DIREITO PENAL. PIETRO PONTO 1: CRIMES CONTRA O PATRIMONIO PONTO 2: FURTO: estrutura e teorias. PONTO 3: -------



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Transcrição:

1 DIREITO PENAL DIREITO PENAL PONTO 1: CRIMES CONTRA O PATRIMONIO PONTO 2: FURTO: estrutura e teorias. PONTO 3: ------- CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO -FURTO ART. 155 1 CP OBJETO: sob o que recai a conduta do agente no caso a conduta de retrair. Objeto material do furto coisa alheia móvel. COISAS QUE NÃO PODEM SER OBJETO DE FURTO: coisas não corpóreas. Ex: uma ideia, podendo ser objeto de violação autoral dentro de um conflito aparente de normas. Ações, também não podem ser. A não ser que tenha algum objeto que possa corporificar. Transferência pela internet pode ser objeto de furto, ainda que o agente não esteja colocando a mão no numerário, uma vez que, esses valores existem e estão sendo subtraídos. Não é algo virtual que está sendo subtraído, porque aquele numerário passa a ficar disponível na conta do agente. RES NULIUS coisas que não pertencem a ninguém podem ser objeto de furto, como por exemplo, água do mar, energia solar, ou coisa de uso comum do povo? Esses objetos não podem ser objeto do crime de furto. ** Ressalvas: a água, via de regra, não pode ser objeto do crime de furto, mas se essa água for destacada, armazenada e tratada em um reservatório da Corsan, poderá ser objeto do crime de furto. Da mesma forma, água da chuva, mas se ela for captada em um reservatório particular, pertencente a alguém, passa a ser objeto do crime de furto. Da mesma forma, a energia solar/térmica, armazenada pertencente a outrem pode ser objeto do crime de furto. O ar comprimido, armazenado pertencente, pode ser furtado. A res desperdita ou também chamada de coisa perdida não podem ser objeto do crime de furto, mas pode ser objeto do crime do art. 169 2 CP, crime de apropriação de coisa achada. 1 Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Furto qualificado 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 2 Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre: Apropriação de tesouro I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; Apropriação de coisa achada

Quando alguém encontrar um objeto que está perdido, tem a obrigação de entregar a autoridade, para restituição ao dono, em um determinado prazo, sob pena, de incorrer nesse tipo penal. RES DELELICTA quando o dono renunciou a sua propriedade, então, não cabe furto, será fato atípico. ANIMAIS: podem ser objeto do crime de furto. São considerados semoventes pelo direito civil. Se alguém caçar um animal silvestre, assim definido, incidirá na lei dos crimes ambientais. Esperma de animais: é furto, que é equiparado a energia. art. 155, 3º CP. FOLHA DE CHEQUE PREENCHIDO (ASSINADA): a folha de cheque, quando o titular da conta não assinou o cheque será crime de estelionato caput. A pessoa que pega Cheque assinado em branco pratica furto. Aquele que subtrai talonário de cheque sem estar preenchido, pratica um crime, em razão do crime de concussão, sendo crime de estelionato (que é o crime fim). Conforme doutrina tradicional, NÉLSON HUNGRIA e HELENO CLÁUDIO FRAGOSO, coisas que não possuam valor econômico, também podem ser objeto de furto, desde que, por exemplo, tenha um valor sentimental para a vítima. Ex: uma carta escrita por um filho, que morreu, à mãe; um par de sapatos velho de um ídolo; uma camiseta autografada de um famoso. Não precisa que a coisa tenha um valor econômico, necessariamente. _ ALHEIA: o objeto subtraído deve pertencer a outrem, que não o agente. Subtração de coisa própria, no caso de joias no penhor, por exemplo. Art. 156 3 CP subtração de coisa comum o sócio que subtrai coisa comum, que pertence a ele próprio, mas também aos outros sócios. Art. 346 4 CP CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA: coisa própria que se encontra em poder de terceiro, por convenção ou decisão judicial. Ex: um bem pertencente a um devedor foi conscrito judicialmente e o B foi nomeado depositário. B possui o bem de forma lícita, A (proprietário) subtrai o bem e por isso não pode se falar em crime de furto, pois a coisa não é alheia, mas própria. MAGALHÃES NORONHA entende que pode haver furto de coisa própria (posição isolada), pois o crime de furto tutela não apenas a propriedade, mas também a posse legítima; Como o terceiro detém a posse legítima do bem, então o proprietário poderia, para esse possuidor legítimo, praticar furto, ainda que de coisa própria. EX: João tem joias na CEF. Contrata alguém para furtar suas joias do Banco. A doutrina entende que isso seja receptação, pois contratou o furto por mil reais. Art. 345 5 CP se a coisa tiver nas mãos de terceiro, posse ilegítima não se tem o crime do art. 346 CP, mas o do art. 345 CP. Ao invés da pessoa se socorrer dos meios legais para recuperar 2 II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias. 3 Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 1º - Somente se procede mediante representação. 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. 4 Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 5 Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:

o bem, ela, por exemplo, arromba o local onde o bem está para pegá-lo. Esse é o crime de exercício arbitrário das próprias razões. vulgarmente fazendo justiça com as próprias mãos. Não confundir com os conceitos do direito civil. O cód. Civil considera alguns bens que são realmente móveis com imóveis. Ex: navio, para o direito penal é bem móvel. Para fins de direito penal, móvel é tudo aquilo que possa ser transportado de um lugar para outro, SEM SEPARAÇÃO DESTRUTIVA DO SOLO. ÁRVORE: se uma pessoa serrar o tronco de uma árvore, assim haverá o crime de dano, pertencendo à árvore a alguém. Se a pessoa conseguir levar toda a árvore com raiz e tudo, nesse caso, pratica crime de furto. VERBO SUBTRAIR = tirar; já apropriar é retirar. Significa, portanto, tirar contra a vontade, expressa ou tácita, do proprietário ou possuidor da res. Não existe furto com o consentimento do proprietário. É possível haver outro crime (crime de apropriação indébita). Pode haver um pseudoconsentimento ou consentimento nulo, que se equivale a um não consentimento. Ex: alguém entra numa casa e leva uma TV. PARA SI OU PARA OUTREM animus furandi, animus REM sime habendi dolo específico de a pessoa subtrai a coisa para si, por isso não é crime o furto de uso. É um elemento subjetivo especial do tipo; é o chamado dolo específico ou elemento especial de agir. Ausência desse elemento, via de regra, descaracteriza o furto. Via de regra, porque é com base nisso que se discuti a tipificação do furto de uso. Não está previsto no CP e, portanto, esse furto de uso é fato atípico. O que torna o furto de uso atípico é a expressão para si ou para outrem, pois a pessoa usa e devolve. O agente não se apoderou da coisa para si ou para terceiro, apenas retirou essa coisa contra a vontade expressa do possuidor ou do dono para utilizá-la. **REQUISITO PARA QUE HAJA FURTO DE USO: _ o uso deve ser imediato; qual o tempo? Depende do caso concreto; a doutrina e o caso específico é que dirão, mas se trata de tempo breve. Não se fala em furto de uso se o vizinho foi viajar e o agente pega a bicicleta, Honda, do vizinho e a utiliza, por exemplo, três semanas; esse período não é tempo hábil para se caracterizar furto de uso. Pode haver furto de uso de veículo, do combustível do veículo e do óleo do veículo consumidos durante esse veículo. _ o bem deve ser devolvido ao mesmo local e no mesmo estado em que se encontrava. NELSON HUNGRIA já advertia que: se o agente pegar um bem para apenas o utilizar, mas não o restitui ao mesmo local, corre o risco de não devolvê-lo e, em assim sendo, consumar um crime de furto. Ex: o sujeito, pega uma tesoura de jardinagem, a usa e a coloca em outro local que não onde estava nesse caso, consumou o furto; mesmo que tenha colocado na casa onde havia pegado. O bem deve ser devolvido no mesmo estado em que se encontra, significando que, por exemplo, se tiver tomado um veículo e tiver quebrado o farol, causou prejuízo à vítima, não restituindo da mesma forma em que pegou é furto. _ o bem deve ser restituído à vítima antes que ela dele necessite. Ex: o agente subtrai o celular e a vítima sai correndo atrás e puxa o agente pela camisa, o objeto cai no chão e quebra. WEBER, NUCCI, HUNGRIA, dizem que haverá furto na forma consumada. O agente está 3 Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.

com um vaso na mão, chega à vítima e o surpreende, ele se assusta o vaso cai e quebra; haverá furto consumado, pois houve prejuízo à vítima. ***O que interessa é o que o STJ ou STF entendem para efeitos de concurso em prova objetiva. Exceto SC e MG que fazem concursos à parte baseando-se nos Tribunais Estaduais e nas Constituições Estaduais respectivas. Art. 155, 1º, CP FURTO MAJORADO DIANTE DO REPOUSO NOTURNO: pena é aumentada em 1/3 em razão do repouso noturno. O legislador utilizou a expressão repouso noturno e não a expressão durante a noite. Que nada mais significa do que ausência de luz solar que é um critério físico astronômico. Posições: 1ª ROGÉRIO SANCHEZ CUNHA e BITENCOURT (posição não tem sido adotada pela jurisprudência majoritária) dizem que para incidir essa majorante do crime de furto, o furto, em primeiro lugar, deve ter sido praticado no momento em que haja pessoas e que essas pessoas estejam repousando. Ex: se essas pessoas estiverem viajando, no momento do furto, não incidirá a majorante. Ex: se o furto tiver sido praticado em estabelecimento comercial não incide a majorante. 2ª DAMÁSIO DE JESUS e MAGALHÃES NORONHA o critério não é físico astronômico, porque o legislador não fala em noite. O critério é psicossocial. É preciso verificar cada caso concreto e levar em conta se, naquele local, a cidade já adormeceu (se na cidade já havia um clima de tranquilidade). Não precisa haver pessoas no local do furto. O argumento é que o legislador resolveu punir, de forma mais severa, aquele que pratica o crime durante o repouso noturno, porque nesse momento, há uma certa dormência na localidade, sendo que consequentemente a vigilância sobre a res é mais reduzida. Essa é a posição adotada, majoritariamente, na doutrina. A 5ª turma do STJ diz que essa majorante do repouso noturno se aplica a estabelecimentos comerciais e também a veículos que dormem na rua (estacionados em via pública), pois nesses horários existe um afrouxamento da vítima em relação à res e também do delinquente. Não importa se a vítima está ou não no local do crime. Se houver furto durante o repouso noturno e as pessoas da casa estiverem fazendo festa não incidirá a majorante. É pacífico que a majorante do 1º do art. 155 CP, não se aplica às hipóteses de furto qualificado, por uma posição topográfica, não pode ser majorado e qualificado ao mesmo tempo, passa a ser circunstância desfavorável do art. 59 6 CP. O promotor coloca as duas, em caso de desclassificação do crime ainda perdura um dos. - art. 155, 2º, CP FURTO PRIVILEGIADO: Posição isolada de Nucci art. 60, 2º 7 CP (ppl. 6 meses) e art. 44, 2º 8 CP (ppl 1 ano) para ser furto privilegiado deve ser primário e 4 6 Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;(redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;(redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;(redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 7 Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Multa substitutiva 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 8 Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)

de pequeno valor a coisa subtraída. A lei exige dois requisitos cumulativos: 1º ser a coisa de pequeno valor, devendo ser levado em conta a época do fato e segundo STJ/STF não pode ultrapassar o valor de 1 salário mínimo (pequeno valor); não interessa se o bem foi recuperado ou não. Não confundir pequeno valor com valor irrisório. O valor irrisório é aquele que conduz a atipicidade material do fato em razão do princípio da insignificância. Não podendo ultrapassar a 10 % do salário mínimo nacional afasta o crime. A bagatela em crimes federais 20mil reais (CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO requisitos para atipicidade: STJ/STF tem dito reiteradamente, que para se reconhecer o princípio da bagatela no furto não basta o valor irrisório da coisa). São indispensáveis outros quatro vetores mínima ofensividade da conduta, ausência de periculosidade social do agente, inexpressividade do valor do bem subtraído e reduzido grau de reprovabilidade da conduta. Ex: furto de objeto cujo valor equivale a 7% do salário mínimo, mas em que houve rompimento de obstáculo, portando é qualificadora (não há mínima ofensividade da conduta e, ainda, se o agente ostenta maus antecedentes ou é reincidente, não incide o princípio da bagatela). OBS: o STJ possui dois entendimentos, admitindo que maus antecedentes impeçam a aplicação do princípio da bagatela e outro contrário. Hoje está pacificado o entendimento tanto no STJ como no STF de que é possível aplicação da privilegiadora do parág. Art. 155, 2º CP, aos casos de furto privilegiado. _ ser o criminoso é primário: o CP não traz conceito de primariedade, não havendo segurança jurídica, pois é primário quem não é reincidente. basta não ser reincidente que será beneficiado com o 2º do art. 155 CP. Aquele que ostentar maus antecedentes, segundo o STJ pode ter o benefício do art. 155, 2º CP e S 444 9 STJ. A expressão pode significa deve. Direitos públicos de liberdade do indivíduo, sendo o criminoso primário isso passa a ser obrigação do juiz devendo este aplicar necessariamente. O juiz deve: a) reduzir a pena privativa de liberdade entre 1/3 e 2/3; b) substituir a pena de reclusão pela detenção; c) aplicar, tão somente, a pena de multa; o juiz deverá fazer sua opção de modo justificado. A jurisprudência entende que o juiz irá operar a e b conjuntamente ou c isoladamente. _ art. 155, 3º CP: FURTO DE ENERGIA ELÉTRICA OU OUTRA FORMA DE ENERGIA QUE TENHA VALOR ECONÔMICO: o legislador se vale de uma interpretação analógica, na medida em que se utiliza da expressão qualquer outra ao se referir à energia. Ex da doutrina: energia térmica, energia nuclear, energia genética (sêmen de boi). ** gatos de energia elétrica não se discuti que se trata de furto de energia elétrica, quando o sujeito faz aquelas ligações clandestinas com fios elétricos. Mas a situação em que a energia passa normalmente, não sendo clandestina passando pela empresa de energia elétrica? Se a ligação for legal, sendo que a pessoa desvia os fios: haverá furto. Se, havendo ligação a pessoa adulterar o medidor de energia elétrica: 1ª posição praticamente pacífica acerca do assunto é de quando houver alteração no medir após a passagem da energia elétrica haverá 5 2 o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) 9 SÚM. 444 - É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.

crime de estelionato. 2ª posição JOSÉ HENRIQUE PIERANGELI independe se foi antes ou depois da luz pelo medidor será sempre o crime de furto. Havendo gato, discute-se - se o crime é simples ou qualificado. 1ª posição majoritária se trata de crime de furto qualificado pela fraude. 2ª posição: trata-se de furto simples, em razão da posição topográfica do 3º, pois vem antes do 4º (não cabe 3º com o 4º). Furto de sinais de Tv à cabo: há uma posição no STJ (5ª) trata-se de crime de furto, porque é equiparado a energia elétrica (min. Arnaldo Esteves Lima julgado de 2009 e Nucci). 2ª posição: 2ª turma STF rel. min. Joaquim Barbosa não se pode fazer analogia in malam partem, quando a lei fala em energia é energia, faltando a coisa alheia móvel, o objeto material, sendo o fato atípico (é o que prevalece na jurisprudência e doutrina). O desvio de sinal de TV a cabo é atípico. _ Art. 311-A 10 CP. COLA ELETRÔNICA fato sempre era tornado atípico. Atualmente a doutrina tem entendido que a cola eletrônica se típica pelo art. 311-A CP. _ PULSOS TELEFÔNICOS: 5ª turma do STJ entende que furto de pulsos telefônicos é verdadeiro furto, pois se equipara a energia elétrica. _ CONSUMAÇÃO DO CRIME DE FURTO: 4 teorias 1ª TEORIA DA CONCRETATIO: consuma-se o crime de furto com o simples contato do agente com a res. Ex o agente ingressou na residência e pegou o bem nas mãos; chega a polícia, o furto é consumado; (teoria não adotada). 2ª TEORIA DA AMOTIO/APREHENSIO: haverá consumação do crime de furto quando o agente tornar-se possuidor da res, isto é, quando a coisa subtraída passar ao seu poder, ainda que por breves instantes, mesmo que não tenha saído da esfera de vigilância da vítima. Ex o agente sai da casa da vítima com a coisa, ainda que perseguido pela vítima já está consumado o crime. _ Basta que tenha saído da esfera patrimonial. É a teoria QUE ESTÁ SENDO ADOTADA PELO STJ/STF, ou seja, dispensase a posse mansa e pacífica, que se houver terá sido mero exaurimento do crime. Para essa posição do STJ, ficou difícil haver tentativa de furto. Quando a pessoa consumiu algo no mercado ela consumou o furto. 3ª TEORIA ABLATIO (extirpar, retirar, separar): haverá consumação no momento em que se tem essa posse mansa e pacífica que se efetiva o deslocamento da coisa para outro lugar, caracterizando-se o furto. Se o agente está correndo com a coisa e a vítima consegue pegar a coisa temos furto tentado. 4ª TEORIA DA ILATIO: posse, mansa pacífica e deslocamento para lugar seguro. Vigilância eletrônica, o sujeito entra em um supermercado pega o objeto coloca no bolso, tenta sair sem pagar, as câmeras gravam 6 10Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) 1 o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) 2 o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) 3 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

tudo, nesse caso o STJ/STF entendem que se trata de tentativa de furto, pois a ineficácia do meio não é absoluta; ainda como existe vigilância eletrônica o sujeito nunca teve posse mansa e pacífica, na verdade sempre esteve vigiado. **S 145 11 STF (quando o crime é impossível). 7 11 SÚM. 145 - NÃO HÁ CRIME, QUANDO A PREPARAÇÃO DO FLAGRANTE PELA POLÍCIA TORNA IMPOSSÍVEL A SUA CONSUMAÇÃO.