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Se você está começando a explorar o marketing digita com o YouTube, então você, certamente, já notou o quão poderosos são os vídeos.

Transcrição:

PRÉ-AMPLIFICADOR BURMESTER REFERENCE 077, CD PLAYER MBL CORONA C31, AMPLIFICADOR INTEGRADO VALVULADO CAV T-50 e tv SAMSUNG UN55HU8500G 3D LED UHD 4K 2.160P 0 0 1 7 1 0 0 1 6 5 0 0 1 7 2 0 0 1 6 6 Arte em reprodução eletrônica a revisão atualizada de um grande sucesso PRÉ-AMPLIFICADOR BURMESTER REFERENCE 077 0 0 1 7 3 0 0 1 6 7 0 0 1 7 4 0 0 1 6 8 0 0 1 7 5 0 0 1 6 9 Ano 19 setembro 2014 clubedoaudioevideo.com.br um sucesso de crítica e público CD PLAYER MBL CORONA C31 204 r$ 0 0 1 7 6 0 0 1 7 0 18 9 AUDIO VIDEO MAGAZINE. setembro 2014. # 204. ANO 19 E MAIS Testes de áudio AMPLIFICADOR INTEGRADO VALVULADO CAV T-50 PRÉ DE PHONO TOM EVANS AUDIO THE GROOVE+ FONE DE OUVIDO AUDEZE LCD-3 espaço aberto UM VINHO HI-END nesta edição grupo Pau brasil ótima relação custo-performance SAMSUNG UN55HU8500G 3D LED UHD 4K 2.160P

teste áudio 4 PRÉ DE PHONO TOM EVANS AUDIO THE GROOVE+ Christian Pruks christian@clubedoaudio.com.br Uma vez, muitos anos atrás, estava assistindo um documentário sobre a fábrica da Ferrari em Maranello, na Itália - porque além de glutão, audiófilo e melômano, eu também sou fã de carros e de trens mas isso não vem ao caso. Em um momento no tal documentário, o cinegrafista foi visitar a casa de um dos testadores de carros da Ferrari e, apesar de não me lembrar exatamente da função do italiano na empresa, o que me chamou a atenção foi o fato de que ele saia de casa dirigindo um Fiat Uno, ia até a fábrica, estacionava seu Uno e logo pegava uma Ferrari para testar. Parafraseando um sujeito conhecido, quando me lembro desse documentário - e penso no meu trabalho para a revista - logo digo: esse cara sou eu!. Claro que gosto de me surpreender com equipamentos mais simples que dão performance de gente grande mas, não me entendam mal pelo parágrafo acima, eu gosto muito de testar os equipamentos e acessórios Estado da Arte que vêm parar nas minhas mãos. É, afinal, um privilégio. Tem pessoas que não querem ouvir sistemas que não são acessíveis a elas - o que faz algum sentido - mas eu mesmo quero ouvir de tudo, mesmo que nunca possa ter, até porque é assim que conheço coisas novas, melhoro minhas referências e acumulo mais conhecimento dentro do meu hobby. Se testasse carros, não ficaria nem um pouco melindrado de testar um carro muito acima do que posso sonhar em ter, até porque a experiência em si já seria algo digno de nota. Então, nos últimos tempos tive a sorte de vários equipamentos interessantes do mais alto nível terem vindo para que eu os testasse, como as cápsulas Air Tight PC-1 Supreme e My Sonic Lab Ultra Eminent EX, os toca-discos da Air Tight e da Dr. Feickert e o pré de phono da Esoteric, entre outros. Dentro dessa lista de privilégios está certamente o pré de phono Tom Evans Audio The Groove+, segundo da linha de um fabricante de grande renome internacional no meio do áudio Hi-End. O inglês Tom Evans, com seu approach pessoal e único sobre o design, principalmente das fontes de allimentação de seus prés, é considerado uma estrela em ascensão dentre os inovadores no desenvolvimento de equipamentos de áudio, e já a caminho de se tornar lendário. Sua empresa, a TEAD (Tom Evans Audio Design) tem uma extensa linha de pré-amplificadores de phono - sua especialidade - complementada por um elogiadíssimo pré-amplificador de linha estado sólido e um amplificador de potência valvulado. Profundamente interessado em música e alta fidelidade desde o começo da adolescência, logo começou a desenvolver sua aptidão para a eletrônica. Fez faculdade de psicologia, porém com o interesse centrado na influência da música no cérebro humano, mas logo se voltou à eletrônica. Entre uma série de equipamentos que desenvolveu para várias marcas, Evans projetou um pré de phono, um pré de linha e um amplificador para a empresa J. A. Michell Engineering, fabricante do célebre toca-discos Gyrodec, e uma linha setembro. 2014 51

PRÉ DE PHONO TOM EVANS AUDIO THE GROOVE+ completa para a Pioneer do Reino Unido, entre outros, até estabelecer sua própria marca, a TEAD. A proposta do pré de phono Groove+ é de soar completamente neutro e sem colorações - e por isso eles salientam que não é para entender o aparelho como suave ou chocho, muito pelo contrário. Simpatizo completamente com essa assertiva do fabricante, porque já falei antes da quantidade de audiófilos que confundem suavidade com qualidade de som. O pulo do gato, digamos assim, do Groove+ é sua fonte de alimentação. Evans diz que os reguladores de voltagem disponíveis comercialmente têm níveis de ruído muito altos, com voltagens semelhantes ao que é a saída de uma cápsula Moving Coil - ou seja, são definitivamente ruins. Portanto, Evans resolveu desenvolver seus próprios reguladores de voltagem e regular a fonte de alimentação de seus prés várias vezes seguidas, resultando em uma fonte mil vezes mais silenciosa e muito mais precisa. Não consegui achar o manual do aparelho, nem em papel e nem em download: o site do fabricante não disponibiliza downloads. Aparentemente existe certa idiossincrasia sobre isso. Obviamente os conjuntos de chavinhas (dip switches) do painel traseiro são um par por canal: um conjunto de quatro chaves (opções de capacitância, claro) e um conjunto de oito chaves (carga resistiva). Todos já sabem minha opinião sobre essas regulagens - se você tem um bom toca-discos com uma cápsula consagrada e um cabeamento de alta qualidade, seu analógico é bem equilibrado, e muito provavelmente precisará de muito pouco ou nenhum ajuste. Já vi pessoas quererem compensar deficiências de seus sistemas mudando radicalmente essas regulagens, mas, acreditem, há perdas sonoras nisso. Outros vi usando essas chaves para forçar características sonoras, para tentar equilibrar conjuntos de braço / cápsula mal regulados ou até mesmo mal casados. Acreditem-me, também não é por aí. Entre outras informações que encontrei na internet, Evans diz que não é para se usar um valor de carga resistiva em paralelo inferior ao recomendado pelo fabricante da cápsula, sob risco de dano às bobinas da mesma. Acho que eu nunca usei, especialmente no caso da Ortofon SPU Meister Silver, uma carga que chegasse perto do que eles sugerem, que é acima de 10 Ohms. O mais baixo que já fui com a SPU foi 100 e poucos Ohms! Com outras cápsulas eu dificilmente fui abaixo de 500 Ohms. E todos esses valores não são absolutos, pois variam de pré de phono para pré de phono. No Esoteric, por exemplo, a SPU tocou seu melhor em 10 KOhms! No The PhonoStage II SE da Sunrise Lab, uso sempre 47 KOhms! Esteticamente o Groove+ tem seu gabinete e frente feitos de acrílico. Particularmente acho bonito aparelhos de acrílico, apesar de não achar o logotipo da Tom Evans Audio Design ou mesmo sua comunicação visual bonitos. De qualquer maneira, agradando gregos, mas talvez não troianos, existe um motivo para o uso de tal material, já que Evans afirma que gabinetes de materiais ferrosos interferem no fluxo de elétrons, deteriorando a qualidade de som. Outra ideia de Evans - idiossincrasia ou não - é de que o aparelho deve ficar permanentemente ligado, para ficar corretamente quente o tempo todo e diminuir erros de funcionamento do circuito por não estar em temperatura operacional. Eu, particularmente, considero isso como certo preciosismo, o qual seria até válido em um mundo ideal. Claro que os aparelhos dão seu melhor resultado totalmente quentes, e que o tempo que eles demoram a ficar realmente quentes é geralmente superior aos protocolares 30 ou 60 minutos. Mas, no nosso País quente e com nossa rede elétrica oscilante e cheia de picos, deixar o aparelho ligado 24 horas por dia é algo que certamente diminui sua vida útil. Quanto à compatibilidade, encontrei relatos de cápsulas que deram resultados sonoros meio apáticos ou até mesmo agressivos com o Groove+, havendo certo questionamento sobre sua compatibilidade. Olha, ao longo dos últimos anos ouvi bastante o modelo abaixo deste com uma cápsula Benz LP-S, depois o Groove+ também com a Benz LP-S (em dois braços diferentes), depois o Groove+ com a Air Tight PC-1 Supreme, com a My Sonic Lab Ultra Eminent EX e com a Ortofon SPU Meister Silver, em braços SME e Rega. São cápsulas que possuem saídas diferentes, impedâncias internas diferentes, pesos diferentes, capacitâncias diferentes e compliâncias diferentes, e o máximo que aconteceu foi usar regulagens diferentes nas chavetas do painel traseiro, e todas tocaram maravilhosamente bem. Inclusive descobri capacidades sonoras surpreendentes na SPU, que é minha cápsula de uso diário. O pré de phono Groove+ foi testado ao longo de vários meses em dois sistemas: muito mais meses em um sistema (o do Fernando Andrette) do que em outro (o meu), infelizmente. De qualquer maneira, aqui no laboratório o sistema usado conteve o toca-discos Air Tight Acoustic Masterpiece T-01. com braço Rega RB808 e a cápsula Ortofon SPU Meister Silver. Foram usados os amplificadores integrados dartzeel CTH-8550 e Sunrise Lab V8 MkIII, caixas acústicas Evolution Acoustics MMMicroOne e Kharma Elegance db7, o pré de phono Sunrise Lab The PhonoStage II Special Edition e o pré de phono interno do integrado dartzeel, juntamente com os cabos de força, de interconexão e de caixa Sunrise Lab linha Reference, Transparent PowerLink MM1 e MM2 e Kubala-Sosna Elation. Tudo isso acondicionado em um rack Audio Concept NeoGen. O sistema na sala do Fernando usou o toca-discos Basis Debut com braço SME Series V, com cápsulas Air Tight PC-1 Supreme e My Sonic Lab Ultra Eminent EX. O cabo de phono foi o Logical Cables Iridium ligando o braço ao pré de phono. O pré de linha foi o D Agostino Momentum e os powers foram os monoblocos valvulados Air Tight ATM-3B. As caixas acústicas foram as Evolution Acoustics MMThree, os cabos de força, de interconexão e de caixa foram Transparent, Kubala-Sosna Elation e Transparent Reference XL MM2. Os racks foram Finite Element e Audio Concept NeoGen. 52 setembro. 2014

PRÉ DE PHONO TOM EVANS AUDIO THE GROOVE+ COMO TOCA As primeiras impressões ouvindo o Groove+ é de que ele amplifica o sinal da cápsula como se estivesse passeando no parque: sem esforço algum! É um som cheio e energético - nesse sentido, o melhor que já vi em um pré de phono - e todo o acontecimento musical é manifestado fora das caixas. Pouco ou nada é compromisso sonoro no Groove+, o que me deixa coçando para ouvir um modelo acima, o modelo top, o Master Groove, nem que seja pela intensa curiosidade de saber o que é possível que ele faça melhor que o Groove+! Outra coisa: ele é extremamente silencioso - seu silêncio de fundo é ainda melhor que o excelente MCCI da empresa alemã B.M.C, recém-avaliado. Na parte do teste que fiz no meu sistema, estava com dois excelentes e consagrados cabos de força disponíveis: os Transparent MM1 e MM2. Cada um deu uma característica diferente no pré, sendo que o MM1 privilegiou as texturas, o timbre e os transientes, mas com o corpo puxando para o grande e cheio, com excelente invólucro harmônico. Já o MM2 preza pela limpeza, ar, ambiência, articulação e recorte, mas tem um corpo não tão cheio e o som não é tão arredondado e gostoso em geral como é com o MM1, porém claramente o invólucro harmônico com o MM2 é mais correto. Com o MM1 o Groove+ fica mais quente, com o MM2 fica mais detalhado. Lembrei-me aqui de mais de uma vez ter ouvido que quando o aparelho ou sistema é muito detalhado, as várias partes da música ficam chamando mais a atenção do que os todos ficam distraindo o ouvinte de ouvir a música como um todo, agindo em detrimento dela. Olha, fazendo analogia com comida de novo, existem pratos que levam vários temperos que parecem que estão competindo entre si, às vezes estragando um ao outro ou até mesmo impedindo-nos de saborear o ingrediente principal. No Groove+ os ingredientes conversam entre si e harmonizam, certamente criando um todo, em vez de um conjunto de partes chamativas. O equilíbrio tonal do Groove+ não é exatamente quente, mas sim detalhadíssimo, e tem que ser um pouco domado, ou seja, bem casado com cabos e com um conjunto braço / cápsula bem regulado. O Groove+ não é exatamente bonzinho com cápsulas, pois mostra tudo, precisando que esse tudo seja de alta qualidade. Aí, nessas condições, ele fica extremamente neutro e, assim, tira uma foto HD do que está gravado no LP - e essa foto é como um documento autenticado, não alterando nem embelezando, apenas fiel e correto. A extensão é muito boa nas baixas frequências: o que é legal, porque ele ao mesmo tempo também não dá ênfase nos ruídos das baixas frequências - inerentes aos toca-discos de vinil, por estes serem equipamentos mecânicos - e ao mesmo tempo trouxe um detalhamento e extensão incrível àquelas notas graves mais suaves (mas nem por isso menos intensas e extensas) do órgão de tubos na excelente gravação Toccatas Pour Orgue com o organista Jean Guillou, prensagem francesa da série Trésors Classiques da Philips. Essas notas graves senti no sofá e até um pouco no próprio piso de madeira da sala, mesmo quando reproduzindo o disco através de um par de boas caixas bookshelfs e em volume de som com o qual dava para as pessoas conversarem na sala - isso significa que existe uma energia latente no som do Groove+, uma folga, onde não é preciso calcar o botão de volume para perceber seus predicados. Não sei levantar com clareza total as dificuldades de se gravar um órgão de tubos de uma igreja, mas creio que se os microfones forem colocados muito longe dos tubos, a ambiência será boa, mas a 54 setembro. 2014

saturação por ondas estacionárias será altíssima (a reverberação é muito forte e fica batendo entre as paredes paralelas várias vezes antes de morrer ). Se a microfonação for muito próxima, toda aquela ambiência da igreja se perde. O timbre do órgão dessa gravação da Philips é impecável, dentre os melhores que eu já ouvi, e o Groove+ permite a percepção de uma boa parcela da reverberação da Igreja de São Mateus em Berlim e, ao mesmo tempo, com excelente articulação e limpeza. Quanto às texturas, o Groove+ tem as melhores que já ouvi em um pré de phono, sendo elas extremamente realistas, diferentes das mostradas pelo pré de phono MCCI da B.M.C, avaliado por mim na edição anterior, que possui texturas deslumbrantes, mas que são mais para românticas do que para realistas. Eu gostaria de uma mistura dos dois, por favor! Para viagem! O palco tem um foco excelente e é arejadíssimo. Com nenhuma das cápsulas que usei senti limites no palco, nem para cima e nem para os lados. Existe uma separação entre cada camada de um coro, por exemplo, cada uma com seu timing e suas intencionalidades - não é só a percepção delas separadamente: é chocante, pois se percebe com muita clareza que cada instrumento dentro de uma música tem seu próprio sentido de tempo, de pegada e ritmo, e isso fica tão chamativo quanto um luminoso de Las Vegas se a gravação é muito boa. E aqui estou falando que percebi tal aspecto em uma gravação comercial processada e um tanto comprimida, que é Tales of Mystery and Imagination do Alan Parsons Project, em prensagem alemã. Ataque, pegada e energia em tudo, foram o que percebi na gravação do grupo de jazz brasileiro Nouvelle Cuisine, em prensagem nacional da WEA, com baixos fortes recortados e firmes. Querem saber o que são excelentes transientes? Que tal na suprema gravação de jazz trio Methuselah do pianista norte-americano Richard Beirach, em prensagem e gravação japonesa pelo selo Trio, onde em um rápido rufar da caixa da bateria não só dá para contar a quantidade de batidas das baquetas, como também dá para perceber as pequenas diferenças entre cada uma das batidas - tudo isso com timbres impecáveis e sem colorações. Isso eu chamo de transientes verdadeiramente bons. E olha que essas percepções foram tanto com o toca-discos Air Tight Acoustic Masterpiece tocando com a cápsula Ortofon SPU Meister Silver quanto com o toca-discos Basis Debut tocando com a cápsula My Sonic Lab Ultra Eminent EX. Aliás, a SPU me surpreendeu nessa hora! Com o invólucro harmônico que o Groove+ proporciona, um disco que é, se comparado a outras gravações impecáveis de jazz, ligeiramente mais seco e mais conti- setembro. 2014 55

PRÉ DE PHONO TOM EVANS AUDIO THE GROOVE+ do de corpo, um tiquinho mais comprimido, como é o do Nouvelle Cuisine, acaba soando luxuriante no pré de phono. Inclusive e mesmo por isso, as texturas, se encaradas como algo visual, fazendo uma analogia com fotografia e pintura, são Ultra HD também - e não confundam aqui ser Ultra HD com aquilo que nos trazem a maior parte das TVs Full HD modernas, pois ali muitas vezes me parece uma realidade aumentada, como uma maquiagem exagerada em uma mulher que já é bonita ou um gramado de campo de futebol de um verde que não existe no planeta Terra. Aqui no Groove+ a realidade está profundamente mais para natural do que para virtual. E isso nos faz pensar o que pode haver de perdas e/ou distorções em muitos prés de phono por aí. CONCLUSÃO Para se usar o Groove+ é mesmo necessário um sistema de altíssimo nível para aproveitar tudo que ele pode dar - e por isso entenda-se tanto um bom toca-discos com um bom braço e cápsula, como também uma amplificação e caixas top. Claro que, em sistemas muito bons ele já é absolutamente deslumbrante. Se eu fosse usá-lo em um sistema mais para o analítico e revelador, com graves secos e controlados e agudos abertos, o cabo de força que - em minha opinião - daria um casamento dos deuses é o ransparent MM1 ou, claro, algum outro que siga a linha dele. Se, por outro lado, meu sistema fosse tendendo ao quente, ao valvular, cheio, o melhor casamento de cabo de força seria algo como o Transparent MM2. Tanto com o MM1 quanto com o MM2 nas texturas do muito bem captado cello de Wolfgang Herzer, no disco Karneval der Tiere (Carnaval dos Animais) de Saint-Saëns (prensagem DGG alemã), sente-se claramente as vibrações das cordas com o arco passando e o som do próprio arco separadamente, em vez de um som pasteurizado, subproduto dos dois. O piano dessa gravação também ficou realmente especial com o Transparent MM2, trazendo ao mesmo tempo altíssima inteligibilidade de cada uma das notas e acordes tocados, e o presente e bonito som da caixa do piano ressonando de acordo. Chamar o Tom Evans The Groove+ de pré de phono definitivo seria complicado, pois ainda existe um modelo acima dele na linha da empresa. E, claro, me lembra de que quando ouvi a cápsula Benz LP-S, ela era a melhor que eu havia ouvido, mas logo apareceram a Air Tight PC-1 Supreme e a My Sonic Lab Ultra Eminent EX, que a superam de longe. O Groove+ pode, portanto, não ser o pré de phono definitivo, mas certamente até a data desse artigo é o melhor que eu já ouvi, e será uma fantástica adição ao sistema da maioria dos audiófilos melômanos. PRÉ DE PHONO TOM EVANS AUDIO THE GROOVE+ Tipo Fonte de alimentação Circuito Equalização RIAA Pré-amplificador de phono de alta resolução Externa Dual-mono estado sólido Passiva Equilíbrio Tonal 13,0 Soundstage 13,0 Textura 12,0 Transientes 13,0 Dinâmica 12,0 Corpo Harmônico 12,0 Organicidade 13,0 Musicalidade 12,0 Total 100,0 Filtro de subsônicos Ganho Gabinete Ajustes Dimensões (L x A x P) Peso (com fonte) Ativo Fixo, configurado de fábrica (padrão para cápsulas MC) Acrílico Cargas resistiva (de 112 Ohms a 1 KOhm) e capacitiva (de 100 a 500 pf) - no painel traseiro 33 x 8,5 x 18 cm (sem a fonte) 3,4 kg VOCAL ROCK. POP JAZZ. BLUES MÚSICA DE CÂMARA SINFÔNICA Logical Design (21) 2275.3805 R$ 39.000 56 setembro. 2014