TÍTULO: UTILIZAÇÃO DE CONTÊINERES PARA CONSTRUÇÃO DE MORADIAS POPULARES

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Transcrição:

TÍTULO: UTILIZAÇÃO DE CONTÊINERES PARA CONSTRUÇÃO DE MORADIAS POPULARES CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURA SUBÁREA: ENGENHARIAS INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA AUTOR(ES): VINICIUS FRANÇA NASCIMENTO, MARIANA LEONCIO TELLES DE MELO ORIENTADOR(ES): DENER MARTINS DOS SANTOS

1- RESUMO O desenvolvimento sustentável está cada vez mais presente na sociedade e a construção civil vem buscando um novo caminho que permita uma melhor utilização de recursos naturais. Ligado a isso, a disponibilidade de habitação de qualidade se mostra como um dos requisitos para o desenvolvimento de um país. Nesse sentido, o presente trabalho, de cunho exploratório e dissertativo, baseou-se em pesquisa bibliográfica para analisar a viabilidade da utilização de contêineres para a construção de moradias populares, identificando uma economia de 13,09% em relação ao método construtivo convencional. Palavras-chave: contêiner; sustentabilidade; moradia popular; construção civil. 2 - INTRODUÇÃO A construção civil é uma atividade que gera um grande impacto no meio ambiente, devido ao uso excessivo de água e gerando uma grande quantidade de resíduos, que são pouco ou nada reaproveitados. De acordo com o Portal VGV (2010), a construção civil é responsável pelo consumo de 75% dos recursos naturais do planeta, além de cerca de 40% da energia gasta no mundo, ser destinada à construção e funcionamento de moradias. Esse problema é agravado pelo grande número de construções informais, que aumenta ainda mais o consumo de matéria prima, devido ao grande desperdício de material, principalmente em países em desenvolvimento. Sendo assim, garantir o máximo aproveitamento de cada material se torna imprescindível nas atividades humanas que impactam a sociedade e o meio ambiente. De acordo com Mussnich (2015), uma solução possível é a utilização de materiais recicláveis, que diminuem o impacto ambiental do setor da construção civil, além de diminuírem o custo final de um projeto. A utilização de contêineres na construção civil, substituindo alguns materiais convencionais, além de atender à demanda por novas práticas construtivas, garante o reaproveitamento dessas imensas caixas de metal que acabam abandonados em portos por todo o mundo. Nesse sentido, de acordo com Mussnich (2015), a adoção dessa prática construtiva se apresenta como

uma alternativa social, ambiental e economicamente viável para residências, lojas, estabelecimentos corporativos, entre outros, atrelando. 3 - OBJETIVOS A presente pesquisa tem por objetivo observar, com base em estudo de natureza bibliográfica, a utilização de contêineres reutilizados para fins de habitação popular, seus benefícios de cunho social e ambiental. Diante disso pretende-se, listar técnicas e métodos necessários para a adequação dos mesmos para a utilização humana, o impacto gerado no tempo final da obra, definir as vantagens econômicas decorrentes da adoção desta técnica, comparando tal construção com a construção popular convencional. 4 - METODOLOGIA A metodologia adotada foi a de realização de pesquisa bibliográfica para identificar a viabilidade de utilização de contêineres para a construção de moradias populares. Para a elaboração do trabalho foram consultados artigos e teses com o intuito de buscar informações que apresentassem alguns dos principais atrativos da utilização desse tipo de material na construção civil, realizando um comparativo econômico entre uma construção convencional, tendo como base um projeto oficial da Caixa Econômica Federal, e uma construção com contêiner de proporções equivalentes. 5 - DESENVOLVIMENTO 5.1 - Sustentabilidade Segundo Tavares (2010), a sustentabilidade é um termo relacionado a aspectos sociais, econômicos e ambientais de desenvolvimento. É nesse sentido que surgem ideias inovadoras para aprimorar a utilização de recursos e do espaço urbano, tornando a inovação uma ferramenta de competitividade, que possibilita uma produção mais eficiente, reduzindo a dependência de recursos, aumentando a capacidade competitiva. De acordo com Tavares (2010), o conceito de desenvolvimento sustentável deve ser pensado e deve atuar nos âmbitos social, econômico e ambiental, integrando um processo de gestão que possui a visão do todo. Para tal, é imprescindível que a criatividade e a inovação permeiem as decisões dos

gestores públicos e privados, para que as mesmas tenham como resultado a competitividade, tornando-se necessário reforçar tais conceitos nos diversos setores produtivos, promovendo o desenvolvimento e o uso de novas técnicas, novos materiais e ferramentas, o que promove os meios para o desenvolvimento tecnológico e econômico, estabelecendo um planejamento que migre do campo teórico para o campo prático, criando uma oportunidade econômica a ser explorada. De acordo com Ceotto (2008 apud BELTRAME, 2013), a indústria da construção civil opera uma atividade responsável por alguns impactos significativos como: Consumo de 50% da energia elétrica produzida no Brasil; Responsável por 40% do total de resíduos produzidos pelo homem; A fabricação de cimento é responsável por quase 10% de todo o CO2 emitido no Brasil; Consome aproximadamente 66% de toda a madeira extraída no planeta; Entre outros. A adoção de práticas de sustentabilidade na construção é uma tendência que se apresenta crescente no mercado, já que os diferentes agentes (como consumidores, investidores, associações e o próprio poder público) que se relacionam ao setor, estimulam-no a incorporar tais práticas em suas atividades. 5.2 - Habitação É sabido que habitação de qualidade é um dos requisitos para o desenvolvimento de um país, já que a habitação interfere em outras áreas da vida do ser humano, como a saúde e o bem-estar social. Devido a isso, o tema vem sendo objeto de estudo dos mais diversos campos, e sob diferentes interpretações e pontos de vista. Lima (2011 apud LIMA e SILVA, 2015) define que a habitação é entendida como um direito básico do ser humano, e que as condições adequadas de moradia são identificadas na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, como um conjunto de direitos sociais, sendo fundamental para a manutenção da qualidade de vida do ser humano, e é identificada como

uma das prioridades do Estado. Dessa forma, o direito à moradia é um direito social previsto na Constituição Brasileira de 1988, porém, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas, um em cada três moradores de centros urbanos em países em desenvolvimento não têm acesso a moradias de qualidade (Montoia, 2010 apud LIMA E SILVA, 2015). Ao analisar tais problemas, é de fácil conclusão que o déficit habitacional é um problema recorrente em países em desenvolvimento, como o Brasil, e na tentativa de minimizar tal problema, existem programas destinados à população cuja renda não acompanha o crescente (e sempre sujeito à especulação mercadológica) mercado imobiliário, com o objetivo de reduzir o déficit de oferta de imóveis residências de baixo custo, possibilitando o acesso à moradia adequada aos segmentos populacionais com renda familiar mensal de até 3 salários mínimos, de localidades urbanas ou rurais. 5.3 - O contêiner na construção civil Com o crescimento da consciência acerca da necessidade de práticas mais sustentáveis, ambiental e socialmente, a utilização de contêineres é um modelo construtivo que tem como características a economia de recursos e a agilidade nas adaptações necessárias para seu uso como moradia. Sua utilização como solução estrutural vem ganhando espaço no cenário construtivo de vários países, devido a sua diversidade, flexibilidade, sustentabilidade e etc, além de dinamizar o processo construtivo. Segundo Occhi e Romanin (2014), existem diversos modelos de contêineres disponíveis na indústria, os quais variam em relação à forma, tamanho e resistência. Os principais utilizados na construção civil são os da categoria Dry de 20 e 40 pés (Figura 1), ambos com portas nas duas laterais. Além de proporcionar uma obra mais limpa, gerando menos entulho, reduzindo a utilização de outros materiais, como cimento, madeira e pedra, a construção e a montagem de uma casa contêiner podem ficar, dependendo da eficiência da administração dos recursos, até 30% mais barata do que uma casa feita do modo tradicional.

Figura 01 - Contêineres de 20 e 40 pés (respectivamente 15 e 29 m²). Fonte: Portal Habitíssimo Para utilização humana, seja ela para moradia ou comercial, os contêineres precisam passar por um processo de adaptação que inclui diversas fases. A primeira etapa do processo é a verificação, através de um laudo emitido pelo serviço público federal ainda no porto, que o contêiner não possui histórico de cargas tóxicas. Segundo o Portal Metálica (2014 apud MUSSNICH, 2014), o contêiner precisa passar por um jateamento com um material abrasivo para retirar qualquer resíduo remanescente de sua função original, e pintado com tinta não tóxica. Uma vez atestada a usabilidade do contêiner para habitação, e definido o projeto a ser construído, é necessário a utilização de serviço de serralheria, onde serão feitos os cortes na estrutura para portas e janelas e soldas necessários para a adequação do contêiner ao projeto. A escolha do tipo de fundações deve partir dos mesmos princípios de uma obra convencional, atendendo as propriedades geofísicas do terreno, além da disponibilidade física para o descarregamento e movimentação das peças. De modo geral, as fundações para uma construção com contêiner são de caráter mais simples, não havendo a necessidade de uma base única, podendo, os contêineres, segundo Esser Engenharia (2012 apud MUSSNICH, 2014), ser facilmente levantados sobre estacas acima do nível do solo, garantindo uma imensa economia na etapa de fundação, já que exige menos mão de obra e uma quantidade reduzida de material. Após a estabilização das peças de contêiner no terreno, inicia-se a execução do projeto arquitetônico, com a divisão dos ambientes e a escolha dos acabamentos. Segundo Mussnich (2014) os cômodos dentro de uma

edificação com contêiner são separados através de drywall, que é de rápida montagem e aceitam qualquer tipo de acabamento. Para anular qualquer desconforto térmico, levando-se em conta a condutibilidade do aço, é necessário isolamento térmico e acústico nas paredes e no teto (Figura 2), onde é utilizada lã mineral, lã de rocha, poliestireno expandido e a lã de pet (que torna a edificação ainda mais sustentável, já que é feita com materiais recicláveis), ou ainda espuma de poliuretano ou isopor. Essa camada isolante é aplicada entre as paredes do contêiner e o material de acabamento, e pode ser aproveitada para esconder as tubulações hidráulicas e elétricas, que seguem os mesmos métodos da construção convencional, previstas ainda no projeto (Figura 2). Figura 02 - Montagem de uma casa contêiner Fonte: Portal Metálica A tabela 01 apresenta algumas vantagens e desvantagens da utilização de contêineres na construção civil como moradias. Tabela 01: Vantagens e Desvantagens da Construção com Contêiner Vantagens Desvantagens Padronização das peças (ISO Custo com transporte. 668:2013). Grande disponibilidade, baixo custo, Exige mão de obra especializada e durabilidade e grande resistência equipamentos específicos para mecânica. recorte e montagem dos módulos. Economia de recursos (areia, tijolo, água, ferro e madeira) e redução na geração de resíduos. Empilháveis até 8 níveis sem necessidade de estrutura auxiliar. Fonte: Guedes (2005) O terreno necessita ter espaço hábil para a movimentação do caminhão munk no descarregamento das peças. A alta condutibilidade térmica do aço.

6 - RESULTADOS Nesta etapa do estudo foi feito um levantamento de custos 1, em metros quadrados, com o método tradicional de construção e com contêiner, com acabamentos e instalações necessárias para habitação em ambos os modelos. O projeto apresentado na figura 3 tem como projeto-base aquele definido pela Caixa Econômica Federal (CADERNOS CAIXA, 2006) para moradia popular, utilizando o método construtivo tradicional, com configuração de uma residência com um pavimento, sala, cozinha, banheiro e dois dormitórios, com área total construída de 30 metros quadrados, e as seguintes características: Fundação: sapatas de fundação para sustentação do contêiner; Estrutura externa: 2 contêineres de 20 pés; Estrutura interna: divisórias em gesso acartonado e preenchimento com lã de vidro para isolamento termo acústico; Esquadrias: portas externas, janelas e básculas em alumínio; portas internas lisas de compensado; Cobertura com telha sanduíche; Figura 03 Planta Baixa da Casa Contêiner. Fonte: Autores (2017) 1 O levantamento de custos não levou em conta o valor necessário para a aquisição do terreno, bem como suas benfeitorias, como terraplanagem.

A tabela 2 apresenta o comparativo de custos das duas obras, e na sequencia os gráficos 01 e 02 ilustram as vantagens do uso de contêineres empregados como moradias, se comparados com o método tradicional de construção para casas similares. Tabela 02: Comparação de Custos de Construção 2 CONSTRUÇÃO CONVENCIONAL CONSTRUÇÃO CONTÊINER DESCRIÇÃO CUSTO TOTAL DESCRIÇÃO CUSTO TOTAL SERVIÇOS PRELIMINARES R$ 3.628,29 SERVIÇOS PRELIMINARES R$ 3.184,00 FUNDAÇÃO R$ 8.543,17 FUNDAÇÃO R$ 1.950,00 ESTRUTURA R$ 21.502,38 ESTRUTURA R$ 18.990,00 PAREDES E PAINÉIS R$ 5.223,22 PAREDES E PAINÉIS R$ 4.506,70 COBERTURA R$ 5.431,00 COBERTURA R$ 5.800,50 ESQUADRIAS R$ 5.767,14 ESQUADRIAS R$ 5.767,14 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS R$ 3.150,03 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS R$ 3.150,03 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS R$ 2.787,88 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS R$ 2.787,88 INSTALAÇÕES SANITÁRIAS R$ 4.319,02 INSTALAÇÕES SANITÁRIAS R$ 4.319,02 REVESTIMENTOS R$ 233,43 REVESTIMENTOS/PINTURA EXTERNA R$ 233,43 PISOS R$ 5.134,41 PISOS R$ 2.210,65 PINTURA R$ 14.049,52 PINTURA R$ 3.635,15 VIDROS R$ 185,03 VIDROS R$ 185,03 Fonte: Autores (2017) R$ 79.954,52 R$ 56.719,53 Gráfico 01 Comparativo de Custo Total Fonte: Autores (2017) 2 Valores atualizados de acordo com a SINAPI (abril/2017)

Gráfico 02 Comparativo de Custo por Metro Quadrado Fonte: Autores (2017) Sobre a construção com contêiner, no que tange a viabilidade econômica, Milaneze (2012), indica que é possível obter 20% de economia em em tempo de construção e recursos, convertendo-se em redução de custos, o que foi comprovado por esse estudo, que indicou uma economia de 13,09%. 7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados encontrados apontaram respostas positivas, uma vez que o comparativo de custos indicou economia de 13,09% em relação a uma construção tradicional para construção de moradias populares, seguindo o modelo-padrão proposto pela Caixa Econômica Federal. Além da viabilidade econômica, vale ressaltar como outros fatores positivos, o tempo de execução da obra, a redução na geração de resíduos sólidos e a economia de água utilizada na construção.

8 - FONTES CONSULTADAS BELTRAME, E. de S. Meio Ambiente na Construção Civil. 2013. Disponível em: <http://www.eduardo.floripa.com.br/download/artigo_meio_ambiente.pdf>. CADERNOS CAIXA. Projeto padrão casas populares. Equipe da GIDUR/VT, Vitória, ES. 2006. Disponível em: <https://abenc-ba.org.br/wpcontent/uploads/2017/04/modelo-padr%c3%a3o-de-casa.pdf> Acesso em 03 de março de 2017. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Disponível em: <http://www.caixa.gov.br > Acesso em 03 de março de 2017. LIMA, L. F. e SILVA, J. W. J.. A substituição de casas populares de alvenaria, feitas pelo governo federal, por casas containers: uma medida possível. Lorena, 2015. MILANEZE, Giovana; BIELSHOWSKY, Bernardo; BITTENCOURT, Luis Felipe; SILVA, Ricardo; MACHADO, Lucas. A utilização de containers como alternativa de habitação social no município de Criciúma/SC. Criciúma: 1º Simpósio de Integração Científica e Tecnológica do Sul Catarinense SICT- Sul, 2012. MUSSNICH, Luiza Barreto. Retrofit em containers marítimos para reuso na arquitetura e sua viabilidade. Revista Especialize On-Line [on-line] - Edição 10: Curitiba, IPOG, 2015. OCCHI, Tailene; ROMANINI, Anicoli. Reutilização de containers de armazenamento e transporte como espaços modulados na arquitetura, Passo Fundo: 3º SNCS - Seminário Nacional de Construções Sustentáveis, 2014. Portal Habitíssimo - Reformas e Serviços domésticos. Disponível em: < https://projetos.habitissimo.com.br/projeto/saiba-um-pouco-mais-casascontaineres> acessado em Agosto de 2016. Portal VGV. Disponível em: <http://www.portalvgv.com.br/site/>. Acesso em 08 de setembro de 2016. TAVARES, S. F. Metodologia de análise do ciclo de vida energético de edificações residenciais brasileiras. Tese (Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina/ UFSC. 2006.