LUCIANA MORAES SIDNEIA MORAES STEFANI MORAES CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM MULHERES ENTRE 25 A 59 ANOS



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Transcrição:

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA ETEC. PROF. MÁRIO ANTÔNIO VERZA CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM LUCIANA MORAES SIDNEIA MORAES STEFANI MORAES CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM MULHERES ENTRE 25 A 59 ANOS PALMITAL 2014

LUCIANA MORAES SIDNEIA MORAES STEFANI MORAES CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM MULHERES ENTRE 25 A 59 ANOS Trabalho de conclusão de curso apresentado à ETEC. Prof. Mário Antônio Verza, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Técnico em Enfermagem. Orientadora: Daniele Marin. PALMITAL 2014

LUCIANA MORAES SIDNEIA MORAES STEFANI MORAES CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM MULHERES ENTRE 25 A 59 ANOS APROVADO EM / / BANCA EXAMINADORA: DANIELE CRISTINA MARIN MOLERO ORIENTADORA NOME DO PROFESSOR (NOME COMPLETO) EXAMINADOR NOME DO PROFESSOR (NOME COMPLETO) EXAMINADOR

Dedicamos este trabalho a nossa família, que esteve presente em todos os momentos, compartilhando nossas dificuldades e nossas vitórias.

AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a Deus pela oportunidade de estarmos sempre juntas durante esses dois anos de curso. Nosso muito obrigada aos pais e familiares pela paciência conosco durante esse período de estudos que não foram fáceis, mais nós conseguimos vencer mais essa etapa em nossas vidas. Nosso obrigado à professora Daniele Molero pela paciência durante o período de orientação e desenvolvimento do trabalho, e a todos os professores que estiveram conosco antes, durante e depois do período de Conclusão do Curso. Muito Obrigada!

A Enfermagem é uma arte e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto à obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes! Florence Nightingale

Moraes, Luciana; Moraes, Sidneia; Moraes, Stefani. Câncer de colo de útero em mulheres entre 25 a 59 anos. 2014. XX p. Trabalho de Curso (Técnico em Enfermagem) Etec. Prof. Mário Antônio Verza, Palmital, 2014. RESUMO O câncer de colo de útero é um dos tipos de câncer com mais incidência entre as mulheres brasileiras, com variações sobre diferentes regiões do país, chegando a ser em algumas delas o tipo de câncer mais incidente, sendo assim é um problema de saúde pública. Isso se deve principalmente em decorrência das crescentes exposições a fatores de riscos ambientais e da modificação de hábitos de vida da população. Ao contrário dos países desenvolvidos, a taxa de mortalidade por esse tipo de câncer é elevada e continua aumentando no Brasil e em outros países em desenvolvimento. O Instituto Nacional do Câncer (2003) ressalta a importância das implantações de atividades de diagnóstico do câncer uterino e de atividades educativas com vista à prevenção da doença e caracteriza como principais causas a infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV) seguida de fatores socioeconômicos e ambientais e os hábitos de vida, que incluem o início precoce da atividade sexual, a pluralidade de parceiros sexuais, o tabagismo, os hábitos inadequados de higiene e o uso prolongado de contraceptivos orais. Infelizmente a realização do exame Papanicolau ainda esbarra na cultura de determinadas pessoas, estreitando ainda mais a realização do exame como forma preventiva. Essa dificuldade associada à cultura está relacionada ao medo, desconhecimento do próprio corpo, submissão ao companheiro e à correlação do exame ao ato sexual. Assim, o objetivo do presente trabalho consiste em conscientizar mulheres entre 25 a 59 anos sobre a importância de fazer o exame de Papanicolau e prevenir o câncer de colo de útero, com base em levantamento bibliográfico em livros e periódicos especializados no tema. Palavras-chave: Câncer; útero, colo, prevenção.

LISTA DE SIGLAS HPV - Papiloma Vírus Humano INCA - Instituto Nacional de Câncer OMS - Organização Mundial da Saúde SBC - Sociedade Brasileira de Cancerologia

9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...10 CAPÍTULO 1 CÂNCER DE COLO DE ÚTERO: DEFINIÇÕES...12 CAPÍTULO 2 EPIDEMIOLOGIA...13 CAPÍTULO 3 CAUSAS PREVALENTES...14 CAPÍTULO 4 SINTOMAS E TRATAMENTO...15 4.1 Tratamento Cirúrgico...16 4.2 Radioterapia...16 4.3 Quimioterapia...16 CAPÍTULO 5 PREVENÇÃO...17 CONSIDERAÇÕES FINAIS...19 REFERÊNCIAS...20

10 INTRODUÇÃO O câncer de colo de útero é uma patologia evitável e de progressão lenta, com longo período desde o inicio até aparecimento de lesões precursoras do câncer. A sua prevenção é muito eficaz, pois existem diversas formas de intervenção no combate às múltiplas manifestações da doença. Entretanto, apesar da atuação dos programas de controle de câncer de colo uterino em muitos centros e pelo próprio poder público, o carcinoma cervical mantém-se como uma doença de alta prevalência, incidência e mortalidade, principalmente na faixa etária de 25 a 59 anos (SARAYA, M., et al, 2002, p. 103-109). Para a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CANCEROLOGIA (SBCANCER, 2014 p.1) são considerados fatores de risco no câncer do colo uterino a condição sexual, e a condição socioeconômica. O início precoce da vida sexual, a maternidade precoce, o grande número de filhos, e a promiscuidade sexual, são os principais fatores de risco englobados na condição sexual. Quanto mais precoce for o início da vida sexual, quanto mais baixa for à idade da primeira gravidez, quanto maior for o número de filhos e quanto maior for o número de parceiros sexuais, maior será a incidência de câncer do colo uterino. A condição social está representada pelo baixo nível socioeconômico, que conduz à baixa condição de higiene corporal e principalmente à higiene genital inadequada. A baixa condição social é também responsável por todo o aspecto sexual, porque a pobreza e a ignorância são fatores determinantes de todas as condições sexuais apresentadas. A falta de higiene genital da mulher - acrescida da falta de higiene genital dos múltiplos parceiros - é responsável pelo aumento do número de processos inflamatórios especialmente por vírus que são importantes fatores de risco para o câncer do colo de útero. O Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2008) informa que, no Brasil, o câncer de colo de útero (CA de colo útero) constitui um dos mais importantes problemas de saúde pública, apresentando altas taxas de mortalidade em mulheres de várias faixas etárias. Atualmente, este tipo de neoplasia maligna é considerado a terceira maior causa de morte da população feminina no mundo, sendo superada apenas pelo câncer de pele (não melanoma) e pelo câncer de mama. As evidências demonstram que a abordagem mais efetiva para o controle do câncer ginecológico

11 continua sendo o rastreamento de suas lesões precursoras, através do exame citopatólogico. O câncer do colo de útero é uma doença específica da cérvice uterina comprovada através da análise do epitélio escamoso. No Brasil, é o segundo tipo de câncer mais incidente entre as mulheres, com variações sobre diferentes regiões do Brasil, chegando a ser em algumas delas o tipo de câncer mais predominante. A sua prevalência deve-se principalmente a crescente exposição a fatores de riscos ambientais e da modificação de hábitos de vida da das mulheres. Ao contrário dos países desenvolvidos onde a taxa de mortalidade é baixa, no Brasil, a taxa de mortalidade por esse tipo de câncer é elevada e continua aumentando também em outros países em desenvolvimento (NOVAIS et al., 2006. p. 10).

12 CAPÍTULO 1 CÂNCER DE COLO DE ÚTERO: DEFINIÇÕES O útero é o órgão de reprodução humana, presente nas mulheres desde a fase gestacional, parte deste órgão que se liga a vagina é denominado de colo e possui um formato cilíndrico de aproximadamente 3 cm. (NOVAIS et al.,2006. p. 41). Oriundo do latim, câncer significa caranguejo (karkinos - crustáceos, caranguejo). Trata-se de uma doença degenerativa que ataca tanto o físico quanto o psicológico do paciente (PARHM, 2001). A denominação câncer é utilizada em uma grande variedade de tumores ou neoplasias que causam a deterioração orgânica e fisiológica originada pela sua característica invasiva e disseminadora. Geneticamente o câncer acontece na duplicação de células. As células cancerígenas dividem-se rapidamente, e tendem a multiplicarem-se de forma descontrolada, determinando a formação de tumores (células cancerosas) ou neoplasias malignas. Muitos fatores que estão envolvidos no processo iniciam a doença, que podem ser internos ou externos. O câncer é a segunda causa de morte para as mulheres brasileiras, seguida pelas doenças cardiovasculares (ABRÃO, 1995). Muitos dos tipos de câncer uterino se originam das células do epitélio escamoso e outros são adenocarcinomas, ou seja, das células produtoras de muco. O exame Papanicolau, ou colpo citologia oncológica é um método manual realizado por profissionais da saúde (enfermeiros e médicos) que permite a identificação de células pré-invasivas ou até lesões malignas com coloração multicrômica de lâminas com esfregaço das células epiteliais esfoliadas. Este exame deve ser parte da rotina da saúde da mulher o que leva á um diagnostico precoce da doença e melhores índices de cura (BRENA, et al., 2002, p. 35-40). O câncer de colo de útero está fortemente ligado ao aparecimento da infecção causada pelo HPV. Segundo Nakagawa, (2010 apud PAZ, 2013, p.6) O HPV é membro da família Papillomaviridae e infecta o epitélio de alguns animais como: répteis, pássaros e mamíferos, incluindo os humanos. O vírus é pequeno, não-envelopado, com 55 mm de diâmetro, com o genoma composto por uma molécula com DNA duplo com cerca de 8000 bases pareadas.

13 CAPÍTULO 2 EPIDEMIOLOGIA O câncer cervical faz 4.800 vítimas fatais e 18.430 novos casos em mulheres brasileiras. Sendo assim, apesar dos inúmeros programas, o Brasil não progrediu muito na capacidade de realizar diagnóstico precoce. Na década de 1990, 70% dos casos diagnosticados eram de câncer invasivo, ou seja, o estágio mais agressivo da doença. Atualmente, 44% dos casos são de lesão precursora do câncer, chamada in situ, ou seja, lesão ainda localizada. Mulheres diagnosticadas precocemente, se tratadas adequadamente, têm potencialmente 100% de chance de cura (INCA, 2012). Em todo mundo, o câncer de colo de útero é segunda causa de morte feminina, totalizando cerca de 240 mil mortes por ano e mais 500 mil casos novos surgem a cada ano, sendo que 80% são em países em desenvolvimento como o Brasil. No nosso país as mulheres que são diagnosticadas com o câncer de colo de útero possuem a taxa de mortalidade elevada nas mais variadas faixas etárias, sendo que o maior índice do carcinoma in situ está entre 25 e 40 anos e o carcinoma invasor, entre 48 e 55 anos. O câncer de colo de útero nas mulheres que não iniciaram a atividade sexual é praticamente nulo, mas a possibilidade da doença aumenta como início precoce da vida sexual, com alto número de parceiros, exposição às doenças sexualmente transmissíveis e o baixa renda. O tempo de desenvolvimento de um câncer invasivo do colo uterino poderá ser curto, em torno de dez anos, embora a média seja de 30 anos (MINISTERIO DA SAUDE, 2008, p. 15). Para as mulheres brasileiras o câncer do colo do útero é o segundo tipo de câncer que mais acomete as mulheres, somente ficando atrás do câncer de mama. O câncer de colo é responsável pela morte de 230 mil mulheres por ano, sendo que no ano de 2010, foram estimados 18.430 casos, com um risco estimado de 18 casos a cada 100 mil mulheres (INCA, 2010).

14 CAPÍTULO 3 CAUSAS PREVALENTES O método utilizado para investigar e rastrear o câncer de colo do útero no Brasil é o exame citopatológico (exame de Papanicolau), que deve ser oferecido às mulheres na faixa etária de 25 a 59 anos e que já tiveram atividade sexual (INCA, 2002-2003). Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), para a detecção precoce, é necessário o rastreamento (aplicação de um exame numa população sem sintomas e aparentemente saudável, com objetivo de identificar lesões presuntivas de câncer e encaminhá-la para investigação e tratamento). O teste utilizado em rastreamento deve ser seguro, de fácil acesso e aceitação pela população (WHO, 2007). Tanto a incidência como a mortalidade por câncer do colo do útero pode ser reduzida com programas organizados de rastreamento. Uma acentuada redução na morbimortalidade pela doença foi alcançada nos países desenvolvidos após a implantação de programas de rastreamento de base populacional a partir de 1950 e 1960 (WHO, 2008b). Segundo a Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC), além do número de parceiros, o início precoce da vida sexual, o tabagismo e outras drogas também são fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Podem ser citados como fatores de risco também: as doenças sexualmente transmissíveis, o uso de contraceptivos orais e injetáveis, a alimentação desbalanceada e pobre em nutrientes essenciais. Destaca-se ainda que a incidência de câncer do colo do útero aumenta na medida em que o número de filhos é maior. A idade da primeira gestação é também enfocada, já que, as mulheres que engravidam precocemente estão mais sujeitas a desenvolverem esta doença (SBC, 2006). Há várias pesquisas conceituadas que comprovam o envolvimento de um patógeno com o câncer do colo. Este tipo de câncer tem íntima relação com uma infecção causada pelo HPV, que é transmitido sexualmente provocando lesões na parede da vagina, que se não tratados corretamente juntamente com outros fatores, podem levar ao desenvolvimento do câncer uterino (INCA, 2014). Em média cerca de 4% da população do Brasil de vida sexual ativa já teve em contato com o HPV,

15 podendo posteriormente desenvolver ou não a doença, tornando esta parcela da população um vetor potencial (QUEIROZ, 2005). Segundo Nakagawa, (2010 apud PAZ, 2013, p.6-7)contaminações pelas linhagens de HPV de alto risco acontecem mais frequentemente do que os de baixo risco. O HPV do tipo 16 é o mais incidente, chegando a 66%, seguido pelo do tipo 18 com 15%. O do tipo 16 tem uma durabilidade no período de infecção maior que todos os outros, de 12 meses, enquanto os outros tipos de HPV duram de 6 a 8 meses. Por isso, mulheres infectadas com o HPV dos tipos 16 e 18 têm maior chance de desenvolver o câncer. CAPÍTULO 4 SINTOMAS E TRATAMENTO De modo geral, diagnóstico inicia-se com a avaliação clínica da paciente. O relato mais frequente é o sangramento espontâneo ou o provocado pela atividade sexual. Toda paciente com queixa de corrimento ou sangramento anormal deve ser avaliada. Muitas pacientes têm o diagnóstico tardio porque os sintomas são atribuídos à infecção ou menstruações desregulares e anormais. Então, o diagnóstico é confirmado pela biópsia de qualquer lesão visível no colo, com ou sem o auxílio da colposcopia. A citologia de Papanicolau é importante método de orientação. Entretanto, o processo inflamatório e o sangramento podem impedir o diagnóstico, por dificultarem a leitura do esfregaço nestes casos. Sendo necessários alguns outros exames que serão solicitados pelo médico (Benedet, et al, 2000, p. 209-216). Pelo ONCOGUIA, 2012, o tratamento da mulher com câncer de colo de útero pode ser realizado de diversas maneiras, descritas abaixo, sendo elas de acordo com a avaliação do oncologista e resultados ofertados pelos exames patológicos. Os métodos mais utilizados são os cirúrgicos, radioterápicos e/ou quimioterápicos.

16 4.1 Tratamento Cirúrgico Os tratamentos mais utilizados quando há necessidade de cirurgia e também porque em nossa opinião são de fácil entendimento seja para uma pessoa informada quanto para uma pessoa leiga. Sendo eles: Traquelectomia radical: Essa cirurgia retira a cérvice, parte da vagina e linfonodos na pélvis. Esta cirurgia é para pequeno número de mulheres com tumores menores que ainda pretendem engravidar. Histerectomia total: Remove a cérvice e útero. Histerectomia radical: Remove a cérvice e algum tecido ao redor dela, útero e parte da vagina. 4.2 Radioterapia A radioterapia utiliza raios altamente potentes para matar células cancerosas. Os médicos podem utilizar dois tipos de radioterapia para o câncer do colo uterino. Existem mulheres que usam os dois tipos: Radioterapia interna: consiste em procedimento em que se coloca dentro da vagina um tubo fino com uma solução radioativa que é emitida internamente, o tratamento pode ser feito duas vezes por semana e quando se retira o tubo, não fica nenhuma radiação na paciente. Pode haver efeitos na paciente como náuseas, vômitos e sensibilidade na região tratada. Radioterapia externa: tem duração de várias semanas e consiste na emissão de vários raios na direção do local do tumor. Este processo pode provocar vários efeitos colaterais como: diarréias, náuseas e vômitos, distúrbios na pele como sensibilidade, rubor e ardência. A paciente perde os pelos da área vaginal. 4.3 Quimioterapia Esta terapia é realizada por medicações introduzidas de forma intravenosa, utilizando drogas como: fluorouracil, cisplatina, carboplatina, ifosfamoda, placlitaxel e coclosfamida. Este tratamento pode provocar vários efeitos colaterais danificando até mesmo células sanguíneas, causando imunossupressão, o que pode causar anemia e quadros infecciosos. A quimioterapia ataca as células cancerosas que estão se multiplicando de forma descontrolada e acelerada, mas também debilita as células do trato digestivo

17 o que geralmente provoca diarreias, vômitos, perda de apetite, além de lesões na boca e lábios e queda de cabelos e pelos. Outros tratamentos vêm sendo desenvolvidos, porém ainda não está disponível a toda população e muitos ainda estão na fase de pesquisa. CAPÍTULO 5 PREVENÇÃO Várias ações estão dentro do planejamento nacional de prevenção do câncer de colo de útero, que se dá, prioritariamente, no plano técnico por meio do diagnóstico precoce das lesões precursoras com realização do teste de Papanicolau e exames colpo-citológicos que seguem uma lógica epidemiológica de risco e de relação custo/benefício/efetividade que orientam as intervenções em saúde pública. Mas, mostra-se necessário adicionar outros suportes para olhar para a problemática de maneira mais global, a integralidade pode ser uma saída. Do ponto de vista da organização das práticas e serviços de saúde, a integralidade emerge como um princípio de organização do processo de trabalho nos serviços de saúde e busca aumentar as possibilidades de efetivamente se apreender as necessidades de saúde da população (LOPES, et al, 1999; p. 35-43). A prevenção do câncer de colo uterino é relativamente barata quando se leva em consideração a relação custo/benefício. Já que na grande parte, o problema está relacionado a condições culturais e ao estilo de vida que aumentam as chances de desenvolvimento da doença. Sendo que, a maioria dos problemas da população não depende diretamente de alta tecnologia para sua prevenção ou controle, destacam-se as iniciativas de promoção à saúde de responsabilidade dos profissionais de saúde enquanto educadores e formadores de uma consciência sanitária junto às mulheres, incentivando-as a prática do exame preventivo e fortalecendo sua participação social no processo preventivo. O beneficio do conhecimento dos métodos de prevenção em relação à patologia pode levar a cura de 100% dos casos se diagnosticados, trazendo grandes benefícios sociais e econômicos para o país (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). O governo brasileiro também trabalha com a frente da vacinação, implantada recentemente. Segundo o informado pelo INCA (2014), a prevenção primária do

18 câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo Papiloma Vírus Humano (HPV). Assim, o Ministério da Saúde programou no calendário vacinal, em 2014, a vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos de idade. Esta vacina protege contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. A meta é vacinar pelo menos 80% da população alvo para alcançar o objetivo de reduzir a incidência deste câncer nas próximas décadas no país. A vacinação e os exames preventivos se complementam como ações de prevenção do câncer de colo uterino. Mesmo as mulheres vacinadas, quando alcançarem a idade preconizada, deverão realizar o exame preventivo, pois a vacina não protege contra todos os subtipos oncogênicos do HPV. O uso de preservativos durante a relação sexual com penetração é recomendado também, porque protege parcialmente do contágio pelo HPV, que também pode ocorrer através do contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal (QUEIROZ, et al, 2005).

19 CONSIDERAÇÕES FINAIS O câncer de colo de útero é um sério problema de saúde pública no Brasil, onde milhares de mulheres são afetadas anualmente, sendo que centenas delas acabam morrendo por diagnosticar o problema tardiamente, principalmente na faixa etária de 25 a 59 anos. Os fatores culturais, estilo de vida e falta de informação estão associadas fortemente a falta de busca pelos métodos de prevenção dessas mulheres. A saúde pública tem um grande desafio em quebrar estas barreiras para que as mulheres principalmente de 25 a 59 anos procurem realizar os exames preventivos que podem levar a cura em 100% dos casos se diagnosticados precocemente.

20 REFERÊNCIAS ABRÃO, F.S. Câncer Ginecológico: perspectivas. Acta Oncol. Bras. 14(2) 70-79, 1995. BENEDET JL; BENDER H; JONES H 3rd; Staging classifications and clinical practice guidelines in the management of gynecologic cancers. FIGO Committee on Gynecologic Oncology. Int J Gynaecol Obstet; 70:209-62. 2000. BRENA, S.M.F; RODRIQUES, T.M.C; LA CORTE, A.C. Diagnostico e tratamento do câncer do colo de útero. Diagnostico & Tratamento.; 8 (1): 35-40, 2002 INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Periodicidade de realização do exame preventivo do câncer do colo do útero. Revista brasileira de cancerologia (Normas e recomendações do INCA), Rio de Janeiro, v. 48, n. 1, p. 13-15, jan./mar., 2002. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Prevenção do câncer do colo do útero: normas e recomendações do INCA. Revista brasileira de cancerologia, Rio de Janeiro, v.49, n.4, p. 205. out./dez. 2003. INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, Inca. Câncer do colo do útero. Rio de Janeiro. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecâncer/ site/home/coloutero/definicao Acesso em: 17 de Out. de 2014. LOPES, R.L.M; DINIZ, N.M.F; GESTEIRA, S.M.A, MATOS M.E.C, ARGÔLLO SLS, SANTOS A.S.M, Reis OR. O exame ginecológico para a prevenção do câncer cérvico-uterino: relações de gênero expressas pela clientela. Rev. Bras Cancerol,out/dez; 45(4): 35-43, 1999. Ministério da Saúde BRASIL. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2008. Incidência de Câncer. Disponivel em: http://www.inca.gov.br/estimativa/ 2008/index.asp?link=tabelaestados.aasp&UF=BR. Acesso em: 15 de out, 2014.

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