INDICADORES DE QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Palavra-chave: indicador de qualidade, educação infantil



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Transcrição:

INDICADORES DE QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Maria Aparecida Trevisan Zamberlan UEL Palavra-chave: indicador de qualidade, educação infantil INDICADORES DE QUALIDADE DO ATENDIMENTO À CRIANÇA DE 0 A 6 ANOS A qualidade dos serviços prestados pelas instituições que atendem crianças de zero a seis anos, no Brasil, tem sido uma das grandes preocupações e alvo de discussões entre organizações governamentais e não-governamentais envolvidas com esse segmento educativo. A constituição brasileira de1988 deu um grande passo na direção de um atendimento de qualidade, ao contemplar em seu texto a inclusão do atendimento infantil à área da Educação Básica. Reconheceu-se, pela primeira vez, no país, o direito ao acesso à educação da criança em creches e pré-escolas e o dever do Estado de garanti-lo (Cap.III, Art. 208, Inciso IV). De maneira complementar, esse texto legal determinou à União a obrigação de legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional (Art.22, Inciso XXIV) e aos Municípios a responsabilidade sobre a execução dos programas educativos ao determinar que estes deverão ofertar a educação infantil e o ensino fundamental de forma prioritária (Art. 211, Parágrafo 2º), sendo da competência desses a manutenção de sua rede, com a cooperação técnica da União e do Estado (Artigo 30, Inciso VI). A principal conseqüência dessa carta magna, no entanto, diz respeito à fiscalização e supervisão da oferta de um atendimento de qualidade. Nesse sentido, o documento submeteu a iniciativa privada ao cumprimento das normas gerais da educação nacional e à autorização e avaliação da qualidade pelo Poder Público (Art. 209, Incisos I e II). Das ações eleitas, veiculadas pelo Ministério da Educação e do Desporto como fundamentais para a implementação de políticas relativas a esses segmentos, o item referente à elaboração e avaliação das propostas pedagógicas resultou no documento: Proposta Pedagógica e Currículo em Educação Infantil: um diagnóstico

e a construção de uma metodologia de análise (MEC/SEF/COEDI, 1996), o qual apontou a existência de uma desigualdade significativa quanto a propostas educacionais nas diversas regiões do Brasil. Constataram-se inúmeros e precários projetos de currículo para a educação infantil, revelando a dificuldade para estabelecer parâmetros de qualidade. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (MEC/SEF/COEDI, 1998) foi outro desses suportes, que pretendeu apontar metas de qualidade no que concerne à prática educativa, visando servir de guia de reflexão para os profissionais que trabalham diretamente com crianças de até seis anos. Uma análise dos indicadores de qualidade propostos por HARMS (1992), por ZABALZA (1998) e pelo Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) evidencia que a qualidade é um atributo dinâmico; em construção permanente; resultante da historicidade institucional. Apesar de tais autores terem construído esses parâmetros em diferentes contextos e com finalidades distintas há consensos entre eles quanto às características de um atendimento de qualidade: 1ª) existência de proposta pedagógica estruturada; 2ª) organização de rotinas, no tempo e no espaço; 3ª) proporção adulto -criança e interação adequada entre eles, 4ª) capacitação contínua dos educadores, 5ª) prática de supervisão constante, 6ª) incentivo à participação da família e da comunidade e a valorização de suas características sócio-culturais, na configuração curricular, 7ª) respeito às necessidades individuais e dos grupos de crianças; 8ª) adoção de política que garanta a segurança das crianças; 9ª) adoção de uma política de saúde; 10ª) organização e estruturação física das instituições. Destacamos que a avaliação da educação infantil não pode se restringir à presença ou ausência do conjunto desses indicadores, mas, antes, a um processo de construção deles nas instituições. PESQUISA DIAGNÓSTICA: INDICADORES DE QUALIDADE NO ATENDIMENTO INFANTIL Os dados obtidos na pesquisa de Boiko ( BOIKO; ZAMBERLAN; 2000) dizem respeito a Indicadores da Qualidade do atendimento prestado pela Rede de Educação Infantil de Campo Mourão, PR. São analisados aspectos, tais como: a proporção adulto/criança no atendimento, a formação dos recursos humanos e os requisitos para a atuação, a prática de supervisão desenvolvida, a proposta

pedagógica adotada, as condições físicas das instituições, os apoios recebidos, articulações e parcerias e a participação da família e da comunidade nas instituições. A pesquisa tratou da caracterização da Rede; mediante a análise das especificidades dos três tipos de instituições que a compõem e de uma avaliação macro-contextual da qualidade do atendimento prestado, visto sob a referência de indicadores de qualidade propostos na literatura. O foco da análise foi um diagnóstico compreensivo da realidade pesquisada, porém limitado a tais questões, não explorando micro-elementos determinantes de um atendimento de qualidade.os objetivos foram promover reflexões e críticas sobre o atendimento prestado à criança de zero a seis anos na Rede Municipal de educação infantil de Campo Mourão, PR., comparando instituições particulares, municipais, e centros de educação infantil (creches) quanto aos seus padrões de qualidade. Metodologia Foram contatados 47 estabelecimentos que compõem a Rede, sendo 21 Escolas Municipais, 15 Escolas Particulares e 11 Centros de Educação Infantil. Os procedimentos utilizados na coleta de dados foram entrevistas com as diretoras e /ou supervisoras das escolas, a análise de documentos vigentes nas instituições e observação direta junto às mesmas. Resultados As categorias emergentes das entrevistas orientaram a organização e análise dos dados, conforme exposto no quadro 1. Quadro 01 - Categorias Emergentes das Entrevistas e das Observações das Condições Institucionais Informações Gerais e Específicas sobre as Instituições que ofertam Educação Infantil Proporção adulto/criança Recursos Humanos Nome, endereço e telefone; Natureza; Nível de ensino oferecido; Número de crianças matriculadas por idade e turno de atendimento; Faixas etárias atendidas; Critérios adotados pela Instituição para admissão das crianças; Dados sobre demanda não atendida; Dados sobre a renda familiar das crianças; Dados sobre a situação ocupacional dos pais das crianças; Atendimento de crianças portadoras de necessidades especiais. Número de crianças por adulto em função da faixa etária das crianças Nível de Formação e habilitação; Jornada de trabalho;

Remuneração; Plano de carreira adotado pela Instituição; Rotatividade dos profissionais responsáveis pelo atendimento; Programa de formação continuada. Prática de Supervisão Ocorrência da prática de supervisão; Profissional responsável pela supervisão do atendimento; Modalidade da supervisão (sistemática e assistemática) 1 ; Freqüência das supervisões sistemáticas; Supervisão de equipe de fora da instituição; Ordenação hierárquica das atividades supervisionadas conforme a importância. Proposta Pedagógica Adoção de proposta pedagógica; Objetivos da educação infantil; Estratégias adotadas pelos educadores para atingir os objetivos propostos; Ações desenvolvidas pela instituição para garantirem a implementação da proposta; Dificuldades encontradas na implementação. Avaliação de Despreparo dos profissionais que gerenciam a Instituição; problemas Deficiências na supervisão; enfrentados no Baixa escolaridade dos profissionais; atendimento Falta de qualificação específica dos profissionais; Contratação precária dos profissionais; Rotatividade dos profissionais; Proposta pedagógica inadequada; Condições Físicas e Institucionais Articulações, Parcerias e Apoios Falta de material didático-pedagógico. Inadequação do espaço físico; Instalações físicas das áreas interna e externa; Disponibilidade de brinquedos e materiais pedagógicos. Parcerias estabelecidas pelas instituições; Política de saúde; Atividades de educação em saúde; Participação da família na rotina da instituição. Análises e Discussão 1. A proporção adulto/criança Ao analisarmos a proporção adulto/criança encontrada nas instituições que compõem a Rede de Educação Infantil de Campo Mourão, verificamos um número significativamente maior de crianças por adulto nas Escolas Municipais do que nas Escolas Particulares e nos Centros de Educação Infantil. A taxa encontrada nas Escolas Municipais ( que variou de vinte e seis a trinta crianças por adulto), não foi encontrada em nenhuma Escola Particular (cuja média foi de seis a dez crianças por adulto) e, embora tenhamos encontrado ampla variação quanto à proporção 1 Foram consideradas supervisões sistemáticas as supervisões planejadas, com dia e horário marcado para a realização das mesmas e como assistemáticas as ocorridas ao longo do dia ou quando necessário.

adulto/criança nos Centros de Educação Infantil, na amplitude de seis a vinte e cinco crianças por adulto, esta diversidade é inferior à média constatada nas Escolas Municipais.O número máximo de crianças por adulto nas Escolas Municipais chega a 35; nas Escolas Particulares a 20; e nos Centros de Educação Infantil a 30 crianças. Comparando os dados obtidos com a proporção adulto/criança recomendada pelo Conselho Estadual de Educação ( BRASIL. Conselho Estadual de Educação Pr. Deliberação nº 003, 1999) e pelo Referencial Curricular para a Educação Infantil (1998), verificamos que as Escolas Particulares e os Centros de Educação Infantil da Rede de Campo Mourão estão, na sua maioria, dentro dos parâmetros estabelecidos. Já a proporção encontrada nas turmas das Escolas Municipais, excede, em muito, o recomendável.averiguamos, ainda, que a proporção adulto/criança aumenta em função da faixa etária das crianças nas Escolas Particulares e nos Centros de Educação Infantil, estando de acordo com o previsto nos dois documentos; o mesmo não ocorre nas Escolas Municipais, onde a proporção é alta em qualquer faixa. 2. A Formação de Recursos Humanos e Requisitos para a Atuação Os dados sobre a formação dos educadores infantis da Rede de Educação Infantil do Município de Campo Mourão indicam uma maioria de profissionais das Escolas Municipais e das Escolas Particulares com o 3º grau completo ou em conclusão e tendo a maioria dos que completaram o 3º grau realizado curso de pósgraduação em áreas relacionadas à Educação.Quanto à formação específica destes profissionais, a maioria deles cursou a habilitação magistério para o 2º grau e o curso de Pedagogia, para o 3º grau. Se, por um lado, estes dados indicam uma formação adequada às exigências da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996) e aos estudos e discussões na área da educação infantil que estabelecem a formação do educador infantil em nível de 3º grau, os resultados sobre os profissionais que atuam nos Centros de Educação Infantil não corroboram isso. Nestas instituições, a maioria dos profissionais possui o 2º grau completo ou em curso e apenas 50% deles realizaram o magistério como habilitação. Quanto à atuação de profissionais leigos, constatamos a inexistência deles nas Escolas Municipais e uma freqüência de

ocorrência baixa (3%) nas Escolas Particulares e nos Centros de Educação Infantil. Portanto, os dados encontrados nesta pesquisa apontam para um grau menor de instrução do profissional de creche do que dos educadores da rede pré-escolar, ratificando os diagnósticos realizados pelos autores ROSEMBERG (1994) e BARRETO (1995). Os resultados encontrados quanto à formação do educador infantil na Rede do Município de Campo Mourão revelam que a maioria dos profissionais das Escolas Municipais e Particulares possui formação superior à média encontrada na literatura e a maioria dos que prestam atendimento nos Centros de Educação Infantil enquadra-se nos dados disponíveis em estudos e diagnósticos feitos no Brasil. (ver BARRETO, 1995; Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, 1998 e estatísticas do Estado do Paraná, que apontam um total de 64% com 2º grau, 29% com 3º grau e 7% com o 1º grau). Com base nestes dados, constatamos a necessidade de programas de capacitação que visem um melhor nível de formação dos profissionais dos Centros de Educação Infantil e de alguns educadores da rede escolar pública e privada. Há que se considerar, também, que o número de profissionais leigos é pequeno.se, por um lado, os programas de capacitação das Escolas Municipais e dos Centros de Educação Infantil precisam ser revistos para que resultem, de fato, em melhorias do ponto de vista da carreira do profissional que atua nestas instituições, a situação das Escolas Particulares, nesta pesquisa, é ainda mais séria uma vez que 50% delas não realiza nenhuma ação visando a qualificação do seu pessoal e a maioria das que realizam, o fazem através da participação em cursos episódicos e assistemáticos. Ao analisarmos os salários e os planos de carreiras dos educadores infantis da Rede de Campo Mourão verificamos uma melhor remuneração dos profissionais das Escolas Particulares em relação ao salário dos educadores da rede pública. Por outro lado, não há perspectiva de aumento no salário através da adoção de planos de carreira em cerca de 50% das instituições privadas. As que possuem requisitos estabelecidos para aumento de salário citaram a anuência, a formação do professor em nível de 3º grau, a capacitação específica do professor através da formação em

Pedagogia e a idade das crianças atendidas (quanto mais velhas as crianças, maior o salário). Destaca-se a necessidade de uma formação continuada e permanente, através de projetos que promovam o nível de capacitação do educador em serviço. Acreditamos que a participação nos programas de formação deva estar prevista no plano de carreira adotado pelas instituições, revertendo num aumento gradativo dos salários dos profissionais, conforme proposto nos trabalhos de KRAMER (1994) e BARRETO (1994). Isto está previsto em apenas algumas Escolas Particulares (cerca de 25%), não ocorrendo o mesmo nas instituições públicas. Quanto à jornada de trabalho dos educadores da Rede de Educação Infantil de Campo Mourão, os dados desta pesquisa revelaram que a maioria dos profissionais das Escolas Municipais trabalha 40 horas semanais, na mesma instituição, parte deles apenas com a educação infantil e a outra parte com a educação infantil e o ensino fundamental. Os professores das Escolas Particulares têm carga horária semanal de 20 horas, trabalham em apenas uma instituição e somente com a educação infantil. Já nos Centros de Educação Infantil, os educadores trabalham 40 horas, no mesmo local e apenas com a educação infantil. Estes dados demonstram uma jornada de trabalho condizente com a legislação trabalhista, promotora do envolvimento do educador com a instituição na qual trabalha (uma vez que a grande maioria desenvolve a sua prática em um só local) e com as especificidades da educação infantil. Os resultados acerca da jornada de trabalho dos educadores da Rede de Campo Mourão não são coincidentes com os estudos de ROSEMBERG (1994) que apontaram longas jornadas de trabalho para os educadores de creche, no Município de São Paulo. Um outro aspecto relacionado diretamente à qualidade do atendimento à criança diz respeito à rotatividade dos educadores. Constatamos, nesta pesquisa, a não rotatividade dos educadores na maioria das Escolas Municipais e Particulares e uma grande rotatividade nos Centros de Educação Infantil, tendo como possíveis causas as estratégias de contratação de pessoal utilizadas, as quais geram a não efetivação do profissional e a baixa remuneração. Aspectos envolvidos com a qualidade dos recursos humanos da Rede de Educação Infantil de Campo Mourão encontrados na pesquisa, nos induzem a

sugerir um redirecionamento por parte das instâncias competentes, no que tangem à: 1º) necessidade de uma melhor formação dos educadores, principalmente nos Centros de Educação Infantil; 2º) importância de programas de formação continuada que revertam em avanços na escolaridade, progressão na carreira e aumento de salário desses profissionais; 3º) adoção de estratégias de contratação que promovam a efetivação do educador e a sua permanência na instituição. 3. Prática de Supervisão nas Instituições A importância da prática de supervisão como um dos parâmetros indicadores da qualidade do atendimento vem sendo apontada por diferentes autores (HARMS, 1992; ZABALZA, 1998; Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, 1998), bem como destacada a sua função enquanto mecanismo de qualificação de recursos humanos Numa análise dos dados obtidos nesta pesquisa, sobre a prática de supervisão na Rede de Educação Infantil de Campo Mourão, constatamos que praticamente todas as instituições afirmam a ocorrência de supervisões não sistemáticas do atendimento, caracterizadas pela realização, ao longo do dia ou quando necessário, pela diretora ou supervisora dos estabelecimentos. Os discursos das supervisoras dos Centros de Educação Infantil sobre o acúmulo de funções exercidas, apontam dados sobre a priorização do gerenciamento do Centro em detrimento da supervisão do atendimento. Visitas e observações nas instituições de educação infantil, permitem concluir que as supervisões são realizadas, exclusivamente, durante a rotina de atendimento, prática constatada na maioria das Escolas Municipais e em cerca de metade das Particulares. Quanto à ocorrência de supervisões planejadas pela equipe e previstas no cronograma institucional (chamadas nesta pesquisa de sistemáticas), constatamos a sua inexistência nos Centros de Educação Infantil, uma baixa freqüência nas Escolas Municipais (30%) e moderada nas Escolas Particulares (50%). Embora seja consensual, tanto na literatura específica da área como nas políticas educacionais, a necessidade de uma prática de supervisão constante e sistemática do atendimento quando se visa a melhoria da qualidade do mesmo, a realidade das instituições que compõem a Rede de Campo Mourão nos mostrou

poucos avanços nesse sentido. Finalizando, uma análise da ordenação hierárquica das atividades supervisionadas segundo o seu grau de importância, pelas entrevistadas, revelou a correlação entre dificuldades encontradas e necessidade de supervisão. 4. Proposta Pedagógica Estudos e discussões do documento Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) objetivam melhorias na prática pedagógica desenvolvida pelos educadores e a extinção da hierarquização nas funções de educar e cuidar na atuação dos profissionais, porém, essas não foram as situações constatadas em algumas Escolas Particulares e, de uma forma geral, nos Centros de Educação Infantil da Rede de Campo Mourão. Primeiramente, constatamos a supremacia da importância da supervisão das atividades pedagógicas nos três tipos de instituições que compõem a Rede, justificada nos discursos das diretoras pelas dificuldades impostas pela prática pedagógica na rotina do atendimento: o que fazer, como fazer. Nas instituições públicas (Escolas Municipais e Centros de Educação Infantil) aquela primeira prioridade vem seguida pelas atividades de gerenciamento, não ocorrendo o mesmo nas Particulares, nas quais a segunda maior preocupação foi o atendimento às expectativas das famílias das crianças. Encontramos justificativa para estas diferenças nos problemas enfrentados decorrentes da natureza e funcionamento das instituições. Por exemplo, verificamos, na maioria das instituições públicas, um gerenciamento coletivo, onde professores, pais e comunidade participam das decisões administrativas e de gerenciamento, bem como uma maior necessidade de prestar contas aos órgãos públicos e à comunidade dos recursos investidos nas instituições, explicando, desta forma, a eleição do item gerenciamento, em segundo lugar na ordem de importância. Já, na maioria das Escolas Particulares, as questões referentes ao gerenciamento da instituição, bem como a elaboração do cardápio, encontram-se centralizadas na direção da escola. Da mesma forma, as atividades relacionadas à saúde não obtiveram destaque, porque a maioria dessas agências não realiza ações sistematizadas e constantes, nesta área. Quanto à grande preocupação por parte destas instituições particulares com o atendimento às famílias das crianças,

verificamos que tal apreensão encontra-se fundamentada, em grande parte, no receio de que a sua demanda possa vir a ser afetada, acometendo assim, a sua manutenção e seu funcionamento. Quanto à adoção de propostas pedagógicas, verificamos que as Escolas Particulares adotam suas próprias propostas; as Escolas Municipais seguem o Plano Curricular elaborado por técnicos da Secretaria de Educação do Município e por educadores de algumas escolas, e os Centros de Educação Infantil encontram-se em fase de elaboração de suas propostas. Os dados sobre a ausência de proposta nos Centros de Educação Infantil corroboram o diagnóstico realizado pelos autores do documento Propostas Pedagógicas e Currículo em Educação Infantil (MEC/SEF/COEDI, 1996) que identificou que a incorporação da dimensão educativa nos objetivos das creches é ainda muito recente. (BARRETO, 1995). Uma análise das ações desenvolvidas na implementação das propostas pedagógicas, tanto nas Escolas Municipais quanto nas Particulares, revelou que as mesmas têm sido direcionadas a um maior envolvimento dos recursos humanos destas instituições, seja através de reuniões, conversas informais, grupos de estudo, cursos de capacitação, planejamento conjunto ou supervisões. Contudo, constatamos que a realização de tais ações não têm se dado na maioria das instituições e que a freqüência de ocorrência nas escolas que desenvolvem estas práticas é baixa. Constatamos, também, que a incorporação dos objetivos educativos às funções de cuidado e assistência às crianças nos Centros de Educação Infantil de Campo Mourão têm sido precedidas por uma série de conquistas históricas e sociais que dizem respeito à superação do caráter assistencialista do atendimento prestado nestes locais. Por exemplo, verificamos avanços recentes no âmbito dos direitos trabalhistas dos profissionais que trabalham nestas instituições, como férias anuais e coletivas, bem como descanso nos recessos e feriados. Constatamos, também, a existência de dias letivos reservados ao planejamento de atividades no cronograma institucional e um maior investimento na capacitação dos recursos humanos destas instituições por parte do órgão público responsável pela sua gestão.

Da mesma forma, fazemos uma ressalva sobre a importância da participação de todos os segmentos envolvidos na construção de uma proposta vinculada à realidade à qual se dirige e democrática, o que inclui a participação ativa da equipe técnica da Secretaria de Educação do Município no processo de elaboração da proposta, não apenas na coordenação. Nesta mesma perspectiva, embora a maioria dos atuais educadores das Escolas Municipais tenha relatado a não participação na formulação do projeto curricular adotado por estas instituições, esses profissionais podem se constituir em co-autores da proposta, questionando-a, fazendo novas sugestões, enfim, reformulando-a a partir de sua leitura e utilização. A inclusão da alfabetização como prioridade de objetivo da educação infantil foi constatada principalmente na rede de escolas particulares, o que está de acordo com o diagnósticos dos autores do documento Propostas Pedagógicas e Currículo em Educação Infantil (MEC/SEF/COEDI, 1996) que observaram vários casos em que esta postura aparece na escola privada, e principalmente em pré-escolas. 5. Condições Físicas e Institucionais da Rede As condições físicas das instituições que compõem a Rede podem ser analisadas e discutidas enfocando aspectos relacionados ao macro e/ou ao microcontexto que as mesmas integram. As observações sobre as condições da estrutura física das instituições revelaram que, em geral, a maioria apresenta espaços de tamanho adequado, ventilados e bem iluminados, além de mobiliários e equipamentos apropriados. Constatamos, ainda, a disponibilidade de materiais e brinquedos em quantidade e variedade adequadas. Destacamos que a utilização dos recursos ambientais e materiais como elementos curriculares prescinde de recursos humanos qualificados e treinados para planejarem, organizarem e enriquecerem o espaço de forma que o mesmo se transforme em fator estimulador da atividade e otimizador da aprendizagem. Da mesma forma, faz-se necessário que a proposta pedagógica da instituição contemple a organização espacial como aspecto essencial do projeto educativo. Esta pesquisa limitou-se à observação dos indicadores vinculados ao macrocontexto: adequação da estrutura física, disponibilidade e diversidade de brinquedos

e materiais didático-pedagógicos nas instituições, embora outros aspectos relacionados ao micro-contexto das condições físico- institucionais sejam essenciais a um atendimento de qualidade. 6. Articulações, Parcerias e Apoios com que contam as Instituições da Rede Articulações consistentes da Educação Infantil com outras instâncias educacionais ou com órgãos governamentais e não-governamentais têm sido apontadas como mecanismos que visam a garantia de ações efetivas com vista a um atendimento de qualidade (Propostas Pedagógicas e Currículo em Educação Infantil, 1996; Normas do Sistema Estadual de Ensino do Paraná, 1999). Quanto às articulações estabelecidas pelas instituições que compõem a Rede de Educação Infantil de Campo Mourão, constatamos que a maioria das Escolas Municipais e Particulares estabelece articulações com diversos setores da sociedade, fazendo maior referência à Prefeitura do Município e com outras escolas de Educação Infantil. Verificamos que as parcerias com a Prefeitura são de natureza cultural, social e relacionadas à saúde e dizem respeito às relações estabelecidas com as Secretarias de Saúde Meio- Ambiente e com os setores culturais: biblioteca e teatro municipal, dentre outros. Quanto às articulações entre as pré-escolas, observamos que as mesmas têm como eixo tanto o processo educativo quanto festas comemorativas e eventos sociais. Destacamos, ainda, a ausência de parcerias entre as Pré-Escolas Particulares, tendo como justificativa a competição pela demanda existente entre elas. Observamos, também, uma ocorrência significativamente maior de palestras preventivas por profissionais da área da saúde aos pais das crianças nos Centros de Educação Infantil do que nas pré-escolas públicas e privadas. Estes dados apontam para o fato de que, se por um lado, os Centros de Educação Infantil carecem de articulações visando à promoção de intercâmbios culturais, sociais e educacionais; por outro lado, têm desenvolvido ações sistemáticas objetivando uma política de saúde, que contemple os cuidados e a assistência necessárias às crianças de zero a seis anos. Quanto às articulações entre a educação infantil e as famílias das crianças atendidas, observamos que a mesma vem sendo apontada como fundamental tanto na literatura específica da área ( ZABALZA, 1998; BASSEDAS; HUGUET; SOLÉ, 1999) quanto nas políticas públicas, nos diversos âmbitos, pela compreensão do desenvolvimento como um processo social e

culturalmente mediado, resultando num compartilhar da ação educativa pela família e pela escola - instâncias complementares na promoção do desenvolvimento da criança (Política Nacional de Educação Infantil, 1994; Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, 1998) e como um caminho possível de uma educação democrática, que busca a construção e o exercício da cidadania (KRAMER, 1989). De parte das famílias, constatamos uma participação superior a 50% nos três tipos de instituições que compõem a Rede e os discursos das entrevistadas destacaram que os pais das crianças atendidas na educação infantil são os mais participativos nas instituições. Os relatos apontaram, ainda, que o nível instrucional e a classe social das famílias das crianças atendidas não exercem influência negativa sobre a freqüência na participação. Por parte da escola, verificamos o desenvolvimento de ações visando a otimização da participação dos pais nos três tipos de instituições. Neste sentido, observamos que a maioria realiza reuniões com a finalidade de explicar o trabalho realizado e os objetivos do atendimento e, grande parte, organiza festas comemorativas. Destacamos, ainda, algumas estratégias utilizadas pelas diretoras das Escolas Municipais e Particulares, como, por exemplo, solicitar a participação dos pais como colaboradores na rotina da instituição e como tomadores de decisão e um programa de visitas domiciliares onde os professores vão à casa das famílias a fim de conhecerem melhor a realidade sócio-cultural das crianças atendidas. Em suma, verificamos, de um modo geral, nas instituições que compõem a Rede, o desenvolvimento de ações que possibilitam aos pais ou responsáveis o conhecimento do trabalho realizado e aos educadores das escolas a obtenção de informações sobre os contextos de vida, costumes e valores culturais das famílias. Concluímos, destacando a importância da inter-relação das articulações estabelecidas na educação infantil, seja com a família, com os órgãos da saúde ou com os setores culturais da sociedade, bem como com os demais indicadores de qualidade do atendimento prestado. Neste sentido, é de suma importância que as propostas pedagógicas das instituições apontem estratégias consistentes de integração com a família e articulações com outras instâncias educacionais e culturais ou com órgãos governamentais e não-governamentais.

É fundamental, também, o estabelecimento de parcerias efetivas com as instituições responsáveis pela formação dos recursos humanos, objetivando uma política de desenvolvimento profissional. Finalizando, destacamos que apontamos aqui um recorte da teia de relações constituídas por setores, órgãos e instituições que, direta ou indiretamente são responsáveis por um atendimento de qualidade à infância; recorte este, que indica um caminho possível para desenvolver ações integradas, envolvendo a participação das diversas instâncias na execução de ações promotoras de qualidade. REFERÊNCIAS BARRETO, A. M. R. F. Porque e para que uma Política de Formação do Profissional de Educação Infantil. In: Por Uma Política de Formação do Profissional de Educação Infantil. Brasília, MEC/ SEF/ DPE/ COEDI, p.11-15, 1994. BARRETO, A. M. R. F Educação Infantil no Brasil: Desafios Colocados. Grandes Políticas para os Pequenos. Cadernos CEDES. São Paulo, Cortez, nº 37, p.7-21, 1995. BASSEDAS, E; HUGUET, T; e SOLÉ, I. Aprender e Ensinar em Educação Infantil. Porto Alegre, Artes Médicas Sul, 1999. BOIKO, V. A. T. Qualidade do Atendimento Prestado à Criança de 0 a 6 Anos na Rede Municipal de Educação Infantil de Campo Mourão Pr. Dissertação ( Mestrado em Educação), Programa de Mestrado em Educação. Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2000, 285p. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Imprensa Oficial do Estado, São Paulo, 1988. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Coordenação de Educação Infantil. Política Nacional de Educação Infantil. Brasília, MEC, 1994.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Coordenação Geral de Educação Infantil.Critérios para um Atendimento em Creches que respeite os Direitos Fundamentais da Criança. MEC/SEF/COEDI, 1995. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Coordenação Geral de Educação Infantil. Propostas Pedagógicas e Currículo em Educação Infantil: Um diagnóstico e a Construção de uma Metodologia de Análise. Brasília, MEC/SEF/COEDI, 1996. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Coordenação Geral de Educação Infantil. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, MEC/SEF/COEDI, 1998. BRASIL.Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( Lei 9.394/96), 20 de dezembro de 1996. BRASIL. Conselho Estadual de Educação Pr. Deliberação nº 003/99. Curitiba, 1999. HARMS, T. The Assessment of Quality in Child Care Settings. In: Simpósio Experiências em Educação Pré-escolar. Fundação Calouste Kulbekian, Lisboa, Portugal, p.63-67, 1992. KRAMER, S. Com a Pré-escola nas Mãos: uma alternativa curricular para a educação infantil. São Paulo, Ática, 1989. KRAMER, S. Currículo de Educação Infantil e Formação dos Profissionais de Creche e Pré-escola. In: Por Uma Política de Formação do Profissional de Educação Infantil. Brasília, MEC/ SEF/ DPE/ COEDI, p.16-31, 1994.

KRAMER, S. Subsídios para uma política de formação do profissional de Educação Infantil. In: Por Uma Política de Formação do Profissional de Educação Infantil. Brasília, MEC/ SEF/ DPE/ COEDI, p. 69-81, 1994. PARANÁ. Instituto de Desenvolvimento Educacional do Paraná. Indicadores Educacionais. Curitiba: FUNDEPAR/SIED/DPP, 1998. ROSEMBERG, F. Formação do profissional de educação infantil através de cursos supletivos. In: Por Uma Política de Formação do Profissional de Educação Infantil. Brasília, MEC/ SEF/ DPE/ COEDI, p. 51-63, 1994. ZABALZA, M. A Qualidade em Educação Infantil. Porto Alegre, Artes Médicas, 1998.