Miguel Coutinho e Pedro Bettencourt Coutinho, que moderou. Esta sessão assumiu um formato de mesa redonda. A Sessão Plenária F, sobre o tema Apoio ao desenvolvimento: o papel da AI, também teve o formato de mesa redonda. Moderada por Maria do Rosário Partidário, teve como participantes Inês Rosa (IPAD) e Alexandra Carvalho e Luís Chainho (ambos do GRI-MAOT). A Sessão Plenária G consistiu num painel sobre os sistemas de AIA nos países de língua portuguesa. Este painel, moderado por Júlio de Jesus, contou com Julieta Condez (Angola), Iara Verocai (Brasil), Mário Biague (Guiné-Bissau), Rosa Cesaltina (Moçambique), Anabela Trindade (Portugal), Arlindo de Carvalho (S. Tomé e Príncipe) e Álvaro dos Santos (Timor-Leste). A cada um dos participantes foi pedido que assinalasse os principais pontos fortes e pontos fracos do respetivo sistema de AIA ou da sua prática. A síntese deste painel consta do Relatório da Conferência, disponívle no site da REDE. As Sessões Paralelas B1, B2, C1, C2, E1 e E2 contaram com um total de 25 apresentações de comunicações orais. Os respetivos resumos foram distribuídos aos participantes no início da Conferência.
A Sessão de Posters teve um total de seis comunicações sob o formato de poster. Os participantes atribuíram, por votação secreta, o Prémio de Melhor Poster ao poster Impacte da Auto-Estrada A2 na ZPE de Castro Verde: Efeitos na Distribuição e Densidade de Sisão (Tetrax tetrax), de Graça Garcia (Estradas de Portugal) Em Agosto foram publicadas no site da REDE as Atas da Conferência, contendo os textos das comunicações orais e sob a forma de poster. A Conferência da Rede de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos, ao reunir profissionais e outros interessados em Avaliação de Impactos, constituiu uma oportunidade para oferecer cursos de formação de curta duração em língua portuguesa. Para esta primeira conferência foram selecionados pela Comissão Científica quatro cursos, todos com idêntica duração (7,5 horas): - Curso 1: Introdução à Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), formador: Júlio de Jesus; - Curso 2: Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) Os Principais Sistemas Internacionais, formadora: Maria do Rosário Partidário; - Curso 3: Ferramentas para Avaliação de Impactes na Qualidade do Ar, formadores: Miguel Coutinho, Clara Ribeiro; - Curso 4: Acompanhamento Ambiental de Obras em Meio Urbano, formadora: Ana Cerdeira. O cocktail, no fim do dia 16 a bordo de um cacilheiro, e o jantar de encerramento, no Museu do Oriente no dia 18, bem como as pausas para café e almoço ao longo da Conferência e as visitas técnicas, permitiram que os participantes interagissem de modo informal e estabelecessem ou renovassem relações que ajudem a construir a comunidade de língua portuguesa dos profissionais e outros interessados em AI. A Conferência teve um total de 86 participantes, com a seguinte distribuição por países: Angola 7 Brasil 17 Guiné-Bissau 1 Moçambique 4 Portugal 52 São Tomé e Príncipe 1 Timor-Leste 1 Espanha 2 Organização Mundial de Saúde 1 Os cursos pré-conferência tiveram um total de 50 formandos e as visitas técnicas um total de 27 participantes.
O GRI-MAOT de Portugal financiou a participação de um representante dos serviços ligados à AIA de cada um dos seguintes países: Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. No site da REDE encontra-se a Lista de Participantes. A avaliação da Conferência pelos participantes foi feita a posteriori, através de um inquérito na Internet. Esse inquérito teve 31 respostas, correspondendo a 36% dos participantes. Os cursos pré-conferência foram objeto de uma avaliação específica pelos respetivos formandos. A totalidade dos participantes que respondeu ao inquérito avaliou a Conferência de forma positiva ou muito positiva. Esta avaliação foi apenas qualitativa, através de uma questão de resposta aberta. As principais criticas relacionaram-se com o número relativamente reduzido de apresentações e o incumprimento de horários. 96% e 84% dos inquiridos consideraram que é de manter em futuras conferências da REDE a modalidade de cursos pré-conferência e a realização de visitas técnicas, respetivamente. O facto das visitas serem ao Sábado foi considerado inconveniente por 46% dos inquiridos. A avaliação dos cursos pelos formandos foi bastante positiva. Numa escala de 1 (muito insatisfeito/a) a 10 (muito satisfeito/a), os vários cursos tiveram classificações médias da avaliação global entre 7,9 e 8,6. 4. Atividades previstas A REDE tem o seguinte programa geral de atividades para o período 2011/2012: - Continuação das ações de divulgação da REDE; - Reforço da informação disponibilizada no site da REDE; - Apoio à criação de associações nacionais nos diversos países; - Continuação da tradução de documentos de referência em Avaliação de Impactos e da Newsletter da IAIA; - Elaboração de um Glossário de termos de Avaliação de Impactos; - Organização da 2.ª Conferência da REDE em S. Paulo, Brasil, setembro de 2012. Referências Rede de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos (2009). Relatório Anual de Atividades 2009. Disponível em www.redeimpactos.org Rede de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos (2010). Relatório da 1.ª Conferência da REDE (Lisboa, 16-19 de junho de 2010). Disponível em www.redeimpactos.org