Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina CONDUTAS VEDADAS AOS AGENTES PÚBLICOS ELEIÇÕES 2018 Hugo Frederico Vieira Neves Assessor Jurídico do TRE/SC
Apresentação Capítulo próprio destacado na Lei Eleitoral (Lei n. 9.504/1997 - arts. 73 ao 78) Disposições legais correlatas Constituição Federal, Lei de Inelegibilidade (Lei complementar n. 64/1990), Código Eleitoral e Resoluções do TSE para as Eleições 2018 Fonte para pesquisa: www.tre-sc.jus.br/legislacao
Apresentação (continuação) Obs.1: As condutas vedadas caracterizam atos de improbidade administrativa ( 7º do art. 73 da Lei nº 9.504/97 referência à Lei n. 8.429/1992 art. 12, III). Obs.2: As sanções de algumas condutas vedadas não impedem a aplicação de outras penalidades de ordem administrativa, cível ou mesmo penal.
Definição Agente Público De acordo com 1º do art. 73 da Lei nº 9.504/97: Reputa-se agente público, para os efeitos deste artigo, quem exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nos órgãos ou entidades da administração pública direta, indireta ou fundacional.
Princípio Básico das Vedações caput do art. 73 da Lei nº 9.504/97 - são proibidas condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais.
VEDAÇÕES Bens ou serviços públicos (1/3) Conduta: cessão e utilização de bens públicos, móveis ou imóveis, em benefício de candidato, partido ou coligação (art. 73, I, da Lei nº 9.504/97). Período: durante todo o ano de eleição. Penalidades: suspensão imediata da conduta; multa; e cassação registro ou do diploma de eleito. Exceção legal: realização de convenção partidária (entre 20 de julho e 5 de agosto). Exceção legal: uso de transporte oficial pelo Presidente, devendo ser ressarcido ( 2º do art. 73 e art. 76 da Lei nº 9.504/97).
VEDAÇÕES Bens ou serviços públicos (2/3) Conduta: uso abusivo de materiais ou serviços custeados pelo Governo (art. 73, II, da Lei nº 9.504/97). Período: durante todo o ano de eleição. Penalidades: suspensão imediata da conduta; multa; e cassação de registro ou do diploma de eleito. Exemplos: uso de e-mail institucional para envio de mensagens de conteúdo eleitoral, remessa de correspondência oficial com caráter eleitoral etc.
VEDAÇÕES Bens ou serviços públicos (3/3) Conduta: uso promocional de bens e serviços de caráter social em favor de candidato, partido ou coligação (art. 73, IV, da Lei nº 9.504/97). Período: durante todo o ano de eleição. Penalidades: suspensão imediata da conduta; multa; e cassação de registro ou do diploma do eleito. Exemplos: uso eleitoral de distribuição de uniformes, de material escolar, de medicamentos, de insumos para construção etc. Obs.: Não se exige a interrupção de programas, nem se inibe sua instituição, quando não utilizado em favor de candidato (TSE).
VEDAÇÕES Recursos Humanos (1/3) Conduta: cessão de servidores ou empregados ou uso de seus serviços em favor de candidato, partido ou coligação durante o expediente normal (art. 73, III, da Lei nº 9.504/97). Período: durante todo o ano de eleição. Penalidades: suspensão imediata da conduta; multa; e cassação de registro ou do diploma do eleito. Exceções: quando o servidor ou empregado estiver em férias, licença ou fora do horário do expediente (finais de semana, à noite, etc.)
VEDAÇÕES Recursos Humanos (2/3) Conduta: nomeação, contratação, admissão, demissão sem justa causa, supressão ou readaptação de vantagens, remoção ou transferência de ofício e exoneração de servidores (art. 73, V, da Lei nº 9.504/97). Período: 3 meses antes das eleições (a partir de 07/07). Penalidades: suspensão imediata da conduta; multa; e cassação de registro ou do diploma do eleito. Obs.: não se proíbe a realização de concurso público (TSE).
VEDAÇÕES Recursos Humanos (1/3) Conduta: fazer revisão geral de remuneração de servidores públicos (art. 73, VIII, da Lei nº 9.504/97). Período: a partir de 180 dias antes das eleições (07/04/2018) até a posse dos eleitos (TSE). Penalidades: suspensão imediata da conduta; multa; e cassação de registro ou do diploma do eleito. Exceção legal: recomposição da perda do poder aquisitivo.
VEDAÇÕES Recursos Públicos (1/3) Conduta: realização de transferências voluntárias de recursos ou operações de crédito em benefício dos Estados e Municípios (art. 73, VI, a, da Lei nº 9.504/97). Período: 3 meses antes da eleição (a partir de 07/07). Penalidades: suspensão imediata da conduta; multa; e cassação de registro ou do diploma de eleito. Exemplo: repasse de recursos mediante convênio; realização de empréstimos.
VEDAÇÕES Recursos Públicos (2/3) Exceções - transferência voluntária (continuação): Repasses determinados constitucional ou legalmente (ex: SUS, Fundeb, PAC etc.) Repasses destinados a cumprir obrigação formal previamente pactuada (ex: convênio já assinado), para execução de obra ou serviços já iniciados fisicamente e atendendo a cronograma prefixado; Celebração de convênios e outros atos preparatórios sem a efetiva transferência de recursos; Situações de emergência e calamidade pública; Repasses para entidades privadas.
VEDAÇÕES Recursos Públicos (3/3) Conduta: distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios ( 10 do art. 73 da Lei nº 9.504/97). Período: durante todo o ano de eleição. Penalidades: suspensão imediata da conduta; multa; e cassação do registro ou do diploma de eleito. Exemplos: distribuição de cestas básicas, doação de terrenos etc. Exceções legais: calamidade pública e estado de emergência ou programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária.
VEDAÇÕES Publicidade (1/6) Conduta: publicidade oficial com caráter de promoção pessoal; impossibilidade de constar nomes, símbolos ou imagens (CF, art. 37, 1º, e art. 74 da Lei nº 9.504/97). Período: durante todo o ano de eleição. Penalidades: inelegibilidade por 8 anos; cancelamento registro de candidatura e/ou perda do diploma. 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
VEDAÇÕES - Publicidade (2/6) Conduta: autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas de órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou de entidades da administração indireta (art. 73, VI, b, da Lei nº 9.504/97). Período: 3 meses antes das eleições (a partir de 07/07). Penalidades: suspensão imediata da conduta; multa de 5 a 100 mil UFIR; e cassação registro ou do diploma, se eleito. Exceções legais: propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no mercado; caso de grave e urgente necessidade pública, reconhecida pela Justiça Eleitoral. Obs.: não inclui publicidade de atos oficiais ou meramente administrativos (Diário Oficial). Atenção: restrição alcança somente os agentes da esfera administrativa cujos cargos estão em disputa ( 3º, art. 73, L. 9.504/1997) (RO TSE 1527171)
VEDAÇÕES - Publicidade (3/6) Conduta: realizar despesas com publicidade de órgãos ou entidades públicos (federais, estaduais e municipais e entidades da administração indireta) que excedam a média dos gastos no primeiro semestre dos três anos anteriores que antecedem o pleito (art. 73, VII, da Lei nº 9.504/97). Período: primeiro semestre do ano das eleições. Penalidades: suspensão imediata da conduta; multa; e cassação registro ou do diploma de eleito.
VEDAÇÕES Publicidade (4/6) Conduta: comparecimento de candidato em inauguração de obras públicas (art. 77 da Lei nº 9.504/97). Período: 3 meses antes das eleições (a partir de 07/07). Penalidades: cassação do registro de candidatura ou perda do diploma e inelegibilidade por 8 anos.
VEDAÇÕES Publicidade (5/6) Conduta: contratação de shows artísticos para inauguração de obras ou serviços públicos (art. 75 da Lei nº 9.504/97). Período: 3 meses antes das eleições (a partir de 07/07). Penalidades: cassação do registro de candidatura ou perda do diploma; e inelegibilidade por 8 anos.
VEDAÇÕES Publicidade (6/6) Conduta: fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário gratuito (art. 73, VI, c, da Lei nº 9.504/97). Período: 3 meses antes das eleições (a partir de 07/07). Penalidades: suspensão imediata da conduta; multa; e cassação registro ou do diploma de eleito. Exceções legais: matéria urgente, relevante e característica das funções de governo. Atenção: restrição alcança somente os agentes da esfera administrativa cujos cargos estão em disputa ( 3º, art. 73, L. 9.504/1997) (RO TSE 1527171)
RECURSO ORDINÁRIO. ELEIÇÕES 2010. DEPUTADO FEDERAL. REPRESENTAÇÃO. CONDUTAS VEDADAS. ART. 73, I E II, DA LEI 9.504/97. USO DA TRIBUNA POR VEREADOR. IMUNIDADE MATERIAL ABSOLUTA. ART. 29, VIII, DA CF/88. PROVIMENTO. 1. As opiniões, palavras e votos externados por membro de casa legislativa, no uso da respectiva tribuna, são protegidas pela imunidade material de modo absoluto, independentemente de vinculação com o exercício do mandato ou de terem sido proferidas em razão deste. Precedentes do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral. 2. No caso dos autos, sendo incontroverso que o recorrente, na condição de vereador, proferiu discurso da tribuna da Câmara Municipal de Itapetininga, descabe cogitar das condutas vedadas previstas no art. 73, I e II, da Lei 9.504/97. Jurisprudência - vereadores 3. As declarações dos parlamentares, se reproduzidas por terceiros, sujeitam os últimos às sanções dispostas na legislação de regência. (...) (RO n. 1591951, Acórdão, Relator Min. João Otávio De Noronha, Revista de jurisprudência do TSE, Volume 25, Tomo 3, 11/09/2014, p. 296)
Jurisprudência - vereadores Tribunal Superior Eleitoral sessão administrativa 13/3/2018 - hipótese de justa causa para desfiliação partidária - janela partidária, - de que trata o artigo 22-A inciso três da Lei nº 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos), somente se aplica ao eleito que esteja no término do mandato vigente, o que não se verifica em relação a vereadores que se desfilem para concorrer nas Eleições Gerais de 2018. Consulta Deputado Federal Fernando Destito Francischini sobre a aplicabilidade da justa causa nas hipóteses de desfiliação partidária, durante a janela temporária prevista no inciso III do parágrafo único do art. 22-A da referida Lei.
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