Energia nuclear em Portugal? Carlos Pimenta Centro de Estudos em Economia da Energia, dos Transportes e do Ambiente
A matriz energética portuguesa Gas Natural 10 % Hidroelectricidade 5 % Biomassa 11 % Energia Eólica 1 % Carvão 13 % Petróleo 60 % 85% de dependência externa 60% de petróleo na energia total > 60% da electricidade é de origem fóssil, com perdas elevadas na transformação > 60% da electricidade é consumida nos edifícios, nem sempre de modo eficiente
Os desafios da energia AMBIENTE Emissões poluentes Protocolo de Quioto ECONOMIA Factura Energética Vulnerabilidade : fora do sector eléctrico, é ainda hoje difícil substituir os combustíveis fósseis : 60% da energia é DESPERDÍCIO
Evitar as falsas soluções Apostar na energia nuclear não reduz a dependência face ao petróleo: França (80% de electricidade de origem nuclear), Alemanha (25%) e Portugal (0%) têm o mesmo consumo de petróleo por habitante 2,5 2 Consumo de petróleo por habitante (2004) tep 1,5 1 0,5 0 EU 15 Austria Belgium Denmark Finland France Germany Greece Ireland Italy Netherlands Portugal Spain Sweden U-K Fonte: EUROSTAT Apostar na energia nuclear não incentiva a melhorar a eficiência
Há lugar para o ressurgimento do nuclear? Apesar dos discursos sobre uma nova era da energia nuclear, em particular nos EUA, a realidade não é essa. Nos últimos anos, diversos promotores apresentaram 18 candidaturas para projectos de centrais nucleares, mas com o aumento dramático das estimativas de custo e a pouca disponibilidade de financiamentos, nenhum dos projectos teve seguimento. Warren Buffett, o exemplo do investidor pragmático, criou uma unidade especial dentro da sua holding energética, MidAmerican, para estudar a viabilidade da construção de uma central nuclear em Payette, Idaho. Depois de gastar 13 milhões de dólares e vários meses de estudos, a MidAmerican abandonou o projecto, por não ter viabilidade económica.
O nuclear, uma liability? A EDF, principal produtora de electricidade de origem nuclear na Europa, sofreu dois profundos revés nas últimas semanas: Nos Estados-Unidos, a Constellation Energy preferiu uma oferta de compra do Warren Buffett a uma oferta superior em 35% feita pela EDF, que já é accionista da Constellation e tencionava tornar a empresa americana num veículo para o desenvolvimento de novas centrais nucleares nos EUA. Warren Buffett já demonstrou que tomava as decisões apenas em função de argumentos económicos. Na sua opinião, ainda não foi demonstrada a racionalidade económica da fileira nuclear, enquanto que os riscos não podem ser postos em dúvida: No Reino-Unido, a EDF conseguiu comprar a British Energy, a maior empresa proprietária de centrais nucleares do país, mas em consequência viu o seu rating ser reduzido a seguir pela Agência Moody s
Os custos escondidos As avaliações de viabilidade das centrais, tal como a da MidAmerican Energy, baseiam-se nos custos de investimento estimados mas estes custos: foram sistematicamente subestimados. O último exemplo sendo a central de Okiluoto na Finlândia, que soma 2 anos de atraso em 3 anos de construção, e um deslize de 2 bilhões de euros num investimento estimado inicialmente em 3,2 bilhões de euros. não incluem os custos gerais que a fileira nuclear faz suportar aos contribuintes, tal como: Administrações de radioprotecção e controlo da segurança das instalações Gestão dos resíduos e das matérias radioactivas Infra-estruturas de rede e de produção de electricidade de backup. O maior custo desconhecido é o do desmantelamento, cujas estimativas não são fiáveis: As provisões da EDF foram consideradas insuficientes (cf. Exane-BNP Paribas, 2005) e nunca foram colocadas num fundo, pelo que podem já não estar disponíveis O Governo inglês provisionou recentemente 70 biliões de (~3 biliões por central, com uma capacidade média de 500 MW cada uma)
A Explosão da Energia Eolica
O FUTURO The electrical grid of the future: Smart grid and On-site generation
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