Visão para o Futuro - Programa de Ação para Adaptação na RAM

Documentos relacionados
AGENDA TEMÁTICA DE INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Alterações Climáticas e a Economia Circular

Território e Alterações Climáticas

13 Ação Climática. Filipe Duarte Santos. INATEL Desafio 2030 Uma Agenda para o desenvolvimento Sustentável 13 Ação Climática

O Que São as Alterações Climáticas e o Que Implicam para a Agricultura em Portugal

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

ENERGIA E AMBIENTE CLIMA

Climatização em Cenários de Alterações Climáticas

Formação em Ativismo Climático Ciência das Alterações Climáticas

Climatização em Cenários de Alterações Climáticas

Alterações Climáticas e Cenários para o Algarve

Filipa Alves Aveiro, 28 de novembro 2015

Alterações Climáticas Pós Copenhaga

Clima vai provocar megaincêndios

Alterações Climáticas em Portugal

Geografia. Claudio Hansen (Rhanna Leoncio) Problemas Ambientais

NEUTRALIDADE CARBÓNICA E GESTÃO AMBIENTAL

Matriz Energética Os Desafios e as Oportunidades. Jerson Kelman. Belo Horizonte, 20 de maio de 2010

CLIMA DE PORTUGAL CONTINENTAL - TENDÊNCIAS

AQUECIMENTO GLOBAL Fatos & Mitos

Introdução. Figura 1 - Esquema Simplificado do Balanço Energético da Terra

Cenários da mudança climática em Portugal. Mariana Bernardino & Fátima Espírito Santo, IPMA 4 de junho de 2015

ROTULAGEM DE ENERGIA ELÉCTRICA

A otimização de um parque de energia eólica uma questão do desenvolvimento sustentável, na cidadania e para a cidadania

Alterações Climáticas: o passado e o futuro. Do GLOBAL ao l cal.

Portugal está no 14º lugar dos países com melhor desempenho climático

Testes de Diagnóstico

Como adaptar os recursos hídricos, agricultura e florestas na Península Ibérica face às alterações climáticas

Clima urbano e alterações climáticas

Análise Climatológica da Década (Relatório preliminar)

Alterações climáticas e influência no desempenho de hotéis

As Mudanças Climáticas e o Brasil

Os Incêndios Florestais Meteorologia e Cenários Climáticos Futuros

Estratégia de Acção: ADAPTAÇÃO

Jornadas da Meteorologia Abril Vila do Conde

Se tudo é Energia, qual é o problema da Energia? Manuel Collares Pereira

MUDANÇAS CLIMÁTICAS, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

PROJETO ADAPTACLIMA-EPAL

Novas tecnologias e economia de baixo carbono. Profº José Goldemberg Universidade de São Paulo (USP)

A Gestão do Litoral e da Ria de Aveiro

Aviação e Mudanças Climáticas: Contexto Global. Roberto Vámos Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas

: RISCOS E DESAFIOS DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NO INÍCIO DO SÉCULO XXI

Gil Penha-Lopes Prof. Filipe Duarte Santos (CCIAM-CE3C, FCUL)

Instituto de Meteorologia Departamento de Meteorologia e Clima

TEMPO CLIMA. num dado local ou região (definido através dos valores das variáveis meteorológicas).

EMISSÕES DE GASES COM EFEITO DE ESTUFA

Projeto AdaPT AC:T Adaptação às alterações climáticas no setor do turismo

Pegada de Carbono e as Alterações Climáticas. Artur Gonçalves Instituto Politécnico de Bragança

Extremos térmicos e saúde humana em áreas urbanas. Henrique Andrade

A importância da floresta num clima em mudança. Francisco Ferreira /

Adaptar o Ciclo Urbano da Água a Cenários de Alterações Climáticas - EPAL 6 Julho 2011

PROJEÇÕES PARA O AUMENTO DE TEMPERATURA NO NORTE DE MG : UMA ANALISE SOBRE CENARIO FUTURO COM BASE NOS MODELOS DE MUDANÇAS CLIMATICAS DO IPCC

Alterações observadas e cenários futuros

Curso Gestão Pública e Elaboração de Projetos Sustentáveis. Causas e consequências das mudanças climáticas

Clima e cenários climáticos em Portugal

Energia Nuclear e Sustentabilidade: Cenários e Desafios para o Século XXI

COP-21 em Pauta A indc Brasileira 28/9/2015

O impacto potencial das mudanças climáticas na agricultura

Água e Alterações Climáticas

RISCOS CLIMÁTICOS E AMBIENTAIS

ClimAdaPT.Local O que significa 2ºC (ou +) de aumento de temperatura do planeta?

EVOLUÇÃO DA TEMPERATURA DO AR EM GOIÂNIA-GO ( ) Diego Tarley Ferreira Nascimento¹, Nicali Bleyer dos Santos², Juliana Ramalho Barros².

AS ENERGIAS RENOVÁVEIS E A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA MITIGAÇÃO DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Reunião de divulgação de resultados do projeto AdaPT AC:T Hotéis parceiros do projeto. Lisboa, LNEC, 25 de maio de 2016

Alterações climáticas: perspetiva e tendências

Alterações Climáticas os possíveis efeitos no Algarve

ESTRATÉGIA CLIMA-MADEIRA

MINERAIS HIDROGEOLÓGICOS ENERGÉTICOS. de acordo com a finalidade

Fatores Críticos de Mudança e das Tendências Territoriais

A Mudança de Paradigma da Eficiência no Setor das Águas

Agenda Positiva da Mudança do Clima

IAG/USP 14 Maio 2019 Mudanças climáticas globais Humberto Rocha

A mudança climática: Kyoto e cenários de aquecimento global

1 Introdução Introdução ao Planejamento Energético

Contribuições Setoriais para a Descarbonização da Economia Transportes

BOLETIM ENERGIAS RENOVÁVEIS

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NO MUNICÍPIO DE PÃO DE AÇÚCAR DURANTE 1977 A 2012

Impacte das alterações climáticas na qualidade do ar do Porto. H. Martins, E. Sá, S. Freitas, J.H. Amorim, S. Rafael, C. Borrego

FAPESP e a Sustentabilidade na COP-21 7 de Outubro de Paulo Artaxo Instituto de Física da USP

ATUALIDADES. Atualidades do Ano de Mudanças Climáticas. Prof. Marcelo Saraiva

MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM FOCO. Prof. Dr. Pedro Roberto Jacobi Dra. Sara Gurfinkel M. Godoy

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS AGRONOMIA UTILIZAÇÃO DE ENERGIA NA AGRICULTURA

A Necessidade e o Futuro dos Reatores Nucleares

ESTRATÉGIA CLIMA-MADEIRA

A INTEGRAÇÃO DA ENERGIA SOLAR NO

Boletim Climatológico Anual - Ano 2008

CEMIG: UMA GRANDE EMPRESA

Dossiê Clima. Dossiê Clima. REVISTA USP São Paulo n. 103 p

Departamento de Alterações Climáticas (DCLIMA)

Unidade I ECOLOGIA. Profa. Dra. Fabiana Fermino

FIESP São Paulo, 2 de junho de 2014

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS - QUE DESAFIOS PARA A SAÚDE?

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E INCIDÊNCIAS NOS IGT ENQUADRAMENTO E REFLEXÕES

Vulnerabilidade e pacotes de medidas de melhoria e de adaptação

Inovação e Competitividade rumo a um Futuro com Zero Emissões


Workshop da CT 150. SC7 Gestão de gases com efeito de estufa e atividades relacionadas

13ª semana de tecnologia metroferroviária. Marcelo Furtado

Mudanças as Ambientais Globais PROPRIEDADE REGISTRADA

Transcrição:

Visão para o Futuro - Programa de Ação para Adaptação na RAM Filipe Duarte Santos fdsantos@fc.ul.pt Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável CCIAM CE3C Centre for Climate Change Impacts, Adaptation and Modelling - Universidade de Lisboa FCUL Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa http://cciam.fc.ul.pt/ Conferência da Região da Madeira da Ordem dos Engenheiros O Papel da Engenharia na Adaptação às Alterações Climáticas Auditório do Museu Casa da Luz Funchal, 6 de julho de 2018

Concentração do dióxido de carbono aumentou de 42% desde o século XVIII

Fonte: Scripps Institution of Oceanography, US

A concentração atmosférica atual (2017) de CO2 é a mais elevada desde há mais de 2 milhões de anos Reconstituição por meio de estudos de paleoclimatologia

Reconstituição da evolução da temperatura média global da baixa atmosfera, representada por meio da anomalia relativamente à média do período de 1961 a 1990, e da concentração atmosférica do CO2 nos últimos 400 000 anos (Petit, 1999). Figura adaptada de EEA, 2004. Repare-se na correlação que se observa entre os dois registos. O aumento da concentração do CO2 a partir da revolução industrial e até ao presente está indicado por um vector aproximadamente vertical devido à escala de tempo utilizada na figura Fonte, Petit et al., 1999

Variação da temperatura média global da atmosfera à superfície desde 1880 Desde o período pré-industrial a temperature Média global da atmosfera à superfície subiu Cerca de 1.1 ºC Fonte: NASA GISS USA

Fonte: NASA

Fonte: NOAA, USA Changes in Sea-Surface Temperature Since 1900

Subida do nível médio global do mar desde o período pré-industrial é cerca de 20cm

Número de eventos extremos em que houve perdas reportadas à escala mundial

Source: Instituto Nacional de Saúde Onda de Calor de Julho-Agosto 2003 Comparação da mortalidade em anos adjacentes 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 328,8 deaths 2367,3 deaths Total: 2696,1 deaths 1-Mai 6-Mai 11-Mai 16-Mai 21-Mai 26-Mai 31-Mai 5-Jun 10-Jun 15-Jun 20-Jun 25-Jun 30-Jun 5-Jul 10-Jul 15-Jul 20-Jul 25-Jul 30-Jul 4-Ago 9-Ago 14-Ago 19-Ago 24-Ago 29-Ago 3-Set 8-Set 13-Set 18-Set 23-Set 28-Set 2002 2003 2004

Variação da anomalia da temperatura média na Macaronésia Fonte: Cropper, 2013

Fonte: Cropper, 2013

Fonte: Cropper, 2014

Precipitação anual Fonte: Cropper, 2013

Variabilidade e Alterações Climáticas Impactos Mitigação Adaptação Respostas Efeitos directos ou retroacção Efeitos indirectos

Trajectórias das emissões de CO 2 e (2005 = 380 ppmv) Miles de millones de toneladas de CO 2 4 C 3 C 2 C MITIGAÇÃO Fuente: Stern Review; World Resources Institute

Impact of national climate pledges (aka INDCs) on world s greenhouse gas emissions measured in CO2 equivalents (CO2e).

Cenários climáticos do IPCC, AR5 WGI, 2014

Fonte IPCC AR5

Subida observada e projectada do nível Médio global do mar FONTE: IPCC, 2014 RCP8.5 RCP2.6

VULNERABILIDADE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS EXPOSIÇÃO SENSIBILIDADE CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO IMPACTOS POTENCIAIS VULNERABILIDADE, RISCO, RESILIENCIA ADAPTAÇÃO PLANEADA

Fonte: Cropper, 2013 TEMPERATURA MÉDIA ANUAL

Fonte: Cropper, 2013 PRECIPITAÇÃO INVERNO DJF

PRECIPITAÇÂO VERÃO JJA

Precipitação média observada em DJF e JJA - 1961-1990 FONTE SIAM II 2006 Anomalia da precipitação média em 2071-2100 nos cenários A2 e B2

A adaptação às alterações climáticas é amplamente reconhecida como um exemplo de um desafio de governança multinível porque os impactos potenciais e as respetivas medidas de adaptação cruzam diferentes níveis de governação nacional, regional e local, diferentes setores socioeconómicos e envolvem uma multiplicidade de stakeholders, entre os quais se destacam as instituições Regionais e Autárquicas, as empresas e as organizações não-governamentais.

SIAM Project : Climate Change in Portugal: Scenarios, Impacts and Adaptation Measures SIAM I - 2002 SIAM II - 2006 http://www.siam.fc.ul.pt

Impactos e Medidas de Adaptação às Alterações Climáticas no Arquipélago da Madeira Projecto CLIMAAT II, Coordenado por F.D. Santos e R. Aguiar Direcção Regional do Ambiente da Madeira, Funchal, 2006. O Projeto CLIMAAT II foi financiado pelo Programa INTEREGIIIB e realizou-se, de acordo com o contrato celebrado entre a DRA da RAM e o ICAT- FCUL, durante um período de 11 meses de 26 de Julho de 2005 a 26 de Junho de 2006. Acessível em http://www.sra.pt/files/pdf/destaques/brochura CLIMAAT_II_MadeiraFINAL.pdf No entanto, as alterações climáticas podem proporcionar condições mais favoráveis para a sobrevivência dos mosquitos e desenvolvimento dos parasitas. O futuro risco de transmissão da dengue e da febre-amarela é muito preocupante.

O Governo Regional da Madeira, através da sua Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais, decidiu dotar a região de uma Estratégia de Adaptação às Alterações Climáticas da Região Autónoma da Madeira Estratégia CLIMA-Madeira, 2015 Consórcio Coordenado pelo CCIAM-Ce3C, FCUL Acessível em: http://clima-madeira.pt/pt

Projeto ClimAdaPT.Local Municípios beneficiários e participantes

Ficha Climática - Funchal

Average annual increase in inflation-adjusted GDP, based on work of Angus Maddison through 2000; USDA population/real GDP figures used for 2000 to 2014.

Evolution of the GDP per capita, world average, since 196 Source, World Bank

Evolution of the GDP per capita, European average, since 1960. The red line gives the mean per decade (and the average 2011 2014 for the current decade). Source of data: World Bank, 2015

Respective year on year changes, since 1960, of the world GDP (purple curve), and the world energy consumption, excluding wood (dark blue). Um exemplo significativo foi o choque petrolífero de 1979 causado pela Revolução Iraniana que baixou a oferta global de petróleo de apenas 4% mas provocou um aumento do seu preço para mais do dobro no ano seguinte. Desde esse período

Os custos mais elevados da exploração dos combustíveis fósseis, especialmente do carvão e do petróleo, está a contribuir para a estagnação do consumo global de energia per capita no período de 2013-2017 e consequentemente está a condicionar o crescimento global da economia. Este condicionamento é notório nas economias avançadas, e especialmente nos países importadores Simultaneamente estamos no começo de uma transição energética para as energias renováveis que é necessária e possível, mas que inicialmente envolve custos adicionais

É possível descarbonizar a economia mundial até 2050 com aumento do número de empregos no setor da energia e diminuição da procura de energia Fonte: Jacobson, 2018

Para cumprir o Acordo de Paris é necessário deixar no subso de 68% das reservas de combustíveis fósseis. Se a partir de hoje não se construíssem mais centrais térmicas com combustíveis fósseis ainda seria necessário fechar cerca de 20% do parque global de centrais termoelétricas a combustíveis fósseis para poder cumprir o Acordo de Paris.

Neutralidade carbónica de Portugal em 2050 Objetivo estabelecido em 2016 pelo governo

É essencial cumprir o Acordo de Paris e promover a adaptação

Obrigado pela vossa atenção