Orientando o estágio em música na EaD: como ajudar os alunos a escolherem os temas para seus Projetos? Comunicação

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Transcrição:

Orientando o estágio em música na EaD: como ajudar os alunos a escolherem os temas para seus Projetos? Jordana Pacheco Eid Universidade Aberta do Brasil/ Universidade de Brasília jordanaeid@gmail.com Ruth de Sousa Ferreira Silva Universidade Aberta do Brasil/ Universidade de Brasília ruthsousafs@gmail.com Comunicação Resumo: Este relato de experiência tem como objetivo refletir sobre a orientação do estágio na EaD, focando a escolha do tema para o Projeto de Estágio dos alunos do curso de Licenciatura em Música à Distância da UnB. No contexto da disciplina que é oferecida na plataforma virtual, as atividades são pensadas para que os alunos tenham condições e subsídios para escolherem a temática para o estágio. Entende-se que, mais do que atuar dentro da temática proposta, é importante que estas temáticas levem os alunos a refletirem sobre o ser professor e sobre a aula de música. Palavras-chave: Educação a distância, Orientação no estágio em música, Projeto de Estágio. Introdução Elaborar, revisar, supervisionar e tutoriar disciplinas de estágio em música na EaD é sempre um desafio. A cada semestre, novas questões e reflexões norteiam nosso trabalho. E uma questão que tem nos instigado muito nos últimos semestres é como ajudar os alunos da EaD na escolha do tema para seus Projetos de Estágio. O estágio supervisionado tem sido alvo de estudo de alguns autores como Mateiro e Téo (2003), que investigaram o desenvolvimento dos processos de planejamento durante o estágio supervisionado em música, Pimenta e Lima (2006), que discutem a prática do estágio entendendo-o como instrumento pedagógico (p. 5), e Marran (2011), que levanta uma

questão importante sobre a busca do aluno por conhecimentos e por formação profissional passando pelas experiências do estágio (p. 4). Dentre as importantes experiências dos alunos no estágio, está o desafio de realizar os planejamentos. Romanelli (2008) é um autor que discute o planejamento das aulas de estágio, colocando-o como uma atividade intelectual (p. 130). Para ele, o planejamento é imprescindível, pois é neste momento que há uma sistematização do ensino para desenvolver situações educativas, por meio da previsão das ações docentes (p.131). Além disso, o autor coloca que esse planejamento deve apresentar os objetivos, os conteúdos e os procedimentos metodológicos do ensino relacionando as exigências educacionais com a realidade dos alunos (p. 131). Romanelli (2008), no entanto, aponta alguns desafios sobre os planejamentos que são aplicados nas aulas de artes na escola, como: o fato de que nem sempre os planejamentos são pensados pelo professor que aplica os planos (p. 132), levando a uma espécie de módulo isolado (p. 133), ou ainda, pelo fato de a maioria das escolas não oferecerem aulas específicas de música, apenas de artes visuais, e o estagiário pode se sentir na responsabilidade de trabalhar um tema ligado às temáticas abordadas em artes visuais (p. 133). Para desenvolver um planejamento bem estruturado, Romanelli (2008) aponta a necessidade de se pensar no Projeto como uma unidade a partir de um tema condutor das aulas. No entanto, ele percebe que muitas vezes os alunos apresentam dificuldades em definir um eixo temático e pensam apenas em conteúdos e atividades isoladas, o que os deixa sem objetivos, apenas com atividades fragmentadas. Mateiro e Teo (2003), pensando em como fazer para os estagiários não errarem em sala de aula e não transformarem o campo de experiência em trauma, avisam sobre a importância das discussões sobre os planejamentos das aulas de estágio serem anteriores à prática. É nesse momento que a função do orientador de estágio é fundamental, pois ajudar o estagiário enquanto ele ainda está planejando o leva a ampliar sua visão sobre a aula de música, oferece possibilidades diversificadas e, conseqüentemente, maior segurança para a atuação posterior.

De acordo com Fialho (2008), o orientador deve acompanhar todo o processo do estágio, desde a escolha do local de atuação e a elaboração do projeto, até o contato efetivo com as escolas, seja para estabelecer relações político-pedagógicas ou acompanhar a prática pedagógico-musical de seus alunos. Para a autora, a orientação na formação de professores caracteriza-se como parte fundamental do processo de formação docente em música. Constitui-se na reflexão conjunta na qual o professor orientador conduz o licenciando a considerar e refletir sobre sua prática pedagógico-musical a partir de outros ângulos de visão. É o momento em que o professor orientador sugere, mobiliza saberes e conhecimentos adquiridos na universidade e fora dela, acena para o licenciando e o orienta. Conduz aproximações e distanciamentos com a prática musical vivida e desenvolvida pelo aluno estagiário. Confronta a teoria com a prática, analisa a atuação pedagógica à luz das teorias e constrói novas teorias junto com o aluno estagiário (FIALHO, 2008, p. 53). Nesse formato de orientação, o aluno é levado a refletir sobre sua prática pedagógica antes, durante e após sua ação (SCHON, 2000) e, além disso, é levado a construir o significado de ser professor. Portanto, o orientador de estágio não apenas sugere ou aponta possibilidades de aula de música, ele orienta o estagiário a fim de refletir sobre sua própria trajetória de vida e relacioná-la com a atividade docente. Pimenta (1999 apud FIALHO, 2008) coloca que a identidade profissional é construída pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor, confere à atividade docente em seu cotidiano a partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas representações, de seus saberes, de suas angústias e anseios, do sentido que tem em sua vida ser professor. Portanto, além de ajudar os alunos a pensarem nas teorias da área e nas possibilidades de aula de música, é importante também que o orientador de estágio leve o aluno a olhar para dentro de si, refletindo sobre suas experiências pessoais, musicais e pedagógico-musicais. O estágio em música na EaD/UnB

Na matéria Estágio Supervisionado em Música os alunos de graduação do curso de Licenciatura em Música da UnB/EaD passam por experiências de ensinar/aprender música na escola por meio das atuações, que é uma atividade obrigatória. Para atuarem na escola, eles precisam elaborar o projeto de estágio, e para isso, precisam de um tema para ser desenvolvido. A partir deste tema, eles pensam os objetivos, uma metodologia para desenvolver as aulas, elaboram os planejamentos para as aulas, pensam as atividades e projetam as suas atuações durante o estágio. Cada Estágio Supervisionado em Música é pensado para ser realizado em turmas de algum nível de ensino, ou seja, educação infantil, ensino fundamental I, II e ensino médio (além do estágio que prevê a atuação em espaços não escolares). A maioria dos alunos vivenciam com o estágio suas primeiras experiências como professores de música na escola, ou, se já tiveram, não possuem experiências em todas as etapas. Assim, iniciam a matéria com certo receio, vendo no estágio um desafio a ser transposto. As dificuldades para escolherem o tema de estágio estão relacionadas à falta de experiência dos alunos na escola, ou em elaborar projetos. As dificuldades e dúvidas surgem quando eles se perguntam: o que trabalhar com esta faixa etária? O que trabalhar na escola, com tantos alunos? O que terei êxito? O que seria mais prático desenvolver com os alunos de uma escola? Na disciplina, são pensadas algumas atividades para o processo de escolha do tema de estágio. Além de buscar orientar os alunos na escolha do tema, a disciplina é pensada para formar os alunos no sentido de ajudá-los a refletirem sobre a atuação como professores de música na escola. No tempo da disciplina, ou seja, a cada semana, são pensadas algumas tarefas para dar suporte aos alunos, a fim de que eles tenham ferramentas necessárias para suas escolhas. São leituras e discussões de textos relacionadas ao estágio, à atuação do professor, à escola, dentre outras. Para isso, são disponibilizados fóruns semanais onde os alunos discutem e refletem sobre os autores, conhecendo pesquisas e o que tem sido desenvolvido na área. Outras atividades que dão suporte à esta escolha do tema de estágio são discussões presenciais no

polo uma vez a cada mês, quando eles colocam e compartilham seus interesses entre eles. Apesar de estas atividades serem pensadas para dar suporte para a escolha do tema de estágio, eles demonstram insegurança quando iniciam o estágio e relatam seus medos antes de iniciarem. Além disso, geralmente existem as práticas em que o tutor à distância ou o professor viajam aos polos. Nestes encontros presenciais, procuram trabalhar possibilidades de práticas musicais com os alunos estagiários, visando aprofundar as discussões sobre o estágio envolvendo os planejamentos, as aulas. Neste momento, os alunos colocam suas realidades como professores e fazem comentários mais pessoais. Entendemos que neste processo de escolha do tema, o tutor e o professor de estágio não são meros expectadores que observam e acompanham as angústias dos alunos que se deparam com esta tarefa. Não possuem autonomia para decidirem qual será o tema de estágio de cada aluno, mas desempenham o papel de motivadores, direcionadores e esclarecedores em suas escolhas. Uma das orientações na escolha do tema de estágio que tem sido adotada é refletir com o aluno sobre a importância de escolher um tema que tenha alguma ligação com o seu gosto musical, com as suas habilidades musicais, com o seu conhecimento, algo que ele domine, ou que goste, e/ou que tenha curiosidade. Com as experiências dos alunos, percebe-se que, alunos que decidem por uma temática que tenha alguma relação com seu instrumento, com o que gosta de fazer ou domina, tem maior chance de ter sucesso no estágio. Sendo assim, os alunos são orientados que ao escolherem o tema, primeiramente partam de suas habilidades, do que sabem tocar, cantar, para que supostamente tenham uma relação de confiança ao desenvolverem e atuarem nas aulas de música na escola. No entanto, partir o tema do estágio da própria formação do estagiário, de suas habilidades e interesses não significa deixar de lado os interesses da escola ou de seus alunos. E para que haja, também, um diálogo com os interesses do local de atuação é que cobramos dos estagiários, visitas e observações nas escolas onde atuarão. Falaremos sobre isso em seguida.

As observações no processo da escolha do tema Pensando na preparação prévia do estagiário, ou seja, antes de iniciar de fato o estágio na escola, Romanelli (2008) coloca a importância do conhecimento da realidade dessa escola onde acontecerá o estágio, por meio de observações. No processo de escolha do tema no estágio supervisionado da Ead/UnB, os alunos fazem observações na escola escolhida para atuar. Acreditamos que este período de observação é muito válido, pois é quando eles conhecem os alunos, os professores, levam suas propostas, mesmo ainda não definidas, e ouvem as propostas da escola. Nestas observações, que acontecem simultaneamente às discussões e leituras nos fóruns, os alunos também visam buscar ideias sobre o que trabalhar no estágio e encontrar um tema que eles consigam desenvolver com facilidade. As observações são momentos em que os alunos enxergam a prática da aula na escola, e começam a ver como poderia ser a atuação de um professor de música escolar, enxergando outras possibilidades. No entanto, quando iniciam as observações, os alunos geralmente ainda não sabem claramente o objetivo de se ter um tema para o projeto de estágio. Muitas vezes acontece uma confusão sobre a escolha do tema, pois atividades e conteúdos são pensados de forma fragmentada, sem um eixo norteador. Além disso, o perfil dos alunos que cursam a disciplina é diversificado, o que gera perfis diferenciados de projetos. Alguns nunca atuaram em escolas, mas já deram aulas individuais de instrumento. Outros são músicos profissionais e tocam em bandas, shows, igrejas e a experiência como professores de música na escola é algo totalmente novo. Há, também, os alunos que ainda estão se formando como músicos e também nunca atuaram como professores. E, por fim, uma minoria tem alguma experiência com aula de música escolar. Para todos, entretanto, é desafiador pensar em um tema único que inclua todos os alunos, já que a aula de música na escola é em grupo. A partir daí, o estagiário é conduzido a direcionar sua atenção para a observação das experiências musicais que os alunos da escola já possuem e para a forma como pensam uma aula de música, para então elaborem um tema

único que seja interessante para todos e tenha relação com seus próprios conhecimentos e habilidades e com o interesse da escola e dos alunos. Discussões sobre a escolha do tema Além das observações, os alunos são motivados a buscar referências bibliográficas e materiais didáticos que possam ajudá-los a escolher seus temas e fundamentar seu Projeto de Estágio. E, à medida que fazem estas buscas, eles são orientados a discutir nos fóruns sobre a escolha do tema, pois muitos afirmam que quando leem o depoimento de um colega, vislumbram uma ideia para o seu tema. No entanto, alguns fatos recorrentes dificultam a definição do tema de estágio. Um problema comum é os alunos não pesquisarem materiais para ajudá-los a escolherem o tema e elaborarem a fundamentação teórica do seu projeto, ou, pelo menos, deixarem essa pesquisa para a última hora. Existem casos de alunos que demoram a escolher seu tema, porque não definiram a escola logo na primeira semana da disciplina, já que a escolha do tema acontece concomitantemente à escolha da escola. Algumas vezes acontece do aluno escolher a escola e as turmas e, por algum motivo, precisar trocar de escola e/ou de turmas, por isso, querer trocar de tema. Existem casos, também, em que o aluno definiu o tema de estágio, começou a atuar, e afirma querer mudar de tema, pois acredita que aquela temática não é tão atrativa para aquela faixa etária. Todos esses casos levam a certa desestrutura do andamento da disciplina de estágio, que tem um período certo de acontecer, geralmente 8 semanas específicas. Uma das preocupações na disciplina é orientar os alunos estagiários de fato, tanto antes quanto durante e ao final do estágio, e não fingir que há um acompanhamento ou supervisão, como coloca Tourinho (1995) a partir de sua constatação sobre a ausência do professor-supervisor nas orientações do estágio. Entendemos, entretanto, que escolher um tema para seu projeto é uma construção na vida acadêmica do aluno de graduação em música e que cursa as disciplinas de estágio. À medida que vai descobrindo o ser professor, tendo experiências pedagógico-musicais, o aluno vai se tornando capaz de tomar decisões com mais tranquilidade com relação aos temas de

estágio. Como tutor e professor de estágio, temos que levar esses aspectos em consideração e sermos flexíveis, já que estamos lidando com pessoas diversas. A escolha do tema de estágio está relacionada, ainda, à forma como o professor vê e acredita o ensino da música. Os alunos do estágio escolhem, em sua maioria, temáticas como: O canto, Instrumentos de Percussão, Percussão Corporal, Bandinha Rítmica. Existem temas que demonstram interesse interdisciplinar como História Sonora, Sonorização, Artes Visuais e Música, Música Popular, Música Mineira, Apreciação. Muitas vezes os alunos chegam ao estágio ainda confundindo o que é tema, objetivo ou conteúdo de aula. Neste momento, é necessário esclarecer o que seria um tema para estágio, suas implicações pedagógicas e de concepção, como se estrutura um projeto, esclarecimento sobre a importância do tema de estágio proporcionar o caminho para as ações musicais durante o processo das aulas em cada turma. Um tema que pode ser relativamente amplo e ao mesmo tempo subdivisível pensando em cada aula, para que seja interessante para aquelas turmas escolhidas. Um dos temas que os alunos mais escolhem está relacionado à percussão corporal e construção de instrumentos a partir de materiais alternativos. Estas escolhas tem uma grande ligação com o que estudaram no curso, em outras disciplinas e suas experiências e formações ao longo da vida. Dessa forma, a escolha do tema depende da forma como eles vêm o ensino de música e acreditam no que deve ser desenvolvido na escola. Alguns vêem na escola um lugar onde é possível explorar diversos elementos importantes para o desenvolvimento da criança: expressão corporal e vocal; aprendizado instrumental; a criatividade, escuta e percepção musical. No caso da sonorização de histórias, enxergam a possibilidade de dialogar com outras matérias como contação de histórias. O fato de uma escola não ter a estrutura que muitas vezes os alunos esperam, sem uma sala considerada por eles adequada para atuarem, influencia na escolha do tema também, pois, consideram as condições da escola e o material musical que poderão contar para desenvolverem nas aulas. A escolha de temáticas voltadas para a percussão corporal é muito recorrente por este motivo. Eles também aproveitam para justificar esta escolha pelo fato de os

alunos demonstrarem gosto por diferentes ritmos e estilos tais como: rap, rock, funk, sertanejo, dentre outros. A escolha do tema passa pelo contexto sociocultural dos alunos estagiários. As suas formações e experiências musicais tornam as temáticas do estágio com características individualizadas. Pode acontecer de vários alunos da mesma turma escolherem temáticas voltadas para percussão corporal, ou para instrumentos alternativos, porém, são projetos totalmente diferentes na essência, no processo das aulas e na finalização do estágio. Mesmo lendo os relatórios uns dos outros, tendo a oportunidade de compartilharem nos fóruns suas experiências, eles tomam caminhos diferentes. Compreendemos que o tema de estágio é uma escolha que deve ser individual e passa pelas experiências pessoais do aluno, a sua trajetória e relação que tem com a música. A orientação na escolha do tema é de que cada aluno pense antes de escolher o tema no que realmente tem interesse em atuar no estágio. Algumas perguntas são feitas no fórum, como por exemplo: o que gostam de fazer? O que você tem maior facilidade? Qual seu instrumento? Quais as suas experiências anteriores? O que mais gosta de tocar ou cantar, ou ouvir? Geralmente a partir destas perguntas, os alunos esclarecem entre eles, e com eles mesmos o que irão escolher como temática no estágio. Assim, a escolha do tema é pensada primeiramente como algo que tem a ver com o estagiário, com o seu domínio, curiosidade e vivência e, em seguida, é relacionada com os interesses da escola e de seus alunos. Aqueles alunos que não passam por este processo, e por algum motivo, atrasam as atividades, não pesquisam, não participam das discussões e orientações, ficam com esta janela e isto pode ser algo que traga dificuldades no processo da elaboração do projeto, dos planejamentos e atuação. Reflexões finais Portanto, a escolha do tema é fundamental no processo do Estágio Supervisionado em Música na EaD. Mas mais do que atuar dentro da temática proposta, é importante que os alunos saibam que estas temáticas levam à reflexões sobre o ser professor, a aula de música, o

conteúdo de música na escola e as questões pedagógico-musicais que estão envolvidas no processo de atuação deles como estagiários e futuros professores. A diversidade de perfis de alunos com diferentes formações e tempos de estudo, dão ao estágio um caminho rico de possibilidades, e formas diferentes de enxergar o ser professor e ainda, de caminhar no processo das aulas.

Referências FIALHO, Vania Malagutti. A orientação do estágio na formação de professores de música. In: MATEIRO, Teresa; SOUZA, Jusamara. (orgs.) Práticas de ensinar: legislação, observação, orientações, espaços e formação. Porto Alegre: Sulina, 2008. p. 52-64. MARRAN, A. L. Estágio curricular supervisionado: algumas reflexões. In: Simpósio Brasileiro e Congresso Ibero-Americano de Política e Administração da Educação, 25; 2, 2011, São Paulo. Anais eletrônicos... São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.anpae.org.br/simposio2011/cdrom2011/pdfs/trabalhoscompletos/comunicacoe srelatos/0042.pdf >Acesso em: 23 agosto. 2016. MATEIRO, T.; TEO, M. Os relatórios de estágio dos alunos de música como instrumento de análise dos processos de planejamento. Revista da ABEM, Porto Alegre, n.9, p. 89-95, 2003. PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência: diferentes concepções. Revista Poíesis - Volume 3, Números 3 e 4, pp.5-24, 2005/2006. ROMANELLI, Guilherme G. B. Planejamento de aulas de estágio. (Orgs.) MATEIRO, T. e SOUZA J. Práticas de ensinar música: legislação, planejamento, observação, registro, orientação, espaços e formação. Editora Sulina, 2008, p. 130-142. SCHON, Donald A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e aprendizagem; tradução de Roberto Cataldo Costa Porto Alegre: Artmed, 2000. TOURINHO, I. Atirei o pau no gato, mas o gato não morreu... divertimento sobre estágio supervisionado. Revista da ABEM, Porto Alegre, n. 2, p. 35-52, jun. 1995.