SILVANO KRUCHELSKI. CONDUÇÃO DA BROTAÇÃO EM PLANTAS JOVENS DE Eucalyptus saligna Smith ACOMETIDAS POR GEADA

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Transcrição:

SILVANO KRUCHELSKI CONDUÇÃO DA BROTAÇÃO EM PLANTAS JOVENS DE Eucalyptus saligna Smith ACOMETIDAS POR GEADA CURITIBA 2015

1 SILVANO KRUCHELSKI CONDUÇÃO DA BROTAÇÃO EM PLANTAS JOVENS DE Eucalyptus saligna Smith ACOMETIDAS POR GEADA Monografia apresentada para conclusão do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Anibal de Moraes Co-orientador: Prof. Dr. Rubens Corrêa Secco CURITIBA 2015

2 AGRADECIMENTOS A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. Aos colegas: Leonardo Silvestri Szymczak, Leonardo Deiss, Adriano Penachio, Gilmar Triches, Maurício Zanovello Schuster e João Eduardo Mendes da Silva pelas valorosas contribuições nas avaliações e sugestões no planejamento e durante o andamento do experimento. À Ana Paula Bianchini de Resende, pelo apoio, auxílio, estímulo à realização deste trabalho e uma boa dose de paciência com o tempo dedicado ao mesmo. Ao Professor Dr. Rubens Secco, por sua contribuição na coorientação do trabalho. Ao Professor Dr. Anibal de Moraes, por sua confiança e incentivo sempre presente durante os três últimos anos como seu estagiário.

3 SUMÁRIO 1. RESUMO 04 2. INTRODUÇÃO 05 3. REVISÃO DA LITERATURA 06 4. MATERIAL E MÉTODOS 09 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 13 5.1 Sobrevivência de plantas 13 5.2 Altura de plantas 14 5.3 Diâmetro à altura do peito e área basal 16 5.4 Projeção futura de madeira para serraria 19 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 21 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 23

4 1. RESUMO A demanda por madeira no Brasil apresenta uma defasagem da ordem de 350 milhões de metros cúbicos. Estudos que objetivem a otimização dos sistemas florestais são necessários, reduzindo assim o desmatamento de espécies nativas e as perdas por fatores climáticos como a geada. Existe a necessidade de saber quais procedimentos técnicos aplicar na cultura após um dano intenso. O Objetivo dessa pesquisa foi verificar como se dá a recuperação por condução de brotação em plantas jovens da espécie de Eucalyptus saligna Smith, após danos causados por condições climáticas de frio geadas de 2013, em uma área de proteção ambiental. O experimento foi em blocos casualizados com 4 tratamentos e 6 repetições em uma população de 404 árvores de E. saligna plantados em novembro de 2012. Os tratamentos foram: 1) decepa a 10 cm do chão e condução de um broto mais vigoroso; 2) decepa a 10 cm do chão e condução de dois brotos mais vigorosos; 3) plantas sem decepa com condução de um broto mais vigoroso e desgalhe dos ramos abaixo deste ramo mais vigoroso; 4) plantas intactas não decepadas e sem condução de brotação, para servir de testemunha. Foi verificado que não houve a influência da forma da condução da brotação e da decepa na sobrevivência das árvores, e que após 16 meses da decepa e 20 meses da condução da brotação, as plantas decepadas recuperaram-se em altura em relação às não decepadas, bem como não houve diferenças significativas para o diâmetro à altura do peito e área basal. Tais resultados sugerem que plantas decepadas a 10 cm do chão podem recuperar-se em um ano, quando comparadas às que não sofreram decepa, o que pode representar uma boa alternativa, já que os ramos conduzidos a partir de 10 cm do chão não apresentam as falhas oriundas do rebrote ou dos danos diretos da geada, como podridão no cerne, calos e tortuosidades do fuste que podem afetar a qualidade da madeira. PALAVRAS CHAVE: Eucalyptus saligna, danos por geadas, decepa, condução de brotação.

5 2. INTRODUÇÃO No Brasil, existe uma demanda anual de madeira para finalidades diversas na ordem de 350 milhões de metros cúbicos e a produção de florestas plantadas atingia, no início do século XX, 90 milhões de metros cúbicos (SILVA et al.,2005). Em 2013 a quantidade de madeiras extraídas na silvicultura no Brasil atingiu 130,8 milhões de metros cúbicos (BRASIL, 2015). O plantio de Eucalyptus saligna Smith, de acordo com Silva et al. (2005) é indicado inclusive em áreas sujeitas a geadas leves. No entanto nenhuma região do Estado do Paraná está livre de geadas, bem como estas podem ocorrer esporadicamente de forma mais severa. Assim, o plantio do gênero de Eucalyptus que podem estar mais suscetíveis às geadas se torna um risco. Desta forma, oferecer uma possibilidade de recuperação de plantações acometidas por geada pode significar uma forma de segurança ao investidor em reflorestamento por eucalipto. O objetivo geral do presente trabalho foi verificar como se dá a recuperação por condução de brotação em plantas jovens da espécie de E. saligna, que foram acometidas por danos advindos de condições climáticas de frio geadas do ano de 2013, em uma área de proteção ambiental (APA). Os objetivos específicos deste trabalho foram: Avaliar a severidade das intempéries (geadas) sobre as plantas. Estabelecer as diferentes formas de tratamento para a condução da brotação das árvores afetadas pelas geadas. Verificar como ocorre a recuperação das árvores com e sem condução de brotos. As hipóteses estabelecidas para este estudo foram: H 0 (hipótese nula) Plantas de E. saligna de um ano após o plantio acometidas por geadas, se recuperam de forma a permitir ganho de produtividade independentemente da condução de rebrote. H 1 (hipótese alternativa) - A condução da brotação em E. saligna em plantas de um ano após o plantio acometidas por geadas, possibilita a sua recuperação de forma a permitir ganho de produtividade em relação às plantas que se recuperam sem condução do rebrote.

6 3. REVISÃO DA LITERATURA O gênero Eucalyptus é originário da Austrália, Tasmânia e outras ilhas da Oceania, com mais de 730 espécies reconhecidas pela botânica, mas não mais do que 20 delas utilizadas em plantios em todo o mundo. Em função das características da madeira, o E. saligna é a segunda espécie mais utilizada no Brasil (17%), atrás apenas do E. grandis (55%) (SILVA, et al., 2005). O Eucalipto forma raízes profundas com 20 a 30 metros. Essa capacidade de enraizamento, somada à deposição anual de 15 toneladas de folhas secas por hectare, torna possível trazer a riqueza química das profundidades para a superfície do solo (ANDRADE, 1961). E. saligna, é uma árvore que atinge porte de 30 a 55 m de altura e mais de 2 metros de diâmetro à altura do peito (DAP). Excepcionalmente pode atingir mais de 65 m de altura e 2,5 m de DAP. Com excelente forma do fuste. A copa alcança 1/ 2 a 1/3 da altura total da árvore (IPEF, 2014). É uma espécie que suporta regiões sujeitas a geadas leves (SILVA, et al., 2005). E. saligna pode resistir a temperaturas negativas de -7ºC, suportando a ocorrência de até 8 geadas anuais (FAO, 1981). Segundo informações publicadas pela Food and Agriculture Organization (FAO, 1981), a resistência a geadas é influenciada pela idade, pois a temperatura do solo é mais baixa (2 a 3ºC) do que alguns metros mais acima, e na medida em que a planta cresce, os tecidos cambiais ficam protegidos por uma camada cada vez mais grossa da casca, e assim plantas com mais de dois anos tendem a resistir mais ao frio. Ainda de acordo com a FAO (1981), a ocorrência de geadas no outono ou na primavera, quando o Eucalyptus está em crescimento ativo, provocam mais danos à cultura do que no meio do inverno. Áreas de plantio de Eucalyptus podem ser conduzidas sob dois regimes: alto fuste e talhadia. O alto fuste é o regime em que a regeneração do povoamento é alcançada a partir de sementes, enquanto que no regime de talhadia, o maciço florestal se regenera por brotação das touças após a decepa das plantas em idade produtiva. Para que um povoamento florestal possa ser regenerado pelo regime de talhadia, a principal característica que deve possuir a espécie é, evidentemente, a de emitir brotos das touças, que são as partes vivas do vegetal que permanecem no solo após o corte das árvores (COUTO et al., 1973).

Das principais espécies florestais com a característica de emitir brotação após o corte, o maior número pertence à subdivisão Angiospermas (Folhosas), embora algumas espécies da subdivisão Gimnospermas (Coníferas) também possam apresentar esta característica (COUTO et al., 1973). De acordo com Balloni e Silva (1978), o E. saligna possui alta capacidade de rebrote. Isto se deve a existência de protuberâncias, contendo reservas alimentares e gemas dormentes, chamadas de lignotuber, na região do colo de algumas espécies, que conferem às touças uma grande capacidade de produção de brotos adicionais. A ausência do lignotuber em uma determinada espécie, não impossibilita que a mesma tenha uma intensa e vigorosa brotação. Entretanto, em condições adversas de solo e clima, estas protuberâncias passam a ter uma importância bastante grande na manutenção dos altos índices de sobrevivência da touça (BALLONI e SILVA, 1978). O estudo de Ferrari et al. (2005), demonstrou que a capacidade de brotação de E. saligna variou de 41,4 a 96 % após 60 dias de decepa de plantas em idade produtiva. De acordo com a publicação da FAO (1981), a capacidade dos eucaliptos de brotar vigorosamente da cepa, significa que as perdas aparentemente catastróficas podem ser recuperadas em um tempo relativamente curto. Higa et al. (2000), definem que a capacidade de um indivíduo voltar ao normal após ter sido danificado, ou ainda a capacidade de recuperação de uma planta após ter sido exposta a fatores adversos é chamada de resiliência. Couto et al. (1973) realizaram um experimento com condução de rebrote (com um, dois e três brotos) de E. saligna em plantas decepadas após 5 anos de vida e obtiveram como resultados: que a sobrevivência das touças não dependeu do número de brotos, o maior volume de madeira foi obtido pela condução de dois brotos, o volume de lenha fina foi maior quanto maior eram os números de brotos, a brotação com maior diâmetro foi obtida quanto menor o número de brotos, a altura média das brotações não sofreu influência do número de brotos, o volume real de madeira útil sem casca foi maior nos tratamentos com dois e três brotos e recomendaram o tratamento de condução de dois brotos por obter maior produtividade e maior diâmetro da madeira. Cacau et al. (2008) em um experimento com um povoamento do clone 58 de eucalipto, híbrido de E. camaldulensis x E. grandis, com decepa aos 9 e 12 meses e recomendaram a decepa de plantas jovens para o manejo da cultura do eucalipto, em sistemas agroflorestais, com a finalidade de madeira de dimensões reduzidas, em rotações mais curtas. Também recomendaram a decepa precoce de plantas que podem 7

ter sofrido algum dano a fim de manter a produtividade e não indicaram a desbrota quando se realiza a decepa de plantas jovens. Ferraz e Coutinho (1984), analisaram os efeitos da geada de 1975 em Salto de Pirapora SP sobre E. saligna de dois anos de idade plantadas por sementes e concluíram que plantas com 9 cm ou mais de DAP não sofreram alterações que prejudicassem comercialmente a madeira e sugerem melhoramento genético da espécie e seleção de indivíduos resistentes ao frio, já que plantas dominantes e co-dominantes não tiveram danos importantes com aquelas geadas. 8

9 4. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado com 404 árvores de E. saligna jovens, na Fazenda Experimental Canguiri da Universidade Federal do Paraná UFPR, localizada no município de Pinhais, Paraná, onde o clima da região é o cfb (temperado com precipitação de origem oceânica), sem estação seca, com verões frescos e inverno moderado, conforme a classificação de Köppen, em altitude de aproximadamente de 934,6 m e com precipitação média anual de 1400 a 1600 mm. Cartograficamente localizada a 25 25'40'' de latitude Sul e 49 16'23'' de longitude Leste. O plantio de E. saligna ocorreu na primeira quinzena de novembro de 2012 em um espaçamento de 2 m entre plantas e 3 m entre linhas, e realizado a adubação diretamente na cova com 40g por planta de NPK da marca Basacote Plus 6M 15-08-12 de liberação controlada em 6 meses, além de hidrogel, utilizado para manutenção da hidratação das raízes em caso de períodos sem chuva muito longos. As mudas foram coroadas sistematicamente para remoção das plantas daninhas e as plantas que morreram ou sofreram danos severos foram substituídas até janeiro de 2013. A área sofreu várias geadas consecutivas e intermitentes durante o inverno de 2013 e as plantas jovens tiveram danos severos, algumas inclusive com perda total das folhas. De acordo com os dados do Sistema Meteorológico do Paraná (SIMEPAR), a região passou por cinco períodos com temperaturas abaixo dos 5ºC entre maio e setembro de 2013 (figura 1), nos quais foram registrados 15 dias com geadas, e em três dias desse inverno foram registradas temperaturas negativas: 23 de julho (-1ºC), 24 de julho (-3ºC) e 28 de agosto (-1ºC). No mesmo período, porém no ano de 2014 foram observados também cinco períodos com ocorrências de temperaturas abaixo de 5ºC (figura 1), porém mais curtos e não foram registradas temperaturas negativas, com ocorrência de 5 dias com geadas, mais leves do que 2013.

Figura 1 Gráficos com temperaturas mínimas registradas na estação meteorológica de Pinhais- PR, da Fazenda Canguiri, no período entre 1 de maio e 30 de outubro de 2013 e no mesmo período em 2014. Fonte dos dados: Sistema Meteorológico do Paraná (SIMEPAR). 10 O experimento foi delineado em blocos ao acaso, com 4 tratamentos em 6 repetições, com 16 a 22 plantas por tratamento. Os tratamentos foram: 1) decepa a 10 cm do chão e condução de um broto mais vigoroso; 2) decepa a 10 cm do chão e condução de dois brotos mais vigorosos; 3) plantas sem decepa com condução de um broto mais vigoroso e desgalhe dos ramos abaixo deste ramo mais vigoroso; 4) plantas intactas não decepadas e sem condução de brotação, para servir de testemunha. Todo o experimento foi planejado e conduzido com bordadura dupla para as árvores destinadas à avaliação. A decepa das plantas dos tratamentos 1 e 2 ocorreu no dia 2 de novembro de 2013 com serrote comum afiado, com dentição de 3 mm. Também neste dia ocorreu a avaliação das plantas com a medição da altura e diâmetro a 10 cm do chão. De 16 a 20 de dezembro de 2013, foi feito o coroamento de todas as plantas de todos os tratamentos, roçada do espaço entre as plantas e entre as linhas, bem como a adubação em covetas laterais a 25 cm do caule de 12 g de N, 30 g de P 2 O 5 e 30 g de K 2 O (NPK 8-20-20-150g por planta).

A condução da brotação (desbrote para os tratamentos 1, 2 e 3), foi antecedida de roçada das plantas daninhas e ocorreu no dia 2 de março de 2014, realizada com tesoura de poda e serrinha de ferro para os ramos mais espessos. Nesta data também foi avaliada a quantidade de plantas mortas desde a decepa. Em maio de 2014 todo o experimento recebeu adubação a lanço: uréia (90 kg/ha -1 de N), fosfato reativo de rocha (com 56 kg/ha -1 de P 2 O 5 ) e cloreto de potássio KCl (com 120 kg/ha -1 de K 2 O). Durante todo o experimento as parcelas foram roçadas com uma roçadeira costal (entre plantas), e roçadeira tracionada por trator (entre linhas) sempre que necessário no sentido de diminuir a intensidade de competição com as plantas daninhas. As plantas mais baixas foram cuidadas manualmente no sentido de protegê-las da competição com plantas daninhas, especialmente as do gênero Ipomea. Em 21 de junho de 2014 foi tomada a altura das plantas, utilizando-se trena métrica comum e uma vara telescópica de pescar demarcada para plantas mais altas. Nesta data não foi avaliado o diâmetro à altura do peito (DAP), pois muitas plantas ainda estavam baixas para este procedimento. Em 15 de novembro de 2014, 18 de março de 2015 e 24 de julho de 2015, foram avaliados a altura de plantas e o perímetro de plantas a 1,30 m do chão, que permitiu calcular o DAP e a área basal (AB). O DAP consiste na medida do diâmetro a 1,30m do chão e a AB é o resultado do cálculo feito a partir da área seccional a 1,30m do chão, considerando a soma das áreas seccionais de todas as árvores em um hectare. Em Dezembro de 2014, ocorreu a homogeneização do experimento, sendo mantido somente um caule por árvore em todos os tratamentos, como também todas as árvores foram desramadas até a altura máxima de 3 metros, com o cuidado de desramar somente até no máximo 50% da altura da planta, e após isso, no dia 17 de dezembro de 2014, foi feita adubação a lanço em toda a área experimental: uréia com 45% de Nitrogênio (400 kg/ha -1 ), fosfato simples com 18% de fósforo (200 kg/ha -1 ) e cloreto de potássio (200 kg/ha -1 ). Com auxílio do software SisSaligna (EMBRAPA, 2015) foi realizada uma simulação de projeção futura (para 10 anos) de produção das árvores plantadas, com intenção de uso da colheita para serraria, a fim de verificar diferenças possíveis de rendimento de 11

acordo com a situação atual das árvores dentro de cada tratamento dado neste experimento. Os dados de percentual de sobrevivência, diâmetro a 10 cm do chão, DAP, AB, altura das plantas e volume de produção futura para serraria e energia foram tratados com o programa estatístico Statistica, com análise de variância (ANOVA) e teste de comparação das médias (teste de Tukey), com valores de significância considerados com p<0,05. 12

13 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na avaliação inicial das plantas acometidas por geada, antes do início do experimento, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas para a altura de plantas (p = 0,989303), para o diâmetro a 10 cm do chão (p = 0,976125) e para área basal a 10 cm do chão (p = 0,994434), havendo assim uma condição homogênea entre as plantas no início das avaliações, com 1,46m de altura média de plantas, 2,64 cm de diâmetro médio a 10 cm do chão e 0,99 m 2 /ha -1 de área basal. 5.1 Sobrevivência de plantas Após um ano de experimento, para o percentual de sobrevivência de plantas (tabela 1) não houve diferenças significativas entre os tratamentos (p = 0,095276), o que sugere que a mortalidade por decepa de plantas para E. saligna não é um fator limitante quando se pretende conduzir a brotação. Segundo Balloni e Silva (1978) E. saligna possui alta capacidade de rebrote, devido à existência de protuberâncias, contendo reservas alimentares e gemas dormentes, chamadas lignotuber, que conferem à espécie uma grande capacidade de produção de brotos adicionais, o que a torna resiliente às intempéries. Conforme a publicação da FAO (1981), a capacidade dos eucaliptos de brotar vigorosamente da cepa, significa que as perdas aparentemente catastróficas podem ser recuperadas em um tempo relativamente curto. A sobrevivência média de 95,68% encontrada em todo o experimento está de acordo com os resultados de Ferrari et al. (2005), que encontraram capacidade de brotação de eucaliptos decepados variando de 41,4 a 96%. Tabela 1 Percentual de sobrevivência de E. saligna em tratamento com plantas decepadas a 10 cm do chão e não decepadas e conduzidas com um ou dois brotos mais vigorosos. Tratamento Sobrevivência (%) 1 plantas decepadas e condução do ramo mais vigoroso 93,03 2 plantas decepadas e condução de dois ramos mais vigorosos 91,67 3 plantas não decepadas e condução do ramo mais vigoroso 100,00 4 plantas não decepadas e sem condução de brotação 98,03 Média dos tratamentos 95,68

14 5.2 Altura de plantas Na segunda avaliação (junho/2014), após oito meses da decepa e após quatro meses da condução da brotação, ocorreram diferenças significativas para altura de plantas entre os tratamentos (tabelas 2 e 3), o que se esperava, já que as plantas que não foram decepadas emitiram brotos a partir de uma altura maior, além de sofrer menor competição com plantas daninhas. As plantas deixadas como testemunhas (sem decepa e sem condução de brotação) diferiram das plantas decepadas, no entanto tiveram altura semelhante estatisticamente às plantas não decepadas e que foram desramadas para condução da brotação. Tabela 2 Resultado da análise de variância da altura de plantas após oito meses da decepa e após quatro meses da condução de brotação. Altura de plantas Graus de liberdade SQ QM F p Bloco 5 53566 10713,14 0,656068 0,661826 ns Tratamento 3 261074 87024,51 5,329344 0,010620 * Erro 15 244940 16329,31 Total 23 3341124 * significativo a 5% ns não significativo Tabela 3 Resultado do teste de tukey para análise de variância das médias de altura de plantas após oito meses da decepa e após quatro meses da condução de brotação. Tratamento Média de altura de plantas (cm) 1 plantas decepadas e condução do ramo mais vigoroso 260,96 b 2 plantas decepadas e condução de 2 ramos mais vigorosos 221,87 b 3 plantas não decepadas e condução do ramo mais vigoroso 397,46 ab 4 plantas não decepadas e sem condução de brotação 481,46 a Médias seguidas da mesma letra minúscula, não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Na terceira avaliação (novembro/2014), foi observada a recuperação na altura das árvores que foram decepadas, com diferenças não significativas entre estas e as que não foram decepadas (tabela 4).

Altura de plantas (m) 15 Tabela 4 Resultado da análise de variância da altura de plantas após doze meses da decepa e após oito meses da condução de brotação. Altura de plantas Graus de liberdade SQ QM F p Bloco 5 66780 13356,05 0,502799 0,769637 ns Tratamento 3 149109 49702,84 1,871101 0,177842 ns Erro 15 398451 26563,42 Total 23 8501973 * significativo a 5% ns não significativo Na quarta e quinta avaliação (março e julho de 2015), da mesma forma que na terceira avaliação também não foram encontradas diferenças significativas entre os tratamentos para altura de plantas (dados não demonstrados por terem valores com padrão muito semelhante à avaliação de 15.11.2014). Tais resultados sugerem que as plantas de E. saligna decepadas podem recuperar-se rapidamente em altura, quando comparadas às que não sofreram decepa, como é possível visualizar na figura 2. Figura 2 Curva de crescimento de plantas em 20 meses. Av. 1 = avaliação inicial em 02.11.2013; Av. 2 = avaliação em 21.06.2014; Av. 3 = avaliação em 15.11.2014; Av. 4 = avaliação em 18.03.15; Av. 5 = avaliação final em 24.07.2015. 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 Decepa Condução da brotação 02/03/14 2,0 0,0 02/11/13 Av. 1 21/06/14 Av. 2 15/11/14 Av. 3 18/03/15 Av. 4 24/07/15 Av. 5 trat 1: y = 9E-60e 0,003x R² = 0,935 trat 2: y = 1,1696x - 48566 R² = 0,7548 trat 3: y = 1E-56e 0,0032x R² = 0,7568 trat 4: y = 1,6016x - 66472 R² = 0,9484 A fim de verificar a velocidade de recuperação na altura de plantas foi calculada a razão entre a altura final (AP5) e a altura de 4 meses após a condução da brotação (AP2), pela fórmula AP5/AP2, que mostrou como as plantas decepadas e conduzidas podem se recuperar em relação às que não foram decepadas (tabelas 5 e 6). Os resultados

16 mostraram que a velocidade de recuperação em altura foi significativamente maior nos tratamentos 1 e 2 (quase quatro vezes a altura de 4 meses após a condução da brotação), do que nas plantas deixadas como testemunhas (tratamento 4) Tabela 5 Resultado da análise de variância da recuperação da altura de plantas entre a avaliação final após 16 meses da condução da brotação (AP5) e a avaliação de 4 meses após a condução de brotação (AP2). Recuperação da altura de plantas Graus de liberdade SQ QM F p Bloco 5 2,3147 0,462945 1,002979 0,449284 ns Tratamento 3 9,3289 3,109644 6,737102 0,004253 * Erro 15 6,9235 0,461570 Total 23 290,9413 * significativo a 5% ns não significativo Tabela 6 Resultado do teste de tukey para análise de variância da razão entre a altura de plantas na avaliação final após 16 meses da condução da brotação (AP5) e a avaliação de 4 meses após a condução de brotação (AP2). Tratamento Recuperação média da altura de plantas (razão AP5/AP2) 1 plantas decepadas e condução do ramo mais vigoroso 3,97 a 2 plantas decepadas e condução de dois ramos mais vigorosos 3,94 a 3 plantas não decepadas e condução do ramo mais vigoroso 3,04 ab 4 plantas não decepadas e sem condução de brotação 2,50 b Médias seguidas da mesma letra minúscula, não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 5.3 Diâmetro à altura do peito e área basal Para a primeira avaliação possível do DAP e da AB, em 15 de novembro de 2014, assim como para altura de plantas, os dados não apresentaram diferenças significativas (tabelas 7 e 8). Essa configuração de resultados se repetiu nas duas avaliações subsequentes (março e julho de 2015 dados não demonstrados por terem valores com padrão muito semelhante à avaliação de 15.11.2014), apresentando resultados de p>0,05 entre os tratamentos com e sem decepa. Tabela 7 Resultado da análise de variância do diâmetro à altura do peito (DAP) após doze meses da decepa e após oito meses da condução de brotação.

17 Diâmetro à altura do peito (DAP) Graus de liberdade SQ QM F p Bloco 5 2019,31 403,862 0,752378 0,597210 ns Tratamento 3 3801,66 1267,220 2,360779 0,112446 ns Erro 15 805170 536,780 Total 23 86383,64 * significativo a 5% ns não significativo Tabela 8 Resultado da análise de variância da área basal (AB = área de seção de plantas por hectare a 1,30 m do chão) após doze meses da decepa e após oito meses da condução de brotação. Área Basal (AB) Graus de liberdade SQ QM F p Bloco 5 26,1683 5,23366 0,689283 0,639149 ns Tratamento 3 65,5385 21,84617 2,877182 0,070929 ns Erro 15 113,8936 7,59291 Total 23 559,3323 * significativo a 5% ns não significativo A recuperação em relação ao DAP e à AB ao longo do experimento não se mostrou tão expressiva quanto a que ocorreu com a altura de plantas, como pode ser observado nas figuras 3 e 4, com valores de R 2 abaixo de 0,70, o que denota que o ganho no diâmetro de plantas é mais lento, sugerindo que o tempo de avaliação ao qual foi possível verificar DAP e AB ainda é curto, embora as diferenças entre os tratamentos não sejam significativas (p>0,05). Figura 3 Curva de crescimento do diâmetro à altura do peito (DAP) de plantas em 8 meses. Av. 3 = avaliação em 15.11.2014; Av. 4 = avaliação em 18.03.15; Av. 5 = avaliação final em 24.07.2015.

AB (m 2 /ha -1 ) DAP (mm) 18 160,0 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 15/11/14 Av. 3 18/03/15 Av. 4 24/07/15 Av. 5 trat 1: y = 2E-51e 0,002x R² = 0,618 trat 3: y = 7E-43e 0,002x R² = 0,182 trat 2: y = 1E-41e 0,002x R² = 0,414 trat 4: y = 0,163x - 6805, R² = 0,712 Figura 4 Curva de crescimento da área basal (AB) de plantas/hectare em 8 meses. Av. 3 = avaliação em 15.11.2014; Av. 4 = avaliação em 18.03.15; Av. 5 = avaliação final em 24.07.2015. 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 15/11/14 Av. 3 18/03/15 Av. 4 24/07/15 Av. 5 trat 1: y = 5E-10e 0,005x R² = 0,618 trat 2: y = 2E-85e 0,004x R² = 0,414 trat 3: y = 6E-88e 0,004x R² = 0,182 trat 4: y = 0,037x - 1554, R² = 0,738 Quando calculada a razão entre a última e a primeira avaliação de DAP e AB (tabela 9), é possível verificar que o tratamento 1 apresenta maior ganho tanto em DAP

como em AB, porém não significativo, com resultados com valores de p maiores do que os adotados neste trabalho (DAP3/DAP1 valor de p = 0,069256 e AB3/AB1 valor de p = 0,086453). Na tabela 9 também é possível observar que no tratamento 2 os valores são próximos aos encontrados nos tratamentos 3 e 4, o que provavelmente ocorreu devido ao fato de que as plantas que foram conduzidas com dois brotos tiveram o seu caule menos vigoroso retirado em dezembro de 2014 a fim de homogeneizar todo o experimento, o que implicou em menor ganho de DAP e AB. Tabela 9 Razão entre DAP e AB da avaliação final e da primeira avaliação possível de DAP e AB. 19 Tratamento DAP3/DAP1 AB3/AB1 1 plantas decepadas e condução do ramo mais vigoroso 2,06 4,26 2 plantas decepadas e condução de dois ramos mais vigorosos 1,80 3,27 3 plantas não decepadas e condução do ramo mais vigoroso 1,87 3,62 4 plantas não decepadas e sem condução de brotação 1,65 2,73 5.4 Projeção futura de madeira para serraria Com auxílio do software SisSaligna (EMBRAPA, 2015) foi realizada uma simulação de projeção futura (para 10 anos) de produção das árvores plantadas, com intenção de uso da colheita para serraria, a fim de verificar diferenças possíveis de rendimento de acordo com a situação atual das árvores dentro de cada tratamento dado neste experimento. Os volumes projetados para 10 anos para o uso em serraria dentro de cada tratamento encontram-se na tabela 10. Para os tratamentos 3 e 4, foi descontado a altura média das plantas quando da ocasião dos danos por geadas para o cálculo do volume final. Não houveram diferenças significativas entre os tratamentos (p = 0,478822), nem mesmo quando foi considerado o volume total de aproveitamento das árvores (p = 0,242918) para energia e serraria. O tratamento 2 apresentou volume projetado menor (porém não significativo), pelo fato de que as plantas que foram conduzidas com dois brotos tiveram o seu caule menos vigoroso retirado em dezembro de 2014 para homogeneizar todo o experimento, o que implicou em menor DAP e AB e consequentemente menor volume projetado para serraria. Como na última avaliação a velocidade de crescimento em altura, DAP e AB apresenta-se maior nos tratamentos com decepa e condução da brotação (tratamentos 1 e 2) em relação aos demais, a projeção em uma fase em que essa velocidade se equipare em todos os tratamentos poderá demonstrar um resultado mais próximo do real.

Tabela 10 Volume de produção para serraria projetado para 10 anos de acordo com a condição atual das plantas, obtido pelo software SisSaligna (EMBRAPA, 2015). 20 Tratamento Volume (m 3 /ha -1 ) 1 plantas decepadas e condução do ramo mais vigoroso 394,5 2 plantas decepadas e condução de dois ramos mais vigorosos 260,9 3 plantas não decepadas e condução do ramo mais vigoroso 324,5 4 plantas não decepadas e sem condução de brotação 408,5

21 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como não foram encontradas diferenças para altura de plantas, DAP e área basal, houve a confirmação da hipótese alternativa do presente estudo de que a condução da brotação em E. saligna em plantas jovens, com um ano após o plantio, acometidas por geadas, possibilita a sua recuperação de forma a permitir ganho de produtividade em relação às plantas que se recuperam sem condução do rebrote, o que pode representar uma boa alternativa, já que os ramos conduzidos a partir de 10 cm do chão não apresentam as falhas oriundas do rebrote ou dos danos diretos da geada, como podridão no cerne, calos e tortuosidades do fuste que afetam a qualidade da madeira. Ainda podem ser levados em consideração, para uma possível decisão de manejo frente a danos em E. saligna, os achados de Ferraz e Coutinho (1984), em que plantas com 9 cm ou mais de DAP, pouco ou nada foram afetadas em termos de qualidade da madeira, por geadas com temperatura de -1ºC, como também as informações da FAO (1981) sobre a resistência a geadas, a qual é influenciada pela idade, pois a temperatura do solo é mais baixa (2 a 3ºC) do que alguns metros mais acima, e na medida em que a planta cresce, os tecidos cambiais ficam protegidos por uma camada cada vez mais grossa da casca, e assim plantas com mais de dois anos tendem a resistir mais ao frio, e o E. saligna pode resistir a temperaturas negativas de -7ºC, suportando a ocorrência de até 8 geadas anuais. HIGA et al. (2000) afirmam que as informações sobre efeitos da geada de longo prazo são escassas, principalmente em eucaliptos, mas que são de grande importância para a tomada de decisões quanto ao futuro de plantações que são afetadas por geadas. As árvores avaliadas no período deste trabalho apresentaram grande resiliência, com a mortalidade de plantas não diferindo estatisticamente entre os tratamentos (95,68% de sobrevivência, em média). Dentre os tratamentos, o que pode ser recomendado para a recuperação de E. saligna plantados em áreas que não são suscetíveis a geadas severas anuais (que ocorrem de forma esporádica) é o tratamento 1, com a decepa das plantas a 10 cm do chão e condução do broto mais vigoroso, especialmente por não terem sido encontradas diferenças significativas quando comparado ao tratamento de condução de 2 brotos (tratamento 2) para altura de plantas, DAP e AB, o que apresenta a vantagem de conduzir árvores com fuste único em vez de dois caules.

Como informações sobre efeitos de geadas em longo prazo são escassas, maiores estudos são necessários, a fim de verificar como se dá o desenvolvimento em médio e longo prazo de árvores jovens decepadas acometidas por geadas, com relação ao estabelecimento das raízes, resistência ao vento e novas intempéries de frio intenso, bem como para a qualidade da madeira, não avaliada, por serem os eucaliptos deste experimento ainda novos. 22

23 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, E. N. - 1961 - Eucalipto. 2 ed., Jundiaí, Companhia Paulista de Estradas de ferro. 667p. Disponível em: http://www.ipef.br/publicacoes/navarro/. Acesso em: 04.03.2014. BALLONI, E.A.; SILVA, A.P. Condução de touças de Eucaliptus: resultados preliminares. Boletim informativo IPEF. Piracicaba, v.6, n.16, B12 B8. 1978. Disponível em: http://www.ipef.br/publicacoes/boletim_informativo/bolinf16.pdf. Acesso em: 04.03.2014. BRASIL. Projeções do agronegócio: Brasil 2014/15 a 2024/25 - Projeções de Longo prazo. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília. 6 ed. 2015. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/projecoes_do_agronegocio_2025_web.pdf. Acesso em: 25.09.2015. COUTO, H.T.Z. et al. Condução da brotação de Eucalyptus saligna Smith*. IPEF n.7, p.115-123, 1973. EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. SisSaligna. Softwares para manejo de precisão e análise econômica de florestas plantadas. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em: https://www.embrapa.br/florestas/transferencia-de-tecnologia/softwaresflorestais. Acesso em 25.10.2015. FERRARI M.P.; FERREIRA, C.A.; SILVA, H.D. Condução de plantio de Eucaliptus em sistema de talhadia. Colombo. Embrapa florestas. 2005. FERRAZ, E.S.B.; COUTINHO, A.R. Efeitos da geada na madeira de Eucalyptus saligna. IPEF n.28, p.57-62, dez.1984. Disponível em: http://www.ipef.br/publicacoes/scientia/nr28/cap06.pdf. acesso em: 09.05.2015. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS - FAO. El eucalipto en la repoblacion forestal. Roma, 1981.723p. Disponível em: http://www.fao.org/3/a-ac459s.pdf. Acesso em 22.07.2015. HIGA, R.C.V. et al. Resistência e resiliência a geadas em Eucalyptus dunnii Maiden plantados em Campo do Tenente, PR. Boletim de Pesquisa Floretal. Colombo, n. 40, jan./jun. 2000 p.67-76. Disponível em: http://www.alice.cnptia.embrapa.br/handle/doc/280582. Acesso em 09.05.2015. IEF, 2013. Áreas de proteção ambiental. Instituto estadual de florestas. Minas Gerais. 2013. Disponível em : http://www.ief.mg.gov.br/component/content/article/117. Acesso em: 10.03.2013. IPEF, 2014. Eucaliptus saligna Sm. Identificação de espécies florestais. Instituto de pesquisas e estudos florestais. Disponível em: http://www.ipef.br/identificacao/cief/especies/saligna.asp. Acesso em 04.03.2014. SILVA, H.D. et al. Trabalhador em reflorestamento: cultivo de eucalipto. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - Paraná. Curitiba, 2005.