Vídeo Cotas Integração Escolar Americana 1896 - Caso Plessy versus Ferguson Em 1890 o Estado da Louisiana aprovou uma lei que foi denominada Ato do carro separado. Esta lei determinava que negros e brancos devessem ficar em acomodações distintas nos trens, devendo viajar em vagões específicos para cada raça. Um grupo de negros de destaque e moradores brancos de Nova Orleans formaram um comitê de cidadãos dedicados a revogar a lei. Estas pessoas convenceram um homem de nome Homer Adolph Plessy a participar de um ato orquestrado. Nos Estados Unidos a raça era determinada pela chamada regra da gota de sangue, em que não importava a cor da pele, bastava que a pessoa tivesse o que eles chamavam de gota de sangue negro para ser considerado negro, ou seja, na época, se uma pessoa tivesse qualquer ancestral negro, não importava a geração, ela seria considerada negra. Homer Adolph Plessy nasceu um cidadão livre e foi considerado um octoroon, que pode ser traduzido como oitavão, que era alguém que segundo a classificação da época tinha sete oitavos de branco e um oitavo de negro, portanto era considerado negro pela regra da gota de sangue. Em junho de 1892, Plessy comprou um ticket de primeira classe e embarcou em um vagão só para brancos, mas a empresa ferroviária já havia sido informada sobre a linhagem racial de Plessy, pois não seria possível determinar que ele fosse negro fisicamente, na verdade isto foi uma armação do comitê para que Plessy fosse preso, sendo que a própria comissão que era contra a lei separatista, contratou um detetive particular com poderes de prisão, para garantir que Plessy fosse preso pela lei do vagão separado e não por outra justificativa das autoridades. Plessy foi convidado a sair para ir para o vagão só para os negros, ele se recusou, o trem foi parado e ele foi preso pelo detetive e encaminhado para julgamento no Tribunal Distrital Criminal de Orleans Parish. No caso Homer Adolph Plessy versus Estado da Louisiana, em sua argumentação Plessy alegou que a lei da segregação dos vagões de trem era contrária a 13 a emenda que proíbe a escravidão e 14 a emenda que garante os mesmos direitos a todos os cidadãos dos Estados Unidos. Estas emendas fazem parte da Constituição americana, mas o juiz John Howard Ferguson (cujo nome deu origem à denominação do caso como Plessy versus Ferguson) decidiu que a Louisiana tinha o direito de regular as companhias ferroviárias, desde que operando nos limites do Estado. Plessy foi condenado e sentenciado a pagar uma multa de U$ 25,00 (que na época era um valor considerável). O comitê de cidadãos levou uma apelação de Plessy ao Supremo Tribunal de Louisiana e Plessy perdeu novamente, então houve recurso à Suprema Corte Americana e em uma decisão de 7 a 1 proferida em 18 de maio de 1896, ficou decidido que o Estatuto da
Louisiana, não teria ferido a 14 a emenda sendo afirmado que a lei não implicaria em nenhum tipo de inferioridade aos negros, definindo assim que a determinação legal separava as duas raças como uma questão de política pública. Com esta decisão ficou assentado o principio de Separados, mas Iguais, mesmo que as condições do separatismo não demonstrassem a igualdade de condições e estabelecimentos públicos entre negros e brancos. A história de Homer Adolph Plessy demonstra como brancos e negros lutaram juntos contra a segregação racial nos Estados Unidos, no entanto nesta época não conseguiram vencer a luta contra a discriminação.
1954 - Relembrando o Passado, uma História Real Americana Por causa da segregação racial no passado nos Estados Unidos, crianças negras e brancas não tinham o mesmo tipo de educação. Mesmo depois da guerra civil, a população americana tratava os negros como uma raça inferior. Nas escolas não compartilhavam a mesma sala de aula e não tinham os mesmos professores. No ano de 1954 foi travada uma batalha na suprema corte americana no caso denominado Brown versus Conselho de Educação, onde foi discutida a integração racial nas escolas. Foi tratado o tema sobre a violação da 14 a emenda da Constituição americana que diz: Seção 1. Todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos, e sujeitas à sua jurisdição, são cidadãos dos Estados Unidos e do Estado em que residem. Nenhum Estado deve fazer ou cumprir qualquer lei que restrinja os privilégios ou as imunidades dos cidadãos dos Estados Unidos, nem qualquer Estado privará qualquer pessoa da vida, liberdade ou propriedade, sem o devido processo legal, nem negar a qualquer pessoa dentro da sua jurisdição a igual proteção das leis. Linda Brown era uma menina de oito anos de idade que tinha que atravessar a cidade de Topeka no Kansas para chegar à escola primária, enquanto seus amigos brancos podiam freqüentar uma escola próxima a poucos quarteirões. O sistema escolar de Topeka era segregado com base na raça e estava sob a doutrina denominada Separados, mas Iguais que foi estabelecida em 1896 determinada pela Suprema Corte Americana, pelo julgamento do caso Plessy versus Fergusson. Nos tribunais de primeira instância, a justiça decidiu que se as instalações eram idênticas, e que as crianças estavam sendo tratadas em igualdade, o processo foi levado então à Suprema Corte que decidiu por unanimidade a anulação da Decisão Plessy versus Ferguson, determinando que todas as leis que estabeleciam escolas segregadas eram inconstitucionais. Na decisão constou o texto: "A segregação de crianças brancas e negras nas escolas públicas tem um efeito negativo sobre as crianças de cor. O impacto é maior quando se tem a sanção da lei, para a política de separar as raças, é geralmente interpretado como denotando a inferioridade do grupo negro. Um sentimento de inferioridade afeta a motivação da criança para aprender. Segregação com a sanção da lei, portanto, tem uma tendência para retardo do desenvolvimento educacional e mental das crianças negras e as priva de alguns dos benefícios que receberiam em um sistema escolar com integração racial. " Com relação à 14 a foi considerado:
"Concluímos que, no campo da educação pública, a doutrina do "Separados, mas Iguais " não tem lugar. Instalações educacionais separadas são inerentemente desiguais. Portanto, temos que os autores e outros em situação semelhante, para quem as ações foram trazidas são, em virtude da segregação denunciada, privados da igual proteção das leis garantidas pela Décima Quarta Emenda. " Assim em 1954 foi determinado pela corte suprema dos Estados Unidos, o fim do separatismo entre negros e brancos em escolas públicas.
1957 - Os Nove de Litlle Rock. Integração Forçada Após a decisão da Suprema Corte Americana em 17 de maio de 1954 que declarou a inconstitucionalidade das escolas segregadas, A NAACP National Association for the Advancement of Colored People, cuja sigla pode ser traduzia como: Associação Nacional para Avanço das Pessoas de Cor tentou matricular estudantes nas escolas que anteriormente eram somente para brancos em todo o sul do país. A Ku Klus Klan, também conhecida como KKK que é uma corrente racista, organizou vários protestos com o intuito de impedir a integração que foi determinada pela Corte Suprema em 1954. Litlle Rock é a capital do Arkansas e seu conselho escolar decidiu cumprir a ordem da Suprema Corte. O superintendente da escola cujo nome era Virgílio Blossom criou um planejamento onde a integração seria implantada de forma gradual e o apresentou em 24 de Maio de 1955, sendo que o projeto foi aprovado por unanimidade. O plano seria colocado em prática a partir de setembro de 1957. A NAACP havia matriculado previamente nove alunos negros em Litlle Rock Central High que era uma escola anteriormente somente para brancos, os alunos foram apelidados de Litlle Rock Nine e seus nomes eram Minnijean Brown, Carlotta Walls Lanier, Ernest Verde, Elizabeth Eckford, Melba Pattillo Beals, Thomas Jefferson, Gloria Ray Karlmark, Thelma Mothershed e Terrence Roberts. Perto do dia em que haveria o início da integração planejada, vários conselhos segregacionistas ameaçaram fazer protestos e impedir que os alunos negros entrassem na escola. Em quatro de setembro de 1957, às vésperas do dia combinado para a integração, o Governador Orval Faubus, convocou a guarda nacional, não para proteger os estudantes negros, mas justamente para impedir que eles entrassem, o que se via era uma linha de soldados fortemente armados especificamente colocados para bloquear nove estudantes negros. A ordem era a de admitir na escola somente os estudantes brancos. Forças do Estado foram usadas para impedir o cumprimento de leis federais, isto chocou os Estados Unidos. Oito das nove crianças e os adultos que os acompanhavam foram impedidos pela guarda nacional e tiveram que retornar. Uma das estudantes, a de nome Elizabeth Eckford ficou sozinha e foi hostilizada, mesmo não respondendo aos protestos, até que uma senhora a acompanhou até o ônibus. Os pais negros e os lideres da NAACP voltaram à corte sendo que foram apoiados por advogados locais. No mesmo mês, o Governador Faubus e o presidente Eisenhower tiveram uma reunião na casa de férias do presidente em Newport Rhode Island. Eisenhower aconselhou ao Governador Farbus a desistir da idéias e deixar que as crianças negras fossem assistir as aulas., Faubus retirou a guarda nacional, para que a decisão da suprema corte fosse cumprida, mas as pessoas ficaram protestando em frente à escola e criaram tumultos e de forma violenta agrediram acompanhantes das crianças, mesmo que não
tivessem esboçado qualquer reação. A resistência à idéia de negros em escolas de brancos causou reações irracionais e prisões. Na mesma noite da manifestação incontida, o presidente Eisenhower tomou a decisão de convocar tropas federais para cuidar da situação em Litlle Rock informando que nada impediria a execução da decisão da corte dos Estados Unidos. Os estudantes negros tiveram que ser diariamente escoltados de casa para escola e da escola para casa sob a proteção do Exército americano. Apesar da integração forçada, o Governador Farbus tentou tomar medidas para impedir a integração, pois tinha interesses na reeleição. Os estudantes negros sofreram violências, mas tinham a orientação de não reagir a qualquer tipo de provocação, e mesmo assim sofreram sanções injustificadas, tudo em nome de um racismo manifestado pelos brancos americanos.
Do Pesadelo ao Sonho Americano, os Dois Lados da moeda Veja esta menina na foto, o nome dela é Hazel Bryant. Dentro da atitude irracional do segregacionismo, situações completamente violentas e sem justificativas, ocorreram no calor do ódio e da manifestação do preconceito. Esta menina representou um lado da questão e se tornou manchete nos jornais Norte Americanos, e esta foto se tornou a representação, um ícone dos dois lados. Enquanto um lado preconizava a opressão, o outro representado pela garota negra de nome Elizabeth Eckford representava a dignidade, que apesar das ofensas não manifestou ódio, nem naquele momento e nem depois. O fim da segregação nas escolas Norte Americana, mesmo com a presença e ação do exército na época em que foi imposta, não deixou trauma, muito pelo contrário possibilitou uma sociedade mais justa, onde pessoas consideradas negras e consideradas brancas puderam procurar uma igualdade que está sendo conquistada a cada dia e a ação do governo que foi entendida pela população considerada branca como uma violação de direitos, hoje é entendida como uma ação que foi necessária e que representa orgulho para o povo americano. A integração entre brancos e negros nas escolas nos EUA, serve de exemplo para o mundo e para o Brasil de que para alguns grupos privilegiados é necessário ceder para que exista a integração social, para que a paz seja encontrada, mesmo que para isto sejam necessárias batalhas para que preconceitos sejam quebrados. Com relação a Elizabeth e Hazel, a figura do preconceito se dissipa quando depois de anos as duas se encontram e em tom de amizade celebram a conquista da igualdade não só para negros ou brancos, mas para toda a sociedade americana, uma história de luta, humildade, resignação com um final feliz e de sucesso para todo o povo Norte Americano. Quem ganhou com toda esta história, foi a humanidade.