DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS DE CRAMBE SOB DIFERENTES NÍVEIS DE IRRIGAÇÃO¹

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XXV CONIRD Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem 08 a 13 de novembro de 2015, UFS - São Cristóvão/SE

Transcrição:

DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS DE CRAMBE SOB DIFERENTES NÍVEIS DE IRRIGAÇÃO¹ C. A. Soares 2, J. L. Zocoler 3, N. S. Silva 4, R. A. S. Lima 5 RESUMO: Este trabalho teve por objetivo avaliar o desenvolvimento do crambe sob diferentes níveis de irrigação. O experimento foi realizado em casa de vegetação, no Departamento de Engenharia Rural, pertencente à Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA/UNESP) em Botucatu, SP. Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições e cinco níveis de irrigação (130, 100, 70, 40 e 30% da capacidade de armazenamento de água do solo), totalizando 20 unidades experimentais, cada uma composta por um vaso com duas plantas. O manejo da irrigação foi realizado através de pesagens diárias desde a semeadura até o final do ciclo, mantendo-se a umidade do solo de acordo com cada tratamento e no final do ciclo foram contabilizadas as lâminas utilizadas. As variáveis analisadas foram: Altura de planta, diâmetro do caule, tempo de colheita, massa de 100 grãos e produtividade. Em seguida os dados foram submetidos à análise de variância a 1% de probabilidade e ao teste de Tukey para comparação de médias. Considerando conjuntamente todas as variáveis analisadas, conclui-se que o melhor desenvolvimento do crambe foi proporcionado no nível de irrigação com lâmina 560,21 mm de água. PALAVRAS-CHAVE: Crambe abyssinica, manejo da irrigação, ambiente protegido DEVELOPMENT OF CRAMBE PLANT UNDER DIFFERENT IRRIGATION LEVELS SUMMARY: This study aimed to evaluate the development of crambe under different levels of irrigation. The experiment was conducted in a greenhouse at the Department of Agricultural Engineering, part of the Faculdade de CiênciasAgronômicas (FCA / UNESP) in Botucatu, SP. A completely randomized design with four replications and five levels of irrigation (130, 100, 70, 40 and 30% of soil water storage capacity), totaling 20 experimental units.each experimental units consisting of a vase containing two plants. The irrigation management was carried out through daily weighing from sowing to the end of the cycle, keeping the soil humidity according to each treatment. At the end of the cycle, the blades used were counted. The variables analyzed were: plant height, stem diameter, harvest time, weight of 100 grains and productivity. The data were submitted to analysis of variance to 1% probability and Tukey test to compare means. Considering all variables, it is concluded that the best development of crambe was provided at the level of 560.21 mm blade irrigation with water. KEYWORDS: Crambe abyssinica, irrigation management, protected environment INTRODUÇÃO O crambe (Crambe abyssinica Hochst) é uma espécie pertencente à família das crucíferas, a mesma da colza e canola. Originário da região quente e seca da Etiópia e domesticado na zona fria e seca do Mediterrâneo apresenta, em decorrência dessa origem, boa tolerância a seca e ao frio (FUNDAÇÃO MS, 2009). É uma oleaginosa de ciclo anual, com 1 extraído da tese do primeiro autor, intitulada: Evapotranspiração e eficiência fotossintética em crambe sob estresse hídrico, em andamento. 2 Doutoranda em Agronomia (Irrigação e Drenagem), FCA/UNESP, Caixa Postal 237, CEP: 18610-307, Botucatu, SP. Fone: (14) 33546603. e-mail: criwan_1@hotmail.com 3 Eng. Agr., Prof. Dr., Depto. de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, FEIS/UNESP, Ilha Solteira, SP. 4 Doutoranda em Agronomia (Irrigação e Drenagem), FCA/UNESP, Botucatu, SP. 5 Doutorando em Produção Vegetal, UENF, Campos dos Goytacazes, RJ. 504

sistema radicular pivotante e profundo, porte ereto e altura média de 0,60 a 0,90 m, podendo ultrapassar esses valores em decorrência da época e densidade de plantio (COLODETTI et al., 2012). O óleo de crambe desponta com alternativa interessante para produção de biodiesel e diferentemente da soja não concorre com a utilização para consumo humano e animal, possui ciclo de produção reduzido (90 dias), sendo uma excelente alternativa para rotação de culturas, com elevado potencial de expansão como safrinha em boa parte do cerrado brasileiro e tendo seu cultivo totalmente mecanizado com equipamentos utilizados em outros cultivos, como na soja (ROSCOE & DELMONTES, 2008). Atualmente a soja é a principal oleaginosa utilizada como matéria prima para produção de biodiesel no Brasil. O crambe é bastante resistente ao déficit hídrico, principalmente a partir do seu desenvolvimento vegetativo, entretanto não tolera excesso de chuvas ou alta umidade relativa do ar. A cultura necessita de umidade no solo para garantir germinação adequada e seu estabelecimento, requerendo cerca de 50 mm de água após a semeadura. Tendo necessidade total em torno de 150 a 200 mm de água, distribuída até o inicio do florescimento pleno (ROSCOE et al., 2010). Nas condições climáticas brasileira, comporta-se como cultura de outono/inverno, desta forma com baixa necessidade hídrica, com boa tolerância ao frio e com ciclo muito curto, produzindo de forma satisfatória em condições que a maioria das culturas não produziria (COLODETTI et al., 2012). Sendo assim, existe a necessidade de investigar o desenvolvimento da cultura em diferentes condições de umidade do solo, já que o crambe é cultivado tipicamente em época de pouca ocorrência de chuvas. Diante disto este trabalho teve por objetivo avaliar o desenvolvimento do crambe sob diferentes níveis de irrigação. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em casa de vegetação, no Departamento de Engenharia Rural, pertencente à Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA/UNESP) em Botucatu, SP, na latitude 22º50'48" S e longitude 48º26 06 W e 817,74 m de altitude, clima subtropical úmido com médias anuais de 20,3 ºC de temperatura, 73,9% de umidade relativa do ar e precipitação pluvial média anual de 1.501,4 mm. O solo utilizado foi um Latossolo com textura média (Tabelas 1) coletado numa profundidade de 0,2 m e a água do tipo C1S1, não apresentando nenhum tipo de restrição para irrigação. 505

Tabela 1. Características químicas e físicas do solo utilizado, Botucatu, SP. Amostra de Solo Amostra de Solo ph M.O. P resina Al 3+ H+AL K Ca Mg SB CTC V% S Na H 2O g dm -3 mg dm -3 -------------------mmol c dm -3 ------------------------- mg dm -3 mmol c dm -3 6,5 10 12 0 13 0,6 30 4 35 48 73 4 1 Areia Condutividade H Argila Silte Textura do Solo 2O retida Densidade Grossa Fina Elétrica C.C. do Solo --------------------(g kg -1 )----------------- (µs cm -1 ) (dm 3 dm -3 ) (kg dm -3 ) 225 396 200 179 Média 549 0,24 1,12 O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições e cinco níveis de irrigação (130, 100, 70, 40 e 30% da capacidade de armazenamento de água no solo Capacidade de Campo), totalizando 20 unidades experimentais, cada uma composta por um vaso com duas plantas. Foram utilizados vasos com 10 kg de solo e área de 0,06 m². As sementes de crambe cultivar FMS Brilhante (70,5% de germinação) foram semeadas diretamente nos vasos, colocando seis sementes por vaso e após apresentarem duas folhas definitivas realizou-se o desbaste deixando apenas duas (350.000 plantas ha -1 ). A adubação utilizada foi composta de 90 kg ha -1 de fósforo, aplicado em fundação, na forma de superfosfato triplo. 90 kg ha -1 de potássio, dividido em duas doses iguais, aplicados em fundação e no florescimento (35 dias após o plantio), utilizando cloreto de potássio. Já na adubação nitrogenada (150 kg ha -1 ) foi utilizada a uréia, sendo dividido em três doses iguais, aplicadas na fundação, crescimento vegetativo (20 dias após o plantio) e florescimento. A diferenciação dos tratamentos foi realizada aos 25 dias após o plantio, sendo anteriormente irrigadas mantendo-se o solo em capacidade de campo. O manejo da irrigação foi realizado através de pesagens diárias. E sempre que houve a necessidade de reposição de água dos tratamentos, o volume foi aplicado com referência à diferença de pesagens. As variáveis avaliadas foram: altura de plantas, diâmetro do caule, tempo de colheita, massa de 100 grãos e produtividade. Em seguida os dados foram submetidos à análise de variância a 1% de probabilidade e ao teste de Tukey para comparação das médias. A colheita foi realizada através de catação manual à medida que se observava a maturação dos frutos e teor de umidade de 13%. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para os níveis de 130, 100, 70, 40 e 30% da capacidade de armazenamento de água do solo as lâminas de água aplicadas foram de 1.055,41; 560,21; 510,24; 255,36 e 176,00 mm, respectivamente. 506

Os resultados (Tabela 2) mostram efeitos significativos do manejo da irrigação sobre as variáveis analisadas, ou seja, as lâminas de irrigação aplicadas apresentaram efeitos diferentes nas variáveis, a nível de 1% de probabilidade. Tabela 2. Análise de variância para altura de planta (cm), diâmetro do caule (cm), tempo de colheita (dias), massa de 100 grãos (g) e produtividade (kg ha -1 ) de crambe em função de diferentes níveis de irrigação. Causa de Variação G.L. S.Q. Q.M. FC Altura das plantas (AP) 4 30723,34 7680,83 115,29** Resíduo 15 999,34 66,62 Total 19 31722,68 Diâmetro do caule (DC) 4 0,53 0,13 46,71** Resíduo 15 0,04 0,003 Total 19 0,57 Tempo de colheita (TC) 4 12264,20 3066,05 7,77** Resíduo 15 5917,00 394,47 Total 19 18181,20 Massa 100 sementes (PS) 4 1,11 0,28 8,76** Resíduo 15 0,48 0,03 Total 19 1,59 Produtividade 4 6214938,17 1553734.54 28,11** Resíduo 15 829203,14 55280,21 Total 19 7044141,30 **Significativo a 0,01 de probabilidade, F (4;15) tabelado = 4,89 Na Figura 1A, observa-se que a maior altura do crambe (124,93 cm) foi obtida com lâmina de 560,21 mm. Altura essa superior aos dados relatados por COLODETTI et al. (2012), onde descrevem que a altura média das plantas de crambe varia de 60 a 90 cm. Já BUTRINOWSKI et al. (2011), obtiveram altura máxima de 108,6 cm com reposição de água equivalente a 2,5 vezes a evaporação do mini tanque evaporímetro. Plantas com menor disponibilidade hídrica tendem a apresentar menor altura, pois a restrição hídrica pode afetar os processos metabólicos do crescimento das plantas (TAIZ & ZAGER, 2013). O diâmetro do caule (Figura 1B) também apresentou melhor desenvolvimento no nível de irrigação que manteve o solo em capacidade de campo (100%). ZAHEDI et al. (2011) trabalhando com a cultura da canola observou diminuição no diâmetro do caule quando as plantas foram submetidas a situação de estresse hídrico. Figura 1. Altura de planta (A) e diâmetro do caule (B) de crambe em função de diferentes níveis de irrigação, Botucatu-SP. Médias com letras iguais (minúsculas) não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 0,05. 507

O menor nível de irrigação aplicado proporcionou produtividade insignificante (Figura 2A), demonstrando que o crambe não conseguiu produzir satisfatoriamente com a limitada quantidade de água disponível no solo. Já para massa de 100 grãos (Figura 2B) o comportamento não foi diferente, tendo o menor valor no tratamento de nível de irrigação correspondente a 30% da capacidade de campo. Mesmo assim esse valor (0,17 g), ainda foi superior aos encontrados por FERREIRA & SILVA (2011), trabalhando com a cultura do crambe em três diferentes sistemas de manejo de solo, obteve massa de 100 grãos de 0,16; 0,15 e 0,16 g para os sistemas de plantio convencional, plantio reduzido e semeadura direta, respectivamente. Figura 2. Produtividade (A) e massa de 100 grãos (B) de crambe em função de diferentes níveis de irrigação, Botucatu-SP. Médias com letras iguais (minúsculas) não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 0,05. No geral, o tempo de colheita (Figura 3) apresentou-se abaixo do citado na literatura, fato esse creditado as elevadas temperaturas apresentadas durante a condução do experimento (novembro de 2014 a fevereiro de 2015), já que a cultura foi plantada fora da época normalmente recomendada (outono/inverno). Segundo a Fundação MS detentora da cultivar FMS Brilhante, utilizada neste trabalho, a cultura completa seu ciclo total com 90 dias (FUNDAÇÃO MS, 2009). O valor médio de 22 dias apresentado no tratamento com nível de 30%, é explicado devido ao fato de três repetições não conseguir concluir o ciclo, devido ao elevado estresse que foram submetidas e as altas temperaturas, daí apenas uma repetição conseguiu completar o ciclo com 88 dias e quando tirou-se a média obteve-se o número 22 apresentado na figura. Figura 3. Tempo de colheita na cultura do crambe em função de diferentes níveis de irrigação, Botucatu-SP. Médias com letras iguais não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 0,05. 508

CONCLUSÕES Considerando conjuntamente todas as variáveis estudadas neste trabalho, conclui-se que o melhor desenvolvimento do crambe foi proporcionado no nível de irrigação que manteve a umidade do solo na capacidade de campo, utilizando-se durante todo o ciclo da cultura 560,21 mm de água. AGRADECIMENTO: Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão da Bolsa de Doutorado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUTRINOWSKI, I.T.; SANTOS, R.F.; MAGGI, M.F.; BORSOI, A.; FRIGO, E.P.; BASSEGIO, D. Manejo da irrigação com mini-tanque evaporímetro em Crambe abyssinica. Cultivando o Saber, Cascavel, v. 4, n. 3, p. 54-65, 2011. COLODETTI, T.V.C.; MARTINS, L.D.; RODRIGUES, W.N.; BRINATE, S.V.B.; TOMAZ, M.A. Crambe: aspectos gerais da produção agrícola. Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v. 8, n. 14, p. 258-269, 2012. FERREIRA, F. M.; SILVA, A. R. B. Produtividade de grãos e teor de óleo da cultura do crambe sob diferentes sistemas de manejo de solo em Rondonópolis MT. Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v. 7, n. 12, p, 1-11, 2011. FUNDAÇÃO MS. Cultura do crambe. 2009. Disponível em: <www.fundacaoms.org.br/request>. Acesso em: 28 mai. 2013. ROSCOE, R.; DELMONTES, A.M.A. Crambe é nova opção para biodiesel. Agrianual 2009. São Paulo: Instituto FNP, 2008. p. 40-41. ROSCOE, R.; PITOL, C.; BROCH, D.L. Necessidades climáticas e ciclo cultural. In: FUNDAÇÃO MS. Tecnologia e produção: crambe 2010. Maracajú: FUNDAÇÃO MS, p. 07-09, 2010. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 5. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2013. 954p ZAHEDI, H.; RAD, A.H.S.; MOGHADAM, H.R.T. Effects of zeolite and selenium applications on some agronomic traits of three canola cultivars under drought stress. Pesq. Agropec. Trop., Goiânia, v. 41, n. 2, p. 179-185, abr./jun. 2011. 509