JOVEM APRENDIZ INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO FORMAL



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JOVEM APRENDIZ INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO FORMAL Resumo Juliane Retko Urban1 - SENAI-PG Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: não contou com financiamento O presente trabalho de pesquisa foi desenvolvido no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI, unidade de Ponta Grossa. A pesquisa teve como objetivo geral identificar e analisar a porcentagem de jovens do programa de aprendizagem de mecânica industrial na unidade SENAI de Ponta Grossa que, ao final do curso, são efetivados no mercado de trabalho formal, na área de mecânica industrial. Para iniciar a pesquisa, realizou-se levantamento histórico sobre o SENAI e sobre os cursos de aprendizagem nessa instituição. Estudou-se a Lei 10097, conhecida como a Lei da Aprendizagem, bem como o Manual da Aprendizagem, conhecendo-se assim todas as regras que devem ser adotadas na contratação do Jovem Aprendiz. Descreveu-se sobre o mercado de trabalho para os jovens, observando que nem todos os jovens vêm de uma base familiar que lhes permita ingressar em uma boa faculdade, identificando assim a importância de programas como o Jovem Aprendiz. A metodologia empregada foi de caráter descritivo, com aplicação de questionário para os exalunos e entrevista com os professores e equipe pedagógica do curso de aprendizagem. A entrevista com a equipe do SENAI mostrou que os alunos não apresentam dificuldade de inserção no mercado para realizar a aprendizagem, mas a pesquisa concluiu que menos da metade dos alunos entrevistados estão atuando no mercado de trabalho formal na área de mecânica industrial. Contatou-se que alguns itens interferem nesse resultado como alunos menores de idade, que não podem, ainda, atuar na empresa por determinação da Consolidação das Leis Trabalhistas ou porque ainda precisam cumprir com obrigações militares. Palavras-chave: Jovem Aprendiz. Manual da Aprendizagem. Mercado de Trabalho Formal. Introdução Com a globalização, as empresas estão em ritmo acelerado de mudanças para atenderem o mercado a que pertencem, e os trabalhadores nelas inseridos precisam se aperfeiçoar para acompanhar esse ritmo, mas, muitas vezes esse aperfeiçoamento não 1 Especialista em Educação Profissional Senai PG, graduada em Tecnologia em Alimentos pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. Professora Terceira Senai Ponta Grossa. E-mail: juretko.urban@gmail.com. ISSN 2176-1396

16438 acontece na mesma velocidade. Para os empregados esse processo é uma dificuldade e para os jovens que buscam o primeiro emprego também, pois precisam estar atentos a todas as mudanças que ocorrem. Segundo Lima (2009, p. 10), a expansão da economia através do crescimento econômico tende a elevar a base de empregos da População Economicamente Ativa (PEA), auxiliando o ingresso do jovem no mercado de trabalho. Mas, mesmo assim, a empregabilidade no Brasil é muito difícil, existem fatores que dificultam o acesso dessa população como a falta de experiência, a falta de conhecimento teórico, o grau de escolaridade que é exigido por muitas empresas para a contratação principalmente no que se refere aos jovens de classe social menos favorecida, considerada a que mais sofrem com as desigualdades neste país. Uma forma de auxiliar esses jovens em sua inserção no mercado de trabalho é através da intervenção do governo com políticas públicas para o primeiro emprego, com o intuito de influenciar as empresas na contratação desses jovens. Deve-se pensar que o jovem que busca o primeiro emprego é a geração que estará à frente deste país daqui a poucos anos e precisa estar preparado para enfrentar o dia-a-dia de uma empresa. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a aprendizagem é estabelecida pela Lei 10.097/00, conhecida como a Lei do Aprendiz, regulamentada pelo Decreto nº. 5.598/2005. Foi aprovada com o intuito de beneficiar a conquista do primeiro emprego pelos jovens, visto que muitos já estão atuando, mas, muitos outros, ainda precisam ingressar. E muitos desses jovens são provenientes de famílias de menor poder aquisitivo, e a renda por eles conseguida será de grande importância para melhorar o bem-estar familiar. A capacitação profissional de jovens amplia as possibilidades de inserção no mercado de trabalho e torna mais promissor o futuro da nova geração. A temática do Jovem Aprendiz se depara com a necessidade de empresas regulamentadas por lei, capacitarem jovens oferecendo uma formação técnica profissional aos que ainda não tiveram uma oportunidade para ingressar no mercado de trabalho. Aprendiz é o adolescente ou jovem entre 14 e 24 anos que esteja matriculado e frequentando a escola, caso não haja concluído o ensino médio, e inscrito em programa de aprendizagem. Caso o aprendiz seja pessoa com deficiência, não haverá limite máximo de idade para a contratação. Com o objetivo de promover o crescimento e a experiência dos jovens, são as empresas, nos termos legais, obrigadas a admitir menores aprendizes. A aprendizagem tem por objetivo aplicar, na prática, o conteúdo aplicado ao aluno nos cursos na área do comércio, indústria e prestação de serviços.

16439 Esses jovens após o término do programa são contratados pelas empresas onde atuaram como aprendizes? Tal pergunta é feita, pois decorre da percepção de que a lei garanta ao jovem não somente o emprego, mas também forneça condições para a conclusão dos estudos, e que de fato o jovem seja preparado para a vida como cidadão de direito e cumpridor de seus deveres. Segundo essa perspectiva, a presente pesquisa tratou da seguinte problemática: a) Qual a porcentagem de jovens do programa de aprendizagem de mecânica industrial, do SENAI Ponta Grossa, que ao final do curso são efetivados no mercado de trabalho formal na área de mecânica industrial? E o delineamento da pesquisa apresentou o seguinte objetivo geral: a) Identificar e analisar a porcentagem de jovens do programa de aprendizagem de mecânica industrial na unidade SENAI de Ponta Grossa, que ao final do curso são efetivados no mercado de trabalho formal na área de mecânica industrial. Torna-se importante saber esses números para levantar-se a questão sobre a geração de emprego na área de mecânica industrial na região de Ponta Grossa. E se o programa é eficaz para isso. A pesquisa foi realizada com alunos que estudaram no ano de 2013 na aprendizagem de mecânica industrial do SENAI Ponta Grossa. Histórico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI Segundo Lopes (1982), a versão mais comum para a criação do SENAI é a do Engenheiro Ítalo Bologna na monografia Formação Profissional na Indústria O SENAI, que os líderes Euvaldo Lodi (presidente da Confederação Nacional da Indústria) e Roberto Simonsen (Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) inspirados na experiência bem sucedida do CFESP (Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional), idealizaram e defenderam junto ao empresariado e do Poder Público Federal como uma solução para o parque industrial brasileiro. Do outro lado, estavam o governo que estudava a melhor maneira de resolver o problema da formação de mão-de-obra industrial e regulamentar os cursos para os trabalhadores da indústria, pois já estava definido no Decreto-Lei nº 1.238, de 2 de maio de 1939 que o sistema nacional de aprendizagem industrial seria custeado pelas empresas e integrado às atividades do Ministério da Educação. A classe industrial liderada por Euvaldo Lodi e Roberto Simonsen assumiu, não somente os encargos, mas as responsabilidades pela organização e direção de um organismo

16440 próprio, subordinado à Confederação Nacional da Indústria e às Federações de Indústrias dos Estados, assim nasceu o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), com o Decreto-Lei nº 4.048, publicado no Diário Oficial de 24 de Janeiro de 1942. Segundo Lima (2009), com seu decreto de criação, o SENAI é uma instituição brasileira privada e de interesse público, sem fins lucrativos, organizada e administrada pela CNI, com o objetivo de ministrar cursos de formação profissional e de aprendizagem industrial de apoio à indústria brasileira. Aprendizagem A Lei nº 10097 Lei do Aprendiz não é inédita no Brasil, após a criação do SENAI, instituiu-se no Brasil a aprendizagem industrial obrigatória e metodizada. Segundo Bologna (1969, p. 51), o Decreto-lei nº 5.091 de 15 de dezembro de 1942: Para os efeitos da legislação do ensino, considera-se aprendiz o trabalhador menor de 18 e maior de 14 anos, sujeito à formação profissional metódica do ofício em que exerça o seu trabalho. São também definidos nesse decreto quais são as situações de aprendizagem; quando o jovem está matriculado no curso do SENAI e quando é submetido à aprendizagem no próprio emprego. A seguir estão descritos alguns conceitos e regras que devem ser adotados na contratação do Jovem Aprendiz, conforme o Manual da Aprendizagem (2009): Aprendizagem Segundo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em seu artigo 62, a aprendizagem é a formação técnico-profissional ministrada ao adolescente ou jovem segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor, implementada por meio de um contrato de aprendizagem. Contrato de Aprendizagem É um contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e de prazo determinado, com duração máxima, em regra, de dois anos. O empregador se compromete, nesse contrato, a assegurar ao adolescente/jovens com idade entre 14 e 24 anos (não se aplica o limite de 24 anos para o jovem com deficiência), inscrito em programa de aprendizagem, uma formação técnico-profissional metódica, compatível com seu desenvolvimento físico, moral e

16441 psicológico. O aprendiz, por sua vez, se compromete a executar, com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação. O programa de aprendizagem será desenvolvido por entidade qualificada para esse fim. O contrato deverá conter, expressamente, o curso, a jornada diária e semanal, a definição da quantidade de horas teóricas e práticas, a remuneração mensal e o termo inicial e final do contrato, que devem coincidir com o início e término do curso de aprendizagem previsto no respectivo programa. Programa de Aprendizagem É o programa técnico-profissional, que prevê a execução de atividades teóricas e práticas, sob a orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica, com especificação do público-alvo, dos conteúdos programáticos a serem ministrados, período de duração, carga horária teórica e prática, mecanismos de acompanhamento, avaliação e certificação do aprendizado, observando os parâmetros estabelecidos na Portaria Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). São consideradas atividades teóricas aquelas desenvolvidas na entidade formadora, sob orientação desta. As atividades práticas são aquelas desenvolvidas na empresa ou na entidade formadora. A entidade formadora deverá fornecer à empresa o respectivo plano de curso e orientála para que ela possa compatibilizar o desenvolvimento da prática à teoria ministrada. O Aprendiz Segundo o Manual da Aprendizagem (2009), o aprendiz é o adolescente ou jovem entre 14 e 24 anos que esteja matriculado e frequentando a escola, caso não haja concluído o ensino médio, e inscrito em programa de aprendizagem. Caso o aprendiz seja pessoa com deficiência, não haverá limite máximo de idade para a contratação. Nas localidades onde não houver oferta de ensino médio para o cumprimento do disposto no 1º do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a contratação do aprendiz poderá ocorrer sem a frequência à escola, desde que ele já tenha concluído o ensino fundamental. Caso não tenha concluído o ensino fundamental, aquela exigência deverá ser atendida, ou seja, a contratação só será válida com a frequência do aprendiz à escola.

16442 É assegurada aos adolescentes na faixa etária entre 14 e 18 anos prioridade na contratação para o exercício da função de aprendiz, salvo quando: I. as atividades práticas de aprendizagem ocorrer no interior do estabelecimento, sujeitando os aprendizes à insalubridade ou à periculosidade, sem que se possa ilidir o risco ou realizá-las integralmente em ambiente simulado; II. a lei exigir, para o desempenho das atividades práticas, licença ou autorização vedada para pessoa com idade inferior a 18 anos; III. a natureza das atividades práticas for incompatível com o desenvolvimento físico, psicológico e moral dos adolescentes aprendizes. Nas atividades elencadas nos itens acima, deverão ser admitidos, obrigatoriamente, jovens na faixa etária entre 18 e 24 anos e pessoas com deficiência a partir dos 18 anos. Ficam excluídas da definição as funções que demandem, para o seu exercício, habilitação profissional de nível técnico ou superior, ou, ainda, as funções que estejam caracterizadas como cargos de direção, de gerência ou de confiança. Estabelecimentos Obrigados a Contratar Aprendizes Os estabelecimentos de qualquer natureza, que tenham pelo menos 7 empregados, são obrigados a contratar aprendizes equivalente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento, no máximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções demandem formação profissional. As frações de unidade darão lugar à admissão de um aprendiz. É facultativa a contratação de aprendizes pelas microempresas, empresas de pequeno porte, inclusive as que fazem parte do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições, denominado SIMPLES, bem como pelas Entidades sem Fins Lucrativos que tenham por objetivo a educação profissional. As empresas públicas e sociedades de economia mista também estão obrigadas a contratar aprendizes podendo-se optar pela contratação direta, hipótese em que deverão fazêlo por processo seletivo divulgado por meio de edital ou, indiretamente, por meio das Entidades Sem Fins Lucrativos. Ao contratar um aprendiz com deficiência, a empresa não está cumprindo as duas cotas, pois são duas exigências legais que visam proteger direitos distintos, que não se sobrepõem: o direito à aprendizagem profissional, em relação aos aprendizes, e o direito ao vínculo de emprego por tempo indeterminado, em relação às pessoas com deficiência.

16443 Faz-se necessária a nomeação das entidades para a qualificação dos aprendizes, para ter maior controle sobre quem está capacitando esses adolescentes, não deixando em aberto para qualquer instituição de ensino promover essa qualificação, garantindo assim uma melhor qualidade de ensino. Fiscalização e Penalidades Previstas A fiscalização das instituições envolvidas é parte necessária para a observância pelos órgãos fiscalizadores se está sendo cumprido o que determina a lei. A fiscalização se dá através da participação dos seguintes órgãos: a) Às Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego, por meio da fiscalização do trabalho, fiscalizar o cumprimento das cotas de aprendizes às quais cada empresa está obrigada. b) Aos Conselhos Tutelares promover a fiscalização dos programas desenvolvidos pelas Entidades Sem Fins Lucrativos, para os aprendizes menores de 18 anos, verificando, dentre outros aspectos, a adequação das instalações físicas e as condições gerais em que se desenvolve a aprendizagem. As penalidades previstas e ou providências cabíveis em caso de descumprimento da legislação de aprendizagem são: a) Lavratura de auto(s) de infração e consequente imposição de multa(s) administrativa(s), no âmbito do MTE (art. 434 da CLT), garantido o direito de ampla defesa e contraditório; b) Encaminhamento de relatórios ao Ministério Público do Trabalho (MPT), para as providências legais cabíveis formalização de termo de ajuste de conduta, instauração de inquérito administrativo e/ou ajuizamento de ação civil pública; c) Encaminhamento de relatórios ao Ministério Público Estadual/Promotoria da Infância e da Juventude para as providências legais cabíveis; d) Nulidade do contrato de aprendizagem, com consequente caracterização da relação de emprego com aquele empregador, na forma de contrato de prazo indeterminado, ainda que a contratação tenha sido feita por meio de Entidades Sem Fins Lucrativos (ESFL) art. 15 do Decreto nº 5.598/05; e) Encaminhamento de relatórios ao Ministério Público Estadual ou Federal, para as providências legais cabíveis, caso sejam constatados indícios de infração penal.

16444 Conforme descrito, esses são os órgãos responsáveis pela fiscalização e as penalidades previstas em lei. Isso se faz necessário para evitar a exploração dos adolescentes pela empresas ou outras instituições em que os jovens estejam trabalhando, garantindo a eles o mínimo de segurança em relação ao trabalho desenvolvido e ao pagamento do salário. Benefícios Ao participante do programa Jovem Aprendiz, são concedidos os seguintes benefícios: a) Salário A lei garante ao aprendiz o direito ao salário mínimo-hora, observando-se, caso exista, o piso estadual. No entanto, o contrato de aprendizagem, a convenção ou o acordo coletivo da categoria poderá garantir ao aprendiz salário maior que o mínimo. Além das horas destinadas às atividades práticas, deverão ser computadas no salário também as horas destinadas às aulas teóricas, o descanso semanal remunerado e feriados. Aplica-se ao aprendiz a regra do art. 462 da CLT, ou seja, é vedado efetuar qualquer desconto no salário, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de convenção ou acordo coletivo que lhes seja aplicável. b) Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS): A contribuição do FGTS corresponderá a dois por cento da remuneração paga ou devida no mês anterior, ao aprendiz. c) Férias: devem coincidir, preferencialmente, com as férias escolares, sendo vedado ao empregador fixar período diverso daquele definido no programa de aprendizagem. d) Vale-Transporte: assegurado conforme lei que instituiu o vale-transporte e) Além dos benefícios assegurados, o aprendiz também poderá usufruir de benefícios que houver previsão expressa nas Convenções ou Acordos Coletivos. Outra hipótese é a concessão de benefícios por liberdade do empregador. Jornada de Trabalho A jornada de trabalho legalmente permitida é de: a) 6 horas diárias, no máximo, para os que ainda não concluíram o ensino fundamental;

16445 b) 8 horas diárias, no máximo, para os que concluíram o ensino fundamental computadas as horas destinadas às atividades teóricas e práticas. Aprendizagem de Mecânica Industrial Segundo o Catálogo dos Cursos de Aprendizagem do SENAI, o curso de aprendizagem é: [...]um conjunto organizado de conteúdos tecnológicos e/ou práticos, destinados a jovens, na faixa etária definida em legislação específica, em complementação da escolaridade regular, realizada em centros de formação profissional do SENAI ou SENAC, na empresa ou numa combinação Centro Empresa, visando prepará-los na prática metódica de execução de operações e tarefas de determinada ocupação e nos conhecimentos e atitudes necessários para um desempenho profissional eficiente (CATÁLOGO DOS CURSOS DE APRENDIZAGEM DO SENAI, 1993, p. 82). Em Agosto de 2013, ocorreu no SENAI Paraná a mudança dos cursos de Aprendizagem e todos os cursos foram reestruturados de acordo com a Metodologia Senai de Educação Profissional, para iniciar com o novo formato em 2014. Esse formato segue o mesmo padrão dos cursos técnicos, alterados no ano anterior. Segundo o livro Metodologia Senai de Educação Profissional (2013, p. 107), a metodologia está sintonizada com a legislação educacional vigente, que coloca em importância a necessidade de uma nova organização curricular com base em competências, em atenção às demandas requeridas pelo mercado de trabalho. Formar para as competências pressupõe ruptura com alguns conceitos e práticas educacionais tradicionais. Essa ruptura não significa anulação, mas uma nova compreensão do propósito educacional que viabilize um modelo de ensino comprometido com os requisitos da indústria e da sociedade como um todo. (SENAI, 2013, p. 108) A prática docente utilizada na metodologia Senai de Educação Profissional possibilita a formação de um profissional capaz de movimentar: a) conhecimentos: saberes relacionados a conceitos, teorias, procedimentos ou princípios necessários a um profissional e considerados essenciais no desempenho de determinada função ou atividade; b) habilidades: capacidades ou atributos adquiridos com a prática e que se relacionam com a percepção, a coordenação motora, a destreza manual e a capacidade intelectual essenciais ao desempenho de uma atividade; e,

16446 c) atitudes: refletem os sentimentos, as crenças e os valores que estão na base do comportamento. Para que o C (conhecimento) H (habilidade) e A (atitude) CHA aconteça não se deve agir isoladamente. O desenvolvimento de todas as aptidões necessita ocorrer de modo harmônico e, para isto, a prática docente não deve acontecer isolada e, sim, coletivamente. Assim, os alunos formados por essa metodologia sentem-se preparados para enfrentar o mercado de trabalho que, hoje, está tão competitivo e as empresas não tem receio de contratar esse profissional, pois sabem que o mesmo está preparado para enfrentar as mais variadas situações que o dia-a-dia de uma organização oferece. A figura 1 representa como isto acontece: Figura 1 Metodologia Senai de Educação Profissional Fonte: Metodologia Senai de Educação Profissional (2013, p. 110). Assim, a Prática Docente eficaz objetiva a formação de pessoas autônomas, capazes de mobilizar conhecimentos (saber), Habilidades (saber fazer) e atitudes (saber ser) diante de situações de vida pessoal e profissional. Ou seja, dentro dessa perspectiva de formação profissional, os conhecimentos não subsistem isoladamente, pois compõem, com os demais, um todo harmônico. Mercado de Trabalho Observa-se, no Brasil, o fato de que nem todos os jovens vêm de uma base familiar que lhes permita ingressar em uma boa faculdade, ou, ainda, em cursos preparatórios para obterem uma boa formação e, por isso, fazem parte de um dos grupos populacionais que mais são afetados pela incidência do desemprego. Conforme Aguiar descreve,

16447 [...] o desemprego que atinge a juventude pode gerar instabilidade social e econômica, dificultando a passagem para uma vida adulta e autonomia financeira. A decisão de deixar a casa dos pais vai sendo adiada cada vez mais, também com a colaboração de outros fatores, como a mudança da estrutura familiar. O desemprego juvenil contribui para a desaceleração do desenvolvimento social, com isso, ele fica mais tempo na dependência da família, fazendo com que mais subsídios econômicos sejam destinados a políticas públicas para a juventude (AGUIAR, 2010, p. 45). Segundo dados da PNAD (2011), conforme tabela 1, demonstra-se que a maioria da população tem a renda entre um a dois salários mínimos e nessas famílias, é na adolescência que, muitas vezes, os filhos precisam ingressar no mercado de trabalho para ajudarem no orçamento, em função das dificuldades financeiras. O jovem acaba indo para o mercado de trabalho muito cedo, sem o mínimo de qualificação. Esse é um dos motivos do desemprego entre os jovens: ausência de experiência anterior de trabalho, formação educacional inadequada. Tabela 1 Rendimento mensal Categoria do emprego e classes de rendimento mensal do trabalho principal Empregados de 10 anos ou mais de idade, no trabalho principal da semana de referência (1 000 pessoas) Até 1/2 salário mínimo 1 877 178 Mais de 1/2 a 1 salário mínimo 10 726 497 Mais de 1 a 2 salários mínimos 23 314 787 Mais de 2 a 3 salários mínimos 9 281 1 322 Mais de 3 a 5 salários mínimos 5 135 2 090 Valor do rendimento médio mensal do trabalho principal da semana de referência dos empregados de 10 anos ou mais de idade (R$) Mais de 5 a 10 salários 3 166 3 694 mínimos Mais de 10 a 20 salários 1 058 7 382 mínimos Mais de 20 salários mínimos 313 15 718 Sem rendimento 8 - Sem declaração 2 061 - Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2011. Para Aguiar (2010, p. 47), não se pode pensar em ampliação social e econômico sem preparação de políticas públicas que verdadeiramente busquem a aumento da escolaridade e que permitam o acesso ao emprego decente. O que também contribui para o ingresso e a permanência no mundo do trabalho seria uma educação profissional que desenvolva as competências e habilidades necessárias que o mercado tanto exige. Torna-se clara a importância da Lei Aprendizagem, 10.097/00, para os jovens, pois a partir do momento em que estes têm a chance de ingressar no mercado, passam por uma

16448 transformação, seja em seu amadurecimento, seja na sua forma de ver o mundo, atentando às possibilidades que a sociedade possa lhe oferecer na busca do caminho adequado. Metodologia da Pesquisa Diante do problema apresentado, o presente trabalho de pesquisa foi norteado nas seguintes classificações, segundo Silva e Menezes (2005): a) Quanto a sua natureza é considerada pesquisa básica, pois objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais. b) O problema foi abordado de forma quantitativa, porque considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.). c) Os objetivos da pesquisa foram classificados de caráter descritivo com vertente exploratória, pois visou descrever as características de determinada população, o fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionários e observação sistemática. Assume caráter exploratório porque envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado. d) Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, a pesquisa foi classificada como de levantamento que é quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer e, também, classificada como estudo de caso, que é quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. A entrevista realizada foi à entrevista aberta, que segundo Gil (2010, p. 120) é com questões e sequência predeterminadas, mas com ampla liberdade para responder e foi aplicada por ter um número menor de participantes, aproximadamente oito pessoas entre professores e equipe pedagógica. Aconteceu a consulta a fontes documentais que é imprescindível em qualquer estudo de caso. A análise de documentos do curso de Aprendizagem em Mecânica Industrial foi de extrema importância para o entendimento sobre o curso e o manual de aprendizagem que foi

16449 de grande auxílio no entendimento sobre a Lei da Aprendizagem. E que auxiliou na elaboração das questões para o questionário e para a entrevista. Diante de toda a teoria descrita, aconteceu a pesquisa sobre a efetivação do jovem aprendiz no mercado de trabalho, tendo os seguintes resultados. Apresentação e Análise dos Resultados Durante a pesquisa realizada, deparou-se com a realidade de que os aprendizes sempre estiverem presentes na instituição SENAI. Desde 1942, jovens buscavam a qualificação para ingressar no mercado de trabalho. Distribuíam o tempo assim: estudavam no SENAI em um período e, no outro, atuavam nas empresas como aprendizes. Como a instituição é vinculada com a indústria os aprendizes atuavam somente nessa área. A presente pesquisa surgiu com o seguinte questionamento: após o término do programa de aprendizagem os jovens são inseridos no mercado de trabalho formal? A pesquisa foi realizada com os egressos do curso de Aprendizagem em Mecânica Industrial do SENAI Ponta Grossa, formados no ano de 2013. Para a realização dessa pesquisa, foi aplicado um questionário com os alunos concluintes do curso de Aprendizagem de Mecânica Industrial para a obtenção da resposta da pergunta problema desse trabalho: Qual a porcentagem de jovens do programa de aprendizagem de mecânica industrial, do SENAI Ponta Grossa, que ao final do curso são efetivados no mercado de trabalho formal na área de mecânica industrial? E também entrevistados as pedagogas e professores do curso de aprendizagem. No ano de 2013 concluíram o curso, segundo dados da secretaria do SENAI, 42 alunos, destes, 39 tinham disponível o número de telefone para contato, sendo que foi realizada entrevista com 29 alunos, totalizando 74,4% do total de alunos que tinham contato. O questionário foi respondido pelos alunos via telefone e via e-mail no período de 19 a 30/05/2014. A seguir estão os resultados obtidos:

16450 Figura 1 Atuando no Mercado de Trabalho Fonte: A autora Quando perguntado se estão trabalhando, 62,1% disseram que sim e 37,9% responderam que não. Observa-se que os egressos que não estão no mercado de trabalho são os menores de idade, os homens que ainda não cumpriram as obrigações militares e as mulheres, as quais em depoimentos relataram não conseguir emprego na área por preconceito das empresas, que ainda preferem contratar somente homens. Figura 2 Atuando na área de mecânica industrial Fonte: A autora Do total de 29 entrevistados, 13 estão atuando na área do curso que realizaram, o que representa 44,80%. Os outros 55,20% não estão atuando ou porque não se identificaram com a área de mecânica ou estão à procura de trabalho nesta área ou estão atuando na indústria, mas não na área de mecânica. E, ainda, temos nessa porcentagem os jovens que não estão atuando no mercado de trabalho.

16451 Figura 3 Tipo de Contrato Fonte: A autora Dos alunos que atuam na área de mecânica industrial, 94,4% estão contratados como funcionários efetivos da empresa; apenas 5,6% (um aluno) continua seu estudo na área técnica e está atuando na empresa como estagiário. Conforme dados analisados no referencial teórico sobre o jovem no mercado de trabalho, os autores estudados relataram que nesta fase da vida, existe muita dificuldade de inserção no mercado de trabalho formal. No entanto, a pesquisa realizada, demonstra uma realidade diferente, pois, dos alunos que responderam ao questionário, 44,8% estão trabalhando na área de atuação que estudaram e os professores e pedagogas que responderam a entrevista também relatam que os jovens não encontram dificuldades para ingressarem em uma empresa para realizar a aprendizagem. A dificuldade que a pesquisa demostra é relativa aos alunos menores de idade, sendo esse fator o impedimento de atuação na indústria, pois, conforme está normatizado na CLT, há proibição de contratação de menores para atuar em áreas que ofereçam risco à saúde e à integridade física. Outro item relatado pelas alunas é a condição de gênero, pois as mulheres entrevistadas não estão trabalhando e as mesmas argumentam que é preconceito das empresas em relação ao gênero, mas este item fica como sugestão de pesquisa posterior. Em entrevista realizada com as pedagogas e os professores, os mesmos relataram que os aprendizes apresentam diversas dificuldades, mas destaca-se a falta de conhecimento básico, o qual o aluno deveria ter no ensino fundamental e, também, as questões disciplinares dos mesmos, pois como estão em laboratórios nos quais podem acontecer acidentes, a disciplina e a atenção com as normas de segurança que são de extrema importância; os alunos, como nunca tiveram contato com este tipo de situação, demoram um tempo para acostumarem com o ambiente, e as aulas são justamente para essa adaptação, pois no ambiente da empresa encontrarão situações semelhantes. Conforme relata o professor 2: Falta de mais maturidade da parte deles, o descumprimento com normas de segurança e alguns alunos não gostam de

16452 ser chamada atenção. A equipe respondeu sobre a contribuição para o adolescente que participa do programa, a maioria concorda que o aprendizado adquirido pelos alunos não acontecerá em nenhum outro curso e a experiência por eles vivida na empresa é importante para o preparo da carreira profissional. Considerações Finais O Governo Federal no intuito de promover a inserção dos jovens no mundo de trabalho vem trabalhando com programas que auxiliam estes a ingressarem no mercado formal, principalmente os oriundos de classe média/baixa, os quais têm dificuldades desta inserção devido à exclusão social. A introdução das políticas de emprego não reduz o desemprego, mas contribui com que essa classe que tem mínimas oportunidades de atuar no mercado de trabalho formal. Conheceu-se a porcentagem de alunos que estão trabalhando formalmente, que é de 62,10%, mas nem todos estão atuando no mercado de trabalho na área de mecânica. Quando observado o item de trabalho formal na área de mecânica industrial, este número fica em 44,8%, pois dos 29 alunos entrevistados, apenas 13 estão atuando na área. Um item a ser observado no número de alunos que não estão no mercado de trabalho formal é a idade, pois muitos terminam o curso na época de se apresentarem para o serviço militar e por essa razão, não conseguem conciliar com o serviço formal. Pode-se avaliar como positiva a eficiência do programa para geração de emprego, pois, sabe-se que nem todos os alunos que iniciam um curso ao terminarem tem total satisfação com o que realizou, e o programa de aprendizagem é muito interessante, pois além das aulas práticas na escola, tem o período de aprendizagem na empresa, onde o aluno tem total conhecimento da sua área na prática, o que estimula ou não o aluno para a área de atuação. O que poderia ser revisto para aumentar o percentual de contratação é a idade mínima para inserção na aprendizagem, já que um agravante é a imaturidades dos alunos nessa idade e quando terminam o curso ainda são menores, o que dificulta a inserção dos mesmos no mercado de trabalho.

16453 REFERÊNCIAS AGUIAR, Ruth Braga de. Educação Profissional para a Juventude: o programa Jovem Aprendiz como modelo de aprendizagem. São Leopoldo, 2010. 54f. Dissertação (Mestrado em Teologia). Escola Superior de Teologia, 2010. BOLOGNA, Ítalo. Formação Profissional na Indústria: O Senai. Rio de Janeiro, 1969. 92p. BRASIL. Decreto nº 5.598, de 1 de dezembro de 2005. Regulamenta a contratação de aprendizes e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5598.htm. Acesso em Fev/2014>. BRASIL. Lei 10.097, de 19 de Dezembro de 2000. Altera dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n o 5.452, de 1 o de maio de 1943. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10097.htm>. Acesso em Fev/2014. GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5ª Ed. São Paulo. Ed: Atlas, 2010. 184p. IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2011. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2011/>. Acesso em Jun/14. LIMA, Sólon Nogueira de. O SENAI e a inserção do Jovem Aprendiz no Mercado de Trabalho Formal. 2009. 53 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Economia) Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2009. Disponível em: <http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codarquivo=4309>. Acesso em Fev/2013 LOPES, Stenio. Uma Saga da Criatividade Brasileira. Rio de Janeiro: SENAI DN, Divisão de Projetos Especiais, 1982. 217p. MTE. Ministério do Trabalho e Emprego. Manual da aprendizagem: o que é preciso saber para contratar o aprendiz. 4. ed. Brasília: MTE, SIT, SPPE, ASCOM, 2009. 80p. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Departamento Nacional. Catálogo dos Cursos de Aprendizagem do Senai. 1993. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Departamento Nacional. Metodologia SENAI de educação profissional. Brasília, 2013. 220p. SILVA, Edna Lúcia da, Menezes, Estera Muszkat. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4. ed. rev. atual. Florianópolis: UFSC, 2005. 138p.