Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

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Data do documento 11 de abril de 2019

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Transcrição:

1 de 12 05-06-2018, 11:31 Acórdãos STA Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo Processo: 0429/18 Data do Acordão: 23-05-2018 Tribunal: 2 SECÇÃO Relator: ANA PAULA LOBO Descritores: Sumário: MORTE DO EXECUTADO HABILITAÇÃO DE HERDEIROS I - O artigo 155.º do Código de Processo e Procedimento Tributário dispõe sobre quem deve ser citado para a execução fiscal no caso de o executado ter falecido antes de ser citado no processo de execução fiscal, não tendo aplicação quando a citação do executado ocorreu antes do decesso. II - A morte do executado atinge a instância executiva, paralisando-a até se mostrarem habilitados os sucessores da pessoa falecida, incidente referido no art.º 168.º do Código de Processo e Procedimento Tributário e regulado no Código de Processo Civil nos artigos 351.º e segs. III - Em sede tributária com a vinculação da Administração Tributária ao princípio da legalidade, mesmo em fase de cobrança dos tributos art.º 8.º, nºº 2 da Lei Geral Tributáriaconhecida a morte do executado logo deverá ser desencadeado o chamamento à execução dos seus sucessores. IV - A omissão quer do incidente de habilitação de herdeiros quer da notificação da reclamante na qualidade de sucessora hereditária da executada para com ela prosseguir a execução consubstancia uma nulidade na medida em que tais irregularidades podem influenciar o exame e decisão da causa, desde logo por diminuírem as garantias de defesa da reclamante o que impõe a consequente anulação dos termos subsequentes praticados após a verificação da omissão em causa, nos termos do disposto no art.º 195.º do Código de Processo Civil. (Sumário: elaborado nos termos do disposto no artº 663º, nº 7 do Código de Processo Civil). Nº Convencional: JSTA000P23314 Nº do Documento: SA2201805230429 Data de Entrada: 24-04-2018 Recorrente: AT - AUTORIDADE TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA Recorrido 1: A... Votação: UNANIMIDADE Aditamento: Texto Integral Texto Integral: RECURSO JURISDICIONAL DECISÃO RECORRIDA Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto. de 27 de fevereiro de 2018

2 de 12 05-06-2018, 11:31 Julgou a reclamação procedente e, em consequência, declarou verificada a nulidade da falta de citação da Reclamante, com a consequente anulação dos termos subsequentes do processo que deles dependam absolutamente. Acordam nesta Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo: A Representante da Fazenda Pública, veio interpor o presente recurso da sentença supra mencionada, proferida no processo de reclamação de decisão do órgão de execução fiscal n.º 2313/17.37BEPRT que anulou a decisão proferida em 21 de Junho de 2017 pelo Serviço de Finanças de Vila do Conde de não anulação da venda, que havia sido requerida por A., na qualidade de herdeira da executada no processo de execução fiscal n.º 1902201001065980 que foi instaurado em 20 de Outubro de 2010 contra B.., decorrente de dívidas de IRS do ano de 2006, tendo, para esse efeito formulado, a final da sua alegação, as seguintes conclusões: A. A decisão recorrida, ao fundamentar-se no Acórdão do Tribunal Central Administrativo Sul de 10 de Julho de 2015, proferido no processo 08565/15, e pela obrigatoriedade de citação da herdeira da executada, nos termos do art. 155 n. 3 e 4 do CPPT, incorreu numa errada interpretação e aplicação de direito ao caso em concreto. B. As situações em que se aplicam o art. 155 n.º 3 e 4, no entender da doutrina mencionada, são apenas aquelas em que no decurso da citação do executado, verifica-se a circunstância do seu óbito. C. Nestes casos o órgão de execução fiscal deve promover todas as diligências para citar os herdeiros do executado em substituição do mesmo, como forma de chamamento ao processo de execução fiscal e com vista a estabelecer os prazos e garantias processuais de defesa ao executado.

3 de 12 05-06-2018, 11:31 D. Ora, no caso em concreto, todos os direitos e garantias foram dadas ao executado, pois foi citado ainda em vida, tendo sido alvo de penhoras e ainda de tentativa de venda. E. O órgão de execução fiscal quando tomou conhecimento do óbito do executado após realização da citação, penhora e tentativa de venda, procedeu correctamente à notificação da herdeira da executada para vir aos autos dizer o que tivesse por conveniente. F. Mas não a citou, pois, os prazos e direitos de defesa já estavam consagrados com a citação executada. G. Concluímos assim, que não assiste razão ao Tribunal a quo em pugnar pela obrigatoriedade de citação nos termos do art. 155 do CPPT da herdeira da executada, quando esta já havia sido citada ainda em vida. H. Entendendo a Fazenda Pública que basta a mera notificação de todos os actos supervenientes à citação após óbito da executada. I. O entendimento pugnado pelo Tribunal a quo que o art. 155. n. 3 e 4 do CPPT, obriga à citação da herdeira, pese embora a executada já havia sido citada anteriormente, constitui errónea interpretação e aplicação do preceito citado e fundamento para a revogação da aliás douta sentença. Termos em que deve ser concedido provimento ao recurso, revogando-se a sentença recorrida que julgou procedente a reclamação, por erro de julgamento em matéria de direito, por errada aplicação do disposto no artigo 155 n. 3 e 4 do CPPT, ao caso em apreço. Não foram apresentadas contra-alegações. Foi emitido parecer pelo Magistrado do Ministério Público no sentido da revogação da sentença recorrida por entender que «( ) a sentença recorrida não fez a melhor interpretação a aplicação da lei ao caso concreto, já que estamos perante o incidente de habilitação de herdeiros previsto no artigo 168º do CPPT, cuja formalização implica a identificação dos herdeiros através de

4 de 12 05-06-2018, 11:31 informação dos Serviços e o seu chamamento ao processo mediante decisão do órgão de execução fiscal, que será comunicada através de notificação e não através de citação. E assim sendo, a omissão de tal decisão e notificação configura nulidade processual, por influir na decisão da causa, e que inquina de invalidade a marcação de venda dos bens penhorados. Por conseguinte, impõe-se a revogação da sentença, julgando-se procedente nesta parte o recurso, e em substituição declarar-se verificada a apontada nulidade e determinandose a anulação do despacho que determinou a venda dos bens, julgando-se nesta parte procedente a reclamação e improcedente o recurso.» A decisão recorrida considerou provados, os seguintes factos com relevo para a decisão do presente recurso: 1. Em 20 de Outubro de 2010 foi instaurado o processo de execução fiscal [PEF] 1902201001065980, decorrente de dívidas de IRS do ano de 2006, contra B - cfr. capa do processo executivo e certidão de dívida, a fls. 22 e 23 dos autos físicos; 2. A reclamante é filha da executada referida em I) - cfr. "Assento de nascimento n. º 19769 do ano de 2008", a fls. 225 dos autos físicos; 3. No aviso de recepção com o registo RQ217503872PT, referente ao PEF identificado em 1), consta como destinatário "B..", como data de assinatura "28-10-2010" e como "identificação do Destinatário ou quem recebeu" "A.", com o Bilhete de Identificação "." - cfr. aviso de recepção, a fls. 24 dos autos físicos; 4. No dia 10 de Novembro de 2010 foi enviado a B o ofício 12781/1902-30, do Serviço de Finanças de Vila do

5 de 12 05-06-2018, 11:31 Conde, com o assunto "Citação Advertência - Proc. 1902201001065980" e cujo teor indica que "de conformidade com o artº 241º do CPC, fica V Exa. notificado, na qualidade de executado, de que a citação respeitante ao processo executivo em epígrafe da qual se junta 2ª via, foi efectuada em 2010-10-28, na pessoa de A.." - cfr. ofício, a fls. 25 dos autos físicos; 5. Em 19 de Janeiro de 2017 foi entregue formulário Modelo 1 do Imposto do Selo onde se declarou que a executada referida em 1) transmitiu bens para a reclamante, por via do seu óbito a 08 de Junho de 2015 - cfr. modelo 1 de imposto do Selo, a fls. 159 dos autos físicos; 6. O ofício 2017S000023497, de 24 de Janeiro de 2017, cujo assunto era "Falta de Depósito (artº 825º CPC) - Vendas 1902.2013.475/476/477" foi endereçado à Reclamante, "na qualidade de única herdeira conhecida da executada" - cfr. ofício, a fls. 162 dos autos físicos; 7. No dia 21 de Junho de 2017, a reclamante apresentou um requerimento no Serviço de Finanças de Vila do Conde, pedindo a anulação "da venda anunciada para o próximo dia 22" dado o não "cumprimento do disposto nos n.ºs 3 e 4 do art. 155 do CPPT" - cfr. requerimento, a fls. 193 dos autos físicos; 8. Por despacho de dia 21 de Junho de 2017 foi indeferido o requerimento referido em 7) uma vez que "Da informação supra e dos demais elementos dos autos conclui-se que o requerimento apresentado, hoje, visa obstar à normal tramitação dos autos de execução fiscal porquanto introduz discussão de questão que é do conhecimento dos mesmos e foi tido em conta no seu andamento processual. Com efeito, é do conhecimento dos autos que a executada faleceu, quanto, quem são os herdeiros e que de não houve partilhas nem está pendente inventário. Também os autos evidenciam de forma inequívoca que a executada havia sido citada da dívida antes do seu decesso e que antes deste infausto acontecimento foram penhorados os seus bens imóveis e que os mesmos foram postos em venda e que a mesma se realizou. Tudo com o seu conhecimento como atestam os autos, sendo tais factos, também, do conhecimento da requerente, pois foi esta a recebedora das diversas comunicações legais - citação e notificações - efectuadas à executada. A marcação da abertura das propostas do procedimento de venda na modalidade de propostas por carta fechada para o dia 22 do corrente mês, nada mais é do que a decorrência da tramitação normal da execução fiscal visando repetir procedimentos que não se

6 de 12 05-06-2018, 11:31 concluíram por força dos incidentes que lhe foram provocados e que aconteceram em vida da executada. Não são, assim, aplicáveis as disposições constantes do artigo 155. do Código de Procedimento e Processo Tributário, nem a jurisprudência e doutrina invocadas, porquanto as mesmas se limitam a regular e interpretar situação em que o funcionário incumbido de fazer a citação do executado se depara com a impossibilidade de o fazer pela circunstância de este ter falecido. É que, o momento da aplicação do artigo 155. do CPPT é o subsequente à diligência para citação pessoal do executado e em face da impossibilidade de esta se efectuar na sua pessoa. Apenas e tão só. O que não é o caso dos autos. Nestes, a executada estava citada, estavam penhorados bens e havia sido tentada a venda dos mesmos, nunca sendo de citar os herdeiros, como pretende a requerente, pois não é isso que decorre da /literalidade de todo o normativo constante do artigo 155.º do CPPT e nem por uma bondosa interpretação extensiva se pode lá chegar. [ ] Ora, quando ocorreu o óbito do executado já este havia sido citado, bem como tinham sido penhorados os imóveis cuja venda judicial por propostas em carta fechada decorre nos presentes autos. Não devendo, também, ser olvidado que este procedimento é uma repetição de outro desenvolvido em vida da executada - tendo sido dado conhecimento à requerente de toda a tramitação processual posterior ao decesso da executada. Não pode, portanto, proceder o invocado pela requerente" - cfr. despacho, a fls. 197 dos autos físicos; 9. No dia 21 de Setembro de 2017 foi elaborada informação pelo Serviço de Finanças de Vila do Conde, onde consta que: "a) É executada na presente execução a Sra. B, que faleceu em 08-06-2015. b) É única herdeira da executada a Sra. A.., casada com o Sr. C..;" - cfr. juntada com informação, a fi. 244 dos autos físicos; Questão objecto de recurso: 1. Efeitos processuais da morte do executado Como resulta da matéria provada, em 20 de Outubro de 2010 foi instaurado o processo de execução fiscal n.º 1902201001065980, decorrente de dívidas de IRS do ano de 2006, contra B.. que faleceu em 08 de Junho

7 de 12 05-06-2018, 11:31 de 2015. Foi tentada a citação da executada naquele processo de execução fiscal com o envio de carta registada com aviso de recepção com o registo RQ217503872PT, que foi assinado em 28-10-2010 por A. Como formalidade complementar da citação da executada no dia 10 de Novembro de 2010 foi enviado a B o ofício 12781/1902-30, do Serviço de Finanças de Vila do Conde, com o assunto "Citação Advertência - Proc. 1902201001065980" onde se indica que "de conformidade com o artº 241.º do CPC, fica V Exa. notificado, na qualidade de executado, de que a citação respeitante ao processo executivo em epígrafe da qual se junta 2ª via, foi efectuada em 2010-10-28, na pessoa de A." - cfr. ofício, a fls. 25 dos autos físicos. Assim pode extrair-se uma primeira conclusão: a executada foi citada para a execução em 2010, de forma regular, o que nem sequer vem questionado. O processo de execução seguiu os seus trâmites normais com penhora de bens vindo a ser marcada para dia 22 de Junho de 2017 a venda de um imóvel da executada. A reclamante, única filha da executada, entretanto falecida, apresentou em 21 de Junho de 2017, no processo de execução fiscal um requerimento pedindo a anulação "da venda anunciada para o próximo dia 22 dado o não "cumprimento do disposto nos nºs 3 e 4 do art. 155 do CPPT. Tal requerimento foi indeferido por despacho de

8 de 12 05-06-2018, 11:31 dia 21 de Junho de 2017, constituindo tal decisão o objecto do presente processo. Resulta da fundamentação de tal despacho que o Chefe do Serviço de Finanças que o proferiu tinha conhecimento processual de que: 1. a executada faleceu, 2. quem são os herdeiros, 3. não houve partilhas nem está pendente inventário 4. a executada havia sido citada da dívida antes do seu decesso 5. em momento anterior ao seu falecimento foram penhorados os seus bens imóveis 6. os mesmos foram postos em venda na modalidade de venda por proposta em carta fechada 7. tal venda realizou-se em 22 de Junho de 2017 com a abertura das proposta e adjudicação Foi ainda tido em conta naquela decisão que a reclamante conhecia todos os factos referidos nos pontos 1 a 7 antecedentemente enunciados. Com base em tais factos concluiu a entidade que processa a execução fiscal que deveria ser indeferido o requerimento de anulação da marcação de venda por à situação não ser aplicável o disposto no art.º 155. do Código de Processo e Procedimento Tributário como pretendido pela reclamante. De modo diverso foi o entendimento da sentença recorrida que apreciou a reclamação dessa decisão. Considerou o tribunal recorrido que a situação sub judice se subsumia ao disposto no art.º 155.º do Código de Processo e Procedimento Tributário, impondo-se a citação da reclamante cuja ausência determinava a omissão de formalidade essencial com a consequente anulação dos termos processuais subsequentes. Com efeito, disse: ( ) No caso dos autos, a reclamante é a única herdeira conhecida tendo assumido, como se retira da

9 de 12 05-06-2018, 11:31 comunicação referente ao Imposto de Selo, a totalidade das relações jurídicas da herança pelo que, atento o supra exposto, havia de ter sido citada nos termos do número 4 do artigo 155. do CPPT. ( ) Assim, omitido o acto de citação, com a consequente possibilidade de prejuízo para a sua defesa, em virtude de, pela falta de citação, ter ficado impossibilitado de utilizar os meios de defesa que a lei prevê para esse efeito, impõese a declaração daquela nulidade insanável, com a consequente anulação dos termos subsequentes do processo que deles dependam absolutamente. O artigo 155.º do Código de Processo e Procedimento Tributário dispõe sobre quem deve ser citado para a execução fiscal no caso de o executado ter falecido antes de ser citado no processo de execução fiscal. Na presente situação a executada fora regularmente citada para a execução antes do seu falecimento pelo que o processo abandonara a fase de citação avançando para a fase de penhora de bens e subsequente fase de venda. A reclamação apresentada pela filha da executada destinavase a obstar que a venda ocorresse invocando a necessidade da sua própria citação, mas carecia de fundamento legal dado que não havia necessidade de qualquer outra citação que nos processos de execução fiscal apenas existe face aos executados ou face aos que vierem a ser considerados responsáveis subsidiários pelo pagamento da dívida exequenda e ao administrador de insolvência. Não tinha a reclamante, pois, que ser citada

10 de 12 05-06-2018, 11:31 neste processo de execução, contrariamente ao entendido na sentença recorrida. Porém ela vem opor-se à marcação e subsequente venda invocando a sua qualidade de única herdeira da executada que não foi chamada à execução e, o seu chamamento à execução, embora não por citação, era imprescindível para que a execução fiscal pudesse prosseguir regularmente os termos processuais e conferir validade à venda de bens imóveis a que procedeu e que a reclamante veio atempadamente atacar, ainda que com fundamento jurídico errado. A morte do executado, que o Serviço de Finanças declara conhecer, atinge inevitavelmente a instância executiva que fica paralisada até se mostrarem habilitados os sucessores da pessoa falecida, incidente referido no art.º 168.º do Código de Processo e Procedimento Tributário e regulado no Código de Processo Civil nos artigos 351.º e segs, aqui subsidiariamente aplicáveis por força do disposto no art.º 2.º do Código de Processo e Procedimento Tributário. A instância não pode prosseguir contra um executado falecido havendo que chamar ao processo os seus herdeiros para assumirem a sua posição processual e responderem pelo pagamento da dívida exequenda até ao limite das forças da herança. Mesmo em sede de direito privado o incidente pode e deve ser desencadeado por qualquer interveniente processual e pelos sucessores. Em sede tributária com a vinculação da Administração Tributária ao princípio da legalidade, mesmo em fase de

11 de 12 05-06-2018, 11:31 cobrança dos tributos art.º 8.º, n.º 2 da Lei Geral Tributária- conhecida a morte do executado logo deveria ter sido desencadeado o chamamento à execução da reclamante que era a sua única e universal herdeira. A omissão de tal chamamento, sob a forma de notificação, art.º 35.º do Código de Processo e Procedimento Tributário, porque a lei não lhe estendeu qualquer tipo de citação, coloca a reclamante em posição frágil que lhe não permite adequadamente exercer os seus direitos de defesa na execução, pagar a dívida, solicitar o seu pagamento em prestações, discutir a regularidade da execução, etc. pelo que estamos face a um acto em matéria tributária chamamento à execução -que afecta os direitos e interesses legítimos da reclamante cuja regularidade depende de lhe ser validamente notificado, art.º 36.º do Código de Processo e Procedimento Tributário. A omissão quer do incidente de habilitação de herdeiros quer da notificação da reclamante na qualidade de sucessora hereditária da executada para com ela prosseguir a execução não obtendo enquadramento nas situações que configuram nulidades insupríveis, art.º 98.º do Código de Processo e Procedimento Tributário, consubstanciam, ainda assim, uma nulidade na medida em que tais irregularidades podem influenciar o exame e decisão da causa, desde logo por diminuírem as garantias de defesa da reclamante, o que impõe a consequente anulação dos termos subsequentes praticados após a verificação da omissão em causa, nos termos do disposto no art.º 195.º do Código de

12 de 12 05-06-2018, 11:31 Processo Civil aqui subsidiariamente aplicável por força do disposto no art.º 2.º do Código de Processo e Procedimento Tributário. A Administração Tributária tomou conhecimento do óbito da executada, pelo menos com a declaração apresentada em 19 de Janeiro de 2017 que antecede a data marcada para venda e é causa de nulidade do acto de venda que lhe foi posterior. Face ao exposto, não se acompanhando a fundamentação da sentença recorrida confirmase a anulação dos termos processuais praticados após o momento em que a reclamante deveria ter sido habilitada na qualidade de sucessora da executada falecida para com ela prosseguir a execução onde se inclui a venda do bem penhorado nos autos. Deliberação Termos em que acordam os Juízes da Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo em negar provimento ao recurso, confirmar a sentença recorrida, ainda que com diferente fundamentação. Custas pela recorrente. Lisboa, 23 de Maio de 2018. - Ana Paula Lobo (relatora) - António Pimpão - Francisco Rothes.