CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL E LEVANTAMENTO DO USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO RECREIO DOS BANDEIRANTES - RJ

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Transcrição:

CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL E LEVANTAMENTO DO USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO RECREIO DOS BANDEIRANTES - RJ Tamires Silva de Assunção (1) ;Tamiris Pereira Ferreira (1) ; Jeferson Ambrósio Gonçalves (2) e Sonia Cristina de Souza Pantoja (3) (1) Graduando em Ciências Biológicas, Núcleo de Meio Ambiente (NMA), Laboratório de Botânica, Universidade Castelo Branco, Av. Santa Cruz, 1631, Realengo, Rio de Janeiro, RJ CEP 21.710-250. tamiresmil@hotmail.com. (2) Graduando em Ciências Biológicas, Bolsista de Sistemática de Angiospermas Escola de saúde e Meio Ambiente, Laboratório de Botânica, NMA (Núcleo de Meio Ambiente). Universidade Castelo Branco, AV. Santa Cruz, 1631, Realengo, Rio de Janeiro, RJ CEP 21.710-25. jefersonjheambrosio@hotmail.com. (3) Professor assistente/pesquisador MSc, Escola da saúde e Meio Ambiente, Laboratório de Botânica, Universidade Castelo Branco, AV. Santa Cruz, 1631, Realengo, Rio de Janeiro, RJ CEP 21.710-250. soniapantojarj@gmail.com. Eixo temático: Educação Ambiental. RESUMO O homem e a natureza precisam estar integrados pela sua saúde depender de um ambiente saudável, porém a falta de conhecimento e conscientização ambiental da população comprometeu o meio ambiente. Um dos recursos utilizados pelo homem para cura de enfermidades com base em conhecimento popular são as plantas, podendo estas ser tóxica, porém, parte da população desconhece o fato pela falta de conscientização ambiental. Assim o presente estudo tem finalidade não só o levantamento do conhecimento público sobre a utilização das plantas medicinais como também a conscientização ambiental através de seu uso para prevenção da saúde. O estudo foi realizado na zona oeste do Rio de Janeiro, praia do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes, RJ. Foram realizadas 105 entrevistas com frequentadores utilizando um questionário préelaborado. Os resultados demonstram que ainda há uma intensa utilização das plantas medicinais, pois 60 % dos entrevistados afirmaram utilizar as plantas medicinais, também conhecendo outros usuários. 35% dos entrevistados relataram que fazem o uso para a cura de doenças simples e 22 % afirmam que as plantas medicinais são mais eficientes que os fitofármacos. Palavras-chave: Fitoterapia. Saúde. População. Zona Oeste. ABSTRACT Man and nature need to be integrated for their health depends on a healthy environment, yet the lack of knowledge and environmental awareness of the population committed the environment. One of the resources used by man to cure diseases based on popular knowledge are plants, these can be toxic, however, the population is unaware of the fact because of the lack of environmental awareness. So the purpose of this study is not only raising public awareness of the usage of medicinal plants but also the environmental awareness through their use for health prevention. The study was conducted in the west of Rio de Janeiro, Pontal beach in Recreio, Rio de Janeiro. 105 interviews with attendees using a pre-prepared

questionnaire were conducted. The results show that there is an intense use of medicinal plants, as 60% of respondents said they use medicinal plants, also knowing other users. 35% of respondents reported that they are using them to cure simple ailments and 22% say that medicinal plants are more efficient than phytopharmaceuticals. Key words: Phytotherapy. Health. Population. West Zone. Introdução A conscientização ambiental envolve importância fundamental na atualidade, considerando que as mudanças e danos ambientais afetam o processo da saúde humana, tornando saúde e ambientes dependentes um do outro (VARGAS e OLIVEIRA, 2007). Fica evidente a importância da conscientização ambiental dos cidadãos para que desempenhem um papel responsável e conservem o ambiente (REIS, SEMÊDO e GOMES, 2012). Afirma Arraes, Mariano e Simonassi (2012), que os incêndios, corte de árvores, interesses agropecuários e fenômenos naturais contribuem para redução das florestas no mundo, causando um alto índice de desmatamento das florestas para fins comerciais. Diz Reis, Semêdo e Gomes, (2012) que essa atitude da população ocorre por conta do desconhecimento e falta de conscientização sobre o meio ambiente. Um recurso do meio ambiente que vem sendo amplamente explorado pelo homem são as plantas medicinais, utilizadas por cerca de 80 % da população atual, para o tratamento de enfermidades (FIRMO et al., 2011). A exploração das plantas medicinais vem de muito tempo, os indígenas já faziam uso dos vegetais em forma de chá ou banhos para tratamento e prevenção de algumas doenças (CAMPELO e RAMALHO, 1989). Entretanto a utilização das plantas pela população realizada com base em conhecimento empírico pode trazer prejuízo à saúde não apenas benefícios (SANTOS, LIMA e FERREIRA, 2008). Material e métodos O presente estudo foi realizado pelos alunos do projeto Medicina Verde coordenado pela professora Sonia Pantoja, no núcleo de pesquisa de meio ambiente (NMA) da Universidade Castelo Branco situada em Realengo. Por ocasião do movimento Praia Limpa na praia do Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro, com a finalidade de educação ambiental, foram aplicados questionários semiestruturados com objetivo de realizar o levantamento do uso de plantas medicinais pelos frequentadores da praia, como adquiriram o conhecimento e como obtêm as plantas. Foram entrevistados 105 banhistas e frequentadores da praia do Recreio, as entrevistas ocorreram aleatoriamente do posto 10 ao 12, tomando-se o cuidado de abordar pessoas na calçada, parte superior da areia e na proximidade da água, os questionários continham perguntas sobre a condição socioeconômica, o conhecimento e uso de plantas medicinais, além da conscientização e preservação de flora nativa.

Resultados e Discussão Foram entrevistadas 105 pessoas entre 16 e 72 anos, sendo o maior percentual os 22,86% dos entrevistados tinham entre 40 e 50 anos de idade, 24,76% dos entrevistados não informaram sua idade, conforme gráfico 1. O gráfico 2 demonstra que não foram entrevistados turistas do exterior, no entanto 18,10% eram turistas brasileiros e 57,14% eram frequentadores da praia. Gráfico 1 Faixa etária dos entrevistados Gráfico 2 Banhistas O gráfico 3 mostra que os maiores percentuais de nível de escolaridade compreendendo 32,38% com o 2º grau completo e 28,57% com o ensino superior completo, seguido por 14,29% com o ensino superior incompleto. Gráfico 3 Escolaridade dos entrevistados

Quanto ao poder aquisitivo familiar dos entrevistados foram levantados os seguintes números, 38,10% diz ter duas pessoas trabalhando na família, 26,67% diz ter apenas uma pessoa trabalhando na família, 15,24% ter três pessoas trabalhando e 8,57% ter mais de três pessoas trabalhando (Gráfico 4). Tendo assim, 40% dos entrevistados com renda familiar de mais de três salários mínimos, 20% com renda de um a dois salários mínimos, 19,05% com rendimentos de dois a três salários mínimos e 9,52% recebendo até um salário mínimo (Gráfico 5). Deixam de responder as questões de número de trabalhadores na família e renda familiar 11,43% dos entrevistados. Gráfico 4 Número de pessoas que trabalham na família Gráfico 5 Renda Familiar PESSOAS QUE TRABALHAM NA FAMÍLIA 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 0 1 Em relação a tratamento médico, 74,29% pessoas relataram não realizar nenhum tipo de tratamento médico relacionado a alguma doença, entretanto 6,67% dos entrevistados relataram fazer acompanhamento para diabetes e igual número relatou ter hipertensão arterial, 4% dos entrevistados disseram fazer tratamento para outras doenças e 6,67% não responderam esta questão (Gráfico 6). Disseram não tomar medicação diariamente 64,76% dos entrevistados e 1,90% deixou de responder se fazia uso de algum medicamento diariamente. Entretanto dos que fazem uso diariamente de alguma medicação, 22,86% faz uso de apenas uma medicação diariamente, 4,76% usam dois medicamentos, 3,81% faz uso de mais de três medicamentos e 1,90% faz uso de três medicamentos diários (Gráfico 7). Gráfico 6 Pessoas que trabalham na família

Gráfico 7 Uso de medicação diária Sobre o uso de plantas medicinais, 34,78% afirmaram fazer uso e 26,09% com pouca frequência, porém 19,13% alegaram não ter o hábito de utilizar plantas medicinais e 6,96% disseram nunca ter utilizado (Gráfico 8). O que levou ao uso de plantas medicinais, lembrando que neste item poderia ser marcada mais de uma opção, foi doença simples com 43,21% de respostas, demonstrando que a maior parte dos entrevistados prefere recorrer ao uso de formas naturais para algum tipo de indisposição ou mal-estar, 27,16% dizem ser mais acessível que os fitofármacos (Gráfico 9). Gráfico 8 Uso de plantas medicinais Gráfico 9 Motivo que levou usar as plantas medicinais. A obtenção das plantas medicinais pelos entrevistados se dá em 45,57% na compra, 34,18% tem suas residências, 18,99% consegue com alguém e 1,27% por outros meios. Trinta e um entrevistados não responderam esta pergunta (Gráfico 10). Quando perguntados com quem teriam aprendido o uso de plantas medicinais obtivemos o seguinte, 81,94% disseram ter aprendido com parentes, 8,33% com amigos, 2,78% com curandeiros, 1,27% em revistas e 5,56% com outros meios, observando que 34 entrevistados não responderam essa questão (Gráfico 11).

Gráfico 10 Como adquire a planta medicinal Gráfico 11 Com quem aprendeu De acordo com o gráfico 12 cerca de, 57,14% dos entrevistados conhecem mais pessoas que utilizam plantas medicinais e 25,71% não conhecem outras pessoas que fazem uso e 17,14% não responderam. O gráfico 13 indica que 38,10% pessoas possuem plantas medicinais em suas residências, 56,19% não possuem e 5,71% não responderam. Gráfico 12 Se conhecem mais pessoas que utilizam plantas medicinais. Gráfico 13 Se possuem plantas medicinais em casa. A tabela 1 demonstra o nome popular e científico da planta, parte utilizada, modo de preparo, frequência de uso diário, via de administração, quantidade da planta, quantidade do líquido e efeito colateral citado pelos entrevistados.

De acordo com as informações citadas pelos entrevistados em relação a plantas que utilizam e possuem em casa podemos observar na tabela 2. Tabela 1: Citação de uso de plantas medicinais pelos entrevistados. Nome popular Nome científico Cit. Parte utilizada F. De preparo Frq. X dia Via de adm. Qnt da p. Qnt. De líq. Ef. Colateral Boldo Puemus boldus Molina 38 Folha Chá 1 O 3 Folhas X Não Erva cidreira Melissa oficinalis L. 22 Folha Chá 1 O 10g X Não Camomila Matricaria chamomilla L. 11 Folha Chá 3 O 10g C Não Hortelã Mentha spicata L. 6 Folha Chá 1 O ramo X Não Romã Punica granatum L. 6 Capim limão Cymbopogon citratus Stapf Folha e fruto Chá 2 O 10g X Não 5 Folha Chá 1 O 10g Erva doce Foeniculum vulgare Hiil 3 Folha Chá 3 O 10g C Não Gengibre Aroeira Zimgiber officinale Roscoe Schinus terebinthifolius Raddi 3 Raiz 2 Casca caule Suco / chá C / X Não 1 O 3 pedaços C Não Infusão 1 T 200g C Não Chá verde Ageratum conyzoides L. 2 Folha Chá 1 O 100g L Não Chicória Chichorium intybus L. 2 Folha Chá 1 O * X Não Picão Bidens alba DC. 2 Folha Chá * O 2 X Não Abacate Persea americana L. 1 Fruto Cru 3 O 1 C Solta Intestino Agrião Nasturtium officinale R.Br 1 Folha Chá 1 O 5 folhas L Não Água de batata 1 Casca Chá 1 O * C VÔMITO Alecrim Rosmarinus officinalis L. 1 Folha * 1 I * X Não Alho Allium sativum L. 1 Bulbo Chá 1 O 1 dente * Não Arnica Capim santo Lychnophora ericoides Mart. Cymbopogon citratus Stapf. 1 Folha Outro 1 O * L Não 1 Folha Chá 1 O 1 molho X Não Carqueja Baccharis trimera L. 1 Folha Chá 1 O 1 X Não Espinheira santa Maytenus ilicifolia (Schrad.) Planch 1 Folha Chá 1 O 10g C Não Maracujá Passiflora edulis Sims 1 Fruto Suco 3 O 1 L Não Mate Ilex paraguariensis A. St. -Hil 1 Folha Chá 1 O 20g L Não Pitanga Eugenia uniflora L. 1 Folha Chá 1 O 1 * Não

Quebra pedra XIII CONGRESSO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE DE POÇOS DE CALDAS Phyllanthus niruri L. 1 Folha Chá 1 O 5 folhas L Não Serralha Sonchus oleraceus L. 1 Folha Chá 1 O * L Não Sucupira Pterodon emarginatus Vogel 1 Todas * 1 O * X Não Unha de gato Uncaria tomentosa DC. 1 Raiz Chá 1 O 1 X Não Legenda: * Não foi informado X= xícara, C= copo, L= litro; cit.=citações.. Tabela 2 Espécies de plantas medicinais que os entrevistados possuem em casa. NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO Acerola Malpighia emarginata DC. Erva cidreira Melissa oficinalis Alecrim Rosmarinus officinales L. Erva doce Foeniculum vulgare Aroeira Shinus terebenthifolius Raddi Graviola Annona muricata Babosa Aloe vera L. Hortelã Mentha spicata Boldo Peumus boldus Molina Laranjeira Citrus x sinensis Camomila Matricaria chamomilla L. Pimenta Capsicum annuun Capim limão Cymbopogon citratus (DC) Strapf Romã Punica granatum Quebra pedra Phyllanthus niruri L. Saião Kalanchoe schimperiana Citronela Cymbopogon nardus (L.) Rendle - -. Conclusões Abordar o tema da conscientização ambiental é de grande importância nos dias atuais, onde a busca por uma melhor qualidade de vida tornou-se essencial, e esta questão depende, principalmente da relação do homem com o meio ambiente (VARGAS e OLIVEIRA, 2007). O estudo realizado na praia obteve uma grande receptividade dos frequentadores, algumas atitudes estão sendo tomadas em favor do meio ambiente, as pessoas estão mais informadas e conscientes. O uso de plantas medicinais continua nos hábitos dos entrevistados, conhecimentos que foram passados de geração em geração, 60 % dos entrevistados utilizam as plantas medicinais e 60 % conhecem mais alguém que faz uso, 36 % dos entrevistados disseram que compram as plantas, 35 % utilizam para doenças simples e 22% relataram que as plantas medicinais são mais eficientes que os fitofármacos. Com a pesquisa foi possível conscientizar os frequentadores da praia sobre a importância da preservação e os benefícios do meio através da utilização das plantas medicinais. Referências ARRAES, R. A.; MARIANA, F.Z.; SIMONASSI, A. G. Causas do Desmatamento no Brasil e seu Ordenamento no Contexto Mundial. RESR, Piracicaba-SP, v. 50, n. 1, p. 119-139, 2012.

CAMPELO, C. R.; RAMALHO R. C. Contribuições ao estudo das plantas medicinais no estado de Alagoas vll. Anais do XXXIX Congresso Nacional de Botânica, v. 2, n.1, p. 67-72. 1989. FIRMO, W. C. A.; MENEZES, V. J. M.; PASSOS, C. E. C. Contexto histórico, uso popular concepção científica sobre plantas medicinais. Cad. Pesq., São Luís, v. 18, n. 1, p. 90-95. dez 2011. GUMES, S. M. L. Construção da conscientização sócio-ambiental: formulações teóricas para o desenvolvimento de modelos de trabalho. Paidéia, v. 15, n. 32, p. 345-354, 2005. REIS L. C. L.; SEMÊDO L. T. A. S.; GOMES; R. C. Conscientização ambiental: da educação formal a não formal. Revista Fluminense de Extensão Universitária, Vassouras, v. 2, n. 1, p. 47-60, 2012. Disponível em: <http://www.uss.br/pages/revistas/revistafluminense/v2n12012/pdf/005-ambiental.pdf>. Acesso em: 29 Abr. 2016. VARGAS, L. A.; OLIVEIRA, T. F. V.; Saúde, meio ambiente e risco ambiental: um desafio para a prática profissional do enfermeiro. R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 451-5, 2007. Disponível em: < http://www.facenf.uerj.br/v15n3/v15n3a21.pdf>. Acesso em: 29 Abr. 2016.