REDUÇÃO DE CUSTO EM OVELHAS RECÉM PARIDAS ATÉ O DESMAME, E MELHORAMENTO NOS APRUMOS E PIGMENTAÇÃO DOS CORDEIROS DA RAÇA DORPER Julio C. Zangarelli 1, Geraldo de Nardi Junior 2, Marcelo S. Denadai 3 1 Graduando em tecnologia do Agronegócio, Fatec Botucatu-SP, e-mail: juliocesarzangarelli@gmail.com 2 Prof. Dr. Faculdade de tecnologia de Botucatu-SP, e-mail gjunior@fatec.edu.br. 3 Prof. Me. Faculdade de tecnologia de Botucatu-SP, e-mail: mdenadai@fatec.edu.br. 1 INTRODUÇÃO Desde a década de 70, o interesse pela produção de ovinos apresenta aumento gradativo no Brasil (FERREIRA, 2013). Em 2011, o rebanho efetivo brasileiro de ovinos era de 17,6 milhões de cabeças, representando aumento de 1,6% sobre o número registrado em 2010 (IBGE, 2011). No estado de São Paulo a população ovina era de cerca de 700 mil cabeças, o que reflete a relevância crescente que esta espécie apresenta na pecuária paulista, especialmente na produção de carne e comercialização de material genético (FERREIRA, 2013). A intensificação da produção, aliada à comercialização de animais de grande potencial genético, acarretou profundas alterações no manejo dos ovinos, tanto na área nutricional como também no sistema de criação visando o bem-estar animal. Segundo Mori et al. (2006) atualmente a atenção dos ovinocultores tem se voltado para a produção de carne, o que exige alta produtividade do rebanho, principalmente no que se refere à reprodução, visando aumentar a taxa de parição (número de ovelhas paridas por ovelhas acasaladas), a prolificidade (cordeiros nascidos por ovelha). O sistema de criação semi-extensivo proporciona a redução do custo do manejo nutricional dos animais, associando a silagem de milho, a ração concentrada e a utilização da pastagem em um determinado período do dia. De acordo com ARCO (2000), entre a década de 1930 e 1940, devido à necessidade de uma nova raça de ovinos de corte que pudesse produzir uma carcaça de qualidade elevada nas áreas mais secas, em 1942 começa a se desenvolver uma nova raça a partir do cruzamento de carneiros Dorset Horn com ovelhas Blackhead Persian, seguindo critérios de seleção específicos para o tipo de animal desejado. Em 1950 durante uma reunião entre criadores e alguns técnicos em ovinocultura, é feita a escolha do nome da nova raça: DORPER, que é a composição das primeiras sílabas dos nomes
das raças formadoras DORset Horn e PERsian. Nesta mesma reunião, é fundada a Associação de Criadores de Dorper da África do Sul. Desta forma foi criado os padrões raciais para a raça Dorper que determina: Aspectos Gerais: O ovino Dorper deve ser simétrico e bem balanceado entre a porção anterior e posterior, com temperamento calmo e uma aparência vigorosa. A impressão geral deve ser de um ovino robusto e bem musculoso, com o propósito de produzir carne de maneira eficiente, mesmo que em condições ambientais menos favoráveis (ARCO, 2017). Cabeça: Deve ter a forma triangular, forte, longa, com olhos distanciados protegidos por pele grossa, narinas bem abertas, boca e maxilares fortes e bem posicionados, testa não côncava e chanfro semi-convexo, evidenciando-se a presença de rugas nos machos. As orelhas devem ser de tamanho mediano e implantadas horizontalmente, o pavilhão auricular voltado para frente. A cabeça deve ser coberta por pelos curtos e negros e selo nasal, lábios e pálpebras devem ser pretos. Os machos podem ser mochos ou aspados, porém chifres grandes e pesados são indesejáveis (ARCO, 2017). Pescoço e quarto dianteiro: O pescoço deve ser de comprimento médio, largo, bem inserido no quarto dianteiro, as paletas devem ser largas e musculosas, paralelas entre si e bem ligadas ao corpo, o peito moderadamente largo, profundo e ligeiramente proeminente em relação as paletas é o ideal, já os membros anteriores devem ter boa constituição, ser bem posicionados em relação ao corpo, com bons aprumos e quartelas com adequada inclinação (ARCO, 2017). Tronco: O tronco deve ser longo, profundo, largo, com costelas bem arqueadas, lombo largo e volumoso, apresentando ainda linha dorso-lombar plana, admitindo-se ligeira depressão atrás das paletas (ARCO, 2017). Quarto traseiro: Deve ser musculoso, com entrepernas largos e profundos. A garupa deve ser larga e longa, os membros traseiros devem ser fortes, bem aprumados e distanciados entre si. É desejável fina camada de gordura distribuída uniformemente sobre a carcaça e entre fibras musculares, sendo que demasiado acúmulo de gordura localizada em qualquer parte do corpo é considerado defeito (ARCO, 2017). Padrão de cor: O ovino deve ser branco com a cabeça preta e com 100% de pigmentação no ânus, na vulva e nos cascos. Considerando-se uma linha imaginária que passa abaixo dos joelhos, da linha ventral e dos jarretes, admitem-se manchas cuja soma
não ultrapasse 10 cm de diâmetro, bem como manchas de 10 x 20 cm no prepúcio ou vulva e períneo. O quarto dianteiro pode ser negro ou com manchas pretas desde que não ultrapasse a linha da parte posterior da paleta. Na área do joelho admite-se mancha de até 10 cm. Manchas ou mais de duas pintas (tamanho de 02 mm) pretas acima da linha baixa e após a linha da paleta não são admitidas. A cor branca na cabeça é permitida desde que a mesma não separe completamente a cor preta em duas partes, admitindo-se até 49% de branco somando-se as duas orelhas (ARCO, 2017). Pelo e lã: Quanto à cobertura do corpo a raça é classificada como semi-lanada. Na parte superior do corpo apresenta uma mescla de pelo e lã, enquanto na região ventral e membros predominam pelos curtos, lisos e macios (ARCO, 2017). Além dos critérios para o padrão racial, o animal Dorper tem como objetivos principais a eficiência na produção de carne e pele de excelente qualidade, adaptabilidade aos diferentes climas brasileiro, habilidade materna, maturidade sexual precoce, melhora na taxa de prolificidade obtendo até 1,7 cordeiro/ovelha, fertilidade, rápido crescimento dos cordeiros e média de peso vivo de 70kg para fêmeas e 110kg para machos adultos (ARCO, 2017). Para a pigmentação necessária para os padrões da raça, o sol contribuirá para que isto ocorra desde o primeiro dia de vida do cordeiro. De acordo com Sousa et al., (2013), o estresse térmico por calor provoca uma série de alterações no organismo animal que afetam o potencial produtivo pela maior requisição de energia para a manutenção da homeotermia. O pelame do animal constitui um meio importante de troca de calor com o ambiente e estudos demonstram que animais com pelame escuro estão mais susceptíveis aos efeitos do estresse térmico devido a sua maior capacidade de absorção dos raios solares, enquanto que, animais de pelame claro são mais eficientes em refletir esses raios, facilitando a homeotermia desses animais. O objetivo do trabalho foi avaliar a redução de custo na manutenção diária em ovelhas recém paridas até o desmame, e melhor os aprumos e a pigmentação dos cordeiros da raça dorper no sistema de cração semi-extensivo. 2 MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas 40 ovelhas paridas de cordeiro único e ao mesmo tempo, sendo que a diferença de idade dos cordeiros foi de no máximo dois dias. Foi utilizado no
manejo nutricional das ovelhas concentrado formulado e misturado na fazenda composto de 60 % quirela de milho, 25 % de farelo de soja, 10 % de farelo de trigo e 5% de núcleo mineral da marca Belman, silagem de milho e pastagem. Para os cordeiros foi oferecido ad libidum a ração de creep-feeding formulada e misturada na fazenda composta de 50% quirela de milho, 35 % de farelo de soja, 10 % de farelo de trigo e 5% de núcleo mineral da marca Belman e fornecido em dois cochos especiais que permitiam somente a entrada dos cordeiros. A palha de arroz foi utilizada como cama na baia dos animais. O grupo I (GI) foi formado com 20 ovelhas e seus respectivos cordeiros que permaneceram pelo período de 60 dias em baia com 36 m 2 (9 m comprimento x 4 m largura). Para a cama da baia onde os animais permaneciam foi utilizado 15 sacas de palha de arroz. Foi fornecido 6 kg de silagem e 2 kg de concentrado por cabeça/dia, dividido em duas vezes no período da manhã e a tarde, os cordeiros receberam concentrado no creep-feeding ad libidum. O grupo II (GII) foi formado com 20 ovelhas e seus respectivos cordeiros que permaneceram pelo período de 30 dias em baia com 36 m 2 (9m comprimento x 4 m largura). Para a cama da baia onde os animais permaneciam foi utilizado 15 sacas de palha de arroz. Nos primeiros 30 dias foi fornecido 6 kg de silagem e 2 kg de concentrado por cabeça/dia, dividido em duas vezes no período da manhã e a tarde e nos 30 dias seguintes as ovelhas e os cordeiros foram soltos a pasto, porém os cordeiros receberam concentrado no creep-feeding ad libidum no pasto e na baia e as ovelhas o final do dia as ovelhas receberam 3kg de silagem e 1 kg de concentrado ao voltarem para baia. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Foi comparado o consumo da alimentação dos grupos GI e GII. O GII mostrou um custo de aproximadamente 42% menor em relação ao GI. Os cordeiros do GII, que permaneceram em um tempo maior de exposição ao sol, apresentaram uma melhor pigmentação em relação aos cordeiros do GI. Com relação a pigmentação exigida pelos padrões raciais os cordeiros do grupo GII apresentou 90% de pigmentação necessária para a raça enquanto os animais do GI permaneceram com apenas 10% dos cordeiros com pigmentação. Outro critério avaliado foi a qualidade dos aprumos dos cordeiros, onde 100% dos cordeiros soltos a campo (GII) apresentaram aprumos corretos durante
os 60 dias em comparação ao GI em que 97% dos cordeiros apresentaram aprumos corretos, em ambos os grupos foi analisado o período de 60 dias e posteriormente até o desmame aos 90 dias. Outro critério de avaliação foi a limpeza das baias onde o custo de manutenção geral do GII foi 50% menor em relação ao GI. Isso consequentemente gerou uma despesa 50% menor para a propriedade! Tabela 1 - Custos e produtos utilizados Grupo I (Convencional) Grupo II (Redução) Total de limpezas / 60 dias 4 2 Custo palha de arroz (R$) 240,00 120,00 Custo limpeza (R$) 40,00 20,00 (Funcionário + trator) Valor total (R$) 280,00 140,00 Fonte: o autor (2017 p. 5) Tabela 2 - Custo de alimentação Grupo I (Convencional) Grupo II (Redução) Custo Total de silagem durante / 60 dias (R$) Custo Total de concentrado durante / 60 dias (R$) Custo Total de pastagem durante / 30 dias (R$) 2.880,00 2.160,00 2.700,00 900,00 0 168,00 Valor custo total (R$) 5.580,00 3.228,00 Fonte: o autor (2017 p. 5) 4 CONCLUSÕES De acordo com os dados observados neste experimento, conclui-se que é melhor manter as matrizes paridas por apenas 30 dias no regime de criação intensiva e posteriormente deve-se passar para o regime semi-extensivo. Isto resulta em uma economia de 42% no custo da alimentação, melhoria nos aprumos dos cordeiros e uma melhor pigmentação exigida pelos padrões raciais da raça dorper. Pode concluir também que este manejo facilita o manejo geral reduzindo o custo de manutenção das baias em 50% com relação ao custo convencional.
5 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS ARCO. Dorper. (Disponível em: <http://www.arcoovinos.com.br/index.php/mn-srgo/mn-padroesraciais/55-dorper>. Acesso em: 21/09/2017. FERREIRA, D. O. L. Modelo experimental de urolitíase em ovinos: estudo clinico, laboratorial e hemogasométrico. 2013. 199 f. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, 2013. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/101283>. Acesso em: 21/09/2017. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE. Comunicação social. PPM 2011: rebanho bovino cresce 1,6% e chega a 212,8 milhões de cabeças. Disponível em: <http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=2241>. Acesso em: 10 de set. 2017. MORI, R. M. et al., Desempenho reprodutivo de ovelhas submetidas a diferentes formas de suplementação alimentar antes e durante a estação de monta. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, n. 3, p. 1122-1128, 2006. DE SOUZA, B. B. et al., Efeito da coloração do pelame sobre cortes comerciais de ovinos mestiços. Disponível em: <http://m.milkpoint.com.br/radar-tecnico/ovinos-e-caprinos/efeito-da-coloracao-dopelame-sobre-cortes-comerciais-de-ovinos-mesticos-86064n.aspx>. Acesso em: 13 de set. 2017. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pois sem Ele, nada seria possível. À minha amada esposa e companheira do dia a dia, Adriele Mendes Nogueira, que sempre me dá força e carinho para que eu possa atingir meu objetivo. À Fazenda Monjolão cabanha Dorper Araí Zumbi por permitir a coleta de dados dos animais. Ao Dr. Danilo Otávio Laurenti Ferreira pelo apoio e por compartilhar comigo seu conhecimento necessário para desenvolvimento deste trabalho. em estudos. Aos colegas da FATEC-BOTUCATU, pelos momentos agradáveis que passamos